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segunda-feira, 2 de abril de 2018

MEDO DE VIOLÊNCIA E INSEGURANÇA PÚBLICA SÃO OS SENTIMENTOS QUE AINDA PREDOMINAM NAS FAVELAS DO RIO DE JANEIRO

Pesquisa foi realizada na Rocinha e em mais 4 favelas com 6 mil moradores revelando que a população vive com medo e tem desconfiança em relação à Polícia Militar: uma informação que precisa ser levada em conta também nesta hora de Intervenção Federal e do agravamento da violência


A pesquisa PovGov se tornou uma informação de grande importância agora mais ainda




Medo e desconfiança são as duas palavras mais usadas por moradores de favelas do Rio de Janeiro para descrever seu sentimento em relação à Polícia Militar pelo que aponta um levantamento sobre as percepções de segurança pública com mais de 6 mil pessoas, que foram visitadas em suas casas no processo duma pesquisa feita durante um ano pelo Laboratório de Pobreza, Violência e Governança (PovGov) da Universidade de Stanford, dos Estados Unidos,em parceria com coletivos da sociedade civil que atuam na periferia carioca, como o Observatório das Favelas e Redes da Maré, tendo sido entrevistados neste trabalho moradores da Cidade de Deus, Providência, Rocinha, Batan e Maré. Resumimos aqui no blog da ecologia, da cidadania e da não violência Folha Verde News algumas das principais informações e conclusões deste levantamento, que está sendo mostrado em sua íntegra na Agência Brasil e no site nacional de assuntos socioambientais EcoDebate.




 O dia a dia de moradores das comunidades como Rocinha...

...Providência, Cidade de Deus, Batan e Maré





Foram entrevistados 6 mil moradores de favelas carioca, sendo que em todo este universo de pessoas contatadas, 16% relataram que um amigo, um conhecido ou um membro da família foi assassinado por um policial. Além disso, 20% já tiveram as suas casas invadidas por forças de segurança, já sofreram agressões ou têm algum familiar que foi agredido por policiais. Em relação a crimes, 15% relataram ter sofrido um assalto à mão armada, viram alguém assassinado por um criminoso ou tiveram suas casas invadidas por algum bandido. “Muitas vezes a polícia está mais propensa a abusar dos direitos dos cidadãos do que os criminosos”, registra uma conclusão deste levantamento PovGov. 



A convivência com as forças policiais também foi analisada





Os moradores de favela também foram perguntados sobre “qual é o sentimento que a maioria da comunidade têm demonstrado em relação aos policiais que atuam em sua favela”, sendo apresentadas várias opções de respostas, sendo igualmente divididas entre palavras positivas e/ou negativas, entre elas medo, respeito, desconfiança, admiração, simpatia, indiferença, desrespeito, indignação e raiva. O entrevistado também tinha espaço e liberdade para relatar qualquer outro sentimento que achasse importante sobre o tema da pesquisa. Quando os moradores falam sobre os seus sentimentos em relação à polícia, na maior parte eles optaram por uma resposta  negativa, conclui ainda o estudo. E dentro do total de manifestações, medo e desconfiança foram as palavras mais utilizadas pelo 6 mil entrevistados. Algo bastante sintomático da realidade de violência. 




 A pesquisa também cita milícias e facções de bandidos

Pesquisa capta sentimentos dos moradores em meio à situação








O relatório também traça o perfil dos entrevistados. Metade deles vive com uma renda média de um a dois salários mínimos. Quanto à escolaridade, 29% completaram o ensino fundamental e 26% completaram o ensino médio. Apenas 3% deles tiveram acesso à universidade. Dos entrevistados, 45% se declararam católicos e 41% evangélicos, sendo que 14% se disseram adeptos de outras religiões enquanto 24% afirmaram não ter religião.

Esse não é o primeiro estudo do laboratório da Universidade de Stanford desenvolvido no Rio de Janeiro. Em parceria com a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Seseg) e a Polícia Militar, vem sendo realizados também estudos com o objetivo de entender causas e situações individuais, contextuais ou institucionais do uso da força letal policial. Pesquisas similares também foram desenvolvidas no México pela mesma instituição, como material de levantamento da realidade e debate sobre políticas públicas que são ou não adequadas a este tipo de situação. Os moradores da Cidade de Deus, Providência, Rocinha, Batan e Maré manifestam assim medo, desconfiança e impulsos para mudar a situação e reduzir a realidade de violência na periferia do Rio de Janeiro. 



