Nos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro
e São Paulo alguns sambas
enredo ficarão na memória, agitaram a galera e esse lado cultural é o
melhor do carnaval: teve até protestos contra a corrupção e contra
políticos da atualidade resgatando uma tradição crítica da cultura popular brasileira
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O vampiro neoliberalista deixou clara a sua crítica |
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O Brasil e a América Latina mostraram a sua cara |
Maior destaque com repercussão internacional, segundo também a agência France Press foram
os protestos contra o governo que marcaram o desfile da escola de samba
Paraíso da Tuiuti, retratando a história do Brasil sob o ponto de vista
dos explorados e trazendo figuras e mensagens da realidade, até mesmo
simbolizando o presidente Michel Temer e a condição de vida dos negros,
na redes sociais a repercussão foi bombástica. A forte crítica social e
política aumentou a importância desta escola neste carnaval, talvez o
destaque maior no sambódromo do Rio de Janeiro em 2018. Enquete do site Uol,
a Paraíso de Tuiuti é favorita para ser campeã do carnaval deste ano,
com 78,88% dos votos de internautas. Porém, possivelmente, os jurados e a
grande mídia vão escolher outra escola ou outro samba enredo que
incomoda menos do que este, intitulado "Meu Deus, Meu Deus, Está Extinta A Escravidão?"...Foi
uma reflexão sobre o Brasil do ponto de vista dos explorados, dos
fracos, dos oprimidos, do passado até os dias atuais. A ousadia chegou
ao ápice com um sambista com a faixa presidencial, numa alusão explícita
a Michel Temer, através deste personagem identificado como "vampiro
neoliberalista". Havia ainda dentro de todo esse protesto e manifestação
crítica, a ala dos "manifestoches", com passistas fantasiados de patos.
Referência aos profissionais da grande mídia?...Críticas também ao
trabalho escravo e à reforma trabalhista do governo. No topo do último
carro da escola com uma liberdade de manifestação que surpreendeu a
Marquês de Sapucaí, o vampiro representado por um professor de história,
Leo Morais que não disfarçou sua revolta: "Este protesto é uma retomada
dos enredos críticos que fazem parte da cultura do carnaval, a gente
está hoje num momento que tem que gritar mesmo". Ele ainda aproveitou um
microfone de rádio e disse que "o atual presidente do país atingiu 90%
de rejeição e não tem porque a gente se calar diante disso". O clima no
camarote da Rede Globo, de onde Fátima Bernardes, Alex Escobar e
Milton Cunha narravam o desfile, foi de constrangimento e poucos comentários,
especialmente diante da ala onde os “manifestoches”, que teriam sofrido
manipulação da mídia.
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Sambas enredos foram censurados na época ditatorial... |
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Agora em 2018 renasce o espírito crítico e o protesto nos sambas |
Nos anos 70 e 80, enquanto ainda durava a Ditadura Militar no Brasil, alguns desfiles e personagens críticos e políticos eram censurados (confira na seção de comentários
neste blog informações sobre isso), agora, pelo menos direta e
explicitamente, não existe censura e então o desafile da escola de samba
Paraíso da Tuiuti com certeza fez furor e fará história nos carnavais
do Rio e do país (nesse conteúdo, confira o vídeo da Globo sobre esse desfile com todos os detalhes reapresentado aqui na TV Folha Verde News, OK?).
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Gaviões resgatou os índios Guarus que viviam na Grande São Paulo |
No
Sambódromo do Anhembi, em São Paulo, rolou os desfiles das escolas de
samba com Independente Tricolor , Peruche
, Tucuruvi , Mancha Verde , Tatuapé , Rosas de Ouro
e Tom Maior, X-9 ,
Império de Casa Verde , Mocidade , Vai-Vai , Gaviões da
Fiel , Dragões da Real e Vila Maria, com alguns momentos de criatividade
e de crítica ou protesto também nas 14 escolas de São Paulo e na
Marquês de Sapucaí, no Rio, o espetáculo mais cultural do samba teve
Império Serrano , São Clemente , Vila Isabel
, Paraíso do Tuiuti, Grande Rio, Mangueira e Mocidade
se apresentando neste rirual de cultura popular brasileira, que ainda
teve Unidos da Tijuca , Portela
, União da Ilha , Salgueiro , Imperatriz e Beija-Flor, deixando na
memória de nossa terra e de nossa gente fantasias e realidade, fantasmas
e figuras reais, nem só sexo e violência marcaram os desfiles no
Brasil, escolas de samba mostrando que estão vivas em 2018, quando
parece estar renascendo no calor do samba a ginga criativa dos
brasileiros e brasileiras que precisam mesmo se manifestar para mudar e
avançar nosso país e nossa vida.
