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quinta-feira, 26 de abril de 2018

UM CARTERIO NA RUA ME CONTOU DETALHES SOBRE O PROBLEMA DA ENTREGA DE CORRESPONDÊNCIAS QUE VIROU ROTINA POR AQUI E POR TODO O PAÍS

É também uma questão de cidadania e de falta de gestão dum serviço que já foi exemplar em todo o Brasil e por aqui na região de Ribeirão Preto e Franca no interior de São Paulo há algo agravante nesta crise dos Correios: confira a informação do nosso blog




 A crise dos Correios com informações de um Carteiro na rua é o nosso post



As reclamações de atraso nas cartas, em especial nos boletos, nas contas e até na entrega de mercadorias são constantes hoje em toda região do país, vem chegando aí o Dia das Mães quando se dá um grande congestionamento de correspondências, quase igual ao que houve no Natal e na Páscoa. Conservando com um Carteiro (que pediu para não ter o nome divulgado para não perder o emprego), ele me confirmou alguns pontos chaves da questão em nível nacional, como a onda de terceirização, privatização, cortes de funcionários e de salários baixos, comentando que "com menos funcionários aumentam as reclamações por atrasos cada vez mais.Ele disse ter conhecimento de manifestação do sindicato da sua categoria, denunciando que hoje só no estado de São Paulo há um déficit de mais de 4 mil funcionários: "Aqui e em todo lugar, a gente se reveza e se desdobra prá dar conta, mas é quase impossível". E então este Carteiro, numa rua da cidade aqui no nordeste paulista me revelou algo que a mídia local e regional não debate e que nacionalmente é um ângulo não enfocado,  mas que pode revelar um dos núcleos do problema. "No caso das cidades aqui da nossa região, o centro de triagem era em Ribeirão Preto, atendia Franca e mais de 100 cidades muito bem, sem problemas, houve mudança e isso passou a ser feito longe daqui em Jaguariúna, perto de Campinas, só isso já mostra uma das causas do atraso das entregas, a culpa não é dos carteiros". Em Ribeirão agora se faz só triagem de encomendas, que garantem maior lucro à empresa que as correspondências. "Se fala em descentralização, mas o nordeste paulista ter as correspondências triadas a 300 quilômetros daqui, isso explica tanta gente reclamando do atraso dos boletos, as pessoas perdem o prazo e pagam juros". O Carteiro  informa ainda que em Jaguariúna foi montada uma grande estrutura de triagem, ele opina que essa gestão "está errada demais": "o serviço precisa voltar a ser regionalizado para poder ser mais rápido". O nosso entrevistado teme pela extinção da sua profissão, "vivemos um clima de terror, ninguém sabe o dia de amanhã, se fazemos greve somos criticados pela imprensa toda, eu sei que o serviço dos Correiros é de utilidade pública, que é cidadania, mas o problema vem lá de cima". Aliás, o Carteiro tem razão também ao falar que o serviço dos Correios é uma questão de cidadania: o site CanalTech analisou a situação e concluiu que os atrasos de correspondências, boletos, mercadorias compradas pela Internet, isso pode gerar um processo de indenização. Mais detalhes sobre esta possibilidade no vídeo nesta página  e na seção de comentários aqui no blog, OK? 



Não só em São Paulo, em Franca ou em Ribeirão, mas em todo o país...



Sobre a crise dos Correios em nível nacional, a revista e o site Veja da editora Abril fez um levantamento bem detalhados com os repórteres Fabiana Futema e Felipe Machado. Aqui, um resumo para você. O problema dos atraso se agrava em algumas épocas como Natal, Páscoa, Dia das Mães ou das Crianças, quando muitas compras são feitas pela Internet, tem também a data da Black Friday, que gera muitas reclamações. A matéria consultou o site Reclame Aqui, mostrando que foram registradas 3.704 queixas contra os Correios isso só em um mês, uma alta de 142% no período. O ProconSP registrou também nesse mesmo período 512 reclamações  Compras em sites de outros países sofre ainda mais com o atraso na entrega das encomendas. O Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de São Paulo, Grande São Paulo e de Sorocaba (Sintect-SP) fala do déficit de funcionários com tantos cortes e demissões voluntárias para explicar os atrasos. Douglas Mello, deste sindicato, confirma o que o Carteiro comentou com o nosso blog na rua: "Desde o ano passado, os Correios extinguiram a função de operador de triagem, que tinha cerca de 7.000 cargos no país, o que deve agravar ainda o problema, vai tirar carteiro da rua e jogar na área de triagem de mercadorias", opinou Douglas Mello. Foi entrevistado também um funcionário do site de compras Mercado Livre, só ele com 10 milhões de vendedores e 34 milhões de compradores em um ano de operação. Aumentou o volume de encomendas e diminuiu o de carteiros, além de outros erros de gestão desta empresa, onde para conter a crise o Governo aponta como única solução a privatização. Mas ouvido um representante desta estatal, ele negou haver planos de privatização da empresa, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações negou qualquer iniciativa nesse sentido.



