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terça-feira, 26 de novembro de 2024

OS ANCESTRAIS DO POVO DE FRANCA E TODA REGIÃO DA DIVISA ENTRE SÃO PAULO E MINAS GERAIS OS INDÍGENAS KAYAPÓS

Aos 200 anos de Franca na Unesp e em outras universidades pesquisadores confirmam esse fato do passado de nossa gente que inclui também colonizadores, imigrantes e negros todos atraídos pela força dos nossos rios e da natureza daqui de muita riqueza hidromineral


Kayapós na formação do povo de Franca

O capitão Hipólito Antônio Pinheiro não é o único fundador da cidade que chega a 200 anos agora em 2024

Cacique Raoni em nome de todos os Kayapós


Por exemplo a mídia de Franca (SP)  já ouviu a chefe do Departamento de História da Unesp Franca, Ana Raquel Portugal que falou sobre a história dos Kayapós, os primeiros habitantes do nordeste paulista e do sudoeste mineiro, ancestrais do nosso povo. Há mapas antigos que documentam os pontos em que os Kayapós ou Caiapós viviam entre os rios desta região, como Grande, Pardo, Sapucaí, São Francisco, Santo Antônio, Samburá, Canoas. Eles cultivavam milho e mandioca, as mulheres cuidavam dos plantios, os homens da caça ou da guerra, os pajés dos rituais, o uso de boquetes no lábio inferior e nas orelhas marcam estes indígenas, que também pintavam seus corpos, o comando tinha vários chefes ou líderes, o respeito pelos mais velhos e pela natureza também eram marcantes, eles se integravam com as florestas, as matas ciliares protegiam as nascentes e os rios. A busca para ocupar o sertão e buscar pedras preciosas (diamantes, esmeraldas, ouro) foram afastando do mapa da vida os nossos ancestrais. Desde o Censo de 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) contou 305 pessoas em Franca que se autodeclararam indígenas, descendentes do  povo originário que para sobreviver foi obrigado a migrar em direção ao centro e ao norte do Brasil. A maior lembrança deles ficou enterrada, os Kayapós construíam igaraçavas, urnas funerárias que são frequentemente achadas até hoje na zona rural em toda a região em especial nas margens e barrancas dos rios. 


 Antigo mapa mostra Kayapós por aqui


O editor deste blog Folha Verde News tem memória familiar e se considera descendente dos Kayapós, já tendo tido contato com estes indígenas que hoje sobrevivem no Pará: "Não só os pioneiros do café e dos calçados ou os afrobrasileiros e os imigrantes italianos ou espanhóis e portugueses, precisamos revenciar com amor os nossos ancestrais indígenas que aliás são os pais de nosso país", comenta o ecologista Antônio de Pádua Silva Padinha. Ele faz questão neste momento de festa pelos 200 anos de Franca de destacar a etnia Kayapó ou Caiapó ou ainda Mebengokre, na formação de nossa gente. Eles eram parte dos milhões de indígenas de várias tribos e etnias, hoje restam apenas alguns milhares com a nossa última natureza. No caso destes primeiros fundadores de Franca, sobrevivem mais no Pará, no Mato Grosso, Goiás, Tocantins. E conservam ainda seus rituais, máscaras de animais, alguns como o líder nacional Cacique Raoni usam boquetes nos lábios e orelhas. Kayapó é Mebengokre, homens do buraco das águas. Antes de serem dizimados pelo genocídio ou pelo processo de aculturação, este povo original se subdividia em vários grupos como Kayapó-Aucre, Kayapó-Cararaô, Cubem-Cram-Quem, também com denominações como Gorotire, Mecranoti, Metuctire, Pau D'Arco, Quicretum, Kicrim, palavras sagradas e esquecidas. Este indígenas já foram chamados também de Coroados ou Coroás no Mato Grosso como levantaram pesquisadores como por exemplo Vinicius Anthony da Silva. Nômades, praticavam uma agricultura itinerante, semeando no caminho cará, mandioca, batata, algodão, milho e um suru, espécie de horta, ao lado das árvores que veneravam, plantavam gravinhas, o cupá, tipo uma uva do mato. 


 O editor deste blog tem parentesco com antigos Kayapós

Serra da Canastra mãe (ou madastra) de toda povoação do nordeste paulista e sudoeste mineiro interior do país

Kayapós sobreviveram a mais de 500 anos de violências contra os índígenas e a natureza do Brasil


