ROMBO DOS RODEIOS NO MINISTÉRIO DO TURISMO É DE MUITOS MILHÕES

Além de problemas de violência contra animais muitos rodeios fazem folia com verbas públicas

Segundo matéria de Mariana Haubert e Edson Sardinha para o site Congresso Em Foco, já em 2006, o Ministério do Turismo destinara R$ 1,5 milhão para o 2o. Circuito Matogrossense de Rodeio, e não tem até hoje as devidas informações sobre a utilização correta ou não do dinheiro: tradição no interior do Brasil, os rodeios, acompanhados das festas agropecuárias, reúnem multidões todos os anos. Mas eles também formam um ralo por onde escoaram pelo menos R$ 6,8 milhões de recursos públicos vindos do Ministério do Turismo. Do total de R$ 80 milhões devidos aos cofres públicos, é esse pelos dados oficiais o montante referente aos rodeios e similares, mas os valores podem ser ainda maiores, não há uma contabilidade geral muito precisa a respeito. Quarenta e cinco convênios para eventos desse tipo, e isso só entre os firmados entre 2003 e 2009, estão na lista de inadimplentes, cujas verbas repassadas o Ministério busca recuperar. Esses recursos foram repassados a prefeituras, órgãos estaduais e, neste caso, principalmente a sindicatos e associações que não conseguiram comprovar o serviço conveniado ou prestar contas como deveriam. Em razão da gravidade das irregularidades constatadas, a pasta quer receber de volta o dinheiro repassado.
A Federação Matogrossense de Rodeio lidera a lista dos devedores, responsável por 26,3% do total devido. O convênio, firmado em julho de 2006, para a realização do 2º Circuito Matogrossense de Rodeio, tradicional na região, destinou R$ 1,5 milhão para o evento. Cinco anos depois, a federação ainda não deu respostas convincentes das irregularidades encontradas na execução financeira do contrato. Em seu site oficial, a Federação afirma que o circuito conta com o apoio do Ministério do Turismo e de grandes empresas, e que é considerado um “exemplo” na organização de rodeios. Ecologistas, medicos e especialistas em violência contra os animais também tem levantado o problema do uso do sedem e outros artifícios nos rodeios que causam sofrimento, dor e doenças nos bois e cavalos usados nos torneios, sendo porisso desaconselhados por pesquisadores de Medicina e até pela OMS (Organização Mundial de Saúde).

Há problemas legais, ambientais e de violência nos bastidores das festas do interior

O uso de sedem em bois e cavalos não é o único problema

Até a Festa do Peão de Barretos...

O maior rodeio do país também está em débito com o governo. Só para exemplificar um dos casos, a 53ª Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos recebeu do Ministério do Turismo R$ 1,02 milhão em agosto de 2008, por meio do Clube Os Independentes, organizador do evento. De acordo com o Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira), há irregularidades na execução física e financeira, ou seja, o grupo não conseguiu esclarecer se o dinheiro enviado pelo Ministério foi de fato utilizado para os fins destinados.
Desde 2006 até hoje, o Clube Os Independentes realizou 13 convênios com o Ministério do Turismo, dos quais, cinco foram excluídos, dois foram concluídos, cinco ainda aguardam explicações e o convênio firmado em 2008 está inadimplente. Neste período, foram conveniados R$ 6,8 milhões no total.
Mais um canal de folia com o dinheiro público e o que é pior, num tipo de festa que tem componentes que agridem as leis ambientais, provocando problemas de saúde e de violência contra os animais de montaria, tanto que várias festas do tipo têm sido proibidas por leis municipais e/ou estaduais, levando em conta que há outras competições menos agressivas e até com maior nível de disputa entre os peões  - por exemplo, corrida de velocidade em cavalos -  que não se transformam em agressão a bovinos e equinos. Esta tendência ganha força agora com a descoberta de rombo no Ministério de Turismo, causado por variadas festas de rodeio. Até mesmo a maior, a de Barretos. Segura, peão!...


Fontes: Congresso Em Foco
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