Governos de países, pessoas ou empresas precisam sofrer punições também
econômicas para mudar a sua relação com o meio ambiente seja onde for
Esta é uma das conclusões da repórter Adriana Moysés, que em podcast e
matéria postados no site RFI, analisa alguns temas em debate nesta semana na
mídia da Europa, em especial, na França, onde continua repercutindo a crise da
Amazônia: cientistas, como o biólogo Francis Hallé, jornalistas como Nicolas
Bayarez ou juristas como Valerie Cabanes são entrevistados e dão opiniões sobre
o que deverá ocorrer o setor socioambiental na sequência dos atuais fatos planetários. Seja
em veículos da imprensa mais conservadora, como Le Point, até à mais
progressista, como L'Obs enfocam temas ecológicos que são os que mais estão
mobilizando a opinião pública mundial e não só por causa das florestas
brasileiras.
Em manifestação, jovens proclamam "tudo o que acontecer com a
Terra, acontecerá com a gente", parafraseando a sabedoria dum velho
indígena, que já estava preocupado com esta pauta no século passado nos Estados
Unidos, onde agora em setembro está agendada uma cúpula climática da ONU, com a
participação de Greta Thunberg, a voz da novíssima geração dos ecologistas do
mundo. Devido a este evento, ao furacão, às queimadas, muita gente está debatendo nestes dias o meio ambiente na atualidade e o rumo que o ser humano precisa tomar, como disse Gerald Humer, jovem pesquisador sobre a vida dos Golfinhos, Baleias e dos próprios Oceanos, que no Canadá faz uma referência a Jacques Cousteau, como o pai da ecologia.
O debate sobre os incêndios nas florestas tropicais, iniciado com a
atual crise na Amazônia, continua em destaque na imprensa francesa. As duas
principais revistas semanais do país, a Le Point (conservadora) e a L'Obs
(conservadora) concordam num ponto: é urgente estabelecer instrumentos para
preservar a última biodiversidade da Terra, para que a vida seja melhor agora e
haja futuro para a nossa própria espécie. O conceito radical do ecocídio hoje é
entendido e até aceito por gente de todas as tendências culturais ou níveis de
informação.
Em uma reportagem
de cinco páginas, a revista Le Point mostra que, em pouco mais de dez anos
(2003-2014), os incêndios no conjunto das florestas tropicais do planeta
lançaram 425 milhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera, reforçando o
aquecimento global. O botânico Francis
Hallé, um dos maiores especialistas franceses nessa área, diz que a rigor o
mundo sobreviveria ao desaparecimento da floresta Amazônica, mas não ao
conjunto das florestas tropicais. Sobre o Brasil, Hallé afirma que agora o Mato Grosso, o bioma Cerrado, já atingiu uma realidade extremada com a cultura da soja, de não retorno, será difícil nas atuais condições de desmatamento e plantio com agrotóxico, conseguir se recuperar o equilíbrio do ambiente natural. Isso afetará o clima, a escassez de chuvas, as águas, a seca, a desertificação em todo o Hemisfério Sul.
A desertificação, a seca, a escassez de água, a crise do clima e do meio ambiente este é o tema nº 1 hoje |
"Uma grande parte da floresta Amazônica nunca mais será reconstituída", comenta o botânico Francis Hallé, "a situação é dramática, a gente constata que além do mais o governo atual lá fragiliza o Brasil, por suprimir os mais básicos instrumentos de controle ambiental adotados em todo país".
O especialista aponta o desmatamento desordenado ocorrido no Mato Grosso para dar lugar ao cultivo da soja. O estado atingiu um ponto de não retorno, sem árvores suficientes para recuperar o solo e gerar um reflorestamento dessa região da bacia amazônica. Na avaliação do botânico, o papel da Amazônia na regulação do clima faz com que a floresta não pertença exclusivamente ao governo brasileiro, mas seja de interesse da humanidade. Já Nicolas Bavarez, editorialista da Le Point, explora a questão da proteção dos bens comuns – florestas, fundo marinho, polos e atmosfera –, que condicionam o futuro do planeta e de todas as populações na Terra. Na corrida contra o relógio para preservar o que resta, o ensaísta, advogado, pós-graduado em história, ciências sociais e ciências políticas, propõe quatro iniciativas. A criação do estatuto de bem comum da humanidade para os polos e o alto mar; o monitoramento da transparência da informação declarada pelos governos sobre a preservação dos biomas; ajuda financeira dos países ricos para preservar as florestas, uma vez que 80% delas se encontram no Sul, e por meio de tratados de comércio; por fim, o imposto sobre o carbono, considerado a arma econômica mais eficaz para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. “Na era da história universal, a preservação do planeta é a causa com maior capacidade para mobilizar o homem na luta pela sobrevivência”, conclui Nicolas Bavarez. Nas páginas da L’Obs, a jurista Valérie Cabanes defende a instauração objetiva da noção de ecocídio no Direito Internacional. A violação de biomas e riquezas naturais, com consequências devastadoras para o planeta e a humanidade, deveria ser tratada como crime contra a humanidade e a vida, defende a jurista, crime passível de julgamento no Tribunal Penal Internacional. Ela também pede condenação judicial aos dirigentes de empresas que não reduzirem sua pegada de carbono ou minimizarem as consequências de suas atividades poluidoras que afetam também a saúde de milhões de pessoas em todos os continentes.
