Um
apoio maior à pesquisa poderá mudar a realidade brasileira a bem de toda a
população ajudando a resolver alguns problemas de hoje em dia em todas as regiões e
setores do país na opinião do Folha Verde News
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| Drª Joana D'Arc Félix de Sousa |
Pós-doutorada em Química pela Universidade de Harvard, a
educadora Joana D’Arc Félix de Sousa acumula prêmios nacionais e internacionais
por suas pesquisas e projetos de inovação tecnológica. Tudo começou quando ela
era bem pequena, uma menina curiosa, que aprendeu a ler procurando palavras em
um jornal. Seu encanto pela química aconteceu ao ir com o pai no curtume onde
ele trabalhava e assistir um funcionário manipulando produtos químicos em um
laboratório, vestindo um jaleco branco. A gente resume aqui no blog da ecologia
e da cidadania a entrevista que Drª Joana deu ao Jornal da Ciência contando a sua trajetória e o trabalho que vem
desenvolvendo, algo que inspira meninas
pelo país afora. Confira a seguir aqui no Folha
Verde News alguns dos principais trechos da entrevista no veículo de
comunicação dos cientistas brasileiros.
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| Aqui quando entrevistada por Mirian Leitão/GloboNews |
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| Pesquisadores andam enfrentando este fantasma... |
Jornal
da Ciência – Quando descobriu que queria estudar Química? Joana D’Arc Félix de Sousa – Eu nasci em
Franca, (400 km de São Paulo, capital) e o forte da cidade é o setor coureiro
calçadista - a cidade tem mais de mil fábricas de calçados, em torno de 10
curtumes - e meu pai começou a trabalhar num deles com 12 anos, em serviços
gerais. Lá havia um químico que usava jaleco branco e eu achava o máximo. Eu
cresci dizendo que queria ser química, trabalhar no curtume e usar jaleco
branco. Eu achava que química era só trabalhar em curtume. Com 14 anos passei
no vestibular para três universidades - USP, Unicamp e Unesp. Foi na graduação
que eu descobri que a química tem diversas áreas, uma imensidão cultural.
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| Ela quebrou muitas barreiras e hoje... |
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| ...se tornou uma das cientistas mais importantes também para o meio ambiente segundo a própria ONU |
Vítima
de bullying - "No primário não. Fiz o SESI e só os
filhos de operários estudavam ali, então nunca sofri nenhum problema de
preconceito racial. Mas era longe de casa, então quando eu fiz seis anos fui
para outra escola, mais próxima. Era uma escola do estado, muito boa, bastante
elitizada, vários filhos de empresários estudavam lá. Havia uma separação das
crianças por classe social e eu fui parar na 3ª série “F”. Foi nessa escola que
comecei a conhecer as piores formas de racismo e preconceito, com xingamentos e
zombarias".
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Um resumo da trajetória de Drª Joana
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| Você pesquisador, agende aí |
Sabedoria
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"Um dia cheguei em casa, contei para o meu pai e disse que não queria mais
ir para aquela escola. Meu pai: “Você vai ficar, vai ser a primeira aluna da
escola e mostrar que vai ser alguém na vida”. Eu agradeço muito aos meus pais,
porque apesar de praticamente analfabetos, eles tinham sabedoria para nos
estimular a continuar estudando. Fiquei até a oitava série, mas como não havia
ensino médio, eu fui para outra escola e já não tive tantos problemas".
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| Cientista com grande valor socioambiental e cultural |
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| Do seu laboratório em Franca para a mundo |
Fora
de Franca - "A faculdade era em período integral e então
procurei uma pensão sem refeição. Eu comia no bandejão na faculdade, mas no
jantar e finais de semana eu comia pãezinhos que as funcionárias de
restaurantes separavam para mim. As pessoas comentavam, cochichavam, até riam,
mas uma coisa que aprendi na vida foi que quando a gente precisa, não pode ter
vergonha de pedir. No segundo semestre comecei a fazer iniciação científica, uma
professora me arrumou uma bolsa da Fapesp
(Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e as coisas
começaram a mudar bastante. Porque com o dinheiro da bolsa dava pra eu pagar o
pensionato e ainda mandava às vezes 80 ou 100 reais para minha mãe, para ela
diminuir o ritmo de trabalho. Também diminuiu o sufoco do meu pai, que me
mandava dinheiro para pagar a pensão".
