Para auxiliar o processo de reflexão e de decisão na plenária e convenção do PV que irá decidir o rumo a ser tomado no 2º Turno destas eleições de 2010, após uma performance de grande importância do PV no 1º Turno, tanto pela eleição de uma Bancada Verde de 61 parlamentares, como pelo avanço que significou a liderança de Marina Silva, conquistando corações, mentes e votos, que colocam nosso partido e nossa luta pela sustentabilidade apoiada por cerca de 20 milhões de brasileiros e de brasileiras, como você, em busca de uma realidade melhor para o país e para a própria vida. Este relato espero ajude a sua decisão sobre os próximos passos verdes.
Tiro por base nesta simples reflexão a minha experiência pessoal e a observação dos acontecimentos a minha volta, fatos de que participei ou fui testemunha, nos bastidores da vida brasileira. Garoto ex-subversivo, à época da Ditadura Militar, lutando com os estudantes secundários e depois universitários pela liberdade, pelo socialismo, pelas mudanças para humanizar o país: preso 3 ou 4 vezes, torturado etc. e tal. Depois, me integrei a uma comunidade hippy para fazer produções culturais tipo underground e viagens mil em busca da paz, do amor, da alegria de viver, dos ideais mais puros do ser humano. Neste ponto me profissionalizei inicialmente como autor de cinema e de TV (tive 16 projetos e programas proibidos pela Censura, que só acabou por volta de 1986, ganhei prêmios na TV CUltura, na Embrafilme, na Unesco), terminando por me adequar a esta realidade onde a minha ficção era proibida, passei a trabalhar com jornalismo para sobreviver (fiz Globo Repórter, Fantástico, Jornal da Tarde, Rádio Bandeirantes, Cultura).
Neste processo, me integrei ao movimento ecológico (fiz parte do grupo que lançou a revista Vida e Cultura Alternativa), descobri Gandhi e a Não-Violência, acabei por virar vegetariano, abandonar qualquer tipo de droga, álcool, buscando uma nova forma de viver. Neste instante ajudei à fundação do Partido Verde em São Paulo, batalhando ao lado de Fernando Gabeira, Alfredo Sirkis, Domingos Fernandes, Carlos Marx Alves, Lucélia Santos, Luis Carlos Santos e muitos outros guerreiros da ecologia. Tive uns contatos bem legais com Fábio Feldmann e com Chico Mendes, ele que era do PT e eu que havia entrado e logo saído do Partido dos Trabalhadores, onde escrevia no seu jornal lá na Vila Mariana sobre o, veja só, socialismo espiritualista, inspirado nos ideais gandhianos. Lutara desde adolescente pelo Cinema Novo de Glauber Rocha, fiz curtas, fui à luta pelas Diretas Já, fiz manifestação para que acontecessem as eleições em 1982, conheci lideranças da época que me influenciavam e me orientavam minha ação política e cultural como Eduardo Suplicy (PT), Fernando Henrique Cardoso (fundando o PSDB), Ulisses Guimarães, Mário Covas, Lula, Brizola, cada um com um caminho diferente mas essencialmente parecido, na prática e/ou na teoria. E um deles, o amigo Rogê Ferreira (PSB) foi catedrático ao me explicar: "Se você quer defender a ecologia, precisa lutar para mudar o sistema econômico, senão será impossível". Rogê Ferreira falava que nem John Lennon...
Assim, desde o começo do PV eu procurava definir o conteúdo do PV não como intelectual ou um dirigente partidário e sim como um cidadão, como um produtor cultural e um ativista político, dentro do movimento ecológico, buscando praticar a não-violência e tentando ajudar a criação coletiva do futuro da nossa nação.
Esta trajetória pode me servir agora para auxiliar meus amigos e amigas, colaborar com o fortalecimento de conteúdo e de prática do Partido Verde.
Por um lado o PV tem o conteúdo de lutar pela transformação econômica e social, sem o que a ecologia realmente não sobrevive, isso é histórico, científico, vários pesquisadores e autores analisaram a questão que eu vivenciei no dia a dia de homem comum. Neste ponto programático, o PV se aproxima um pouco mais do PT pelo menos da ideologia inicial do Partido dos Trabalhadores e não da sua prática para conquistar e se manter no poder. Conteúdo essencial também do Partido Verde é o desenvolvimento sustentável, que leva a uma melhor qualidade de vida, luta pontual que é digamos o foco do PSDB, há umas conotações de social democracia e de new left, para usar a linguagem pré-Queda do Muro de Berlim. E Pós-Caras Pintadas, que derrubou Collor e lançou de vez no Brasil o movimento da cidadania, agora no Século 21, onde existe uma nova utopia em formação, por estas e outras, acredito que ao ficarmos neste instante histórico independentes, numa neutralidade estratégica neste 2º Turno, esta posição definirá melhor os objetivos dos Verdes, manterá a postura ética que o PV vem com toda energia tentando preservar, resguardando também as suas conquistas no 1º Turno, resgatando a liderança nacional de Marina Silva, que poderá crescer ainda mais, sem ficarmos os Verdes atrelados aos tucanos ou aos lulistas. É a hora da definição política e também de conteúdo partidário, o PV mostrará a sua cara e a sua força para mudar e avançar a realidade que aí está, inclusive também, através da política cidadã. Não precisamos ser governo para fazer política, estamos criando uma nova identidade partidária e junto com ela e com a luta do povo, o futuro do país, do planeta. Este depoimento relata sob o ponto de vista de um pequeno verde anônimo, a luta do Partido Verde para chegar até aqui, avançar bastante agora com a liderança de Marina Silva e atingir o seu ponto crucial. Qualquer que seja a decisão coletiva na convenção e nas articulações, como todo Verde espero que ela seja a mais inteligente e equilibrada, mantendo a postura digna dos nossos ideiais, o objetivo programático, o interesse de mudar a estrutura da política e do país, a bem da condição de vida da população, sustentabilidade econômica, social, ambiental e também ética. Vamos lá, Marina e PV lutar pela nossa natureza e nossa nação, na fronteira que melhor ajude nosso projeto de partido e de vida.
Padinha na recepção do PV à Marina Silva no nordeste paulista |
Neste momento, a minha intuição me diz que a neutralidade estratégica poderá dar os melhores resultados para fortalecer o conteúdo, definir a independência e cumprir os compromissos políticos do PV com a população, que já começa a entender nossa luta, graças à campanha de Marina Silva e aliderança também de jovens políticos, como por exemplo, Rogério Menezes e Maurício Brusadin em São Paulo. E além do mais, defender a ecologia, uma necessidade da maior urgência, estamos no limite entre a destruição e o futuro da vida.
Qual é neste universo o melhor caminho? Ser governo ou formar uma nova espécie lúcida de oposição, apoiando apenas o que for bom para o Brasil, coerente com nossa ideologia e com a ética que propomos para a política mais próxima da cidadania do que da politicagem? Acredito na decisão do coletivo verde e contribuo como este relato de história no calor da militância pelo PV. Em relação à Marina Silva, definida como principal líder política do Brasil agora, pela mídia da Europa e analistas nacionais mais independentes, ao invés de por em risco esta condição, conquistada com uma grande luta intensa, ao se afastar dos outros partidos e candidatos iguais entre si, marcará a diferença e crescerá mais uma vez, ajudando o avanço do PV e da nação. (Antônio de Pádua, repórter e ecologista Padinha)
Fonte: http:folhaverdenews.blogspot.com
NEUTRALIDADE ESTRATÉGICA A BEM DO PV, DE MARINA SILVA E DO BRASIL.
ResponderExcluir