SÓCRATES SEMPRE EM NOSSOS CORAÇÕES E EM NOSSAS MENTES NA NOSSA VIDA NÃO SÓ PELO FUTEBOL

Nesta 4ª feira em Ribeirão Preto Botafogo X Corinthians pelo Paulistão 2024 com os 2 times homenageando o Magrão, doutor da bola e líder de cidadania

 No jogo Botafogo X Corinthians o resgate da memória de Sócrates, um craque nos dois times rivais que ele amava

 Desde os 16 anos ele brilhava no Botafogo de Ribeirão

No Corinthians se tornou um ídolo nacional da bola

 O movimento vitorioso Diretas Já deve muito à liderança de...

...Sócrates e Osmar Santos mobilizando os jovens e o povo

Hoje tem rodada decisiva no estádio Santa Cruz às 21h45 ao vivo peta Record para todo o Brasil, independente da disputa acirrada pelos 3 pontos (importantes para a recuperação dos 2 clubes no Campeonato Paulista de 2024), esta data de Quarta Feira de Cinzas será marcada por uma homenagem dos dois times rivais (onde Dr. Sócrates jogou e sempre dizia como em uma entrevista que fiz com ele para o Jornal da Tarde de SP: "Namorei o Botinha e depois me casei com o Corinthians e estas duas equipes sempre serão a minha paixão no futebol").  Como repórter, esportista e amigo tive três momentos marcantes na vida com este gênio da bola que tinha um nome quase tão grande como a qualidade do seu futebol, Socrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, ele que nasceu em Belém do Pará mas passou toda a infância e parte da juventude em Ribeirão Preto, ao lado de seus irmãos Sóstenes, Sófocles (que dizem era o que jogava melhor na numerosa família), Raimundo, Raimar e Raí, o caçula, também jogador de fama nacional e mundial. Já aos 16 anos o Magrão jogava no Botafogo de Ribeirão e nessa época foi aluno do meu irmão Hugo Silva, que então fazia a Faculdade de Farmácia na USP e dava aulas no Colégio Marista: "Ele era um ótimo estudante, embora vivesse numa correria só por causa dos treinos, já tinha um espírito de liderança e estava sempre sorridente mesmo tendo as dificuldades de todo jovem que iria fazer vestibular de Medicina, era muito concorrido mas ele passou bem e se formou enquanto jogava para fazer a vontade do seu pai, seu Raimundo Vieira, mas ficou célebre foi como jogador", me contou o Dr. Hugo Cândido Silva. 

 No estrelato no Corinthians valorizava cada um dos seus colegas com a sua visão coletivista do futebol

Sempre foi o mesmo Sócrates seja no Botafogo no interior ou...

...comandando dentro de campo a Democracia Corinthiana

 

O médico que virou ídolo do futebol - Sócrates fez sucesso no Botafogo de Ribeirão Preto na divisão principal da FPF e em 1974 o presidente do Corinthians contratou seu compánheiro de ataque, o artilheiro Geraldão que ao chegar ao Parque São Jorge foi logo falando ao Vicente Matheus: "Acho que o senhor deveria contratar o Sócrates, ele foi responsável por mais da metade dos gols que eu fiz". Correndo porque o São Paulo FC também estava interessado no nº 8 do Botinha, Pantera do futebol do interior, Matheus cobriu a oferta do Tricolor e levou o Magrão para o Parque São Jorge. Eu era redator na Fundação Roberto Marinho e nessa ocasião o pessoal da TV Globo em SP preparava uma reportagem especial para a chegada com sirene do Sócrates ao Corinthians, como eu era da região dele e o conhecia, me escalaram com a equipe para a gente tentar fazer uma matéria exclusiva com ele. A imprensa de todo o país estava lá e na base da amizade consegui a reportagem exclusiva. Ele sugeriu e para fugir do tumulto fomos para o meio do campo do Parque São Jorge e Sócrates declarou "futebol não se joga só com pés mas principalmente com a cabeça". Era seu estilo. Repórteres, fotógrafos, radialistas haviam criticado que ele era magro demais, com pernas muito finas e não tinha biótipo de atleta. Ele chegou com um livro debaixo do braço (sobre Einstein) e começou um zum zum zum de que Vicente Matheus havia contratado um intelectual e boêmio, que ele não iria resolver os problemas do Corinthians. Não só resolveu a criação e  a feitura de gols, como foi tricampeão paulista entre outros títulos, além de mudar a forma de se jogar futebol no país, ele atuava de forma cerebral mas seu sonho de infância era ser um novo Garrincha. Depois foi convocado para a Seleção Brasileira para as Copas dos Mundo de 82 e de 86 e se consagrou mundialmente, tendo jogado também na Itália (Fiorentina), o país dos vinhos que acabaram por ser um desafio para o craque conciliair os jogos com os bastidores,  

