AGRICULTURA INTENSIVA É UMA DAS CAUSAS DAS ENCHENTES E PERDA DA ECOLOGIA DOS PAMPAS

Conclusão do grupo de pesquisas ambientais do National Scientific e Conicet (da Argentina), um estudo postado no site da Unisinos e em resumo está aqui no blog da gente

Estas pesquisas feitas agora podem ajudar a recuperar a condição normal dos Pampas

Toda a região dos pampas da América do Sul está entre os campos mais planos e férteis do mundo, agora, transbordando. Nas últimas 5 décadas (não é só agora a tragédia no RGS) a região sofreu graves inundações que destruíram centenas de hectares de produção, interromperam a infraestrutura e desalojaram pessoas. Em um novo estudo, os pesquisadores culpam a agricultura intensa pelo problema, mostrando que, à medida que as terras agrícolas locais se expandiam, também aumentavam as inundações, nos últimos 40 anos, as áreas inundadas dobraram de tamanho. Quem nos envou o link dos estudos agora superimportantes foi a jornalista Sofia Moutinho.

As enchentes de agora estão mudando também a vida do gaúcho personagem típico da vida nos Pampas

“Esses ciclos de inundação iam e vinham, mas a cada novo, áreas que nunca inundavam antes começaram a inundar”, disse um dos autores do estudo, o especialista em sensoriamento remoto Javier Houspanossian do Grupo de Estudos Ambientais do National Scientific e Conselho Técnico de Pesquisa (Conicet) em San Luis, Argentina. Ele explica que ladeado pelos Andes a oeste e pelo planalto brasileiro a leste, os Pampas se espalham por partes da Argentina, Brasil e Uruguai. Além de grandes cidades, também abriga alguns dos melhores solos agrícolas da Terra: bons em absorver a água da chuva, eles dispensam irrigação artificial. Essas condições únicas tornam a área adequada para plantações de soja e milho, que deslocaram cerca de 16% da vegetação nativa nas últimas 2 décadas. No novo estudo, publicado na Science, os pesquisadores combinaram imagens de satélite com dados sobre os níveis de água subterrânea, bem como observações de vários estudos de campo e simulações para entender o que está causando o aumento das inundações nas planícies brasileiras e sul-americanas.

Problemas do uso da terra e lençol freático dos Pampas acabam por invadir as áreas urbanas

O sofrimento do povo gaúcho agora precisa levar a políticas públicas e investimentos em soluções mais sustentáveis

Olhando para os dados de satélite, eles descobriram que o bioma Pampa tem inundado com mais intensidade do que o resto do continente desde 1977, com áreas inundadas se expandindo para zonas extremamente planas com altas concentrações de cultivos. Após a virada do século 21, quando a agricultura na região se expandiu e se consolidou, os pesquisadores também identificaram mais ocorrências de inundações em locais que historicamente nunca haviam alagado. A partir desse período, mais de três quartos de todas as novas áreas inundadas do continente ocorreram nas planícies. Dados de oito estações de monitoramento também revelaram que o lençol freático dos Pampas – a fronteira entre o solo saturado de água e o solo não saturado – passou de muito profundo (6 a 12 metros) na década de 1970 para muito raso (0 a 4 metros) depois anos 2000, especialmente em terras cultivadas. Estudos de campo e simulações de computador ofereceram uma explicação tanto para a inundação quanto para o aumento do lençol freático, sugerindo que a substituição da vegetação nativa por lavouras está tornando a região mais propensa a inundações. As plantações têm raízes mais rasas do que as pastagens e florestas nativas do ecossistema, limitando a capacidade dos Pampas de absorver e reter água.

 As florestas e pastagens nativas dos Pampas têm raízes mais fundas ajudando a absorver e reter água

Outros detalhes e descobertas destas pesquisas você poderá conferir na seção de comentários mais tarde ou amanhã aqui do Folha Verde News, por exemplo, plantas que previnem enchentes, o solo do bioma é bom para colheitas e ruim para secas, uma das soluções, a plantação de vegetais com raizes mais profundas (como o centeio), enfim, estudos pormenorizam todos os ângulos das enchentes, o que se informa em resumo em comentários que você poderá consultar depois. 

Depois na seção de comentários mais detalhes e informações sobre causas e medidas que podem solucionar enchentes

Pesquisadores comentam que é importante dar aos agricultores as ferramentas certas para monitorar os níveis de água subterrânea para que eles venham a poder ajustar melhor as suas colheitas e se prepararem para enchentes. Jobbágy e Houspanossian trabalham atualmente em um projeto para desenvolver instrumentos de baixo custo vinculados a smartphones para medir o lençol freático. “Se os agricultores puderem monitorar o lençol freático e combinar isso com mais flexibilidade para planejar o uso da terra com base no risco de inundação, eles se sairão melhor”, afirmou Javier Houspanossian. Mas tanto ele como outros cientistas concluiram que a palavra final é política, ou seja, depende de decisões governamentais sobre o uso da terra. “O fato de podermos ter algum controle com o monitoramento do lençol freático nos Pampas é bom, mas o desafio disso é definir quem vai dizer qual é o nível ideal do lençol freático em cada posição ou situação, por isso que regular o uso da terra é muito mais do que importante ainda mais agora nesses tempos de crise do clima e do meio ambiente”. 

Estes estudos científicos sobre o uso da terra no ecossistema do sul do país e do continente exigem ação das autoridades públicas do Brasil, Argentina e Uruguai

Fontes: ihu.unisinos.br – EcoDebate - folhaverdenews.blogspot.com