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Artistas e jogadores de futebol apoiando a festa popular com selfies |
Trechos de alguns dos sambas enredo que agitaram o carnaval
Com tantas musas, alegorias e fantasias, não podemos esquecer que o
samba enredo é o fator principal para uma escola se consagrar e se
comunicar..Só para exemplificar, aqui alguns trechos de sambas que
bombaram na avenida, como dos Acadêmicos do Tatuapé, cantando raízes do
povo no seu refrão "Ô
Luar, ô Luar. Deixa a gira girar... Crioula, hoje tem canjerê,
feitiçaria, ô
jejê - nagô, kaô meu pai xangô". A Rosas de Ouro não deixou por menos e
botou na avenida (no Anhembi) uma manifestação poética sobre a vida dos
caminhoneiros: "Pelas estradas da vida, sonhos e
aventuras de um herói brasileiro" e esta escola sonha em repetir com
esse tema 2010, quando foi a campeão do carnaval paulista e a escola
Dragões
da Real bateu na trave e quase levou o título do grupo especial no
ano passado, por isso, em 2018 a agremiação veio com um grande apelo
popular, falando sobre a música
sertaneja com o enredo "'Minha música, minha raíz. Abram a porteira para
essa gente caipira e feliz". Com o amor de metade da população e ódio ou
preconceito de outros 50% dos amantes do samba em Sampa. a Gaviões da
Fiel, dona de muitos títulos, como o samba antológico de 1995, agora
amargando um jejum sem vencer a competição há 15 anos, trouxe no seu
samba enredo os índios Guarus, ancestrais da cidade de Guarulhos, que
eram ligados aos Tuopinambás. Com 5 títulos nos últimos 10 anos, a
Mocidade Alegre faz homenagem à cantora Alcione: "A voz
Marrom que não deixa o samba morrer" é o samba desta agremiação agora.
No Rio de Janeiro, vale destacar o trabalho cultural e de pesquisa que
sempre destaca a Mocidade Independente de Padre Miguel, que venceu lado a
lado com a Portela em 2017. Agora neste ano, a escola do Boni vem
ainda mais forte, começando pelo
seu samba-enredo, que promete agitar, mais uma vez a Sapucaí, com o
enredo
"Namastê... a estrela que habita em mim saúda a que existe em você".Por
sua vez, com um brilho similar, a
Beija-Flor é uma escola que coleciona sambas memoráveis e pode ser que
isso se
repita com o de 2018. Na voz do intérprete Neguinho da Beija-Flor, veio
com o enredo "Monstro é aquele que não sabe amar. Os filhos
abandonados da pátria que os pariu" na busca pelo seu 14º título. As
chances são grandes, mas a concorrência também, se bem, que foi mais um
enredo com aquele tempero de crítica e de protesto sempre importante.Foi
o caso também da Paraíso de Tuiuti (que destcamos em especial aqui na
abertura deste post em nosso blog). Ano passado, esta ecola foi marcada
por um grave acidente na Sapucaí, agora, fez um samba enredo que agitou o
sambódromo, os corações e as mentes de todo o país (e de vários países,
na verdade), falando sobre tudo o que incomoda na realidade brasileira
atual, a partir dum enfoque básico sobre escrevidão, não perdoando os
políticos da atualidade sofrida da nossa gente. Vamos citar ainda aqui a
escola Mangueira, a Estação Primeira, que é uma das mais tradicionais
representantes do samba do Rio, tentando nesse ano seu 20º título de
campeã e desta vez, cutucando em especial o prefeito carioca, o
evangélico Marcelo Crivella, que assumiu publicamente não gostar de
carnaval: tem uma parte do samba enredo que diz "Eu sou Mangueira meu
senhor, sou Universal", criticando claro este político que cortou pela
metade as verbas das agremiações cariocas. Fechando aqui este material
de informação, resta falar da Imperatriz Leopoldinense, enfocando "Uma
noite real no Museu Nacional". Enfim, conteúdos e formas que revelam que
o samba enredo está muito vivo e até resgatando o espírito crítico e os
protestos, tornam o carnaval mais popular e de maior valor, um ritual
ou uma festa, que tem a ver com nossos sonhos e nossa realidade. (Antônio de Pádua Silva Padinha)
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Não só de lindas musas vivem as escolas de samba |
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..que são um grande espetáculo pop |
Fontes: Gente - IG - Portal Folha PE - AFP
folhaverdenews.blogspot.com
A seguir estaremos postando aqui informações sobre a história dos sambas enredo mais críticos que parecem estar renascendo no carnaval brasileiro de 2018.
