Estudantes querem que a escola reflita a realidade do país e da vida, diz educadora brasileira Lucia Dellagnelo: ela atua na Havard e foi jurada agora no prêmio da Unesco 2018 mas iniciativas do Brasil não foram premiadas
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Lucia
Dellagnelo defende inovações na forma e no conteúdo da educação
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"Não é necessário nada muito sofisticado. Fui dar uma palestra no Espírito Santo faz alguns dias e lá havia uma professora de uma escola do interior do Estado que usa um aplicativo gratuito chamado Remind. Essa professora monta a sala dela na plataforma, inclui todos os alunos, cujos e-mails estão cadastrados, e planeja a aula com uma sugestão de leitura. Como praticamente todos os estudantes têm celular, vai fazendo perguntas via smartphone: "Gente, só pra ver se leram mesmo, qual o nome do cara que fez tal coisa?". Pega as respostas, mas não precisa ficar corrigindo uma a uma. O próprio aplicativo diz quantos e quais acertaram", comentou a psicóloga e educadora Lucia Dellagnelo.
A jornalista Mônica Manir nos informa que a brasileira Lucia
Dellagnelo a quem entrevistou na BBC ajudou a escolher dois entre 143 projetos de tecnologia na
educação que foram vencedores da mais recente edição do Prêmio Unesco,
organismo da ONU para educação e cultura: iniciativas praticadas na Índia e no Marrocos receberão prêmio de 25 mil dólares cada uma, como estímulo. Doutora
e Mestre em Educação pela Universidade de Harvard, Dellagnelo foi
secretária de Desenvolvimento Econômico Sustentável em Santa Catarina de
2013 a 2015 e hoje dirige a entidade Centro de Inovação para
a Educação Brasileira (Cieb). Na premiação internacional, ela foi presidente do júri e
representante da América Latina, sendo destaque no evento, foi entrevistada sobre as suas ideias e críticas pela BBC, Dellagnelo conta o que viu de mais inovador, entre tantas
propostas mundo afora, para tornar a educação mais igualitária,
contemporânea e qualificada usando a tecnologia. Tudo o que o
Brasil não tem, Lucia Dellagnalo mostra os pontos que precisam melhorar neste setor que é fundamental para a condição de vida e para um desenvolvimento de verdade. A gente aqui no blog da ecologia e da cidadania Folha Verde News resume para você algumas das principais declarações desta educadora top que o país precisa ouvir. Você pode conferir este resumo na sequência, aproveite e divulgue as informações. Com a palavra, Lucia Dellagnelo.
"Muitas pesquisas mostram que, para a tecnologia ter um impacto positivo
na educação, é importante que seja trabalhada pelo menos em quatro
dimensões: visão clara do objetivo, competência dos professores e gestores no uso daquela
tecnologia; também qualidade dos conteúdos e recursos educacionais digitais
desenvolvidos, além de infraestrutura".
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Motivar, instrumentalizar e avançar os que estudam |
"Para mim, fica claro que as videoaulas por exemplo têm solucionado um problema real, que é o acesso a professores qualificados.Toda criança e jovem do mundo,
independentemente do país, da cultura e da língua que fala, tem direito à
educação de qualidade. Como a gente faz a tecnologia trabalhar a favor
desse direito? Tentamos mostrar políticas mais amplas de uso de
tecnologia que podem e devem ser incorporadas, avançando o sistema".
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As novas tecnologias são as ferramentas para mudar e avançar |
"Tem
países que estão melhores do que a gente em tecnologia da educação, como são o caso do Uruguai,
do Chile ou da Costa Rica. O Uruguai adotou o projeto Plan Ceibal, cujo lema é
"um computador por aluno". É um país superpequeno, de 3,5 milhões de
habitantes, parece muito mais fácil fazer isso. Mas esse mesmo projeto,
que conta com cento e poucos funcionários, também cuida de toda a
tecnologia educacional: compra, faz manutenção de
computadores que distribui, além de capacitar professores e fazer parcerias. Os uruguaios tinham um grande problema com professores de inglês na
área rural. Fizeram um convênio com o Reino Unido e todas as aulas de
inglês são dadas a partir de Londres e o professor local fica junto com os estudantes também ali,aproveitando as orientações".
"No Chile houve um desenvolvimento diferente. O centro de inovação em educação se
chama Enlaces e era uma rede de universidades que fazia pesquisa e
experiências em tecnologia educacional. Depois de alguns anos, ele foi
incorporado pelo Ministério da Educação como um departamento que só
cuida disso. Na Costa Rica, é uma fundação sem fins lucrativos que
também recebe a atribuição do governo de cuidar de toda a tecnologia
educacional, treinar os professores, comprar computadores e atualizar a educação".
