O país dos ecólogos é o mais biodiverso do planeta mas também o que tem mais desafios para todos do movimento ecológico (todos os que amam e vão à luta pela natureza cada vez mais ameaçada ou agredida)
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| Um país com muitos desafios e biomas que precisa urgente recuperar a sua ecologia para ter futuro sustentável |
Nesta edição deste blog Folha Verde News, ligado no Brasil ao movimento ecológico, científico, da cidadania e da cultura da vida (não violência), a gente abre nosso webespaço para um texto de Jos Barlow's (The Applied Ecologist) com informações de grande interesse e atualidade. Aumentou o número de ambientalistas indo à luta, o que significa também que cresceu o desafio para se recuperar a ecologia brasileira nesta realidade aqui, agora, que resumimos numa palavra só, insustentável.
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| Neste momento agora (junho de 2022) estamos temendo pela maior seca de todos os tempos na história da ecologia do Brasil |
A ciência ecológica brasileira cresceu imensamente nas últimas décadas, com o florescimento de vários cursos de pós-graduação bem-sucedidos em todo o país dedicados ao tema e um número crescente de pesquisadores, ecólogos dedicados a entender muitos aspectos da imensa biodiversidade do país. Em 2008 havia35 cursos de pós-graduação em Ecologia, em 2014 já eram 59. hoje pelo menos 68 em faculdades de todo Brasil. Embora esta ainda seja uma porcentagem muito pequena (equivale a 1,5% dos 1581 cursos de pós-graduação funcionando no país, o crescimento observado na década passada é surpreendente. O Brasil agora tem mais ecólogos treinados na ciência do que nunca. Temos também um crescimento da população de ambientalistas, gente que ama a natureza, temos mais ecologistas do que os políticos brasileiros imaginam.
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| Grupo ecológico Aroeira na UFMG é um dos milhares de esforços da sociedade civil e da juventude em busca de uma nova realidade socioambiental brasileira |
O Brasil é a nação mais biodiversa do mundo (abriga mais de 20% de todas as plantas do planeta, 14% dos anfíbios, 17% das aves e 14% dos peixes apenas para citar alguns grupos de seres vivos). Com sua vasta área (quinto maior país do mundo), o Brasil também abriga seis biomas distintos (Amazônia, Cerrado, Caatinga, Pantanal, Mata Atlântica e Pampa). No entanto, nossa natureza também possui um dos maiores sistemas agrícolas do planeta (muitas vezes agressivo ao meio ambiente), uma população humana crescendo e com crescente demanda por infraestrutura, recursos naturais e gestão de resíduos. Assim, existem grandes pressões para a conversão de habitats naturais, fragmentação de ecossistemas, emissão de poluentes e introdução e disseminação de espécies exóticas invasoras. Claramente, existem gigantescos desafios e não falta de trabalho para ecólogos no Brasil nem luta para ecologistas e entidades ambientalistas em geral.
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| Queimadas, incêndios florestais, desmatamentos bem como várias formas de poluição e de falta de saneamento básico nas cidades dimensionam o desafio monstro que é recuperar a ecologia do Brasil |
O Brasil tem um plano junto à ONU para restaurar aproximadamente 170 M ha de terras
desmatadas até 2030, um grupo de pesquisadores brasileiros e internacionais
recentemente propôs maneiras de maximizar a eficácia dos resultados da
restauração para esse fim. Isso é muito bem-vindo, pois evidências anteriores
indicam que a variação nos resultados da restauração florestal pode ser tão
alta que, em certas circunstâncias, pode ser considerada quase
imprevisível. Voluntários, cientistas e colaboradores, ecologistas em geral desenvolveram uma abordagem para identificar paisagens desmatadas onde a recuperação da
biodiversidade seria maximizada pela restauração florestal. Primeiro, eles
analisaram 135 paisagens em ecossistemas tropicais e temperados em todo o mundo
e descobriram que a quantidade de cobertura florestal restante nessas paisagens
modificadas pode ser usada para explicar e prever variações no sucesso da
restauração florestal. A explicação para isso é simples: mais áreas florestais
nas paisagens aumentam a chance de sucesso na restauração, pois esses
fragmentos de floresta restantes podem atuar como fontes de propágulos,
melhorando a conectividade espacial. Em seguida, esse conhecimento serviu para mapear prioridades para a restauração florestal que maximizariam os
resultados de custo-efetividade em biomas específicos no Brasil, Uganda e EUA –
países onde os custos de implementação da restauração estavam disponíveis. No
Brasil, o Pacto de Restauração da Mata Atlântica visa restaurar 1 M ha nas
florestas tropicais e subtropicais de folhas largas e úmidas. Ali descobriram que a Mata Atlântica está entre os biomas com as
maiores áreas potencialmente restauráveis e a menor variação paisagística no
sucesso da restauração. As principais implicações deste estudo são claras: 1) A
cobertura florestal pode ser usada para identificar paisagens com maior
potencial a serem restauradas. É importante notar que aqui estamos falando de paisagens
que eram naturalmente cobertas por florestas no passado. Os resultados deste
estudo não devem ser extrapolados para biomas não florestais, como o Cerrado
Brasileiro. 2) Áreas com maior potencial a serem restauradas podem ser
priorizadas para reduzir os riscos da implementação de projetos de restauração.
