Uma maravilhosa história de luta pela vida do Cerrado e da Amazônia a Rede de Sementes mostra indígenas, pesquisadores e ecologistas indo à luta pela nossa natureza
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Parte da equipe base da Rede de Sementes |
Fundada em
2007, ano da primeira entrega de sementes nativas coletadas por povos indígenas
e agricultores familiares do nordeste do Mato Grosso, a Rede de Sementes do
Xingu é um dos maiores legados da campanha ‘Y Ikatu Xingu (Salve a Água Boa do
Xingu, na língua indígena Xavante e Kamayurá), organizada pelo ISA, o Instituto Socioambiental. A campanha
conseguiu algo inédito até então na região: reunir diversas forças para
recuperar as matas nativas de nascentes e beiradas de rios na região da bacia
do rio Xingu, plantando vegetação nativa de forma econômica e eficiente, com o
objetivo de restaurar a qualidade e a disponibilidade de água em toda a região. No ano de
seu lançamento, a estrutura da Rede de Sementes do Xingu era formada por cinco
grupos de coletores e duas Casas de Sementes. A difusão dessa técnica de
plantio eficiente e econômica gerou uma demanda concreta por sementes nativas
para restauração. E assim, a Rede surgiu como um sistema de produção
comunitária de sementes florestais.
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Uma das áreas degradadas que voltam a ser floresta graças à luta dos coletores de sementes nativas do Cerrado |
Com a
adesão de novos grupos e o crescimento da iniciativa nos primeiros anos, em
2014, quando o meio ambiente do Brasil era melhor gerido em nível governamental, a Rede de Sementes do Xingu foi formalizada juridicamente como associação
sem fins lucrativos, com objetivo de gerar autonomia nos processos da cadeia de
valor da restauração em que a Rede está inserida. Desde que se
tornou uma associação, a Rede pode então comercializar sementes, registrar coletores
em órgãos oficiais, inscrever-se em projetos de apoio às atividades e efetuar
transações financeiras, sem depender de outras organizações e governos. Hoje, a Rede
é formada por mais de 560 coletores, que juntos somam 25 grupos de coleta,
espalhados por três Territórios Indígenas, 21 municípios, além de 16 assentamentos da
agricultura familiar. Dessa força de trabalho, 80% é formada por mulheres. "Superimportante para recuperar a ecologia do Cerrado, que responde por 8 das 12 maiores bacias hidrográficas brasileiras, berço das águas do país, ameaçado pelo desmatamento, queimadas, garimpos, desgoverno ambiental, excesso de irrigação nas áreas do agronegócio, esta iniciativa atua no sentido de recriar a vida e o futuro de nossos recursos naturais", comenta Antônio de Pádua Silva Padinha. editor deste blog Folha Verde News, pioneiro como ativista da não violência no Brasil.
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Gaspar Waratzere da Aldeia Namunkurá que é formado em História pela UFMT elogia a Rede de Sementes do Cerrado |
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Este foi o embrião da Rede de Sementes |
Ao longo
dessa história, a Rede de Sementes do Xingu já coletou mais de 220 espécies
diferentes de sementes, gerando uma renda de mais de R$ 5,3 milhões, repassada diretamente às comunidades de coletores.
Juntos, os grupos da Rede comercializaram mais de 294 toneladas de muvuca, que
foram semeadas diretamente no solo, fazendo crescer cerca de 25 milhões de
árvores em 7,4 mil hectares de áreas previamente degradadas, que hoje voltaram a ser florestas, de volta para o futuro da nação e da natureza.
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Uma das novas esquipes de coletores de sementes |
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Xavantes de Namunkurá gostariam de ser coletores do Cerrado |
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A Rede de Sementes pode ajudar demais a recuperação da ecologia do Cerrado, berço das águas do interior do país |
Fontes: Ecoa
– ISA – Uol – folhaverdenews.blogspot.com
A Rede de Sementes do Cerrado é uma associação sem fins lucrativos, qualificada como OSCIP federal e distrital que, com 14 anos de existência legal tem procurado cumprir sua missão, desenvolvendo atividades que visam a defesa, a preservação, a conservação, o manejo, a recuperação, a promoção de estudos e pesquisas e a divulgação de informações técnicas e científicas relativas ao meio-ambiente do Cerrado, especialmente no Brasil Central. Com esses propósitos, atua na articulação política e técnica para a regulamentação da atividade de coleta de sementes, o fomento do comércio, a melhoria da qualidade das sementes e mudas de espécies nativas do Cerrado. Onde fica: Brasília (DF) Endereço: CLN 211- Bloco A, sala 221 / CEP 70863-510 Contato: (61) 3256-1938
ResponderExcluirComo são as raízes das árvores nativas do Cerrado?
