Hora de mudar a natureza e os homens secos |
No começo dos anos 2000, quando Fernando Meirelles filmou O Jardineiro Fiel no Quênia, Wangari Muta Muthaai estava em plena campanha, por meio do seu Green Belt Movement, em prol dum plantio mega de árvores, na defesa do meio ambiente e dos direitos das mulheres. Wangari ganharia o Prêmio Nobel da Paz em 2004 mas morreu em 2011. Com certeza, esta experiência africana foi decisiva para que Fernando Meirelles se transformasse em ativista ambiental e agora também produtor de The Great Green Wall. O cineasta e ecologista Meirelles na sede da O2, a sua produtora de cinema na Vila Leopoldina em São Paulo, diz que antes da 43ª Mostra Internacional de Cinema em Sampa, o documentário que ele produziu, The Great Green Wall estará sendo mostrado na Giornatte degli Autori, do Festival de Veneza. Na sequência, Fernando Meirelles ainda seguirá para Toronto, que recebe seu longa da Netflix, The Two Popes. Os Dois Papas também estará na Mostra em São Paulo entre 17 e 30 de outubro.
Fernando Meirelles produziu e apoiou com tudo... |
...o filme do documentarista americano Jarred R. Scott sobre o projeto a Grande Muralha Verde |
Este longa é uma discussão sobre a fé. Dois papas – Bento XVI e Francisco. Dois homens de cultura e erudição, devorados pela culpa. Francisco, a de uma morte durante a ditadura militar argentina. Bento, a de não ter levado adiante as denúncias de pedofilia na Igreja Católica, que estacionaram na mesa de seu escritório, durante o pontificado de João Paulo II: “Quando me propuseram o filme, achei que poderia ser chato e até descartei de cara, dois velhos discutindo questões de fé. Quem se interessaria? Mas aí eu li o roteiro e fiquei fascinado pelo alto nível do diálogo. Agora, você imagine esse texto dito por dois atores como Anthony Hopkins e Jonathan Pryce. Filmamos em locações, na Argentina e na Itália e, como o Vaticano não nos permitiu filmar em seus domínios, a Capela Sistina foi reconstituída em estúdio. É um trabalho de imenso detalhismo, discutindo este drama da atualidade".
Este é o novo longa de Fernando Meirelles... |
...debatendo um drama moral da humanidade |
"A Grande Muralha Verde: esse filme nasceu de uma série de coincidências. Já há algum tempo que o reflorestamento se transformou numa questão vital para mim. Coloquei o tema do plantio de árvores no show de abertura da Olimpíada no Rio. E uma coisa foi levando à outra. Ligando uma pessoa aqui, outra ali, fazendo a ponte entre os financiadores, este projeto ecológico se tornou viável como documentário", conta Fernando Meirelles, o produtor.
Desenvolvida pela União Africana e pelo Comitê das Nações Unidas Contra a Desertificação, A Grande Muralha Verde é uma proposta de US$ 4 bilhões que pretende reflorestar uma área de cerca de 8 mil km de extensão do continente africano, na região do Sahel e no seu entorno. É uma extensa faixa de terra, um corredor ecológico que atravessará diversos países – Burkina Faso, Djibouti, Eritreia, Etiópia, Mali, Senegal, Sudão e Chade. A ideia é estimular países e comunidades a combater a desertificação, em suas áreas específicas. Como um todo, o projeto está em andamento, deverá beneficiar 20 milhões de pessoas, resgatando-as da fome e da miséria. São números grandiosos, em termos de investimento e benefício social. A partir deste projeto da Great Green Wall, surgiu a ideia de um filme para documentar a iniciativa. Fernando Meirelles é um dos produtores e o seu comprometimento vai além de emprestar seu nome, que significa prestígio autoral e responsabilidade empresarial, para angariar fundos. Ele acompanhou, mesmo que à distância, a filmagem e a finalização. Deu sugestões que, eventualmente, foram aproveitadas, mas destaca que foi um apoio: Jared P. Scott fez um belo trabalho, ele é o autor deste documentário de grande valor também para a luta pelo desenvolvimento sustentável nestes países cortados pelo deserto na África e também para o Brasil, cada vez mais abalado com a seca que aumenta sua extensão também por aqui em nosso país.
