Ameaçado de morte por denunciar madeireiros Júnior José pede proteção
João Chupel Primo já foi morto, Junior José Guerra ainda luta para se manter vivo, os dois denunciaram o que pode ser uma das maiores operações criminosas de roubo de madeira na Amazônia. Segundo testemunhas, as quadrilhas chegaram a transportar, em um único dia, cerca de 3.500 metros cúbicos – o equivalente a 140 caminhões carregados de toras e 3, 5 milhões de dólares brutos no destino final. A maior parte da produção é Ipê, hoje a madeira mais valorizada pelo crime organizado pelo potencial de exportação para o mercado internacional. Toda a operação passa por uma única rua de terra de um projeto de assentamento do Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra), controlado por madeireiros: o Areia, localizado entre os municípios de Trairão e Itaituba, no oeste do Pará. Pelo menos 15 assassinatos foram cometidos na região nos últimos dois anos por conflitos pela posse da terra e controle da madeira. Este é o começo da explicação de por que João Chupel Primo foi assassinado – e Junior José Guerra precisa fugir para não ter o mesmo destino...
A Justiça Federal ordenou a inclusão de Júnior José Guerra, líder comunitário ameaçado de morte por denunciar madeireiros que atuam ilegalmente na região, no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, vinculado à Secretaria de Direitos Humanos. Três parentes de Guerra também foram incluídos no programa por determinação, em caráter liminar, da juíza federal Lucyana Said Daibes Pereira, da subseção de Altamira. O texto da liminar faz menção ao caso de Dorothy Stang, assassinada em 2005 após várias ameaças, e de João Chupel, que denunciou a mesma quadrilha que persegue Júnior Guerra e foi morto a tiros em outubro do ano passado. “Diante do cenário apresentado, outra solução não há senão a inclusão imediata do interessado e sua família no programa de proteção”, alega a juíza, que estabeleceu ainda multa diária de R$ 2 mil em caso de descumprimento. A liminar foi concedida em ação movida pelo Ministério Público Federal (MPF) para garantir a segurança de Guerra, morador do Projeto de Assentamento Areia, em Trairão (PA). A decisão foi tomada depois de várias tentativas frustradas, de pedidos feitos à Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), à Polícia Federal e à Secretaria de Segurança Pública do Pará. O único programa que aceitou garantir a proteção de Guerra foi o Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas (Provita), dedicado à proteção de pessoas que denunciem crimes contra os direitos humanos. Nesse caso, a testemunha pode ser obrigada a mudar de residência e a se distanciar de parentes e amigos. Em outros programas, a pessoa ameaçada pode receber, entre outras ações protetivas, uma escolta policial. O ameaçado, no entanto, recusou-se a entrar nesse programa por considerar que, ao ter de abandonar a comunidade, estaria premiando bandidos “que estão roubando e matando qualquer pessoa que tiver qualquer divergência com eles ou que denuncie o esquema”, disse Guerra, por meio de nota divulgada pelo Ministério Público Federal. O Ministério Público Federal (MPF) entrou com ação na Justiça para proteger Júnior José Guerra, ameaçado de morte por denunciar madeireiros que atuam ilegalmente no Pará. O procurador do MPF Bruno Gütschow, encarregado do caso, disse à repórter Daniella Jinkings, da Agência Brasil, que é muito grande o risco pelo qual passa o líder comunitário, que poderá vir a ser a 16ª vítima da Máfia dos Ipês no Pará, se não for dada a Júnior José Guerra total proteção de sua vida. Recentemente a ONU premiou Paulo Adario, do Greenpeace na Amazônia e fez homenagem póstuma ao casal Maria dos Espírito Santo e José, que foram mortos na mesma região e pela mesma causa por madeireiros no Pará. O casal faz parte da série de assassinatos da Máfia dos Ipês que já fez 15 vítimas, ainda impunes, em dois anos naquela região do norte do país.
![]() |
Denuncias de que até 140 caminmhões como este saem da região dos Ipês no Pará |
![]() |
Maria do Espírito Santo e José estão entre as 15 vítimas da Máfia do Ipê |
![]() |
Uma situação que escandaliza também a opinião pública internacional |
Fontes: Agência Brasil
www.ecodebate.com.br
http://folhaverdenews.blogspot.com
Ainda na semana passada noticiamos aqui que a ONU havia premiado o ecologista que dirige o Greenpeace na Amazônia e divulgado o caso do casal de ambientalistas assassinado no Pará, agora a Agência Brasil e o site Eco Debate rompem o silêncio e ampliam as denúncias contra a Máfia dos Ipês, a partir deste líder comunitário ameaçado de vir a ser a 16ª vítima em 2 anos.
ResponderExcluirDuas tragédias se unem nesta mesma notícia de hoje, a violência no meio rural brasileiro, especialmente no norte e no centro oeste do país, e o desmatamento ilegal e clandestino que está acabando com o equilíbrio ambiental até mesmo da Amazônia, a dano de toda a Nação.
ResponderExcluirEsperamos que com a divulgação em nosso blog e por extensão em outros sites de ecologia e também via jornalistas mais independentes, o líder comunitário (que por enquanto escapou) permaneça vivo e possa testemunhar os crimes da Máfia dos Ipês, brecando esta situação dramática de violência e de agressão ambiental por parte de madeireiros no Pará.
ResponderExcluir