Sócrates no meio da rua e do povo no dia do comício das Diretas Já

Sócrates usava a cabeça e o calcanhar - O estilo calmo, as jogadas cerebrais e os toques de calcanhar marcaram sua forma de jogar e ser um dos jogadores de futebol mais vitorioso do país da bola. Ele não negava que os toques de calcanhar eram para compensar os seus pés pequenos para o seu tamanho (1,92) e como ele demorava para girar, calcanhava para ser mais rápido e dar sequência às jogadas geniais, algumas delas você pode conferir aqui no blog da gente nos 2 vídeos, um deles, quando o Magrão jogava pelo Botafogo de Ribeirão e um outro, quando ele viria a se tornar uma legenda e um ídolo no meio campo e ataque do Corinthians. Porém, sempre manteve a humildade e isso só fez aumentar a sua liderança, dentro e fora de campo. Ao contrário da maioria dos jogadores, como falava pouco, não gostava muito de dar entrevistas, preferia jogar do que falar ou contar papo. Nesse momento em que ele estava virando uma estrela do futebol, o locutor então da Rádio Excelsior AM, Osmar Santos narrava os seus gols e jogadas com um brilho incomum, palmeirense, ele se rendeu aos encantos do ídolo corinthiano. Ao lado de Juarez Soares, Osmar vindo de Marília tinha a simpatia dos caras do interior na capital e nos tornamos amigos quando ele me ajudou na fundação do Partido Verde em São Paulo, mobilizando um encontro no Teatro Ruth Escobar que foi decisivo para o PV nascer com a liderança do meu companheiro de partido Fernando Gabeira. Naqueles momentos o movimento estudantil para derrubar a Ditadura estava virando um fenômeno de massa e esta transformação só foi possível porque Sócrates aceitou ser o porta voz das Diretas Já. O Magrão já havia criado no Corinthians, ao lado de Vladimir, Casagrande, Juninho, Biro-Biro, Paulinho, Zenon a Democracia Corinthiana, como uma forma de avançar a gestão do futebol profissional com uma maior participação dos jogadores. O ténico Mário Travaglini concordou e a liderança do Dr. Sócrates do clube passou para os comícios do movimento Diretas Já. Agora não eram só os estudantes, artistas como Rita Lee, Gonzaguinha e alguns jogadores de futebol, em especial Sócrates, ajudado por outros amigos como Osmar Santos também, fizeram com que  o protesto dos jovens se tornasse um movimento de massa. E foi assim que mais ded 1 milhão de pessoas nos reunimos na Praça da Sé pedindo eleições diretas. Sócrates estava sendo devido às suas atuações brilhantes no Corinthians, pretendido por vários clubes da Europa. No seu discurso emocionante nas Diretas ele afirmou que se o Brasil virasse uma democracia, ele não sairia do país. Ele cumpriu a sua palavra e sua missão, o governo ditatorial caiu, ele ficou, foi defender a Seleção de Telê Santana (um marco pela qualidade do seu futebol, ao lado de Zico, Júnior, Careca, Serginho Chulapa, Toninho Cerezo e um bando de craques). Pós mundial de 86 no México, ele acabou por ter o seu passe negociado com a Fiorentina, depois da Itália, jogou ainda pelo Flamengo e pelo Santos na sua volta ao Brasil, antes de encerrar a carreira espetacular, retornando então à sua cidade, ajudou Guerrinha que vinha do Dharma Yara Franca a montar o time de basquete do Coc Ribeirão, quando a gente voltou a se encontrar. Ele não era mais um jogador mas seguia sendo um líder do esporte também de cidadania e cultura brasileira. Ele estava se dedicando à Medicina Esportiva e pesquisava músicas de raiz me chamou para irmos tomar uma no boteco com sua turma.  Falei que eu não bebia nada, que tinha virado vegetariano e ele "não faz mal, bebe água lá, come salada, vamos cantar moda de viola e curtir um pouco". Foi uma noite maravilhosa, um dos seus amigos era também cineasta que nem eu, o Fernando Caxaxa, que havia fundado o Cine Clube Cauim para dar uma força ao cinema nacional no interior. Essa era uma outra luta do guerreiro Dr. Sócrates. E foi assim, lutando e cantando, caminhando contra o vento que me encontrei pela última vez com este grande cara. 