A poluição e a saúde pública fazem parte das preocupações de hoje em dia em todo mundo |
Há quase 30 anos foi divulgado pela BioScience um documento na Eco 92 no Rio com mais de 15 mil signatários, de 184 países, agora de novo, em 2019, nova carta, de outros 15 mil cientistas, entre os eles, alguns brasileiros, “Advertência dos Cientistas do Mundo à Humanidade: segundo aviso”, o novo alerta tem entre os seus principais autores o biólogo e ecologista Mauro Galetti, do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista.
(Este é um dos temas da seção de comentários aqui no blog, confira depois, dê uma olhada também depois no vídeo que estará aqui hoje, do filme Joker, vencedor do Festival de Veneza agora e bem expressivo da realidade do ser humano hoje em dia)
Qual é a cara do momento? |
Águia, robô, gênio... |
...vilão, herói, palhaço... |
...qual é o rosto do ser humano hoje? |
Fontes: RFI - AFP - folhaverdenews.blogspot.com
Com certeza, a biodiversidade é o tema do momento do ser humano, algo muito amplo que envolve meio ambiente e natureza, condição de vida é até o ecocídio de nossa espécie...
ResponderExcluir"Há 27 anos, em 1992, exatamente quando foi realizada, no Rio de Janeiro, o que ficou conhecida como a mais importante Conferência sobre Meio Ambiente da história, a Union of Concerned Scientists e mais de 1.700 cientistas independentes, entre eles muitos laureados com o Prêmio Nobel nas Ciências, publicaram um documento em que alertavam sobre o estado complicado do planeta": comentário de Mauro Galetti, do Instituto de Biociências, da Universidade Estadual Paulista.
ResponderExcluir"A Advertência dos Cientistas do Mundo à Humanidade”, apelava ao homem para que reduzisse a destruição ambiental e alertava ser “necessária uma grande mudança em nossa gestão da Terra e da vida para se evitar uma vasta miséria humana. Naquele manifesto, os cientistas destacavam que “o homem estava em rota de colisão com o mundo natural”. Entre as preocupações da época apareciam a destruição da camada de ozônio, a disponibilidade de água doce, os colapsos da pesca marinha, as zonas mortas no oceano, as perdas de floresta, a destruição da biodiversidade, as mudanças climáticas e o crescimento contínuo da população global": continua o mesmo comentário...
ResponderExcluir"Infelizmente, dessa lista aí acima, a única coisa que o ser humano conseguiu estabilizar foi a camada de ozônio estratosférico. Fora isso, os demais problemas só aumentaram e outros foram adicionados às já existentes preocupações, vai daí que novamente, cientistas do mundo todo se juntaram para fazer um novo aviso": comentário que resume um estudo que está sendo divulgado na publicação BioScience, afirmando que “a humanidade fracassou em fazer progressos suficientes na resolução geral desses desafios ambientais anunciados, sendo que a maioria deles está piorando de forma alarmante”.
ResponderExcluir"Estudo divulgado pela BioScience é um documento tem mais de 15 mil signatários, de 184 países, entre os eles, alguns brasileiros. Intitulada “Advertência dos Cientistas do Mundo à Humanidade: um Segundo Aviso”, a nova carta tem entre os autores principais o biólogo e ecologista Mauro Galetti, do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista.
ResponderExcluirMais tarde, aqui nesta seção, a edição dos comentários, aguarde e venha conferir depois. Você pode postar direto aqui a sua opinião ou se preferir, envie seu conteúdo pro e-mail do editopr deste blog que aí a gente coloca a sua mensagem aqui, OK? Mande para padinhafranca603@gmail.com
ResponderExcluir"Desmatamento e queimadas sim, punição Zero, essa é a realidade na Amazônia, apesar de mais de 2.500 ações não houve por lá nenhuma condenação": comentário de Humberto Branco, fruticultor no Ceará. Ele nos envia informação que captou no site UOL.
ResponderExcluir"Mais de 2.500 ações na Amazônia em dois anos contra casos de desmatamentos ilegais e queimadas, dados do Prodes e do Inpe, nem ao menos uma só condenação, enfim, não existe justiça ambiental no Brasil e o pior é que as multas ou indenizações poderiam render neste período mais ded 5 bilhões de reais para a defesa das florestas": comentário também do fruticulor Humberto Branco Silva, Crato, Ceará.
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