Também é importante notar que os autores reconhecem que as paisagens com baixa
cobertura florestal não devem ser completamente desconsideradas como alvos para
restauração; eles sugeriram que o planejamento de iniciativas de recuperação ecológica nessas áreas deveria ser feito com mais cuidado e considerando aspectos além da necessári restauração da biodiversidade.
A landscape approach for cost‐effective large‐scale forest restoration
O alcance de metas globais para a restauração florestal exige
estratégias econômicas, minimizando os custos de implementação e os resultados
negativos para a produção agrícola. Neste estudo Paulo Molin e equipe desenvolveram
um modelo de paisagem para otimizar a relação custo-benefício de restauração
florestal de grande escala em três paisagens diferentes dentro do hotspot da
biodiversidade da Mata Atlântica. Seu modelo fornece uma nova abordagem para
estimar o custo total da restauração florestal em grandes escalas da paisagem.
Também provendo evidência clara de que priorizar a restauração de baixo custo é
uma abordagem essencial para aumentar a escala de recuperação ecológica do nível local ao
nível da paisagem. Mesmo em paisagens com baixos níveis de cobertura florestal,
com prioridade para a restauração de baixo custo por meio de regeneração
natural poderia aumentar a relação custo-eficácia.
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| Ecólogos pesquisam em todo o país como recuperar a ecologia perdida depois de tanta violência ambiental |
(Atenção que na seção de comentários deste blog da gente seguimos com outras informações deste levantamento de problemas e de soluções para a ecologia brasileira, confira para ter todos dados. Vamos também postar dois vídeos nesta postagem que ajudarão a comunicar a situação em busca da restauração da ecologia brasileira)
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| Aumentou muito demais também na mesma proporção o número de problemas e a necessidade de se encontrar soluções no universo do meio ambiente brasileiro |
Fontes: Ecology in Brazil - The Applied Ecologist - British Ecological Society - folhaverdenews.blogspot.com














Mais tarde e amanha, principalmente, vamos completar aqui nesta seção este relatório fora do comum, venha conferir todos os dados depois aqui.
ResponderExcluirA qualquer moimento você pode postar aqui com liberdade a sua opinião ou colaboração, caso queira pode também enviar um conteúdo (texto, foto, vídeo, pesquisa, notícia, arte etc) para o e-mail do edittor deste blog Folha Verde News que depois divulgará o material recebido, mande desde já para padinhafranca603@gmail.com
ResponderExcluir"Discussões sobre os serviços ecossistêmicos prestados por insetos nos agroecossistemas são um tópico muito importante para o Brasil, já que nosso país está entre os produtores mais importantes de culturas agrícolas do mundo (por exemplo, milho, soja, café;). No entanto, a mudança de paisagem e a degradação do habitat causada pelos seres humanos têm causado graves perdas de biodiversidade e serviços ecossistêmicos": comentário extraído do relatório The Applied Ecologist.
ResponderExcluir"O controle de pragas se destaca entre os serviços ecossistêmicos dos quais os agroecossistemas se beneficiam e o entendimento dos efeitos da integridade da paisagem nesse serviço é crucial para gerenciar a terra e lucrar com a conservação da biodiversidade. Em um estudo realizado por uma equipe de ciência ambiental analisaram o efeito da estrutura da paisagem (isto é, em termos de cobertura florestal e agrícola) no controle de pragas fornecido por formigas por exemplo nas lavouras de café no Brasil. O estudo apresenta evidências experimentais, utilizando exclusão de galhos a longo prazo, de que, quando as formigas estão presentes, há uma redução de 40% na presença e danos na broca do café. Isso é algo surpreendente, esse benefício é maior em paisagens com menos de 40% de cobertura florestal em um buffer de 2 km e aumenta com a distância da borda da floresta, o que demonstra que as formigas adaptadas à matriz são de fato responsáveis pelo controle da broca do café. Apesar de tais resultados inesperados, conforme relatado pelos autores, seu estudo revela a importância das formigas para o controle de broca do café em fazendas de café ao sol e destaca a importância do planejamento da paisagem para o manejo de terras agrícolas no Brasil. Eles também chamam a atenção para que as fazendas possam sustentar com segurança c. 35% da floresta, mantendo ainda este importante serviço prestado pelas formigas": comentário no mesmo relatório, citando a pesquisa importante da equipe de ciência ambiental Aristizábal & Metzger
ResponderExcluir"Até as formigas são importantes para a agroecologia e para a recuperação do equilíbrio do meio ambiente, realmente no Brasil precisamos rever muitos conceitos e mudar muitas práticas, por exemplo no agronegócio": comentário de Antônio de Pádua Silva Padinha, ecologista, editor deste blog, sobre este levantamento feito com o apoio da British Ecological Society. (Confira a seguir, depois, mais dados e mais comentários, aqui).
ResponderExcluir"Comunidades locais usam incêndios há décadas como parte de suas práticas de cultivo da terra. Para evitar todos os incêndios no Cerrado não se levou a uma conservação efetiva da biodiversidade. Um estudo avaliou um programa piloto de gerenciamento integrado de incêndios realizado no Cerrado brasileiro com o objetivo de melhorar a capacidade do país de conservar a biodiversidade, melhorando a comunicação com as comunidades locais e diminuindo os custos de combate a incêndios. O estudo demonstra uma mudança de paradigma para as estratégias brasileiras de conservação da biodiversidade e aponta um dos caminhos a seguir como gestão ambiental no Cerrado": comentário de Isabel Schmidt e equipe de agrônomos.
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