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sábado, 14 de janeiro de 2012

USINAS NA AMAZÔNIA INVADEM TERRA DE ÍNDIOS ISOLADOS

Funai detecta tribo isolada perto de área de construção de hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio

A reportagem de Eduardo Carvalho e Glauco Araújo, do Globo Natureza, mostra que vestígios como galhos quebrados e pegadas foram vistos por expedição. Se confirmada, aldeia de índios isolados e desconhecidos, ainda não contatados, fica a somente 30 km de usinas de Jirau e Santo Antônio. Os vestígios de povos indígenas isolados foram encontrados no sul da Amazônia, entre os estados do Amazonas e Rondônia, segundo um relatório que ainda está sendo preparado pela Fundação Nacional do Índio (Funai) e que deve ser concluído em breve. Pegadas e galhos quebrados (que indicam sinalização dentro da floresta) foram encontrados já em outubro por integrantes da Expedição da Frente de Proteção Etnoambiental do Madeira, que percorre a Terra Indígena Jacareúba Katauixi, uma área de 4.530 km² (quase três vezes o tamanho da cidade de São Paulo) nas proximidades do Rio Madeira. Na época, o grupo também ouviu vozes e ruídos no mato, correrias, falas monossilábicas. Caso o encontro desta população seja confirmado, a aldeia estará localizada a 30 km da área onde já são construídos os complexos hidrelétricos de Jirau e Santo Antônio, em Porto Velho (RO), usinas que utilizarão as águas do Rio Madeira. A Terra Indígena compreende ainda as cidades de Humaitá, Lábrea (onde existe um convento de padres agostinianos) e Canutama, todas no Amazonas. "E esta situação nos faz reprisar a questão, será que a Amazônia é um lugar apropriado para se construirem megausinas hidrelétricas, que deixam sequelas ambientais, como área inundada, CO2 nas águas subterrâneas, diminuição dos peixes, alimento dos povos da floresta e de toda a vida dos rios?", pergunta o ecologista Antônio de Pádua, o editor Padinha deste blog Folha Verde News. Ele lembra ainda que, "mesmo em outros locais fora da Amazônia, longe de Áreas de Proteção Ambiental, mesmo assim, os cientistas da área já recomendaram inutilmente ao Governo e empreendedore do setor energético que é preferível econômica e ecologicamente várias pequenas e médias hidrelétricas do que megausinas. Mais ainda, o mais racional seriam parques de energia Eólica e Solar, que são limpas e se harmonizam com qualquer ambiente da nossa natureza".

Sobrevôos nesta e em outras regiões da Amazônia já detectaram tribos de índios isolados

O respeito às terras e aos direitos dos povos da floresta inclui a proteção da ecologia da natureza

Choques culturais do contato com índios nem sempre geram efeitos culturais e colaterais interessantes como este


Hidrelétricas tentam se justificar...

Carlos Travassos, coordenador geral do Departamento de Índios Isolados da Funai argumenta: “A presença de índios isolados nesta região é histórica. Essa informação consta em nosso banco de dados há pelo menos 20 anos e também aparece nos estudos feitos pelos empreendedores antes do início da construção”. Por outro lado, segundo Antônio Luiz Abreu Jorge, diretor de Meio Ambiente e Sustentabilidade da empresa Energia Sustentável do Brasil, responsável pela administração de Jirau, existe um convênio firmado entre a Funai, a companhia e o empreendedor responsável pela usina de Santo Antônio que repassou R$ 12 milhões à Fundação para intensificar os trabalhos com índios e ações emergenciais. “O encontro desta população é parte deste trabalho e a usina está bem distante do possível local onde eles devem estar (sic)ou seja, não há tanto risco assim da obra impactá-los”, afirma.  E confirma que esta usina hidrelétrica deve iniciar sua operação comercial em outubro deste ano. A assessoria de imprensa da Santo Antônio Energia, concessionária responsável pela futura operação e comercialização da outra usina, informou que aguarda um posicionamento oficial da Funai sobre a existência desse grupo de índios isolados.
Para o representante da Funai, a possibilidade da existência de povos indígenas nesta região fez o governo federal criar uma portaria que restringe o uso da área, até que a confirmação fosse feita pela Fundação. Novas expedições serão realizadas por equipes da Funai ao longo de 2012. Há informações também que a OEA, durante o debate sobre os impactos sociais e ambientais em relação às populações indígenas no Pará, no Xingu, onde está prevista a megahidrelétrica de Belo Monte, questionou também as autoridades governamentais brasileiras sobre esta tribo isolada de índios isolados totalmente da civilização entre o Amazonas e Rondônia.
“A partir da comprovação das tribos isoladas na região, vamos tomar medidas cautelares. Um novo desenho será realizado para demarcar a terra. Eles precisam de um território intacto, com água limpa, abundância de peixes. Não pode ter gente por lá, porque isso afeta a condição física, a saúde e o equilíbrio social e cultural dessas pessoas nativas dali e portanto donas deste lugar”, complementa Carlos Travassos. “Mantemos a localização exata sob sigilo, pois sabemos da presença de especuladores de terra, de exploradores ilegais do meio ambiente e a divulgação de onde exatamente eles (índios isolados) estão pode colocá-los em risco”, disse Travassos. Imagens dos vestígios não foram divulgadas para proteção da aldeia. Ele não quís se manifestar sobre a inviabilidade de hidrelétricas na Amazônia, ficou claro, para não se indispor com outros órgãos e setores do Governo Federal.


Fontes: www.ambientebrasil.com.br
              folhaverdenews.blogspot.com

5 comentários:

  1. Há no Brasil centenas e até milhares de lugares desérticos, ermos, abandonados, sem população local, onde poderiam ser instalados tranquilamente parques de energia Eólica e Solar ou até hidrelétricas, dentro de certa dimensão. A invasão de oásis dos últimos povos primitivos do Brasil é vista até como genocídio.

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  2. Genocídio ou destruição do equilíbrio do meio ambiente natural, poluição, inundação ou alagamento dos rios, provocando CO2 nas águas subterrâneas (com o apodrecimento da vegetação), poluição, variadas sequelas ambientais, sociais e culturais, nada detém os megainteresses em torno de grandes usinas hidrelétricas na Amazônia, o Governo não pode ficar omisso nesta situação, sob pena de condenação por organismos internacional dos direitos dos povos indígenas, do limite à violência e do respeito à ecologia.

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  3. Agora em janeiro, quando a Presidente Dilma Rousseff pretende fazer uma reforma ministerial, trocando não só nomes, mas também projetos em vários setores do Governo, talvez a mudança mais fundamental a ser feita seja a implantação imediata, ainda que já tardia, de um programa de gestão pública de Desenvolvimento Sustentável nos meio urbano, rural e nas florestas que ainda sobrevivem no país da natureza.

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  4. O Brasil carece de um novo zoneamento ecológico do seu território, preservando áreas de importância ambiental e zonas de povos primitivos, isso será um avanço para a sustentabilidade e a chance maior de criação do futuro da Nação e da própria vida.

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  5. Por sua vez, as entidades socioambientais, o movimento ecológico, científico e de cidadania e a própria meta da Conferência Mundial da ONU, em junho, no Rio de Janeiro, precisam priorizar este tipo de realidade para poderem falar em nome do Desenvolvimento Sustentável e não serem passíveis de omissão diante de genocídio depovos indígenas ou de crimes de destruição da última ecologia do planeta.

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