Em
mais de 100 cidades brasileiras está proibido o rodeio com montaria de
touros por causa do sofrimento destes animais causado pelo Sedém e
outros instrumentos, sofrimento e tortura comprovados por laudos como da
Medicina da USP e por peritos após pesquisas: o Ministério
Público, a Justiça, até o Congresso Nacional e o Governo do Brasil
deveriam analisar melhor esta questão e disciplinar estas festas que
acabam por disseminar a cultura da violência já grande demais no dia a
dia da realidade: O Peão de Barretos é festa massa mas precisa mudar
em alguns pontos
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Por trás da valentia dos peões na verdade o sofrimento dos bois e touros |
"Na cultura popular brasileira estamos mais para vaquejada do que
rodeios americanos, somos mais vaqueiros e caipiras do que cowboys". (Um dos comentários ao final desta edição, confira mais informações e opiniões aqui no blog).
Bichos dóceis com o Sedém e outros estímulos pulam, ficam agressivos na violência |
A
questão é polêmica mas tanto nos Estados Unidos (onde nasceram os
rodeios) como no Brasil vários estudos feitos por médicos e veterinários
concluíram que na montarias de touros como agora na Festa do Peão em Barretos
existe um grau de violência que não pode continuar sendo cometida, "os
homens se divertem em cima do sofrimento dos animais", argumenta a Drª
Irvênia Luiza de Santis Prada, da Faculdade de Medicina, Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo:
ela fez um estudo que já é histórico no país e condenou a prática dos
rodeios com o uso do Sedém e outros instrumentos que estimulam
violentamente a agressividade do animal. Um outro lado foi dado também
por outra médica perita no assunto, Drª Júlia Matera, presidente da
Comissão de Ética da mesma Faculdade de Medicina da USP, sendo
que em resumo, o laudo técnico afirma a potencialidade lesiva do Sedém,
peiteiras, choques elétricos e mecânicos, esporas e outros estímulos que
fazem o torro pular e ficar mais agressivo mas que produzem dor física e
sofrimento mental nos animais, que têm capacidade neuropsíquica de
avaliar as agressões que sofrem para a diversão nos rodeios. Os
corcoveios dos animais exibidos em rodeios resultam da dor e tormento
de que padecem, não só pelas esporas que lhes castigam o pescoço e
baixo-ventre, mais ainda também pelo Sedém, artefato amarrado e retesado
ao
redor do corpo do animal, na região da virilha, tracionado ao máximo no
momento em que o animal é solto na arena. No bovino, o sedém passa
sobre o pênis; no eqüino, passa sobre a porção mais anterior do
prepúcio, onde se aloja o pênis do animal. Qualquer homem pode avaliar a dor e o sofrimento que levam à reação violenta, nem é preciso muitas considerações e detalhes. Nosso
blog ligado ao movimento ecológico, científico e de cidadania, dentro
da filosofia da não violência, não poderia se omitir diante destes
fatos. A gente não é contra a Festa de Barretos, que tem grandes shows
inclusive, mas não podemos aceitar crueldade contra os animais.
Sedém, como
a própria definição denuncia, “é um cilício de sedas ásperas e
mortificadoras” (Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, Novo Dicionário da
Língua Portuguesa, p. 1561, Rio de Janeiro, editora Nova Fronteira). E a mesma obra define “cilício” como “tortura, martírio, aflição, tormento” (página 405).
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Pesquisas e 18 laudos técnicos comprovaram dor e sofrimentos dos animais em rodeios |
Conforme
o laudo técnico da perita médica Irvênia Luíza de Santis Prada,
Professora Titular Emérita da Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia da USP, doutora em anatomia animal e especialista em
neuroanatomia, a superfície ventral do abdome, por não se achar
protegida por estruturas ósseas, possui maior sensibilidade do que
outras regiões. Assim, toda a linha dorsal do corpo do animal tem o
reforço da presença da coluna vertebral, o que não ocorre na superfície
ventral e mesmo na lateral do abdome, onde se localiza a região dos
flancos, havendo, portanto, natural reação dos animais em tentar
protegê-la. Por relacionar-se à presença ou à proximidade de
estruturas relacionadas aos mecanismos comportamentais de
auto-preservação (sobrevivência) e de perpetuação da espécie
(reprodução), estímulos na região da virilha sempre são agressivos à
integridade do animal. Há que se considerar ainda que a virilha é
farta em algirreceptores , ou seja, possui estruturas nervosas
específicas para a captação de estímulos que provocam dor. Por ser uma
região de pele mais fina, com mais intensidade, podem ser vivenciadas as
situações de estimulação de tais receptores. É falsa, por
conseguinte, a impressão de que os animais exibidos em rodeios são
bravios e selvagens, uma vez que se trata de eqüinos e de bovinos
absolutamente mansos, cujos saltos, coices e corcoveios decorrem da
tentativa desesperada de se livrarem dos instrumentos que os fazem
vivenciar sofrimento físico e mental infligido, sobretudo, pelo uso
do Sedém e das esporas.
