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sexta-feira, 30 de setembro de 2022

A MULHER DAS FLORESTAS EXEMPLIFICA NA ÍNDIA O QUE PRECISA SER FEITO TAMBÉM NO BRASIL

Tulsi Gowind Gowda vem dedicando todos os dias de sua vida para ajudar o meio ambiente a recuperar a ecologia da vida (ela foi premiada agora)

 

Ela ganhou o prêmio Padma Shri, uma das maiores honras civis da Índia por toda a sua paixão pelas árvores que ajudam a recuperação da ecologia 

Sameer Yasir do New York Times  conta que ela caminha por quilômetros, nas profundezas das florestas tropicais, cortando cuidadosamente galhos saudáveis de centenas de árvores e os replantando. Seus olhos se iluminam quando ela fala sobre sementes e mudas raras. E, quando morrer, ela gostaria de renascer, disse, como uma grande árvore da Índia. A história desta mulher 100% da natureza, está também no site do Estadão e resumida no blog da gente - Folha Verde News - através de uma tradução de Renato Prelorentzou. Tulsi Gowind Gowda – que nem sabe o ano de seu nascimento, mas acredita ter mais de 80 anos – dedicou sua vida a transformar vastas áreas de terra estéril em florestas densas, no seu estado natal de Karnataka que fica no sul indiano. Ao longo dos anos, ela recebeu cerca de uma dúzia de prêmios por seu trabalho pioneiro de conservação. Mas o mais prestigioso veio recentemente, quando o governo reconheceu seus esforços e também seu vasto conhecimento sobre ecossistemas florestais com o prêmio Padma Shri, uma das maiores honras civis do país.


Aqui a casa de Tulsi Gowind Gowda numa comunidade nativa

E Em certa manhã semanas atrás, Gowda estava sentada em uma cadeira de plástico dando as boas-vindas aos visitantes de sua casinha em Honnali, uma vila de cerca de 150 casas à beira de uma floresta. Ela usava um sari solto, cortado para facilitar o trabalho físico, e seis camadas de contas em volta do pescoço, feitas de pedras e fibras naturais. Atrás dela havia uma vitrine cheia de fotos e esculturas plásticas de divindades hindus e fotografias de suas cerimônias de premiação. Ganhar o prêmio Padma Shri, a quarta maior honraria civil da Índia, com uma muito extensa cobertura na imprensa indiana, acendeu os holofotes sobre Gowda. Quando os aldeões a veem hoje em dia, eles se curvam e as crianças param para tirar selfies com ela. Ônibus lotados de estudantes chegam a sua casa, onde ela mora com dez parentes, incluindo nessa galera seus bisnetos. “Quando os vejo, fico feliz”, disse ela, referindo-se aos alunos, em entrevista: "Eles precisam aprender como é importante plantar árvores".


 Gowda e sua comunidade coletam sementes para recuperar a floresta


Quando os aldeões a veem hoje em dia, eles se curvam e as crianças param para tirar selfies com ela - Quando a Índia estava sob o domínio britânico, os colonizadores lideraram uma enorme campanha de desmatamento nas montanhas, para retirar madeira para fazer navios e trilhos de trem, destruindo grande parte da cobertura florestal do distrito de Uttara Kannada, onde Gowda mora. Após a independência da Índia em 1947, os líderes do país continuaram a explorar áreas florestais para industrialização e urbanização em larga escala. Entre 1951 e 1980, cerca de 4,2 milhões de hectares de terra foram voltados para desenvolvimento em projetos de gestão governamental na ìndia. Ainda criança, Gowda, ela que nunca aprendeu a ler, trabalhava para reverter a derrubada das florestas locais replantando árvores. Durante as viagens até as florestas para coletar lenha para a família, sua mãe lhe ensinou como fazer a regeneração com sementes de árvores grandes e saudáveis. Quando era adolescente, ela transformou a paisagem devastada atrás da casa de sua família em uma floresta densa, dizem moradores locais e autoridades indianas.


 

Em alguns aspectos a situação florestal da Índia se assemelha...

