Em todo jogo da vida, no dia a dia, o equilíbrio do meio ambiente e das pessoas é algo pascal
Muitos na atualidade sugerem o conteúdo da ecologia em todas as discussões e oportunidades, agora nós também quando aqui neste blog discutimos o sentido da Páscoa. Com certeza, ele está muito além do comércio de ovos de chocolate, apenas um símbolo. Na pesquisa que nossa equipe fez, encontramos por exemplo três especialistas debatendo justamente a relação entre Páscoa e ecologia: Roberto Malvezzi - a partir de sua experiência com as Romarias da Terra e das Águas e a questão do Rio São Francisco, Frei Luiz Carlos Susin - renomado teólogo, para nos situar na ´eco-teologia´, ou seja, como a teologia (principalmente o tratado ´Deus Criador´) leva em conta a ecologia e outros tantos para aprofundar a relação entre liturgia e ecologia, tanto do ponto de vista teológico-litúrgico, quanto prático-celebrativo. Certamente, não basta cuidar um pouco mais dos elementos cósmicos e culturais que permeiam a liturgia, como água, vento e sopro, fogo e luz, óleo, pão e vinho, dizem os estudiosos de religião. É preciso repensar os dados de nossa fé no Deus Criador/Salvador/Vivificador. Ressaltam que é necessário reelaborar a teologia litúrgica, incluindo a dimensão cósmica, ecológica. É preciso sintonizar a espiritualidade litúrgica com a ´ecologia profunda´, interior, espiritual.
A natureza vivencia o tempo todo ciclos de morte e de nova vida |
Em todas as religiões e culturas antigas e atuais se busca experimentar a Páscoa |
A imagem da terra no espaço, no universo: somos a primeira geração a ver a Terra de fora dela, do espaço. Através de fotografias tiradas pelo telescópio ´Hubble´, tomamos consciência da insignificância de nossa ´casa comum´ (oikos, ecologia), como que perdida na imensidão do universo, e ao mesmo tempo nos demos conta da beleza e da incrível complexidade da criação, da maravilha que é nossa história cósmica e a vida na Terra, em todos os seus detalhes, que vem sendo descoberta dia-a-dia em novas pesquisas científicas. Mas nisso está também a terrível e ameaçadora crise ecológica na qual nos encontramos, devido à destruição, devastação, poluição, exploração desmedida realizada pelo ser humano, principalmente de cultura ocidental, gerando aquecimento global, furacões, tsunamis, inundações, tornados... Diante desta realidade, somos levados a duas atitudes complementares: de um lado, a admirar, contemplar, cuidar, usufruir, sentir-nos parte desta realidade maravilhosa da criação...; de outro lado, a tomar consciência, fazer a conversão, mudar nosso estilo de vida, assumir nossa responsabilidade diante da tragédia que cresce a cada dia. Passagens evangélicas sobre o ´fim do mundo´ que antes ouvíamos com um ouvido talvez distraído, de repente chamam nossa atenção pela sua atualidade: “Nos dias antes do dilúvio, todos comiam e bebiam, casavam-se e se davam em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. E eles nada perceberam até que veio o dilúvio e arrastou a todos.” (Mt 24,38-39) – “As nações ficarão angustiadas, com pavor do barulho do mar e das ondas. Os homens vão desmaiar de medo, só em pensar no que vai acontecer ao mundo, porque as forças do céu serão abaladas.” (Lc 21,25-26). Nas Sagradas Escrituras, no entanto, estas alertas terminam em uma boa notícia: o mundo caduco dará lugar a algo novo, ´novo céu e nova terra´, diz o Apocalipse...
O Concilio Vaticano II definiu a liturgia como sendo celebração do mistério da Páscoa, memorial (anámnese) da vida, morte/ressurreição do Senhor e de sua 'volta' no final dos tempos.
Que relação poderá haver entre a Páscoa de Jesus e a ecologia?