 Os cortes e a gestão da triagem é um ponto nevrálgico da crise


O outro lado. Os Correios falam em déficit operacional.  Em seu quinto déficit, os Correios acumularam um prejuízo de 2,03 bilhões de reais e isso só até o final de 2017, uma alta de 17% em relação ao ano anterior e hoje, o rombo pode ter triplicado este valor. Relatório divulgado pela Controladoria Geral da União afirma que os Correios apresentaram “crescente degradação na sua capacidade de pagamento no longo prazo, aumento do endividamento e da dependência de capitais de terceiros, e principalmente, redução drástica de sua rentabilidade, com a geração de prejuízos crescentes a partir de 2013”. Em 5 anos, o patrimônio líquido da empresa sofreu uma redução de 92,63%. O relatório conclui que se não forem tomadas medidas para ampliar a receita e reduzir custos, a empresa “irá se tornar gradativamente dependente de recursos transferidos pela União para o seu custeio”. Enfim, o problema dos Correios já vai se transformando num drama, também numa tragédia social dentro da atualidade de desemprego. O Carteiro na rua de Franca se despede da gente: "Não sei o que vai ser de mim amanhã nem do que vai virar essa profissão que já foi uma das melhores do Brasil, eles erram lá em cima e a culpa é nossa aqui embaixo"...



 Carteiros sofrem muita pressão sem poderem evitar atrasos das entregas


Fontes: veja.abril.com.br
             canaltech.com.br
             folhaverdenews.blogspot.com


7 comentários:

  1. “Hoje faz 93 dias que comprei um equipamento pelo AliExpress, sendo que o site vendedor me enviou no mesmo no dia . Acontece que os Correios daqui não lançaram no sistema, não recebi minha mercadoria até hoje": comentário de Sérgio Manoel, de Ribeirão Preto (SP), que comenta ainda estar pensando num processo de indenização: "Vi a matéria de vocês e o vídeo falando sobre isso".

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  2. "Nenhuma das 44.960 reclamações feitas contra os Correios no Reclame Aqui foi respondida pela empresa. Uma das explicações mais óbvias para os problemas dos Correios é a falta de funcionários. A empresa não realiza concurso para contratação de funcionários desde 2011. Soma-se a isso o fato de os Correios terem aberto diversos programas de demissão voluntária no ano passado numa tentativa de reduzir custos": comentário extraído de matéria da Veja nesse assunto que por questão de cidadania enfocamos hoje aqui no blog da gente.

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  5. "A crise dos Correios acabou refletindo também no fundo de pensão dos funcionários da empresa, o Postalis. Em janeiro, a Polícia Federal deflagrou uma operação para investigar a atuação de uma quadrilha que atuava desviando recursos do Postalis. Segundo as investigações, os desvios causaram um prejuízo de ao menos 6 bilhões de reais ao fundo. Em nota, os Correios afirmam que a entrega de correspondências e encomendas está regular em todo o país. “Situações pontuais podem ocorrer e de imediato são adotadas soluções para cada caso. A entrega de encomendas continua sendo diária, ainda que tenha ocorrido expressivo aumento no volume de objetos nos últimos meses. A média do prazo da entrega de Sedex entre capitais tem sido de aproximadamente 1,5 dia. Número importante, tendo em vista o tamanho do país e as condições de infraestrutura existentes”: comentário em nota oficial da estatal dos Correios, negando que a crise que existe, exista.

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  6. "Se você, como consumidor estiver convencido de que tem direito à indenização por dano moral, inclusive sem retorno da análise da sua reclamação pelos Correios, deverá reunir provas e dirigir-se a um Juizado Especial Federal, já que se trata de empresa estatal federal. Nele é possível mover uma ação indenizatória sem nem precisar da contratação de um advogado. Antes de se dirigir ao Juizado Especial Federal, é muito importante uma análise justa e imparcial do caso. Procure ter como referência as situações acima pontuadas, nas quais a Justiça entendeu que o atraso não era simples dissabor. Questione-se se a sua situação, de fato, é algo que foge ao mero aborrecimento cotidiano, à frustração que, com razão, passamos diante do atraso na entrega ou se há um contexto mais sério envolvido": comentário de Raul dos Santos Silva, advogado em São Paulo, que diz ter curtido o vídeo hoje aqui em nossa página.

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  7. "Eu passei por um problema desse tipo, perdi um trabalho por atraso de um documento, estou entrando com pedido de indenização na Promotoria dos Direitos do Consumidor. Dados do Procon confirmam grande aumento de reclamações, em particular, por atraso nas entregas. O sindicato da atividade diz que os atrasos são reflexo do déficit de funcionários. Já a estatal Correios afirma que houve um aumento do volume das encomendas que lhe são confiadas. Seja qual for a causa dos atrasos, o fato é que a demora para receber as correspondências e mercadorias vem gerando descontentamento em remetentes e destinatários que esperam um serviço de qualidade e cumprimento dos prazos estabelecidos, isso é o mínimo que têm que fazer": comentário de Ana Luiza Machado, de Belo Horizonte, estudande na UFMG.

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