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quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

70% DA VIDA NA TERRA DEPENDE DOS 5 OCEANOS MAS SOMENTE 7% DOS MARES ESTÃO PROTEGIDOS (E 40% DA POPULAÇÃO DEPENDE DIRETAMENTE DELES)

São urgentes agora investimentos para salvar os oceanos e recuperar a ecologia também por aqui no Atlântico


Oceanos são 70% do nosso planeta

 A relação dos homens e dos países com os oceanos é de violência e de destruição


Não devemos poupar esforços para que a ciência oceânica seja impulsionada na Década do Oceano que vai até 2030, já perdemos muito tempo, em resumo comentam as oceanógrafas da USP Monique Torres de Queiroz, Ana Luisa Souza e Fernanda Belinazo, em um alerta no site O Eco, que resumimos por aqui no blog da gente. “O oceano cobre mais de 70% da superfície terrestre mas segue sendo o ecossistema mais desconhecido da Terra”, escreveu uma destas cientistas.  Você já parou para refletir sobre o quão dependentes somos do mar? Ele é fundamental para a sobrevivência da Terra, também da vida humana. Responsável por cerca de metade de todo o oxigênio disponível no planeta, oriundo da produção de cianobactérias e algas, cada oceano atua também como um grande regulador climático devido a sua capacidade de capturar carbono e calor. Diante do atual cenário de ebulição climática que estamos enfrentando, isso o torna uma importante arma. Até 2021 cerca de três bilhões de pessoas dependiam diretamente do oceano para sobreviver, como povos e comunidades tradicionais, pescadoras e pescadores artesanais e populações de cidades costeiras. Em 2023, batemos a marca de 8 bilhões de pessoas coexistindo no planeta, ou seja, numa regra de três simples percebemos que quase 40% da humanidade necessita diretamente do oceano. Para além da sua importância para a espécie humana, em seus ecossistemas nos mares está abrigada uma riqueza e abundância gigantesca de biodiversidade, hoje aneaçada de desaparecer. 

 

Arte que critica a realidade deste ecossistema


Conhecemos menos de 20% dos oceanos e menos de 7% dele estão protegidos, que é um risco monstruoso. Ainda há muito para descobrir, mas teremos tempo? Ilhas de plástico no Pacífico, contaminação por vazamentos de petróleo, sobrepesca dizimando espécies de peixes, acidificação dos oceanos pelas mudanças climáticas, variadas formas de poluição e muitas outras pressões desencadeadas pela ação humana estão deixando o oceano doente e vulnerável. Os dados trazidos pelo Relatório Mundial sobre a Ciência Oceânica revelaram que os investimentos financeiros disponibilizados para estudos sobre oceanos estão entre 0,04 a 4% em relação às demais temáticas de pesquisa do mundo, neste ritmo, a ciência não consegue trazer os caminhos para lidarmos com todas essas ameaças, reverter o processo de destruição e garantir o futuro da vida.

 

 A maior riqueza da Terra são os 5 oceanos


Tempo de valorizar o oceano - Frente ao desafio de buscar um oceano saudável, foi proclamada, pela Organização das Nações Unidas (ONU), a Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável (2021-2030), chamada de Década do Oceano, como plano estratégico para a priorização do conhecimento científico e a aproximação do oceano com a população humana. Essa implementação visa contribuir para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, adotada pela ONU. Diretamente relacionado ao oceano, tem-se o objetivo 14, que é sobre “Conservar e usar de forma sustentável os oceanos, mares e os recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável”. A saúde do oceano interfere em muitos outros setores da vida e dos objetivos para se criar a sustentabilidade na Terra, antes que seja o caos. 


Poluição e pesca predatória são apenas dois dos problemas mais conhecidos


Para muito além de limites regionais e nacionais, a Década do Oceano convoca hoje as nações para se unirem em função dessa causa. A união é essencial para cumprir os desafios propostos e resultar em um impacto positivo no universo oceano. Em especial, a cooperação internacional é fundamental para a sustentabilidade do alto-mar, nome dado ao conjunto de zonas marinhas que não estão sob jurisdição de nenhum estado e representam 2/3 da área oceânica.  A Ciência Oceânica, pensada justamente pela necessidade de preservar o ecossistema marinho, se manifesta na concepção de que por meio de um investimento contínuo e satisfatório em infraestrutura, equipamentos e indivíduos especializados, é possível entender os complexos sistemas e serviços ecológicos. E é a partir dos avanços tecnológicos que a pesquisa científica multidisciplinar e colaborativa é alavancada e se torna influente no desenvolvimento e implementação de políticas e programas de recuperação dos mares.