...aos desmatamentos no Brasil onde são mais raros os projetos de reflorestamento nativo


“Desde a infância, ela falava com as árvores como uma mãe falaria com seus filhos pequenos”, disse Rukmani, uma mulher local que usa apenas um nome e trabalha com Gowda há décadas. Em 1983, as políticas de conservação do governo haviam mudado. Naquele ano, uma alta autoridade florestal indiana, Adugodi Nanjappa Yellappa Reddy, chegou a um viveiro do governo em Karnataka com uma tarefa assustadora: reflorestar grandes porções de terra na região. Em seu primeiro dia de trabalho, sob um sol escaldante, conheceu Gowda, que já trabalhava no viveiro. Ela estava tirando pequenas pedras do solo e meticulosamente plantando sementes e mudas.  “Suas mãos eram mágicas”, disse Reddy, 86 anos, e agora aposentado. “Seu conhecimento para identificar espécies nativas e coletá-las e cultivar árvores não pode ser encontrado em nenhum livro” (Adugodi Nanjappa Yellappa Reddy)Gowda se tornou sua valiosa conselheira, disse Reddy. E trabalhar com ele trouxe uma nova atenção para ela, com os moradores começando a chamá-la de “a deusa das árvores”.


A nova geração indiana se inspira no exemplo de Gowda 


Gowda foi descalça receber sua medalha do prêmio Padma Shri no Rashtrapati Bhavan, a residência oficial do presidente em Nova Délhi. Ao longo da vida, Gowda disse na entrevista, ela sempre andou descalça e nunca usou sapatos, o que não é incomum para membros de sua comunidade tribal. Tulsi Gowind Gowda recebeu, no ano passado, huma honraria do governo indiano pelo seu trabalho de conservação das florestas.  Os cerca de 700 grupos tribais da Índia têm uma população de 104 milhões, de acordo com o último censo, concluído, em 2011. Desses grupos, mais de 600 comunidades são tribos classificadas, o que significa que recebem certos benefícios do governo, incluindo preferência em instituições educacionais e empregos do governo. Mas a tribo de Gowda, os Halakki-Vokkaligas – com uma população de cerca de 180 mil – nunca recebeu esse status. Membros de sua tribo, que ocupam as vastas florestas tropicais das montanhas do oeste do estado há séculos, lutam por esse reconhecimento desde 2006. A taxa de pobreza entre os Halakki-Vokkaligas é de cerca de 95%, com apenas 15% concluindo qualquer nível de educação, disse Shridhar Gouda, professor da Universidade de Karnataka que estuda a comunidade há décadas. 

A comunidade de Gowda, os Halakki-Vokkaligas no mapa da pobreza material

Gowda trabalhou por 65 anos no viveiro do governo, aposentando-se oficialmente em 1998, embora ela continue fazendo algum trabalho lá como consultora, ela que hoje  compartilha seu imenso conhecimento sobre as árvores locais. Embora ela tenha dito que muitas vezes se sente cansada depois de longas conversas com os visitantes, uma caminhada pelos campos de arroz, passando por um outdoor com sua foto em tamanho real e por uma floresta densa, parecia revigorá-la. Durante a caminhada, ela parava com frequência para recitar os nomes de árvores e plantas em sua língua nativa, o Kannada: Garcinia indica (da família do mangostão), Ficus benghaliens (ou banyan) e tamarindo, entre dezenas de outros. Nos últimos meses, aumentou o número de pessoas que chegam à sua casa para vê-la, disse ela. Muitas vezes, as pessoas perguntam sobre as mudanças climáticas. Ela disse que não entende o que isso significa. Tudo o que ela sabe, disse, é que o espaço das árvores e dos animais foi invadido, com destruição em larga escala de terras florestais e seu ecossistema. E ela notou que as monções em sua parte do mundo estão mais erráticas e perigosas, até  matando pessoas por causa de inundações e deslizamentos de terra. “A reversão levará muito tempo”, disse ela, referindo-se ao reflorestamento de terras arrasadas, mas também expressou um certo otimismo para o futuro. “Quando vejo essas florestas cheias aqui, sinto que é possível que os humanos prosperem sem cortar árvores”.


 Desmatamento mais mudanças climáticas complicam a situação da natureza e da ecologia humana nas aldeias nativas da Índia


Fontes: The New York Times - Estadão - folhaverdenews.blogspot.com


3 comentários:

  1. Depois, mais tarde, mais informações sobre árvores no Brasil e também por aqui no interior do país. Venha conferir aqui.

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  2. Você pode postar direto aqui nesta seção a sua opinião, o seu comentário,.se preferir, envie o seu conteúdo (texto, foto, arte, vídeo, notícia, pesquisa etc) pro e-mail deste blog que aí divulgaremos o material e então, mande desde já para padinhafranca603@gmail.com

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  3. "Através desta matéria neste blog da ecologia e da cidadania a gente faz uma homenagem à Tuisi Gowind Gowda em nome de todo nosso movimento aqui e em todo lugar do planeta em busca de recuperar a ecologia perdida da vida. As árvores e as florestas são essenciais para este objetivo": comentário de Antônio de Pádua Silva Padinha, ecologista que edita o Folha Verde News.

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