Governo federal, polícias de SP e RJ planejam só padronizar atuação em atos públicos
Acompanhei ao vivo em TVs a reunião realizada ontem em Brasília entre o Ministro da
Justiça, José Eduardo Cardozo com os secretários de Segurança Pública de
São Paulo, Fernando Grella, e do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, em busca de uma estratégia diferente para diminuir os índices cada vez maiores de violência em toda a realidade e também nas manifestações e protestos, que se multiplicam, são mais frequentes e em todos os lugares do país, até em pequenas cidade e no meio rural. Hoje, observei com atenção o site
Uol, que fez um levantamento bastante pormenorizado do assunto. Nem ontem e nem hoje, vislumbrei uma luz nova, algo com o potencial de mudar esta situação preocupante: as autoridades governamentais decidiram unificar os protocolos de atuação policial durante
protestos, apenas isso. Segundo o Ministro da Justiça, a padronização da atuação policial integra as primeiras
medidas do grupo de inteligência criado na reunião de hoje, que
envolverá a PF, secretarias de Segurança Pública e polícias dos Estados. Virão outras medidas? Porque unificação de atuação não acrescenta nada à realidade sofrida pela população nas ruas: além de um esquema para reprimir com maior eficiência, as autoridades deveriam também criar uma estrutura para que a repressão policial seja menos violenta em especial no caso dos que não estejam partindo para a ignorância e somente se manifestando. Teria sido fundamental ao menos sinalizar que será feito um trabalho especial em relação ao movimento Black Bloc ou ao próprio vandalismo, algo que estimule uma nova realidade e não somente intensificar a repressão ou tornar as leis mais severas para estas ocorrências que quebra-quebra e similares. Hoje pela manhã ouvi no Bom Dia, Brasil da Globo uma pérola da hipocrisia:..."O que a polícia faz é usar a força contra a violência de alguns manifestantes, é bem diferente força de violência"...Mesmo contra os mascarados anarquistas do Black Bloc, não basta só a repressão, o rigor, a violência. Alguma autoridade falou em abrir um diálogo com este jovens revoltados com o sistema? Alguém citou os P2? P2, os policiais disfarçados em vândalos, um fato que se repete agora e vem se verificando desde as primeiras e mais pacíficas manifestações em junho, que já deixaram saudade no Brasil. Alguma medida foi ao menos ensaiada para humanizar o trânsito? Para controlar a corrupção e o desgoverno de alguns setores? Para incentivar o potencial da educação? Para abrir um canal de expressão cultural na mídia de todos os que por uma ou outra razão ou problema estão se rebelando? Alguém falou em diálogo?...Para se diminuir a intensidade das manifestações, medidas para mudar a estrutura cheia de erros na estrutura atual do país, estímulo de participação cultural dos jovens nas decisões, por exemplo, alguém ouviu a opinião de algum jovem sobre o que deveria ser feito para mudar este caos? Aumento de mercado de trabalho para a juventude, pelo uma uma autoridade citou esta ou outras falhas da atualidade do Estado em relação ao que ele deveria fornecer ao cidadão? Não. Sim, falaram em garantir as manifestações pacíficas. Fazer ações preventivas para isso, como contatos prévios com organizadores de protestos, mas isso é algo meio que irreal, um protesto nem sempre tem hora, lugar e conteúdo previamente determinados. O essencial na minha opinião, com vivência no movimento de cidadania, desde os tempos do governo ditatorial, para se diminuir a onda de violência atual, seriam medidas objetivas para mudar e avançar a realidade, a bem dos cidadãos e das cidadãs, com o objetivo de melhorar o emprego, a qualidade e até a condição de vida da população, nos transportes, na saúde, na questão socioambiental, pelo menos sinais de que haverá alguma mudança ou avanço na realidade de hoje. Apenas aperfeiçoar o processo de repressão, não adianta nada. Houve recentemente uma crítica, partindo de técnico da ONU, que a polícia estaria hoje agindo quase igual como fazia na Ditadura, deveria mudar a sua forma de abordagem, no sentido de também diminuir a sua própria violência. Enfim, para diminuir a onda violência, creio que o rumo é começar a fazer desde já mudanças de cidadania, na qualidade de vida da maioria da população, sinalização de que vai se ao menos buscar algum tipo de avanço na estrutura da atual realidade. Ela que é o problema e não os manifestantes. Os fatos violentos, tanto da polícia como dos que protestam, estão chegando a um ponto de pré-guerra civil. Este caos não se resolve somente com uma repressão mais eficiente, creio que muito melhor seria iniciar junto com todos os setores do povo, todos os que protestam e os que silenciam, iniciar a busca de uma nova realidade para o país, para que ele possa ter a chance de vir a ser ainda uma Nação. Não se trata só de mudar como se fará a repressão, mas ao invés de punição ou violência contra mais violência, haverá mais motivos para mais manifestações e mais confrontos violentos, ainda mais com toda a exposição da mídia nacional e internacional por volta a Copa do Mundo de futebol em 2014 aqui no Brasil que está se tornando o país da violência. A chance de mudar esta situação é avançar a estrutura da realidade, autoridades, jovens e todos os setores, todos podemos participar deste avanço de cidadania, que pode começar apenas com a abertura do diálogo e o estímulo o mais profundo possível da inteligência de todos e não somente de se aperfeiçoar o uso da força.
(Antônio de Pádua Padinha).
http://folhaverdenews.blogspot.com
A edição de hoje do blog da ecologia e da cidadania é um comentário do plano de ação contra o aumento da violência, anunciado por autoridades governamentais e policiais: confira os argumentos e a interpretação dos fatos, em busca de uma alternativa de solução.
ResponderExcluirA alternativa de solução envolve não só uma decisão de cúpula de autoridades governamentais e policiais, mas exigiria um diálogo com todos os setores envolvidos.
ResponderExcluirAo invés de somente planejar uma ação mais eficiente na repressão ou uma atuação mais coordenada para impor a ordem, deveriam sinalizar estímulos ao diálogo com os jovens, até com o movimento Black Bloc também, com os que já assumiram o caminho do quebra-quebra, com um sinal de se abrir a participação dos que estão tendo que gritar e arruaçar para sua voz ser ouvida.
ResponderExcluirO autocontrole de todos e também por parte da forma de abordagem e de ação menos violenta por parte dos policiais, são os caminhos digamos culturais para começar uma mudança.
ResponderExcluirA investigação ou o aumento da punibilidade, aperfeiçoamento das leis, as medidas de prevenção, tudo é importante, porém, o fundamental seria uma abertura de diálogo com os jovens e os revoltados, até com o PCC, em busca de uma participação de todos os setores para mudar esta realidade e se criar neste país uma Nação de verdade.
ResponderExcluirNão adiante aperfeiçoar o uso da força e sim estimular pela primeira vez neste país a participação real da cidadania, sinalizar mudanças na estrutura da realidade e incentivar que todos, todos, todos usem a inteligência para mudar esta situação-limite.
ResponderExcluirMande sua msm aqui pro nosso blog (que se dedica todos os dias à luta pela ecologia, pela cidadania, pela não-violência e pela criação de uma novo realidade mais sustentável no país): envie sua informação, sua visão ou sua opinião, seu comentário para navepad@navepad.com.br
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