Os últimos e os primeiros - Os mais antigos Kayapós recolhiam mel e frutos de palmeiras silvestres como o Babuçu, a Castanha do Pará antigamente era recolhida somente pelas mulheres só para o consumo da tribo, hoje entre sobreviventes é recolhida pelos homens e vendida a compradores estatais ou privados em especial no Pará, na Amazônia. O óleo certificado de castanha, feito pelos Caiapós da Terra Indígena Baú, na região de Novo Progresso, recebeu o selo verde, uma certificação que atesta práticas legais e impulsiona a venda para as indústrias de cosméticos. No entanto, a substituição por outras matérias-primas tem feito os últimos Kayapós venderem o óleo para indústria de biocombustível a um preço dez vezes menor do seu valor real no mercado. Os últimos da etnia são bons caçadores, mas o problema é que atualmente, a caça não é abundante. Entre as presas que conseguem obter, se destacam os da família Tayassuidae. Os homens tecem cestos, cintos e faixas para carregar e fabricam paus, lanças, arcos e flechas para a caça. As mulheres fabricam pulseiras, fitas ou cordas, coroas. Os Kayapós são índios que se caracterizam também pela careca, a decoração do corpo é uma questão importante nas comunidades, como hoje as tatuagens. Eles dedicam bastante tempo para raspar o cabelo e fazer desenhos coloridos na pele. Homens, mulheres e crianças ficam com a parte superior da cabeça completamente raspada. As mulheres deixam cair para trás o resto do cabelo, enquanto os homens fazem um rolo. Levam grinaldas de penas, brincos, colares e cintos. Alguns homens usavam um disco ou boquete em seu lábio inferior, como ainda faz Raoni. Antes, todos os homens da tribo faziam assim. Ainda em maio de há quase 20 anos atrás, em 2007,  uma notícia incomum foi veiculada na mídia nacional e internacional: havia sido descoberto no sul do Pará um grupo de 87 índios sem contato com os homens brancos. E eles eram todos da etnia Kayapó, viviam em uma área de floresta fechada e fugiam quando percebiam a aproximação de não-índios (garimpeiros, madereiros e grileiros). Fizeram assim por muito tempo, porém a mata em que podiam se esconder foi acabando e estes índios decidiram procurar abrigo em uma outra aldeia Kayapó, a aldeia Capoto, onde sobrevivem índios que já mantém contato com os homens brancos já há algumas décadas. Esta triste aventura de ancestrais revela bem a realidade do momento dos últimos Kayapós da floresta e do mundo.


  Franca começou longe daqui, aqui mesmo


O povo do buraco d'água ainda sobrevive

Últimos Kayapós na Amazônia e no Mato Grosso


Mágica da vida - Estes fatos podem abastecer nossa memória cultural e o povo das novas gerações. Uma expressão nativa é a palavra mágica amre bé que inicia quase todas as histórias contadas pelo índios Kayapós, como registraram também Rondon ou os irmãos Orlando e Cláudio Villas Boas. Vale citar para quem for pesquisar Terence Turner, o livro "História dos Índios do Brasil", que foi organizado por Manuela Carneiro da Cunha, também, "Mito e Vida dos Índios Caiapós", escrito por Anton Lukesh. Estas são algumas das últimas referências, além da memória oral e afetiva dos descendentes deste povo fantástico. Não é apenas o Capitão Hipólito Antônio Pinheiro o fundador de Franca, também o povo Kayapó por aqui que era a rota de entrada para o sertão, terra das Suçuaranas, Lobos Guarás, Siriemas e vários bichos nativos da natureza do Cerrado em fusão com manchas da Mata Atlântica. Em São José do Rio Pardo, a 120 quilômetros de Franca, a última das últimas aldeias nem de longe lembra mais o povo histórico. Na criação coletiva do futuro, que precisará vir a ser sustentável, equilibrando ecologia com economia, renascerá o valor e a mística dos Kayapós. Para mim Franca é uma esquecida aldeia do que restou do sertão de Goyazes. Vamos à luta com inteligência e paz, numa palavra, amre bé. (Antônio de Pádua Silva Padinha). 


Somos filhos da natureza do Cerrado...

 ... e podemos todos juntos criar o futuro


Na seção de comentários deste blog a cosmologia Kayapó que conta que todos viemos do céu. 


Kayapós têm mais de mil anos



Fontes: Agência Brasil - survivalinternacional . org - Unesp - GCN - estadão -  greenpeace - folhaverdenews.blogspot.com

3 comentários:

  1. A cosmologia Kayapó cita que todos viemos do céu


    Há um mundo no céu de onde veio a humanidade. Os primeiros seres humanos que chegaram à Terra vieram de lá do espaço por uma longa corda, que nem formigas por um tronco. Isto foi possível porque um homem viu um bicho como um Tatu e o seguiu até que entrou num buraco, que depois foi usado pelas pessoas para vir a este mundo. Também as plantas celestes baixaram do mundo celestial quando a filha da chuva brigou com a mãe, desceu a este mundo e foi acolhida por um homem, a quem entregou as plantas. Alguns relatos explicam os fatos culturais, desde a obtenção do fogo até a casa da Onça-pintada. As danças são levadas muito a sério, pois explicam a relação com a natureza, a comunidade e a sua história. Não usam bebidas fermentadas nem plantas alucinógenas, preferem as poções com plantas nativas e ervas do mato. Os pajés dos Kayapós são célebres entre os índios do Brasil.

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  2. "Creio que boa parte do povo daqui de Franca e toda região SP-MG tem informação ou instinto dos nossos ancestrais todos, também os indígenas. De minha parte, por laços de família, pelo lado paterno, descendo tanto dos Kayapós, como do fundador oficial da cidade (Pinheiro), pelo lado materno, sou descendente dos imigrantes italianos que implantaram por aqui (um point de clima então temperado) a cultura do café, enfim, acredito que sou um caso comum na população francana, com a diferença que assumo e amo as minhas raízes": comentário de Antônio de Pádua Silva Padinha, ecologista que edita este blog.

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  3. BOA REPORTAGEM PADINHA, OS NATIVOS CAYAPOS FORAM EXPULSOS EM 1816 , MIGRARAM PRA O OESTE DA CAPITANIA DE SAO PAULO. SOBRE O COMANDO DO CAPITÃO HIPOLITO A PEDIDO DA COROA. (Comentário de Célio Bertelli, engenheiro e ecologista, líder de cidadania na região),

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