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| Uma das centenas de homenagens (na TV Futura) |
Universidade
de Harvard - "No
doutorado, meu orientador disse que tinha uma parceria com um professor na Universidade de Clemson, na Carolina do Sul,
e muitos dos alunos dele ficavam um ano lá. Me disse que seria interessante que
eu fosse, mas que ele entenderia se eu não quisesse ir porque lá é a região
mais racista dos Estados Unidos. Eu conversei com meu pai naquela noite e ele
disse “vai! Você não pode perder nenhuma oportunidade”. E fui, só que foi o
pior ano da minha vida! Recebi muitas agressões verbais, me xingaram, até
chutaram a porta do meu alojamento. Eu tinha muito medo. Pensei em voltar, mas
segurei, fui firme e forte. Na minha última semana no curso, já para voltar ao
Brasil, recebi um convite para estudar em Harvard,
para fazer um projeto na área ambiental".
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| No laboratório da ETEC que ela revolucionou |
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| Homenageada também entre outros líderes do movimento negro do Brasil |
E
começou um novo caminho - "O meu projeto na Universidade de Harvard foi o
desenvolvimento de enzimas para o aproveitamento de resíduos industriais
gerados pelo setor coureiro e calçadista. Então, outra coisa que aprendi na
vida é não desistir, independente do obstáculo. Se eu tivesse desistido, não
teria recebido o convite para o pós-doc
em Harvard. Morei em Boston e lá não tive qualquer tipo de problema em
relação à minha cor. Meu sonho era ficar trabalhando em Boston. Achava que nunca
mais voltaria para o Brasil e para Franca. Só que depois de um ano e meio de
pesquisa, em um mês faleceram minha irmã e meu pai".
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| A luta desta mulher é exemplar e célebre |
Drª
Joana D'Arc Félix de Sousa - "Minha mãe não quis sair de
Franca. Depois de 30 a 40 dias que eu estava em Franca, vi o concurso para a ETEC, que é uma escola agrícola
localizada na periferia da cidade, e a vaga era para o curso técnico em
curtimento. JC – E como foi a experiência? JDFS – Passei no concurso, cheguei
lá para trabalhar e levei um baque. Primeiro que o laboratório não tinha nada,
a escola passava por grandes problemas então. Eu mal conseguia dar aula, uma
indisciplina muito grande. Eu pensei: “o que eu estou fazendo aqui? Não foi
isso que sonhei para a minha vida”. Entrei em pânico. Liguei para meu antigo
orientador para chorar as mágoas. Achei que ele ia me motivar a sair dali,
procurar outra escola. Mas ele disse: “Joana, larga mão de ser preguiçosa! Não é
porque você estudou em Harvard que
tem que trabalhar na melhor universidade, no melhor centro de pesquisa. Mude a
realidade do lugar em que você está, faça essa escola ser conhecida no mundo
inteiro. Pegue esses meninos, faça um projeto, envolva-os. Procure bolsa de
iniciação científica para eles, mude a realidade dessa escola, mostre para seu
país que o Brasil pode mudar através da educação".
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| Quebrando barreiras e limites para criar o futuro no interior do Brasil |
E
ela conseguiu uma virada sustentável - "Em menos de uma
semana fiz um projeto e entreguei para a
Fapesp para conseguir verba para o laboratório, pedi bolsa de iniciação
científica de treinamento técnico. Era uma bolsa de quase R$ 800 e eu lembro
que pedi sete bolsas. O projeto foi aprovado em cerca de 60 dias e eu dividi em
duas partes, uma para o curso técnico de curtimento e outra para qualquer curso
da escola. O aluno se torna empreendedor, tendo um mini curtume dentro de casa.
Ele aprende todo o processo de beneficiamento das peles, dos couros, e por essa
metodologia todos os produtos químicos poluentes são substituídos por restos de
frutas e vegetais que têm a mesma funcionalidade. Não há produtos tóxicos,
apenas as peles exóticas comestíveis, que são fáceis de serem adquiridas –
galinha, tilápia, suínos e o bucho bovino. Tem criadores de tilápia que geram
grande quantidade de peles e enterram porque não usam, então é fácil, você vai
lá e pede. Uma parte muito poluente é a do corante, mas nós extraímos de frutas
e vegetais (espinafre, beterraba, amora, jabuticaba, urucum, açafrão). O aluno
trabalha essas peças exóticas e só precisa um balde e um cabo de vassoura. Eles
envolvem a família na produção, costuram e unem as peças. Uma bolsa de bucho
bovino tratado está sendo vendida no shopping Iguatemi por R$ 20 mil. Já temos
contrato com uma grife italiana para fazer vestido de noiva com couro de
pirarucu"...