São semelhantes as conclusões de outros 18 laudos oficiais solicitados pelo Ministério Público e pelo Judiciário, dentre os quais se destacam os proferidos pelo Ibama, pelo Instituto de Criminalística do Rio de Janeiro e pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP. Em laudo pericial expedido pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli da Secretaria de Estado do Rio de Janeiro confirma que macio ou áspero, o sedém causa dor pela intensa constrição que exerce sobre área muito sensível. Prova disso é o fato de o animal corcovear da mesma forma como o faz se submetido ao Sedém áspero. Vale dizer que as reações exibidas são idênticas porque as sensações experimentadas são as mesmas.
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Minoria da mídia alerta sobre a violência contra as montarias nos rodeios |
São semelhantes as conclusões de outros 18 laudos oficiais solicitados pelo Ministério Público e pelo Judiciário, dentre os quais se destacam os proferidos pelo Ibama, pelo Instituto de Criminalística do Rio de Janeiro e pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP. Em laudo pericial expedido pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli da Secretaria de Estado do Rio de Janeiro confirma que macio ou áspero, o sedém causa dor pela intensa constrição que exerce sobre área muito sensível. Prova disso é o fato de o animal corcovear da mesma forma como o faz se submetido ao Sedém áspero. Vale dizer que as reações exibidas são idênticas porque as sensações experimentadas são as mesmas.
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As esporras são golpeadas no pescoço e baixo ventre causando lesões e sofrimento |
O
sofrimento imposto aos animais não se restringe ao uso do sedém, pois
os animais são muito sensíveis às esporas, normalmente utilizadas em
montarias e em provas hípicas de forma criteriosa e com muita moderação,
fazendo o cavaleiro uso dos pés para tocar o animal, com pouca pressão e
sem insistência alguma. Nos rodeios, entretanto, o peão se vale das
pernas para, com força e violência, e de maneira incessante, castigar o
animal, que não é tocado por esporas, e sim golpeado por elas, na
região do pescoço e do baixo-ventre. Pela forma brutal com que são
utilizadas, as esporas provocam dor, sofrimento e lesões, ainda que as
esporas não sejam pontiagudas.
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Grandes rodeios são business e há outros interesses nos eventos |
No
estilo “cutiano” de montaria em cavalo, executado apenas no Brasil,
quanto mais esporeado o animal, maiores são as chances de notas altas.
Na montaria em cavalo Bareback, o peão coloca-se em posição quase horizontal, devendo posicionar as duas esporas no pescoço do cavalo. Na Bull Riding, montaria em touro, o animal é esporeado, principalmente, na região do baixo-ventre. Já o estilo de montaria em cavalo Saddle Bronc(sela
americana) exige que o peão puxe as esporas seguindo uma angulação que
sai da paleta, passa pela barriga e chega até o final da sela, na
região traseira do cavalo. Perícias atestam que esse instrumento
provoca lesões sob a forma de cortes na região cutânea e, não raro, até
perfuração do globo ocular.peiteira para que reajam da forma esperada.
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O Peão de Barretos é festa de massa mas precisa ser revista em alguns pontos |
Laçadas
e derrubadas, durante uma prova de perseguição seguida de derrubada na
arena da 56º Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos, um garrote teve
de ser morto, em virtude da paralisia permanente provocada pelo peão que
lhe quebrou a coluna vertebral. O fato, entretanto, não é incomum, uma
vez que as provas de perseguição, seguidas de laçadas e derrubadas não
só submetem os animais a sofrimento físico e psíquico, mas a risco de
lesões orgânicas, rupturas musculares e paralisia gerada por danos
irreversíveis à coluna vertebral. Por
se tratar de uma competição, cujo tempo é fator primordial, tudo é
feito de maneira rápida, grosseira e atabalhoada, aumentando a
possibilidade de traumatismos que resultam em sequelas, tais como
rompimento de órgãos internos, lesões nos membros ou nas costelas e na
coluna vertebral, além de deslocamento de vértebra e também do disco
intervertebral, como enfatiza a Prof.ª Dr.ª Irvênia Prada, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP,
orientadora da pós-graduação em Anatomia dos Animais. E como enfatizou o jurista J. Nascimento Franco, em seu parecer sobre os
rodeios "inexiste base moral para equiparar o rodeio à tradição ou
esporte porque flagela o animal, deforma o sentimento dos espectadores e
instila no espírito das crianças e adolescentes o sadismo e a
insensibilidade”.