Um projeto similar precisa ser feito no semi árido do Brasil cada vez mais extenso por aqui em nosso país |
Inna Modja, cantora do Mali, é a narradora do documentário na África, sendo responsável também pelas suas músicas |
A Grande Muralha Verde propõe uma viagem pelo continente africano, por essa região que sofre as consequências da desertificação acelerada. É um tema que tem estado em discussão também no Brasil: “O governo minimizou quanto pôde o perigo do desmatamento e das queimadas, e só o que conseguiu foi unir o mundo todo em defesa da Amazônia”, comenta Fernando Meirelles. O cineasta é também um ecologista, Meirelles planta, por ano, entre 13 e 15 mil árvores: “Tenho um berçário de espécies nativas próprio, para produção das mudas e sementes. É um momento importante na história, em que plantar árvores e plantas pode ser uma contribuição simples e barata para ajudar a combater o aquecimento global e a desertificação". Ele ficou impressionado com a escala do projeto Muralha Verde, que atua no segmento social como no ambiental. O próprio documentário é muito rico neste sentido e transforma em esperança uma iniciativa das mais positivas para conter o deserto e a pobreza na África. O filme tem uma protagonista, a cantora e modelo do Mali, Inna Modja. A câmera segue sua viagem pelo Sahel, e Inna assina a seleção musical. A viagem é também sobre as culturas e a música desta região do planeta que tem um grande desafio. Inna deveria vir à Mostra em São Paulo, com o filme deste projeto de criação do futuro, árvores, água e vida no deserto. A musicalidade ou a criatividade africana e a força desta luta ecológica e de superação resumem The Great Green Wall.
A Muralha Verde tem um alcance socioambiental |
(Confira depois na seção de comentários aqui no blog da gente mais informações e no vídeo também aqui em nossa webpágina hoje você tem a dimensão do que é o desafio deste projeto ecológico que virou documentário)
O ecologista e cineasta brasileiro luta pro projeto A Grande Muralha Verde virar realidade na África |
Fontes: Estadão Conteúdo - Terra, Isto É
folhaverdenews.blogspot.com
O cineasta e ecologista Fernando Meirelles na sede da O2, a sua produtora de cinema na Vila Leopoldina em São Paulo explica o que é o documentário de Jared P. Scott, A Grande Muralha Verde, que vai encerrar a 43ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo: este é tema do blog da gente nesta edição, que mistura a luta do cinema e da ecologia.
ResponderExcluir"O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles foi internado em decorrência de um mal-estar. É uma coisa horrível dizer isso, mas o ministro tem a cara desse governo que tem voltado as costas, sistematicamente, para a questão do meio ambiente. Mas vou ser sincero, se ele passou mal, pelo menos, ficamos sabendo que esse tem um coração”: comentário de Fernando Meirelles extraído da postagem do Conteúdo Estadão.
ResponderExcluir"Ouvi falar pela primeira vez da Grande Muralha Verde quando preparava o show de abertura da Olimpíada do Rio, que tinha um segmento sobre as florestas. Agora este projeto já virou um documentário e espero que mude a África": comentário de Fernando Meirelles, em matéria no site Terra/IstoÉ.
ResponderExcluirLogo mais, mais tarde, outras informações sobre esta pauta, tanto cinema como ecologia, aguarde a edição dos próximos comentários e venha depois conferir aqui, OK?
ResponderExcluir"Dê a sua opinião, compare a desertificação africana com a brasileira, amplie este debate, você que vai direto à luta contra a seca, a escassez de água e de chuvas, contra os desmatamentos e as queimadas, vamos à luta todos juntos na cultura da vida": comentário de Antônio de Pádua Silva Padinha, editor do Folha Verde News, convidando você a debater esta Muralha Verde, como uma forma de ajudar a criação dum futuro sustentável. Participe.
ResponderExcluir"Sensacional, é o que posso dizer sobre a ideia deste filme documentário, semeando árvores no deserto": comentário de Helena Passos, do Rio de Janeiro, estudante da UFRJ, a primeira mensagem que recebemos pelo e-mail deste nosso blog, mande seu conteúdo para padinhafranca603@gmail.com
ResponderExcluir"Geógrafos, geofísicos, meteorologistas, muitos cientistas já mostraram que o deserto na África está na mesma direção do semi árido brasileiro (nordeste, norte de Minas etc.) no hemisfério sul, a desertificação por aqui (até na Amazônia com todas as queimadas e desmatamentos) é bem mais do que uma hipótese e os ecologistas estão certos em alertarem e também proporem soluções sustentáveis, como é o caso deste projeto Grande Muralha Verde, de alcance socioambiental, virando filme e quem sabe a partir daí, um futuro sustentável para a natureza e a população, as duas no sufoco": comentário também de Antônio de Pádua Silva Padinha, editor deste blog que hoje está divulgando aqui e nas redes sociais esta iniciativa que envolve até a ONU de um mega reflorestamento, antes que seja o caos.
ResponderExcluir"Importantes as informações e comentários aqui, então, para contribuir do ponto de vista ecológico à compreensão geral do que é esta região africana, aqui está um dado pouco conhecido, que eu captei num site da Abril. Cientistas da Nasa apresentaram um estudo que detalha como a areia do deserto do Saara, no norte da África, viaja pelo oceano Atlântico até fertilizar a floresta Amazônica. A areia do deserto contém fósforo, um dos principais ingredientes para o crescimento das plantas. O elemento é raro na Amazônia, mas abundante no Saara. A ecologia extravasa as fronteiras dos países e dos continentes, uma Muralha Verde na África ajudará a todo o planeta": comentário de Paulo Mendes Souza, geólogo, ele virou empresário de fruticultura em Montes Claros, norte de Minas Gerais.
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