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| Regina Casé diz que Drª Joana é ícone da ciência no país |
Quebrando
barreiras sociais - "Consegui
aprovar as sete bolsas de iniciação científica, para as quais eu só selecionei
alunos em situação crítica de risco. Não foi fácil selecionar porque a gente
tem que correr atrás desses alunos. Pedi aos professores que indicassem os
alunos nessa condição e que me enviassem para que eu conversasse com eles. Na
primeira vez que marquei, não apareceu ninguém, nem na segunda vez. Aí eu
passei de sala em sala, chamando esses meninos e meninas. Por que não foi
ninguém? Depois eles me explicaram: se você coloca um cartaz anunciando bolsa
de estudos, iniciação científica, eles não se inscrevem porque sabem que serão
excluídos. Eles acreditam que, por estarem naquela situação, os professores não
vão querer saber. É uma autoestima muito baixa. Então eu fui até eles, chamava
para conversar. Eu tinha que explicar passo a passo o que significava a bolsa
de iniciação científica, até porque era uma novidade para eles. Acabei selecionando
nessa primeira leva quatro meninos e três meninas".
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| Outra das homenagens à Drª Joana D'Arc Félix de Sousa |
A
saída é usar a cabeça - "É uma triste realidade: a família
fica esperando esses meninos levarem o dinheiro pra casa. Daí quando veio a
primeira bolsa, eu chamei todos para conversar e falei: avisem seus pais que a
partir de amanhã vocês já vão ficar o dia todo na escola. Naquele dia eu
pensei: como vou prender esses meninos na escola o maior tempo possível? Senão
eles iam ficar um pouquinho ali na escola e logo iam sair de novo, para a rua.
Então tive a ideia de xerocar um monte de artigos em inglês, comprei sete
dicionários e no dia seguinte levei todos para a biblioteca, coloquei um em
cada carteira, dei os artigos e um dicionário para cada um. Eles ficaram
surpresos: “Isso tá em inglês, a gente não sabe isso não!” Eu disse: está aqui
o dicionário, vocês vão anotar, traduzir e depois vamos discutir. Com isso eu
conseguia segurar os alunos na escola até dez e meia, onze horas da noite. Eles
iam embora para casa cansados, iam dormir, porque no dia seguinte tinham que
estar sete e meia de novo na escola. Dos 40 alunos em situação crítica de risco
que eu orientei e que já saíram da escola, não teve nenhuma desistência, oito
fizeram curso técnico e foram para o mercado de trabalho, 32 estão fazendo
Química. Uma coisa engraçada é sobre a roupa. Comprei jalecos brancos para eles
e disse: vocês agora são todos pesquisadores, e pesquisador tem que usar jaleco
branco o dia inteiro!".
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| As suas palestras são eventos de ciência e de emoção... |
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| ....mobilizando a nova geração universitária brasileira |
A
mulher avança na ciência - "No início dos meus projetos eu
tive quatro meninos e três meninas, mas depois a coisa foi se invertendo e hoje
são 80% meninas e 20% meninos. Me perguntam por que tantas meninas entram para
o ensino médio e técnico, e na universidade essa tendência se inverte? A
resposta é que muitas meninas acabam engravidando, se casando e perdem a
motivação, são pouquíssimas as que têm coragem de ir para a universidade.
Muitas delas nem pensam em universidade. O máximo que elas fazem é o técnico, e
olhe lá, se conseguirem, porque elas estão mais preocupadas em levar dinheiro
para casa. O jeito é motivar, aumentar a autoestima desses meninos e meninas.
Eu comecei a levar meus alunos para participar de feiras nacionais e
internacionais, faço questão de participar de pelo menos duas por ano. Dessa
forma, através desses projetos, eles começam a ver que são importantes, que são
tão bons quanto os primeiros alunos da sala. Eu sigo até hoje com essa
realidade de só dar bolsa de iniciação científica para meninos e meninas em
situação de risco, porque assim eles começam a se valorizar e podem ir para a
universidade, dar uma virada".
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| A luta difícil e vitoriosa de Drª Joana vai virar filme através de um projeto de Lucy Barreto |
Fazendo
história e cinema - "Vamos fazer um filme, já assinamos
contrato com a cineasta Lucy Barreto. Ela pensa em motivar o jovem para a
educação e a ciência. Uma coisa interessante é que o sonho do jovem menino é
ser um Neymar, um jogador de futebol, e da menina é ser uma Bruna Marquezine,
uma modelo. Mas nesse meio, são poucos os que vão conseguir chegar lá, muitos
se decepcionam e acabam desmotivados para o estudo. A ciência está de braços
abertos para todos, qualquer um pode se tornar um pesquisador. Por isso acho
que a ciência é uma saída para mudar a vida de muita gente". (Resumo
da entrevista da Drª Joana D'Arc Félix de Sousa ao Jornal da Ciência).
(Confira outras informações e mensagens ou opiniões na seção de comentários do blog da gente, OK?)