ResponderExcluirVocê pode colocar aqui a sua impressão dos desfiles e dos sambas enredo, bem como sua opinião sobre esta pauta de hoje do nosso blog de ecologia e de cidadania, se preferir ou precisar, envie sua mensagem pro e-mail da redação da gente, aqui está: navepad@netsite.com.br
ResponderExcluirVídeos, fotos, material de informação, sugestão de pauta, envie diretamente pro nosso editor de conteúdo deste blog padinhafranca603@gmail.com
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ResponderExcluir"Quero depois conferir estas informações sobre a história dos samba enredo, me interessa, estou pensando em fazer um CTT na faculdade de Sociologia sobre esse tema": comentário de Maria Helena Bastos, de São Paulo (SP), publicitária.
"Da mordaça da ditadura aos atuais enredos críticos: a história da sátira política na Sapucaí
ResponderExcluirVítimas de censura nos anos de chumbo, escolas de samba levam protesto à avenida": comentário em matéria de carnavalesco, a nós enviada por e-mail desde o Rio de Janeiro. Confira mais trechos desta informação a seguir.
"A Mangueira trouxe carro com Rei Momo nú em protesto contra o prefeito Marcelo Crivella, a Paraíso de Tuiuti faz crítica política explícita, sendo que uma refugiada desfila na Portela ansiosa por nacionalidade brasileira Refugiada desfila na Portela ansiosa por nacionalidade brasileira, são diferentes situações que mostram os sambas do carnaval de agora resgatando a sua ligação com protestos e críticas": comentário de Rogério Santos, que nos enviou do Rio notícias e fotos sobre os desfiles deste ano, agradecemos e postaremos por aqui depois, mais mensagens.
ResponderExcluir"Desde os anos 60, época ditatorial, os enredos e as escolas de samba foram vítimas de censura ou de pressões. Passados mais de 50 anos, as agremiações entraram na Sapucaí agora com manifestações marcadamente sociais e políticas como há muito não se via. A crítica foi mais contundente em três desfiles. Com 90 anos de fundação, a Mangueira trará o seu primeiro enredo de protesto político, “Com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco!”, mirando no prefeito Marcelo Crivella. Já a Beija-Flor, com “Monstro é aquele que não sabe amar. Os filhos abandonados da pátria que os pariu”, abordou o momento atual do país, tocando em temas como a corrupção. Enquanto a Paraíso do Tuiuti, de “Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?”, tratou diretamente de questões trabalhistas e até políticas mesmo, como a performance representando o presidente Michel Temer como um vampiro do povo": comentário também de Rogério Santos, a quem agradecemos o envio de fotos e informações dos desfiles de 2018 no Rio de Janeiro.
ResponderExcluir"Minha sobrinha foi pro Rio com parentes do Leblon e eles saíram com a Banda de Ipanema, não houve violência e lá foi homenageado Martinho da Vila. Isso tem a ver com essa matéria, Martinho falou da Beija Flor e dos tempos da censura e da ditadura, ele foi considerado subversivo pelas suas canções, felizmente, pelo menos nisso, hoje melhorou um pouco a liberdade de expressão, se bem que a mídia continua servil demais aos interesses dos governos e dos poderosos, não da população": comentário de Erismar Silveira, de São Paulo (SP), técnico de Contabilidade em empresas da região.
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