Manter ou recuperar a ecologia dos mares garante que termos futuro na vida da Terra


Promover a Ciência Oceânica custa caro devido à complexidade de equipamentos e tecnologias, por isso, é preciso que as nações estejam unidas para somar esforços e dividir responsabilidades. Segundo o relatório de ciência oceânica da Unesco, esse processo já está bem avançado e concentrado no Atlântico Norte, quando a maior parte das publicações são de organizações da América do Norte e Europa. Em contrapartida, o Atlântico Sul, apesar de possuir quase a mesma quantidade de pesquisadores voltados à temática oceano (731 no Sul e 807 no Norte), sofre com a lacuna de conhecimento sobre a região. Esta discrepância de produção de pesquisas no Atlântico Sul pode ser exemplificada com o caso do Brasil, o investimento para a Ciência Oceânica é de apenas 0,03% do total disponibilizado à pesquisa no país. Em outros países utilizados para comparação, a média é de 1,7% dos recursos, isso implica dizer que temos 98% menos investimento. Esta média global já é considerada muito pequena e, em se tratando de Brasil, um país com 3,6 milhões de km² de área marítima, manter os 0,03% é extremamente perigoso. 


 Pescadores artesanais não agridem como...



...continua fazendo a pesca predatória

Como mudar e avançar - Para conseguirmos mudar esse cenário de falta de investimentos, precisamos que a sociedade civil esteja informada para pressionar os representantes políticos a dedicar esforços para a ciência oceânica, mas, para isso, a população deve conhecer o próprio oceano. A Alfabetização Oceânica (Ocean Literacy) é o termo utilizado para o movimento e as iniciativas que buscam inserir temáticas relacionadas aos mares nos planejamentos formais de educação, no Brasil, é mais comum ouvirmos o termo “Cultura Oceânica”. Com isso, é possível proporcionar ferramentas para as pessoas se envolverem de forma consciente em questões costeiras e marinhas e incitar, cada vez mais, a necessidade de investir em pesquisas oceanográficas. Se você é uma pessoa interessada em Cultura Oceânica ou pelo universo marinho, mas não sabe como pode dar o primeiro passo, assine a Carta Compromisso para o Futuro do Oceano e faça parte desse movimento. 



Fontes: oeco.org.br – Jornal da USP – folha verde news.blogspot.com


5 comentários:

  1. "Equipe de oceanógrafas da USP faz o alerta, lembrando que estamos na década para recuperação da ecologia dos oceanos, também por aqui no Atlântico: as informações sobre esta luta ambiental urgente talvez seja a matéria de maior importância deste blog agora": comentário do ecolgogista e editor do Folha Verde News, Antônio de Pádua Silva Padinha.

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  2. Mais tarde, 2 vídeos na matéria e aqui nesta seção, mais informações. Você pode postar direto aqui a sua opinião ou se preferir envie um e-mail para a nossa redação deste blog, envie já que divulgaremos, mande o seu conteúdo para padinhafranca603@gmail.com

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  3. COI-UNESCO (2017) Relatório Global de Ciência Oceânica – O status atual da ciência oceânica em todo o mundo. In: Valdés L (ed). Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

    COI-UNESCO (2018) Roteiro revisto para a década da ONU da ciência oceânica para o desenvolvimento sustentável. No Anexo 3 do IOC/EC-LI/2.

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  4. UNESCO (2021) Relatório de Ciências da UNESCO: A corrida contra o tempo por um desenvolvimento mais inteligente – resumo executivo. Paris: UNESCO Publishing.

    Polejack, A., Gruber, S. & Wisz, M.S. Atlantic Ocean science diplomacy in action: the pole-to-pole All Atlantic Ocean Research Alliance. Humanit Soc Sci Commun 8, 52 (2021). https://doi.org/10.1057/s41599-021-00729-6

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  5. "Os oceanos são ecossistemas aquáticos que abrangem uma grande biodiversidade de animais e vegetais. Contudo, a poluição das águas, exploração descontrolada de minerais, a pesca excessiva e o descarte de lixo têm sido alguns dos problemas que Oceano Atlântico vem sofrendo nas últimas décadas": comentário de Elizeu Santos Moreira, de Salvador (Bahia) que nos envia fotos que ele fez na costa baiana do Atlântico, a gente agradece e vamos divulgar.

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