Patrícia
Medeiros faz pesquisas para ampliar o consumo de plantas silvestres também para avançar a
agricultura familiar e a boa nutrição dos brasileiros
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Pesquisadora de Pernambuco recebeu prêmio internacional... |
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...da Fundação L'Oreal em parceria com a Unesco por seus estudos sobre o consumo das plantas silvestres brasileiras |
A repórter Daniela Fernandes da BBC entrevistou em Paris a etnobióloga pernambucana
Patrícia Medeiros que acaba de receber o Prêmio International Rising Talents, da L'oreal e Unesco: ela vem estudando as relações entre pessoas e
plantas, defende diversificar dieta dos brasileiros com o consumo de vegetais populares
em algumas regiões do Nordeste e do Cerrado, plantas silvestres positivas para a saúde e para a economia popular. "Hoje nós comemos pouquíssimas
coisas da natureza. No Brasil e no mundo, nossa alimentação é baseada em poucas espécies
convencionais. Isso é muito negativo do ponto de vista nutricional. Se
conseguirmos fazer novos alimentos chegarem à mesa das pessoas, teremos uma diversificação
de nutrientes e de opções alimentares", explicou a jovem pesquisadora pernambucana Patrícia Medeiros ao receber o importante prêmio científico internacional. Ela esteve entre as cientistas mulheres selecionadas em todo o planeta para esta premiação que é concedida pela Fundação L'Oreal em parceria com a Unesco, organização das Nações Unidas para a educação, ciência e cultura. Patrícia Medeiros recebeu 15 mil euros (cerca de R$ 84 mil) para investir em seus
estudos e divulgar a nova alternativa de alimentação. Esta brasileira tem um doutorado pela Universidade Federal Rural de
Pernambuco (UFRPE) e leciona Agroecologia e Engenharia Florestal na
Universidade Federal de Alagoas (UFAL), estudando direto as relações entre as pessoas e
plantas. Ela se interessou pelas plantas alimentícias não convencionais (as
chamadas PANCs) motivada pelo desejo de trabalhar com as comunidades
extrativistas e auxiliá-las a ampliar sua renda, como também a qualidade da alimentação do povo nesta fase de crise nos preços dos alimentos.
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Há várias opções de alimentos nativos no país |
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Algumas flores do mato podem ser alimentos |
Plantas não convencionais são aquelas pouco conhecidas nos
centros urbanos, muitas vendidas em feiras locais, como no interior
do Alagoas, mas nem chegam à capital. Suas pesquisas têm como base um tripé que leva em conta aspectos
ecológicos (o manejo sustentável das plantas e frutas silvestres), sociais e
nutricionais, algo que poderá gerar maior variedade de plantas na alimentação dos brasileiros. Patrícia Medeiros costuma, por exemplo, fazer associações para entender como as
pessoas escolhem o que vão comer, se é pelo nome, pela aparência ou pelo
cheiro. O objetivo dela é também auxiliar pequenos agricultores a identificar,
divulgar e comercializar plantas e frutas silvestres. "A popularização dessas plantas vai ampliar a renda das
comunidades, ao mesmo tempo isso
permitirá diversificar os nutrientes e as opções alimentares, algo que fica cada vez mais fundamental hoje em dia".
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Uma pesquisa muito positiva que também pode solucionar problemas brasileiros de nutrição |
"Estudos mostram que os alimentos mais comuns têm deficiências de
certos micronutrientes, como ferro e cálcio, minerais que precisamos na nossa
alimentação. Pesquisas também indicam que as plantas silvestres têm muitos destes micronutrientes. Então seria uma forma de diversificar e não de substituir os
produtos tradicionais", afirma a jovem cientista, de 35 anos. Os araçás, por exemplo, têm altos teores de vitamina C. Já o jenipapo é
altamente energético e tem uma quantidade interessante de certos
micronutrientes, como ferro é cálcio. Além disso, há pesquisas em curso que
indicam que o jenipapo teria propriedades funcionais e auxiliaria a evitar
algumas doenças. "Cada uma dessas plantas tem um perfil nutricional diferente. Se
conseguirmos incrementar a dieta com várias delas, podemos ter um espectro
grande na alimentação", ressalta Patrícia Medeiros. Segundo ela, o Brasil ainda aproveita pouco seu potencial alimentar.
Isso se dá pelo receio da população de consumir o que não é convencional. É a
chamada "neofobia alimentar", o medo de comer coisas novas. Seu trabalho também inclui estratégias de marketing para estimular o consumo de plantas silvestres e de espécies frutíferas
selvagens: "É também necessário não sobrecarregar determinadas
cadeias de alimentos. Esse é um outro ponto chave". As pesquisas desta cientista brasileira foram premiadas, segundo a Fundação L'Oréal,
porque além de incluir novos produtos na alimentação, promovem a biodiversidade
e a segurança alimentar, já que essas plantas são mais adaptadas aos seus
ambientes, reduzem ainda a necessidade de agrotóxicos e de fertilizantes
devido ao fato de nascerem na natureza. A cientista pernambucana, que faz suas pesquisas em áreas de restinga da
costa brasileira, diz que é necessário ainda diversificar a alimentação também por
conta das mudanças climáticas: "Não se sabe o que ocorrerá nas próximas décadas e quais são
os alimentos da agricultura convencional que estariam ameaçados e quais são as
alternativas possíveis para se evitar a má nutrição e a fome".
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Uma das opções mais populares é o Araçá... |
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...como também o Jenipapo muito popular no Nordeste |
(Confira mais informações e argumentos na seção de comentários deste blog da ecologia, da cidadania, da ciência e da cultura da vida: vamos aqui também inserir nesta postagem dois vídeos que completam a comunicação e ampliam o necessário debate)
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Jovem cientista luta por um avanço na nutrição no Brasil |
Patrícia Medeiros afirmou ainda, em resumo, na sua entrevista após ser premiada em Paris, que o governo brasileiro privilegia mais o agronegócio, deveria ter mais ações e políticas públicas para os agricultores familiares de todas as regiões, para avançar a produção ecológica e econômica de alimentos, bem como a agricultura sustentável.
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O Pequi muito consumido no Cerrado é uma outra alternativa analisada pela etnobióloga Patrícia Medeiros |
Fontes: BBC - GreenMe - folhaverdenews.blogspot.com
Depois mais tarde, amanhã, vamos postar aqui nesta seção mais informações sobre as pesquisas de Patrícia Medeiros e o consumo de plantas silvestres, venha conferir depois.
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ResponderExcluir"As propostas desta etnobióloga brasileira podem avançar as opções nutricionais e alimentares da população ainda mais nessa crise econômica, ecológica e social de hoje em dia em nosso país, entrando de novo no mapa da fome, é algo que ajuda também uma evolução agrícola": comentário de Antônio de Pádua Silva Padinha,, editor deste blog Folha Verde News. :
ResponderExcluir"Vou enviar daqui nas próximas horas mais alguns dados sobre flores do mato que são bons alimentos": comentário de Jair Mendes, do Rio de Janeiro, biólogo que nos enviou e-mail. Depois, vamos divulgar.
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