Depois da manifestação da OEA (configurando direito internacional) e de variadas ações relativas às leis ambientais, direitos humanos e indígenas, além de legalidade de procedimentos (MPF) e questionamentos até sobre a viabilidade econômica do empreendimentos, pelo menos duas ações de um conjunto de dez que tramitam na Justiça contra a construção da polêmica Usina Hidrelétrica Belo Monte, no rio Xingu (PA), chegarão ao Supremo Tribunal Federal (STF). A avaliação é de Ubiratan Cazetta, procurador da República no Estado do Pará e vice-presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República. Vale lembrar que a discussão vem desde ainda o governo ditatorial no Brasil e agora chega à situação-limite.
“É certo que a questão de Belo Monte vai parar no Supremo”, disse Dr. Cazetta à Agência Brasil. As ações questionam a legalidade da autorização dada pelo Congresso Nacional, em julho de 2005, para que o Executivo fizesse “o aproveitamento hidroelétrico” de Belo Monte, onde há dez terras indígenas. Segundo o Artigo nº 231 da Constituição Federal, a liberação de autorização para hidrelétricas nessas áreas só pode ser feita ouvindo as comunidades indígenas afetadas.
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| Por enquanto no Rio Xingu ainda vigoram as leis da natureza.... |
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| ...comunidades nativas, ecologistas, cientistas, MP e até OEA questionam efeitos da megausina |
Na última sexta-feira (1º), a Comissão de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (CIDH/OEA) informou às representações indígenas e de direitos humanos no Brasil que havia pedido a suspensão imediata do processo de licenciamento de Belo Monte. Em nota, publicada cinco dias depois do envio da carta, o Itamaraty disse que “o governo brasileiro tomou conhecimento, com perplexidade” do pedido da OEA.
O procurador avalia que a resistência ao debate com os indígenas e outros segmentos da sociedade pode encarecer os custos da obra em até 50% com mitigações ambientais e atendimento da população afetada. De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o investimento para a construção da usina é de R$ 20,3 bilhões (valorde dezembro de 2008). Desse total, R$ 3,3 bilhões serão destinados a programas sociais e ambientais.
Segundo a EPE, a Fundação Nacional do Índio (Funai) realizou mais de 20 reuniões entre 2007 e 2010 com cerca de 1,7 mil indígenas; além disso, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) fez audiências públicas nos municípios de Brasil Novo, Vitória do Xingu, Altamira e Belém (todos no Pará) com a participação total de 6 mil pessoas.
O procurador Felício Pontes ressalta que as reuniões da Funai e as audiências do Ibama não podem ser consideradas audiências, como as exigidas pela Constituição, e que deveriam ter sido feitas antes da autorização do Congresso ao Executivo.
Os construtores da usina Belo Monte receberam, em janeiro de 2011, autorização do Ibama para instalar o canteiro de obras e fazer as estradas de ligação ao local. Falta a licença de instalação para início da construção da usina e, futuramente, a licença de operação para enchimento de reservatório.
Apesar de acreditar que as ações irão parar no STF, Ubiratan Cazetta teme que o julgamento da constitucionalidade da obra seja meramente teórico, quando a construção já estiver bem adiantada. “A estratégia do governo é chegar lá com o fato consumado”, assinalou.
Repórteres tentaram contato com a Funai, o Ibama, o Ministério de Minas e Energia (MME) e o Itamaraty para checar se novos desdobramentos podem surgir a partir da decisão da OEA. Apenas o MME e o Ibama responderam, afirmando que a questão envolvia diretamente o Itamaraty, cuja assessoria não deu retorno aos pedidos da reportagem. Belo Monte será uma megahidrelétrica, a usina terá capacidade instalada de 11,2 mil megawatts de potência e reservatório com área de 516 quilômetros quadrados. Mas há uma problema com a vazão do Rio Xingu que poderá afetar em até 80% a capacidade de geração de energia ao longo de uma década, esta questão também precisa ser levantada antes que o projeto começa a se concretizar. Esta questão poderá ser levantada amanhã na manifestação de ambientalistas em Brasília e cientistas da SBPC poderão vir a se manifestar sobre este detalhe do empreendimento que custará ao país mais de 20 bilhões de reais e poderá gerar menos energia do que apenas uma das dez hidrelétricas de porte médio como as que existem ao longo do Rio Grande, divisa entre os estados de São Paulo e Minas Gerais, abastecendo todo o Sudeste do Brasil. Há muito a se decidir além das ações judiciais no Supremo, a própria matriz energética brasileira está em questão. (Padinha)
Fontes: Agência Brasil
Uol
folhaverdenews.blogspot.com


A manifestação marcada para esta quinta-feira em Brasília é apenas o começo de um movimento para se rever projetos de megausinas, com vários efeitos colaterais, buscando-se alternativas mais econômicas e mais ecológicas de geração de energia.
ResponderExcluirCom mais informações e enfoques a questão da megausina no Xingu vai ficando mais clara, porém é preciso uma ação urgente da comunidade brasileira para se escutem as leis ambientais, a viabilidade econômica, todos os direitos envolvidos e até o bom senso, chegamos a uma situação-limite. Também para a matriz energética do Brasil que precisa avançar, para que exista futuro em nossa vida. ..
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