Na encíclica Dies Domini (DD), sobre o domingo, dia do Senhor, João Paulo II, um sábio do catolicismo, quando ainda Papa insistia na relação intrínseca entre o mistério da redenção com o mistério da criação, ao mesmo tempo "a vitória de Cristo sobre o pecado e a morte, o cumprimento nele da primeira criação e o início da nova criação". Relaciona, portanto, criação, redenção e escatologia num único movimento. Nossa fé coloca a ressurreição de Jesus não somente inserido na história da humanidade, mas "no centro do mistério do tempo", revelando seu sentido profundo. O primeiro capítulo da encíclica trabalha esta relação entre a primeira e a nova criação, apontando o dia do Senhor, como "celebração da obra do Criador", levada avante pela 'missão cósmica' de Cristo, "origem e fim do universo". E nós somos chamados e chamadas a levar avante esta missão cósmica: admirando e usufruindo a obra maravilhosa da criação (que vamos conhecendo melhor através do "extraordinário progresso da ciência, da técnica e da cultura"); continuando o trabalho da criação, da construção do mundo, cultivando e desenvolvendo suas potencialidades, como instrumentos de Deus. A relação entre ordem da criação, salvação e escatologia já se encontra no mandamento de shabbat, a que se ligam os Adventistas e Evangélicos em geral, indicando a espiritualidade com a qual devemos viver o Dia do Senhor: é dia de repouso para contemplar a realidade criada e viver em profundidade nossa relação com Deus, mas é também memória agradecida da libertação da escravidão no Egito e espera da redenção definitiva. Criação, redenção, escatologia fazem parte, portanto, de um único movimento, que - para nós, católicos e cristãos em geral - tem seu ponto alto na morte-ressurreição de Jesus. Todas as forças de morte que impedem o pleno desabrochar da criação foram vencidas pelas forças de vida e de amor que culminam na pessoa de Jesus de Nazaré. O mistério pascal inclui o cosmos; podemos falar da 'páscoa do universo': é o mistério que acontece dinamicamente na história evolutiva do cosmos (e da humanidade), rumo à sua plena realização (pleroma, Reino de Deus neste planeta).
Conteúdos históricos e ancestrais: os eventos da Páscoa teriam ocorrido durante o Pesah, data em que os judeus comemoram a libertação e fuga de seu povo escravizado no Egito. A palavra Páscoa advém, exatamente do nome em hebraico da festa judaica à qual a Páscoa cristã está intimamente ligada, não só pelo sentido simbólico de “passagem”, comum às celebrações pagãs (passagem do inverno para a primavera) e judaicas (da escravatura no Egito para a liberdade na Terra prometida), mas também pela posição da Páscoa no calendário, segundo os cálculos que se indicam a seguir. No português, como em muitas outras línguas, a palavra Páscoa origina-se do hebraico Pesah. Os espanhóis chamam a festa de Pascua, os italianos de Pasqua e os franceses de Pâques. Os termos "Easter" (Ishtar) e "Ostern" (em inglês e alemão, respectivamente) parecem não ter qualquer relação etimológica com o Pessach (Páscoa). As hipóteses mais aceitas relacionam os termos com Estremonat, nome de um antigo mês germânico, ou de Eostre, uma deusa germânica relacionada com a primavera que era homenageada todos os anos, no mês de Eostremonat, de acordo com o Venerável Beda, historiador inglês do século VII. Porém, é importante mencionar que Ishtar é cognata de Inanna e Astarte (Mitologia Suméria e Mitologia Fenícia), ambas ligadas a fertilidade, das quais provavelmente o mito de "Ostern", e consequentemente a Páscoa (direta e indiretamente), tiveram notórias influências.
Páscoa católica e cristã
Ela celebra a ressurreição de Jesus Cristo. Depois de morrer na cruz, seu corpo foi colocado em um sepulcro, onde ali permaneceu por três dias, até ressuscitar. É o dia santo mais importante da religião cristã. Muitos costumes ligados ao período pascal originam-se dos festivais pagãos da primavera. Outros vêm da celebração do Pessach, ou Passover, a Páscoa judaica, que é uma das mais importantes festas do calendário judaico, celebrada por 8 dias e onde é comemorado o êxodo dos israelitas do Egito, da escravidão para a liberdade. Um ritual de passagem, assim como a "passagem" de Cristo, da morte para a vida.