Muitos os fantasmas em meio a uma realidade de carências e de violência


(Confira na seção de comentários deste blog, que já passa agora pela medição Google de 6 mil visualizações ao longo de 7 anos na web,  outros dados, por exemplo, sobre as UPPs, a corrupção e outras conclusões deste estudo que se torna mais importante agora neste momento da Intervenção Federal e de destaque na mídia das favelas cariocas)

PovGov pesquisa dia a dia nas favelas do Rio de Janeiro


Fontes: www.ecodebate.com.br - Agência Brasil 
              folhaverdenews.blogspot.com 

8 comentários:

  1. Neste momento em que continua a intervenção federal e a situação das favelas e de toda a cidade do Rio de Janeiro está nas manchetes do país e do mundo, esta pesquisa fica mais expressiva e importante.

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  2. O estudo PovGov trouxe também impressões do projeto das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), criado em 2008, como um dos principais instrumentos de segurança pública do estado. No ano passado, foi anunciada uma reformulação e o remanejamento de um terço do efetivo que atuava nas favelas. A UPP foi avaliada como positiva para a comunidade apenas por 31% dos entrevistados, enquanto 22% consideram a experiência negativa. Para 23%, houve melhora na relação entre comunidade e policiais, mas para 27% essa interação não melhorou em nada. O maior número de entrevistados, no entanto, não quís apresentar avaliações positivas nem negativas, respondendo às perguntas dizendo que concordam “em parte” ou que “as coisas ficaram da mesma forma".

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  3. Houve também avaliação positiva: 48% dos entrevistados pela pesquisa Povgov avaliaram que a UPP aumentou o desenvolvimento da economia local e 33% relataram que ajudou um pouco a diminuir a discriminação à favela junto à população em geral.

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  4. As avaliações também diferem de uma comunidade para outra. No Batan, 60% da população acredita que a UPP foi uma ação positiva e apenas 4% tem uma opinião oposta. Na Rocinha, 40% dos entrevistados discordam que a UPP melhorou a comunidade, enquanto somente 20% concordaram com esta afirmação. Isso mostra que há diferentes tipos e graus de opinião entre os moradores do universo pesquisado.

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  5. A Rocinha é também a única favela onde o número de moradores que querem a saída da UPP foi maior do que aqueles que querem a permanência. O fim do projeto é defendido por 30% dos entrevistados, contra 27% que não desejam. No Batan e na Cidade de Deus, mais da metade dos residentes acham que a UPP não deve abandonar a comunidade. Por sua vez, na Providência, 37% têm essa mesma opinião, superando os que discordam dela. Na Maré, não há UPP, de forma que os moradores não opinaram sobre o assunto.

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  6. “Apesar da existência de opiniões diversas sobre a UPP, quando perguntamos diretamente aos moradores se querem que ela deixe a favela, 46% de todos os entrevistados respondem que não”: comentário de Beatriz Magaloni, pesquisadora e diretora do PoVgov.

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  7. Apenas 14% responderam que a polícia conseguiu recuperar o controle territorial de grupos criminosos, enquanto 37% acham que houve falha nesse objetivo, e 30% relataram que não se acabou com os confrontos armados entre grupos criminosos e policiais, enquanto 23% responderam que isso ocorreu em parte. Em relação à criminalidade, apenas 32% acreditam que houve redução do crime. Para 49%, a situação não se alterou e 19% avaliam que as práticas criminosas até cresceram. Os entrevistados pelo PovGov também avaliaram o nível de corrupção policial: 21% acham que aumentou e 22% que diminuiu. Particularmente na Rocinha, 35% moradores afirmaram que houve crescimento desse tipo de corrupção. É o maior índice entre as comunidades estudadas, na Rocinha as críticas às políticas públicas e policiais são maiores do que em outras comunidades.

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  8. "É mesmo uma espécie de guerra civil e a população sofre no meio dos confrontos, uma pesquisa interessante se for levada em conta na hora de buscar soluções de verdade": comentário de Manuel Bianchi, geólogo, italiano, que agora vive no interior do Brasil.

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