Entre os ex-preseguidos como Vandré, o que se sabe é que ele sofreu uma tortura no DOPS, por parte da polícia civil da Ditadura, choques elétricos em seus ouvidos, os efeitos teriam sido desequilíbrio cerebral, agora, o prório cantor/compositor reaparece com uma outra história...
“Pelos campos a fome em grandes plantações.” (música de Geraldo Vandré)
A Globo News veiculou no último final de semana, uma entrevista com Geraldo Vandré, no momento em que ele completava seus setenta e cinco anos de existência. Ídolo e ícone dos anos sessenta, Vandré se notabilizou por uma composição que falava diretamente ao povo, dos problemas desse mesmo povo. Sua musicalidade se deixava dúvidas nos “experts” do assunto, vinha acompanhada de uma letra forte e de enorme poesia.
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Vandré nos festivais dos anos 60 e 70... |
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...E agora, fantasma de si mesmo após 35 anos de sumiço |
Desde que retornou do exílio, Vandré se impôs um isolamento e uma distância total da mídia. Residindo em hotéis de trânsito da Aeronáutica, tem sido amparado pelos militares dessa arma. Conforme confessou a Geneton Moraes Neto, desde criança sempre gostou de aviões e tinha como sonho de infância, tornar-se piloto de aeronaves. Uma de suas últimas criações, “Fabiana”, é uma homenagem à Força Aérea Brasileira.
Inquirido, negou veementemente, que tivesse tido qualquer problema com a área militar durante a revolução, e que jamais foi torturado por eles. Declarou que jamais foi militarista ou anti militarista, e que nunca pertenceu a qualquer partido ou facção política. Desafiou o repórter a apresentar o vídeo da final do Festival Internacional da Canção, realizado em 1968 no Maracanãzinho, o que realmente não foi possível. Sem que se saiba de quem foi a ordem, esse vídeo foi apagado restando apenas a parte sonora. Disse-se desinteressado dos rumos da atual MPB, e que se voltasse a compor novamente esse tipo de música, continuaria falando dos mesmos problemas, “pois que a miséria e a fome continuam nas cidades nos campos e nas construções”.
Está compondo uma sinfonia sem tempo para ser acabada, e que tem feito várias composições com as quais pretende gravar um novo disco, mas não no Brasil. Deverá ser gravado em um país de língua espanhola. Mostrou-se distante de qualquer tentativa de realizar apresentações no país, e em todos os momentos de seu depoimento demonstrou muita lucidez.
Em verdade o que aconteceu com Vandré após sua volta ao Brasil, continua envolto em densas nuvens. Em nenhum momento se dispôs a responder os questionamentos sobre tais fatos. Ídolo da juventude e dos estudantes do final dos anos sessenta, suas músicas eram um libelo contra a fome e a miséria, a censura e a falta de liberdade daquele período. “Caminhando” ou “Prá não dizer que não falei das flores”, era o grande hino que se ouvia em comícios e passeatas pelo retorno da democracia. Inquirido qual das suas musicas tinha sua preferência, respondeu que gostava de todas, muito embora “Disparada” e “Caminhando”, caíram no gosto popular.
É pena que continuemos sem saber quais os reais motivos que levaram Vandré a se afastar dos palcos. Poucos compositores nacionais conseguiram, através de uma poética tão bem fundamentada, falar de perto aos corações do povo brasileiro. Foi muito bom rever Vandré e, acima de tudo, assistir a um vídeo onde militares entoavam “Caminhando”, com Vandré na platéia. Realmente o Brasil vem mudando para melhor. Espero que não se desencaminhe. (Carlos Pinto, jornalista) - (Enviado por Cidinha Silva Paula)
Fonte: Uol
Nosso editor Padinha o conheceu pessoalmente: "Ele era um cara amigável, simpático, ajudava a outros músicos e produtores culturais. Me deu uma carona numa noite de chuva...Depois das prisões políticas, irrascível, anti-social, nem mesmo a sua ex-exposa, Nise, o reconhecia. Não sei o que aconteceu com ele, mas creio que não foi só isso que ele narra. Vandré era considerado um líder da juventude, um ícone da revolução socialista dos jovens. Essa a razão por que foi perseguido. A verdade ainda será revelada".
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