Alguns dos atletas da Francana que estão vivenciando neste momento uma Páscoa no esporte |
Um enfoque superpopular deste tema
Campanha ecológica da MacBoot inspirou o blog Folha Verde News a buscar Páscoa até no futebol
O time de futebol de Franca, vivendo em 2012 a marca de 100 anos de história, disputando a Série A3, para onde caiu depois de passagem com algum destaque na elite deste esporte no país da bola, nesta temporada e em especial nesta Páscoa, vivencia uma situação de vida e/ou morte no Campeonato Paulista: neste domingo, jogando em Marília (onde há 10 anos perdeu o título da Série A2) tenta resgatar o seu valor. Não basta vencer o Marília em seu estádio, tem ainda a Francana que torcer por uma série de 5 resultados de equipes que concorrem com ela à última das 8 vagas à segunda fase da competição, que levará 4 clubes à Série A2, um deles ao título deste ano. "Ainda é a nossa meta, está muito difícil mas vamos lutar até o último instante", falou o treinador Wantuil Rodrigues, além do mais, com vários problemas de contusões e suspensões para montar sua equipe: "O desafio é mesmo muito grande, mas se a gente conseguir superar isso tudo, vamos nos consagrar e ficar prá história do futebol".
Esta motivação de ressurreição, também até no universo do futebol, tem também um conteúdo de Páscoa e pode até exemplificar o seu sentido de maneira bem popular e que todos entendem: essa foi a perspectiva do editor deste blog, Folha Verde News, o ecologista Padinha, com todo respeito, ao relacionar a situação da Francana com a da Páscoa, dentro duma rodada de futebol do interior paulista. Ele se inspirou também na campanha ecológica da empresa de calçados radicais MacBoot, que a cada gol da Nova Veterana, neste ano do seu centenário, programa o plantio de 50 árvores nativas, na região de divisa entre o nordeste de São Paulo e o sudoeste de Minas Gerais, uma macrorregião onde este time de Franca é uma paixão do povo. Agora, através do sofrimento e da busca de uma nova vida, ele exemplifica também a idéia da Páscoa.
"De toda forma, na liturgia ou no futebol, nos rituais pagãos ou na religião católica ou evangélica e adventista, na vida cultural dos nossos ancestrais na Terra e agora também no nosso dia a dia, de toda forma a Páscoa é muito mais que o comércio ou o sabor de ovos de chocolate", conclui Padinha, ao editar este post do Folha Verde News.
Depois das enchentes e desastres ambientais a vida e a ecologia sempre renascem |
A palavra Páscoa em várias línguas
- Afrikaans - "Paasfees"
- Alemão - Ostern
- Árabe - عيد الفصح (ʿIdul-Fisḥ)
- Basco - Bazko
- Búlgaro Великден ('Velikden)
- Catalão - Pasqua
- Dinamarquês - Påske
- Espanhol - Pascua
- Esperanto - Pasko
- Finlandês - Pääsiäinen
- Francês - Pâques
- Friulano - Pasche
- Georgiaა- (Aghdgoma)
- Grego - Πάσχα (Páscha)
- Húngaro - Húsvét
- Inglês - Easter
- Irlandês - Cáisg
- Islandês - Paska
- Italiano - Pasqua
- Japonês - イースター (Īsutā)
- Latim - Pascha ou Festa Paschalia
- Letão - Lieldienas
- Neerlandês - Pasen
- Norueguês - Påske
- Polonês - Wielkanoc
- Português - Páscoa
- Romeno - Paşti
- Russo - Пасха (Paskha)
- Sueco - Påsk
- Turco - Paskalya
- Ucraniano - Великдень (Velykden')
Fontes: www.google.com.br
http://folhaverdenews.blogspot.com
Com certeza é um universo extremamente diversificado a cultura da Páscoa, não apenas na religião mas em todos os setores da vida, tendo em todos eles, nos mais intelectuais e até nos esotéricos ou nos mais populares (como no mundo do futebol) uma relaçao direta com a busca de uma nova vida, o que para a ecologia é a criação do futuro.
ResponderExcluirSem dúvida, este é um enfoque superdiferente dos tradicionais nas reportagens sobre a Páscoa, ligada neste post do Folha Verde News mais na realidade do dia a dia. No dia a dia do povão, no caso do time de futebol, buscando nova vida em pleno Dia da Páscoa.
ResponderExcluirUnindo uma coisa com outra, alguns dos jogadores da Francana admitiram que estarão jogando e orando para que consigam reverter esta situação dramática, superando esta situação-limite, algo bem ecológico e...pascal.
ResponderExcluirEsperamos que os mais radicais das religiões e os mais fanáticos do futebol entendam a relação que fizemos entre as duas realidades, que se ligam direto no coração da ecologia da vida. Deus queira que isso nos leve de volta à vitória sobre a morte e à alegria de viver.
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