ResponderExcluirResultado de imagem para Rede de Sementes do Cerrado
As árvores do Cerrado e as espécies vegetais sobrevivem porque possuem raízes longas que alcançam até 15 metros de profundidade do solo para buscarem água nas camadas mais úmidas em épocas de secas. As árvores têm ramos tortuosos e grossos de pequeno porte podendo chegar até 20 metros de altura.
O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul, ocupando uma área de 2.036.448 km2, cerca de 22% do território nacional. A sua área contínua incide sobre os estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal, além dos encraves no Amapá, Roraima e Amazonas. Neste espaço territorial encontram-se as nascentes das três maiores bacias hidrográficas da América do Sul (Amazônica/Tocantins, São Francisco e Prata), o que resulta em um elevado potencial aquífero e favorece a sua biodiversidade.
ResponderExcluirConsiderado como um hotspots mundiais de biodiversidade, o Cerrado apresenta extrema abundância de espécies endêmicas e sofre uma excepcional perda de habitat. Do ponto de vista da diversidade biológica, o Cerrado brasileiro é reconhecido como a savana mais rica do mundo, que abriga 11.627 espécies de plantas nativas já catalogadas. Existe uma grande diversidade de habitats, que determinam uma notável alternância de espécies entre diferentes fitofisionomias. Cerca de 199 espécies de mamíferos são conhecidas, e a rica avifauna compreende cerca de 837 espécies. Os números de peixes (1200 espécies), répteis (180 espécies) e anfíbios (150 espécies) são elevados. O número de peixes endêmicos não é conhecido, porém os valores são bastante altos para anfíbios e répteis: 28% e 17%, respectivamente. De acordo com estimativas recentes, o Cerrado é o refúgio de 13% das borboletas, 35% das abelhas e 23% dos cupins dos trópicos.
ResponderExcluirAlém dos aspectos ambientais, o Cerrado tem grande importância social. Muitas populações sobrevivem de seus recursos naturais, incluindo etnias indígenas, quilombolas, geraizeiros, ribeirinhos, babaçueiras, vazanteiros e comunidades quilombolas que, juntas, fazem parte do patrimônio histórico e cultural brasileiro, e detêm um conhecimento tradicional de sua biodiversidade. Mais de 220 espécies têm uso medicinal e mais 416 podem ser usadas na recuperação de solos degradados, como barreiras contra o vento, proteção contra a erosão, ou para criar habitat de predadores naturais de pragas. Mais de 10 tipos de frutos comestíveis são regularmente consumidos pela população local e vendidos nos centros urbanos, como os frutos do Pequi (Caryocar brasiliense), Buriti (Mauritia flexuosa), Mangaba (Hancornia speciosa), Cagaita (Eugenia dysenterica), Bacupari (Salacia crassifolia), Cajuzinho do cerrado (Anacardium humile), Araticum (Annona crassifolia) e as sementes do Barú (Dipteryx alata).
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ResponderExcluirMas inúmeras espécies de plantas e animais correm risco de extinção. Estima-se que 20% das espécies nativas e endêmicas já não ocorram em áreas protegidas e que pelo menos 137 espécies de animais que ocorrem no Cerrado estão ameaçadas de extinção. Depois da Mata Atlântica, o Cerrado é o bioma brasileiro que mais sofreu alterações com a ocupação humana. Com a crescente pressão para a abertura de novas áreas, visando incrementar a produção de carne e grãos para exportação, tem havido um progressivo esgotamento dos recursos naturais da região. Nas três últimas décadas, o Cerrado vem sendo degradado pela expansão da fronteira agrícola brasileira. Além disso, o bioma Cerrado é palco de uma exploração extremamente predatória de seu material lenhoso para produção de carvão. Apesar do reconhecimento de sua importância biológica, de todos os hotspots mundiais, o Cerrado é o que possui a menor porcentagem de áreas sobre proteção integral. O Bioma apresenta 8,21% de seu território legalmente protegido por unidades de conservação; desse total, 2,85% são unidades de conservação de proteção integral e 5,36% de unidades de conservação de uso sustentável, incluindo RPPNs (0,07%). (Extraído de< http://www.mma.gov.br/biomas/cerrado>) A recomposição de ambientes degradados depende de sementes e mudas de boa qualidade, com origem conhecida. Fatores como época e forma de coleta e modo de processamento e armazenamento de sementes como também as condições de produção de mudas em viveiro afetam a qualidade do produto final. A Rede de Sementes do Cerrado tem entre seus objetivos captar e difundir conhecimentos e informações referentes às etapas necessárias à conservação e restauração do bioma.