Para avaliar a intensidade da perda da biodiversidade, o ecologista mexicano, com colegas da Universidade Stanford,
estudou desta vez não o número de espécies extintas ou em risco de
extinção, mas a redução das populações das espécies ainda sobreviventes.
Para isso os pesquisadores especializados analisaram a situação de 27.600 espécies de vertebrados
terrestres, entre aves, répteis, anfíbios e mamíferos. O ponto de
partida é o ano 1900. Para muitas das espécies não há dados confiáveis
daquela época (nem agora), de modo que o estudo, publicado na PNAS, se apoia na evolução da distribuição geográfica de cada espécie: que espaço ocupavam então e qual ocupam hoje. Um terço das espécies (8.851) perdeu a maior parte de seu
território original. Além disso, houve a extinção local de muitas
populações e a redução da quantidade em quase todas as espécies.
Estima-se que pelo menos a metade dos animais que existiram no passado
já desapareceu. Quanto aos mamíferos, dos quais há dados mais confiáveis, quase a metade das 177 espécies estudadas perdeu até 80% de sua área geográfica. Em suma, a metade dos mamíferos perdeu 80% ou mais de seus territórios originais: isso deveria ser objeto duma ação sustentável de defesa da vida e de diminuição da violência contra animais.
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A Suçuarana no Brasil é uma das espécies que perdeu mais de 80% de seu território com o aumento de monoculturas como da cana de açúcar | |
A população de Leões se reduziu em 43% nos últimos 25 anos. O caso do Leão (Panthera leo) exemplifica o caminho
para a extinção. Um animal que há alguns séculos era dono e senhor de
amplas regiões do sul da Europa, Oriente Médio, sul da Ásia e todo o
continente africano, hoje conta com uma exígua população em uma reserva
indiana e apenas 7.000 exemplares em áreas muito dispersas ao sul do
Saara. O pior é a velocidade de seu declínio: a população deste felino
se reduziu 43% desde 1993, apenas um quarto de século. “Um total de 30% das espécies que estão perdendo população é
das que são chamadas de comuns. Vão de mais a menos comuns até que se
tornem espécies muito raras a caminho da extinção”, comenta o pesquisador Geraldo Ceballos. Pode ser que isso aconteça como o que ocorreu com algumas aves passageiras na América do Norte em suas últimas
décadas ou ocorre hoje com os Bisões europeus e até os Búfalos americanos: “Se
você tem hoje 10 indivíduos vivos, a espécie não é considerada extinta. Mas
se há 10 Condores da Califórnia, já se perdeu a estrutura e a função que
desempenhavam antes no ecossistema, a extinção das espécies selvagens é algo que prejudica todo o contexto do equilíbrio ambiental".
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Espécies como a de Ursos fazem falta ao equilíbrio ecológico no Hesmifério Norte |
Do ponto de vista geográfico, o declínio de populações nativas está
se dando em todas as latitudes. Há um fato chamativo: embora o número de
espécies em retrocesso seja maior nas zonas tropicais, nas áreas de
clima temperado, onde há uma menor riqueza de espécies, o impacto
qualitativo é maior. Os fatores que estão por trás do declínio de tantas espécies
são muitos: perda do habitat, superexploração, impacto das espécies
invasoras, poluição e mudanças climáticas. Todos têm as atividades
humanas por trás. No século XIX devia haver por exemplo milhões de Veados dos Pampas
(Ozotoceros bezoarticus) na América do Sul. Não se sabe a
cifra, mas um indício de sua população atual é o dado de que entre 1860 e 1870
foram exportadas duas milhões de peles dos portos de Montevidéu e
Buenos Aires. Hoje, existem apenas poucos milhares em zonas isoladas que
representam 1% do território que este animal selvagem ocupava. A razão? Primeiro a caça, depois a exploração comercial da sua pele e
depois a deterioração de seu habitat em favor das fazendas de gado.
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A sobrevivência das últimas Tartarugas é vital para o equilíbrio da vida |
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A espécie mais resistente do planeta é o muito desconhecido Tartígrafo
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Para o pesquisador Geraldo Ceballos, o tempo para reverter a sexta grande extinção está se expirando: “Tudo dependerá do que fizermos nos próximos 20 anos”,
ele argumentou agora no El Pais e a sua entrevista está repercutindo em todo o planeta, também por aqui através também agora do nosso blog de ecologia Folha Verde News. No entanto, ele e outros pesquisadores da sua equipe estão até otimistas: “Da mesma forma que houve a retirada de Trump dos Estados Unidos do Acordo de Paris para se evitar o caos do clima e do ambiente, este retrocesso acabou por reativar a luta, percebo nas redes sociais, entre
as pessoas mais sensíveis, em muitos países, uma crescente conscientização sobre o valor da
biodiversidade”, comenta Ceballos. Se essa esperança não se concretizar em
esforços coletivos, vai se tornar realidade o título do livro que este
ecologista mexicano escreveu com seus colegas norte-americanos Anne
Ehrlich e Paul Ehrlich, The Annihilation of Nature (A Aniquilação da Natureza). Temos que ir à luta para evitar este fato, que poderá ampliar mais ainda o caos do meio ambiente e a chance de extinção da vida até mesmo da nossa espécie humana. Se a natureza acabar, acabaremos todos nós.
Fontes: www.brasil.elpais.com
www.folhaverdenews.com
Precisamos urgentemente divulgar também o livro de Geraldo Ceballos, junto com Anne Ehrlich e Paul Ehrlich, The Annihilation of Nature (A Aniquilação da Natureza)que resume os dados desta pesquisa que mostramos hoje em nosso blog da ecologia.
ResponderExcluirEm síntese, diante destas informações, temos que ir à luta para evitar a crescente extinção de espécies nativas, algo que poderá ampliar mais ainda o caos do meio ambiente e a chance de extinção da vida até mesmo da nossa espécie humana. Se a natureza acabar, acabaremos todos nós.
ResponderExcluirLogo mais, estaremos postando aqui mais informações nesta seção de comentários, aguarde nossa edição, confira as mensagens, participe você também desta luta pela vida.
ResponderExcluirVocê pode colocar direto aqui a sua mensagem ou se preferir ou precisar, envie por e-mail para o webendereço da redação deste nosso blog de ecologia navepad@netsite.com.br
ResponderExcluirOutra alternativa para participar: entre em contato com o nosso editor de conteúdo, também para enviar fotos, vídeos, material de informação ou comentários através do e-mail padinhafranca603@gmail.com
ResponderExcluir"Importantíssimo este alerta dos pesquisadores e o mais difícil nessa luta pela vida creio ser mobilizar a ação das autoridades políticas, que só se interessam por questões tradicionais ou por seus próprios interesses!: comentário de Heloísa dos Santos Gonçalves, de Juiz de Fora (MG), que informa ter descoberto nosso b,log por causa da matéria de ontem sobre Milton Nascimento. Ela é economista, formada pela UFMG.
ResponderExcluir"Até eu que sou economista me interesso cada vez mais pela ecologia": comentário também de Heloísa dos Santos Gonçalves, que fez economia na UFMG.
ResponderExcluir"Boas informações, os governantes deveriam usar estes dados como um roteiro para um programa de proteção da fauna": comentário de Tadeu Alves Sousa, de São Paulo, colaborador na cidade da UIPA (União Internacional de Proteção dos Animais).
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