 Foi então que o time do Parque São Jorge virou Timão

 O quinteto de amigos que ajudaram e foram ajudados pelo talento genial do Magrão para jogar e lutar por mudanças na bola e na vida

Quando criança Sócrates queria ser o novo Garrincha

Viajando junto com Sócrates - Eu trabalhava em São Paulo, a minha esposa e minha filha ainda pequena haviam voltado para Franca para fugir da poluição e outros problemas, o Magrão estava na sua melhor fase na Democracia Corinthiana. Num fim de semana, coincidiu que eu estava vindo para minha cidade ver a família e me encontrei com o Dr. Sócrates no Terminal Tietê, ele estava dando uma escapada para Ribeirão Preto. Comprou 2 bancos no ônibus para poder esticar um pouco as pernas, eu fiquei na fila do lado do Cometa. A gente bateu um bom papo sobre tudo que rolava e por ser um homem humilde como sempre era, apesar da fama, entre outras coisas ele me disse que "fosse no Morumbi ou no Pacaembu ou no Maracanã, no campo onde eu estava, dava sempe um jeito de me ajoelhar e pedir energia a Deus para alegrar a torcida e jogar bem, levando tudo mais à frente". Ele começou a tomar uma cerveja, escurecia, cansado, eu dormi e quando aordei, Sócrates já estava todo alegre se despedindo ruas antes de chegar na rodoviária de Ribeirão Preto, onde seus amigos o esperavam. Ele desceu do Cometa e eu segui para Franca, mal imaginando que um dia estaria historiando aqui no blog da ecologia e da cidadania um pouco do que foi o jogador e líder brasileiro Sócrates, doutor da arte da bola, imortal pelo que fez no futebol e na vida.  Viverá sempre em nossos corações, recordando lances maravilhosos, ele jogando ou liderando nossa gente com fé no Brasil e na democracia. São lembranças que voltam como um filme agora quando no jogo Botafogo X Corinthians em Ribeirão Preto, haverá uma homenagem ao Sócrates feita pelos 2 times rivais que no entando foram a sua paixão. Ele vivieu também sempre uma contradição entre a boemia e o esporte, entre a música de raiz e o jogo de bola. E assim segue vivo, agora como lenda, este grande guerreiro e bom ser humano que sonhava mudar o mundo através da força popular do futebol. (Texto de Antônio de Pádua Silva Padinha) 

Uma das últimas fotos do genial Dr. Sócrates

Fontes: Jornal da Tarde - folhaverdenews.blogspot,com