"Um dos problemas do Brasil é que não temos essa incorporação em larga escala da tecnologia nas escolas
brasileiras. Oferecendo soluções tecnológicas de vanguarda, as empresas
brasileiras não deixam nada a desejar nesse ponto, mas temos iniciativas
isoladas no dia a dia escolar. Por quê? Entre outros motivos, a
nossa infraestrutura não é a melhor e o nosso professor não sabe incluir
a tecnologia na prática pedagógica dele. Um dos diferenciais do projeto de Marrocos. premiado pela Unesco foi a criação, em parceria com a Coreia do Sul, de
centros de formação profissional para professores dos mais variados tipos e nas mais variadas regiões. O
Brasil está precisando disso também".
"Há ótimos professores que não usam muito a tecnologia em classe, mas o que não se pode continuar fazendo é dar aquela aula tradicional na qual o professor transmite o conhecimento e acha que seus alunos estão passivamente absorvendo o conteúdo. Os nativos digitais têm um spam de atenção muito curto. Fala-se em 10 a 15 minutos. Se o professor ficar falando uma hora, eles focarão apenas 25% de todo esse tempo no que ele falou. Hoje, o que defendo é a aprendizagem ativa, na qual o estudante tem de botar a mão na massa, experimentar, tentar resolver um problema real com aquela informação, com aquele conhecimento, para realmente poder aprender. E tem a questão da contemporaneidade. Os alunos querem que a escola reflita minimamente o que é a vida fora dela, uma vida permeada no dia a dia da realidade por tecnologia atualmente".
"Parece um paradoxo, mas, quanto mais a gente usa a tecnologia, mais a gente valoriza na educação os momentos presenciais, a presença e a cultura do professor. Mas esses momentos presenciais não são apenas transmissão de conhecimento. São reflexão, atividades práticas, colaboração entre os estudantes"
"Na era dos youtubers que mobilizam tanto os jovens e as crianças, a função do professor é ouvir o que esse youtuber está transmitindo e dizer, se for o caso, vamos aprofundar, vamos discutir isso aqui entre nós. A tecnologia permite mais equidade - estudantes de diferentes regiões conseguem receber a mesma educação - e também contemporaneidade. Mas é o professor quem precisa fazer essa ponte. É papel do educador ajudar a nova geração a entender e avançar esse mundo".
Fontes: BBC
folhaverdenews.blogspot.com
Lucia Dellagnelo possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (1986), mestrado em Educação - Harvard University (1995) e doutorado em Educação - Harvard University (2000). Atualmente é Coordenadora Geral do ICom-Instituto Comunitario Grande Florianopolis. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Ensino-Aprendizagem, atuando principalmente nos seguintes temas: jovens, educação especial, integração, projetos educacionais e projetos sociais.
ResponderExcluirNo Prêmio Unesco 2018 concorreram também projetos brasileiros de educaçãoSim, mas eles não ficaram entre os 25 finalistas. Acho que uma das razões é o fato de serem voltados a grupos muito específicos. Um era de educação ambiental que usava tecnologia, porém estava muito pautado por visitas presenciais. Um outro, de uma professora de acessibilidade, focava na tecnologia para pessoas com deficiência auditiva": comentário de Lucia Dellagnelo na BBC News.
ResponderExcluir"A função maior do prêmio Unesco é dar visibilidade a projetos que estão acontecendo e mostrar que, às vezes, uma tecnologia pode não ser uma grande inovação num país e ser em outro. Para uma população isolada, que não tem nem luz elétrica, que precisa usar gerador para acessar a Internet, o impacto da videoaula é muito diferente": idem, ibidem.
ResponderExcluir"Tem um projeto chinês, de que gostei muito também, em que um professor da capital, identificado como muito capaz, dava aulas interativas às vezes para 300 crianças espalhadas em vários lugares do país. Ao mesmo tempo, formava o professor dessa vila, que estava lá assistindo.Sim, a videoaula não é uma tecnologia revolucionária - existe isso também no Amazonas, inclusive. A tecnologia proposta resolve algo que não estaria sendo resolvido se não existisse ali?": comenta a educadora e Psicóloga de Santa Catarina, hoje, referência mundial em educação.
ResponderExcluirLogo mais, aqui nessa seção, comentários e informações sobre esta pauta de hoje, mudar e avançar o país através da educação, como fazer isso. Você pode dar a sua opinião aqui, envie uma mensagem ao e-mail da redação deste blog navepad@netsite.com.br
ResponderExcluir"Vídeos, material de informação, você pode também enviar direto pro e-mail do nosso editor deste blog, mande para padinhafranca603@gmail.com
ResponderExcluir"Importante valorizar professores e avançar a tecnologia, acho que esta educadora resumiu com perfeição como mudar e avançar este setor que hoje é fundamental também aqui no Brasil": comentário de Jussara Helena, de Salvador, formada em Tecnologia da Informação pela Universidade da Bahia.
ResponderExcluir"Importantes as informações e os comentários, precisam ser ouvidos no Brasil": comentário de Marina Araújo, de São Paulo, hoje vivendo em Manaus, Amazonas.
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