A ausência de identidade entre tais eventos e a cultura sertaneja brasileira é admitida até mesmo por aqueles que vivem da exploração destas festas de rodeio, como nos revelou em detalhes artigo publicado pela Revista Rodeo Life. “E até o cowboy, que sacoleja de rodeio em rodeio, pouco tem daquele boiadeiro dos anos 50. Alguns até que vem das fazendas, mas em sua maioria são moços do interior em busca de fama e grana, nos arriscados oito segundos de duração de cada prova. A legítima cultura popular de um país se inspira em suas próprias raízes e história e tem a autenticidade como marca. Não é o caso destas brutais festas de rodeio, prática importada dos Estados Unidos da América, onde também é repudiada por grande parte da população, algo que foi tema de matéria da NBC. "A exploração econômica da dor, sobre o lombo de animais fustigados, não pode ser concebida como esporte ou cultura. Na realidade é sim, crueldade", conclui o jurista Nascimento Franco, quando embasou uma proibição destes eventos, que continuam acontecendo não só em Barretos (SP), mas por todo o país, este problema merece debate e um projeto de regulamentação das festas rurais para evitar a disseminação da cultura da violência.
Fontes: www.uipa.org.br
Jornal da USP
www.folhaverdenews.com
Recebemos aqui informações, comentários e alguns mensagens opinativas, a pauta é polêmica mas a questão da violência contra animais não pode ser omitida. Aguarde nossa próxima edição, nas próximas horas, participe você também com sua opinião.
ResponderExcluir"Eu já vi e ouvi gente ligada à Festa de Peão de Barretos discordar que exista assim tanta violência, eles eram do grupo Independentes, organizadores do evento, claro que têm interesses comerciais, mas defenderam as montarias de touros": comentário de Sueli Álvares, advogada, de Ribeirão Preto (SP).
ResponderExcluirVocê pode colocar aqui nessa seção do blog a sua opinião ou se preferir envie um e-mail para a nossa redação navepad@netsite.com.br
ResponderExcluirVocê pode também contatar nosso editor de conteúdo tanto para opinar como para enviar material como fotos, vídeos: padinhafranca603@gmail.com
ResponderExcluir"Laudos técnicos de profissionais de Medicina deveriam ser considerados, creio que dá para se fazer uma festa de peão sem violência, algo mais ligado à cultura brasileira tipo vaquejadas do nordeste": comentário de Odair Fernandes, analista de sistemas, TI, de São Paulo (SP).
ResponderExcluir"Vaquejada é uma ótima sugestão, afinal na nossa tradição popular brasileira não temo muito a ver com cowboys mas sim com vaqueiros": comentário de Joel Aparício Lins, de São Paulo (SP), que informa ter a sua família origem nordestina.
ResponderExcluir"A Festa do Peão tem toda a estrutura da indústria de lazer, com apoio mega de grandes empresas, creio que o movimento ecológico, científico e de cidadania não conseguirá impedir a montaria de touros, de toda forma, vale o alerta por questão de princípios, não podemos mais conviver com nenhum tipo de violência, nem mesmo em festas bacanas como a de Barretos": comentário de Jairo Alves Negrão, de Belo Horizonte (MG), advogado e professor de Agronomia.
ResponderExcluir"É um assunto polêmico, mas eu concordo com esta posição crítica à montaria de touros usando sedém e outros instrumentos": comentário de Luiza Parente Morais de Almeida, ela comenta ainda que "quando criança, eu que sou de família de cafeicultores e pecuaristas, convivia com amizade com as criações".
ResponderExcluirVimos no Facebook críticas a esta matéria, dizendo que é hipocrisia criticar montarias de touro e aceitar frigoríficos. Então, nosso blog é ligado à não violência e nosso editor, vegetariano, que tem lutado para mudar a estrutura para uma realidade mais saudável e feliz, não violenta, mas ele sabe que esta postagem está na contramão de toda a realidade atual no Brasil. Precisamos mudar e avançar nosso modo de vida, é o nosso foco.
ResponderExcluir"Seja programas como BBB, lutas livres ou montarias com uso de violência, isso estimula comportamentos negativos nas crianças e adolescentes, é urgente começar a mudar nossa realidade, este é o sentido deste post. Não somos contra a indústria do lazer e muito menos contra Barretos, mas pelos laudos técnicos, realmente precisa disciplinar melhor isso": comentário de Maria Elvira dos Santos, de São Paulo (SP), que atua com Defensoria Pública.
ResponderExcluir"A Festa do Peão, corrigindo esta questão de violência, poderá ser ainda mais significativa como lazer, pelos show e cultura sertaneja": comentário de Rafael Miranda, engenheiro agrônomo, que tua em fazendas na região de Barretos (SP).
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