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quinta-feira, 30 de junho de 2022

JOVEM CIENTISTA BRASILEIRA PREMIADA NA FRANÇA POR DIVULGAR PLANTAS NATIVAS NA ALIMENTAÇÃO

Patrícia Medeiros faz pesquisas para ampliar o consumo de plantas silvestres também para avançar a agricultura familiar e a boa nutrição dos brasileiros


Pesquisadora de Pernambuco recebeu prêmio internacional...


...da Fundação L'Oreal em parceria com a Unesco por seus estudos sobre o consumo das plantas silvestres brasileiras

A repórter Daniela Fernandes da BBC entrevistou em Paris a etnobióloga pernambucana Patrícia Medeiros que acaba de receber o Prêmio International Rising Talents, da L'oreal e Unesco: ela vem estudando as relações entre pessoas e plantas, defende diversificar dieta dos brasileiros com o consumo de vegetais populares em algumas regiões do Nordeste e do Cerrado, plantas silvestres positivas para a saúde e para a economia popular. "Hoje nós comemos pouquíssimas coisas da natureza. No Brasil e no mundo, nossa alimentação é baseada em poucas espécies convencionais. Isso é muito negativo do ponto de vista nutricional. Se conseguirmos fazer novos alimentos chegarem à mesa das pessoas, teremos uma diversificação de nutrientes e de opções alimentares", explicou a jovem pesquisadora pernambucana Patrícia Medeiros ao receber o importante prêmio científico internacional. Ela esteve entre as cientistas mulheres selecionadas em todo o planeta para esta premiação que é concedida pela Fundação L'Oreal em parceria com a Unesco, organização das Nações Unidas para a educação, ciência e cultura. Patrícia  Medeiros recebeu 15 mil euros (cerca de R$ 84 mil) para investir em seus estudos e divulgar a nova alternativa de alimentação. Esta brasileira tem um doutorado pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e leciona Agroecologia e Engenharia Florestal na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), estudando direto as relações entre as pessoas e plantas. Ela se interessou pelas plantas alimentícias não convencionais (as chamadas PANCs) motivada pelo desejo de trabalhar com as comunidades extrativistas e auxiliá-las a ampliar sua renda, como também a qualidade da alimentação do povo nesta fase de crise nos preços dos alimentos. 


Há várias opções de alimentos nativos no país      

Algumas flores do mato podem ser alimentos


Plantas não convencionais são aquelas pouco conhecidas nos centros urbanos, muitas vendidas em feiras locais, como no interior do Alagoas, mas nem chegam à capital. Suas pesquisas têm como base um tripé que leva em conta aspectos ecológicos (o manejo sustentável das plantas e frutas silvestres), sociais e nutricionais, algo que poderá gerar maior variedade de plantas na alimentação dos brasileiros. Patrícia Medeiros costuma, por exemplo, fazer associações para entender como as pessoas escolhem o que vão comer, se é pelo nome, pela aparência ou pelo cheiro. O objetivo dela é também auxiliar pequenos agricultores a identificar, divulgar e comercializar plantas e frutas silvestres. "A popularização dessas plantas vai ampliar a renda das comunidades, ao mesmo tempo isso permitirá diversificar os nutrientes e as opções alimentares, algo que fica cada vez mais fundamental hoje em dia". 


 Uma pesquisa muito positiva que também pode solucionar problemas brasileiros de nutrição 


"Estudos mostram que os alimentos mais comuns têm deficiências de certos micronutrientes, como ferro e cálcio, minerais que precisamos na nossa alimentação. Pesquisas também indicam que as plantas silvestres têm muitos destes micronutrientes. Então seria uma forma de diversificar e não de substituir os produtos tradicionais", afirma a jovem cientista, de 35 anos. Os araçás, por exemplo, têm altos teores de vitamina C. Já o jenipapo é altamente energético e tem uma quantidade interessante de certos micronutrientes, como ferro é cálcio. Além disso, há pesquisas em curso que indicam que o jenipapo teria propriedades funcionais e auxiliaria a evitar algumas doenças. "Cada uma dessas plantas tem um perfil nutricional diferente. Se conseguirmos incrementar a dieta com várias delas, podemos ter um espectro grande na alimentação", ressalta Patrícia Medeiros. Segundo ela, o Brasil ainda aproveita pouco seu potencial alimentar. Isso se dá pelo receio da população de consumir o que não é convencional. É a chamada "neofobia alimentar", o medo de comer coisas novas. Seu trabalho também inclui estratégias de marketing para estimular o consumo de plantas silvestres e de espécies frutíferas selvagens: "É também necessário não sobrecarregar determinadas cadeias de alimentos. Esse é um outro ponto chave". As pesquisas desta cientista brasileira foram premiadas, segundo a Fundação L'Oréal, porque além de incluir novos produtos na alimentação, promovem a biodiversidade e a segurança alimentar, já que essas plantas são mais adaptadas aos seus ambientes, reduzem ainda a necessidade de agrotóxicos e de fertilizantes devido ao fato de nascerem na natureza. A cientista pernambucana, que faz suas pesquisas em áreas de restinga da costa brasileira, diz que é necessário ainda diversificar a alimentação também por conta das mudanças climáticas: "Não se sabe o que ocorrerá nas próximas décadas e quais são os alimentos da agricultura convencional que estariam ameaçados e quais são as alternativas possíveis para se evitar a má nutrição e a fome". 


 Uma das opções mais populares é o Araçá...

...como também o Jenipapo muito popular no Nordeste



(Confira mais informações e argumentos na seção de comentários deste blog da ecologia, da cidadania, da ciência e da cultura da vida: vamos aqui também inserir nesta postagem dois vídeos que completam a comunicação e ampliam o necessário debate)


 Jovem cientista luta por um avanço na nutrição no Brasil

Patrícia Medeiros afirmou ainda, em resumo, na sua entrevista após ser premiada em Paris, que o governo brasileiro privilegia mais o agronegócio, deveria ter mais ações e políticas públicas para os agricultores familiares de todas as regiões, para avançar a produção ecológica e econômica de alimentos, bem como a agricultura sustentável.   


O Pequi muito consumido no Cerrado é uma outra alternativa analisada pela etnobióloga Patrícia Medeiros


Fontes: BBC - GreenMe - folhaverdenews.blogspot.com  

4 comentários:

  1. Depois mais tarde, amanhã, vamos postar aqui nesta seção mais informações sobre as pesquisas de Patrícia Medeiros e o consumo de plantas silvestres, venha conferir depois.

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  2. Você pode postar direto aqui sua opinião, se puder nos envie seu conteúdo (texto, foto, vídeo, arte, notícia, pesquisa) para o e-mail do editor deste blog padinhaaafrffanca6032gmail.com

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  3. "As propostas desta etnobióloga brasileira podem avançar as opções nutricionais e alimentares da população ainda mais nessa crise econômica, ecológica e social de hoje em dia em nosso país, entrando de novo no mapa da fome, é algo que ajuda também uma evolução agrícola": comentário de Antônio de Pádua Silva Padinha,, editor deste blog Folha Verde News. :

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  4. "Vou enviar daqui nas próximas horas mais alguns dados sobre flores do mato que são bons alimentos": comentário de Jair Mendes, do Rio de Janeiro, biólogo que nos enviou e-mail. Depois, vamos divulgar.

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