Sociólogo do Mapa da Violência
pesquisa e alerta há 27 anos sobre este assunto e só agora tem mais
espaço na grande mídia sobre este drama social crescente no Brasil: quem anda armado tem 70% mais probabilidade de se envolver em conflito e ser mais uma vítima desta situação limite no país
A gente recebeu por e-mail por aqui na redação do blog da ecologia e da cidadania Folha Verde News matéria do jornalista Leo Caldas, realizada no jornal e site Valor Econômico, também divulgada também pela FolhaPress,
ele entrevista o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz que pesquisa
violência no Brasil desde os anos 1990 Nosso editor de conteúdo, o
ecologista Antônio de Pádua Silva Padinha conheceu Jacobo em São Paulo
através de amigos, amigas, também de ex-alunos dele em evento sobre
perseguição política, no caso, sofrida por familiares mais velhos de Waiselfisz na Alemanha nazista. Já nesse contato, havia um grande interesse nos estudos sobre violência e segurança pública no
Brasil, bem como alguma curiosidade sobre como um argentino passou a conhecer tão bem a realidade brasileira, Julio Jacobo Waiselfisz é
nascido em Buenos Aires nos anos 40, filho de judeus
poloneses que fugiram para a Argentina em 1944 para escapar da
perseguição
nazista e da morte na Europa, durante a Segunda Guerra Mundial
(1939-45). Hoje ele se tornou o mais respeitado especialista em
violência no Brasil.
Julio Jacobo Waiselfisz, autor do Mapa da Violência |
O sociólogo Julio
Jacobo coordena hoje pesquisas da violência da Flacso
(Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais) e vivendo em Recife, Pernambuco, é autor
de um trabalho pioneiro de coleta, organização e consolidação de dados de
homicídios no Brasil.
É
de 1998
a primeira edição do Mapa da Violência, publicação que permitiu a
observação (e
o estudo para elaboração de políticas públicas, o que não tem sido feito
por quase nenhum governante). Levantamento de dados ano a ano, de como e
onde se matava e
se morria no Brasil. Um espelho que vem revelando a face hedionda do
país, negando a
imagem clássica ou utópica ou autocriada de que o brasileiro é um homem
cordial: "Ao contrário, as condições de segurança são precárias, os
conflitos sociais muito grandes, não há proteção dos cidadãos e cidadãs,
isso acaba por estimular relações de agressividade", Jacobo falou em
resumo sobre este fato na sua palestra em São Paulo.
Julio Jacobo retratado pelo jornal e site Valor/FolhaPress |
Na capital pernambucana, Waiselfisz, se mostra crítico de políticas que
incentivam o armamento da população civil:
"O indivíduo comum que sai à rua armado tem 60%, 70% mais chances de
morrer em caso de algum conflito". O
sociólogo também se posiciona contra propostas de redução da maioridade penal e
diz que o problema é de educação e não de segurança. Ainda
analisa a crise do sistema penitenciário brasileiro e vê o excessivo
encarceramento como incentivador do próprio crime organizado. "O fato é que já
encarceraram 720 mil pessoas, total hoje de presos, segundo o Ministério da Justiça, e
a violência diminuiu? O tráfico diminuiu? Não é isso que se vê."
Especialista cita o crescimento do PCC (faz até lobby em Brasília) |
Movimento das mulheres se levanta contra a violência |
Confira na seção de comentários
aqui do blog da ecologia alguns trechos de declareações e conclusões
deste especialista e também mensagens ou opiniões sobre esta pauta do
maior valor na atualidade para a maioria das pessoas no Brasil,
participe você também)
Povo e mulher da periferia sofrem mais... |
"A Rand Corporation [entidade com sede nos Estados Unidos que faz estudos na área de Defesa e representa interesses da indústria de armas], que ninguém pode dizer que seja uma organização que não é tipo humanista, que chegam mais ou menos a estas conclusões: o indivíduo comum que sai à rua armado tem 60%, 70% mais chances de morrer em caso de conflito": comentário do sociólogo Julio Jacobo, Mapa da Violência.
ResponderExcluirJulio Jacobo expressa bem a situação limite da realidade brasileira e aqui, nosso blog de ecologia, cidadania, da ciência e da não violência posta estas informações, charges, fotos, vídeo, para ir à luta para mudar e avançar essa questão,
ResponderExcluir"Quer dizer, os caras descem de arma em punho. Para o criminoso, é matar ou morrer. É o mito do enfrentamento. Arma foi feita para matar, não foi feita para outra coisa. Um martelo foi feito para pregar um prego, mas pode matar? Pode. Até uma cadeira pode matar. Tudo pode matar. Mas uma arma de fogo foi feita exclusivamente para matar e para isso é utilizada. Há um mito de que quem tem arma de fogo se defende, mas na verdade tem muito mais chances de morrer": comentário de Roberto Moreyra, jornalista da Agência O Globo
ResponderExcluirJá recebemos aqui na redação do nosso blog outras mensagens, charges e informações que iremos então publicando nesta seção: coloque aqui você também o seu comentário e/ou envie pro e-mail do nosso blog navepad@netsite.com.br
ResponderExcluirVídeos, fotos, material de informação, sugestão de matérias, pautas, envie diretamente pro e-mail do nosso editor padinhafranca603@gmail.com
ResponderExcluir"Importante que este blog questione esta situação que já está inaceitável, nem sempre a grande mídia debate causas e efeitos dessa violência toda que toma conta de tudo": comentário de Isis Almeida, do Rio de Janeiro, Psicóloga.
ResponderExcluir"Na época da criação do Mapa da Violência [o primeiro saiu em 1998], eu estava estudando a violência no Brasil e não tínhamos indicadores com foco no tipo da violência. Não havia à época nenhuma estatística de violência, nem do Ministério da Justiça, nem da polícia sobre homicídios etc. Os primeiros Mapas tinham o foco em "mortes violentas no Brasil': homicídios, suicídios, acidentes de trânsito e mortes por arma de fogo, dentro do capítulo homicídios. Pegávamos esses dados e os comparávamos com os dados da OMS [Organização Mundial da Saúde], que tem um banco internacional de homicídios. Desde essa época, o Brasil sempre esteve nos primeiros lugares das taxas e do ranking de homicídios": comentário do sociólogo Julio Jacobo, Recife, Pernambuco.
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"O problema não é se o jovem tem 13, 14, 15, 16 anos, o problema é como educamos o indivíduo para que siga e seja incorporado pela cidadania. Nosso problema é de educação, de controles sociais, de como criamos uma consciência na cidadania de comportamento social. Isso acontece aos 12, aos 14, aos 16, aos 18 anos, não tem prazo marcado. Nossos jovens estão morrendo mais do que nunca basicamente porque não temos políticas de incorporação deles à sociedade": comentário em documento critico desta situação feito pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), o índice de assassinatos de jovens brasileiros de 12 a 18 anos tem batido recordes históricos e é, segundo o mais recente IHA (Índice de Homicídios na Adolescência), o mais alto da história.
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