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| Ela vem ajudando a avançar a ciência e o país |
Fontes:
jcnoticias.jornaldaciencia.org.br
google
- folhaverdenews.blogspot.com
"Ainda nos anos 90, eu fazia uma série de matérias para divulgar o conceito da ecologia através do jornal Diário da Franca nesta cidade do interior de São Paulo com as águas então muito poluídas e tive a felicidade de publicar em primeira mão o prêmio que Drª Joana D'Arc ganhou em 1º lugar na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, dentro da ciência ambiental, uma alternativa sustentável de tratamento químico de efluentes industriais de curtumes, vital para a despoluição, a reciclagem e a criação do futuro": comentário de Antônio de Pádua Silva Padinha, editor deste blog, que depois de atuar em TVs, rádios e jornais em São Paulo estava de volta à sua cidade natal "para tentar mudar e avançar a sua realidade e aí, encontrei também o trabalho fora do comum desta cientista de verdade".
ResponderExcluirLogo mais, aqui nesta seção, uma nova edição de comentários, você pode participar, coloque direto aqui sua informação ou opinião ou se preferir ou precisar envice uma mensagem pro e-mail deste blog navepad@netsite.com.br
ResponderExcluirVídeos, material de informação, sugestão de pauta, notícias, comentários, você pode também enviar diretamente pro editor deste blog, mande seu conteúdo, suas críticas, denúncias ou mensagens para padinhafranca603@gmail.com
ResponderExcluir"Uma das matérias mais emocionantes que fiz foi em Franca, lá no laboratório da Etec e no dia a dia da cientista Drª Joana D'Arc Félix de Sousa": comentário de Mirian Leitão, economista e apresentadora da Globo News.
ResponderExcluir"Show": comentário de Cássio Freires, jornalista, repórter da Hertz AM/FM, em mensagem enviada através do Facebook.
ResponderExcluir"Creio que o maior prêmio entre todos os que tenho recebido é conseguir transformar a vida dos meus alunos e alunas através da educação e da prática da ciência": comentário de Drª Joana D'Arc Félix de Sousa, confira no vídeo postado hoje aqui no blog. Até a virada de 2018 para 2019, esta cientista de valor fora do comum ganhou 82 prêmios, no Brasil e no exterior.
ResponderExcluir"Vejo a Drª Joana como uma exceção heróica no Brasil, onde a ciência, a pesquisa, a educação e a cultura têm sofrido cada vez mais erros dos governos e limites para a sua expansão que é mais do que necessária, essencial": comentário de Luiz Helena Martins, estudante que se prepara para vestibular, que acompanhou uma palestra neste tema na Unicamp.
ResponderExcluir"O sucateamento da ciência brasileira por conta dos cortes orçamentários dos governos vem tirando o sono dos pesquisadores, o contingenciamento do orçamento para o setor hoje está está em torno de 39%. Podia ser pior: o previsto inicialmente era chegar a 44% de corte. Já faltavam recursos em 2017, faltarão cada vez mais recursos para todo este setor": comentário de Brito Cruz, da Fapes, em matéria na Revista Época. A matéria nos foi enviada pro e-mail da redação pelo estudante Luiz Helena Martins, de Campinas, São Paulo. A gente agradece a colaboração.
ResponderExcluir"Instituição destinada ao fomento da pesquisa científica e tecnológica e à formação e qualificação de pesquisadores, o CNPq é uma das maiores fontes de bolsas de pesquisa no país. Em um momento de redução de verbas e crise econômica, a instituição afirma que tem focado sua atuação em duas frentes. A primeira é buscar estabelecer parcerias com agências internacionais para "somar recursos" e gerar uma pesquisa de "maior impacto". A segunda é não depender só do governo e aumentar o interesse e, por consequência, o investimento da iniciativa privada. Algo que, teria mais possibilidades com o novo marco do setor, aprovado em 2016. Algumas empresas interessadas em parcerias já participaram, inclusive, do Ciência sem Fronteiras, mas têm críticas a este tipo de participação e a crise no setor": comentário extraído também da matéria da Revista Época, que tem como um de suas manchetes: "pesquisadores no Brasil são heróis".
ResponderExcluir"Albert Einstein, ao chegar exilado aos Estados Unidos, devido ao governo nazista da Alemanha na sua época, foi à Universidade de Princeton. O reitor perguntou a ele a lista dos equipamentos e aparelhos que ele iria precisar para as suas pesquisas: "Só lápis e papel", disse Einstein com sabedoria. Me lembrei disso ao ver nessa matéria Joana D'Arc indicando a seus alunos e alunas usar frutas como material. De repente, o principal vem de dentro de cada pessoa e da sua inteligência para superar as barreira": comentário de Leonor Barros Costa, de Cuiabá, Mato Grosso, geógrafa.
ResponderExcluirExemplo de como a educacao faz a diferenca.A educacao e transformadora.
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