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sábado, 18 de novembro de 2023

ABDIAS NASCIMENTO UM LÍDER COM A FORÇA DE UM ZUMBI CULTURAL (DE FRANCA PARA O BRASIL E O MUNDO)

No blog da cidadania e da ecologia agora um resumo da emocionante entrevista histórica de um grande líder da negritude e da luta contra o racismo e a favor da cultura humanitária feita pela revista Acervo no Rio de Janeiro em 2009 sintetizando as lutas e a vida deste pioneiro cada vez de valor maior e mais contemporâneo, a quem homenageamos no Dia Nacional da Consciência Negra agora em 2023


 Abdias Nascimento eterno pela sua luta cultural


Ele foi reconhecido nacional e internacionalmente 


Ele que havia saído humildemente e anônimo de Franca (SP) nos anos 70 (perseguido pelo governo ditatorial brasileiro após fundar e liderar o TEN, Teatro Experimental do Negro) foi lecionar na Universidade Bufallo (UB), no estado de Nova Yorque, nos Estados Unidos. Depois, voltando ao Brasil se integrou aos movimentos sociais e campanhas políticas  do PTB e do PDT ao lado de Leonel Brizola. Abdias Nascimento se elegeu deputado federal e em seguida senador, sempre com projetos, propostas e grande atuação de cidadania  para o resgate cultural do povo afrobrasileiro, criando leis fundamentais contra o racismo e a favor da cultura e da arte e das raízes  africanas da nação. Foi assim que ele participou como um representante da América Latina num congresso mundial neste tema ao lado de Nelson Mandela.  


Aqui, Abdias Nascimento como ator de peça do TEN

 Como parlamentar e líder de cidadania, um ícone


Então, de repente, em 1980, eu me encontro em São Paulo com Abdias Nascimento, ator, artista plástico, poeta, líder de cidadania: eu havia escrito a peça Ongira, Grito Africano em parceria com Estêvão Maya, cantor erudito e musicólogo pela Universidade da Bahia. O musical estava sendo montado em São Paulo, com direção de Tereza Santos, atores e atrizes todos do movimento negro. A gente ficou feliz por ser conterrâneos e ele deu um apoio para o espetáculo ganhar uma temporada no importante Teatro Brigadeiro. Houve uma presença da censura e um boicote de parte da imprensa em especial após lideranças palestinas junto com Yassar Arafat terem ido assistir Ongira. Este e outros detalhes acabaram por impedir uma temporada mais longa deste musical baseado na pesquisa do filólogo Ayres da Matta Machado sobre os Vissungos, cantigas dos africanos que garimpavam diamantes em Minas Gerais. A partir deste trabalho e da amizade que ele desenvolveu também com Estêvão Maya, o músico meu parceiro, tivemos vários contatos, quase todos voltados à  luta dos afrobrasileiros e outras questões humanitárias ou culturais a que Abdias Nascimento se dedicava como parlamentar e líder de cidadania, por exemplo, em defesa da liberdade religiosa e da não violência. 


  O musicólogo Estêvão Maya se tornou grande amigo e colaborador de Abdias Nascimento nas questões afrobrasileiras 

Na qualidade de primeiro deputado federal afro-brasileiro Abdias dedicou seu mandato à luta contra o racismo e apresentou projetos de lei definindo o preconceito racial como crime e criando mecanismos para impedir ou atenuar esta forma de violência no Brasil. 


Um outro grande amigo dele foi Leonel Brizola

 Auto retrato de Abdias Nascimento


Abdias também publicou livros e álbuns sobre arte e cultura afrobrasileira e me contou sobre a sua luta pioneira também no caso do teatro negro: "Passei um ano em Buenos Aires, onde participei dos espetáculos abertos do Teatro del Pueblo. Era uma riqueza enorme, os espetáculos  eram  acompanhados  de  sessões onde se discutia a dramaturgia também as questões estéticas e políticas envolvidas em cada apresentação. Na realidade, foi uma grande esco-la  para  mim,  uma  verdadeira  formação teatral. Já me sentia pronto para avançar o movimento. Na minha volta ao Brasil eu fui preso. Havia sido condenado à revelia, quando estava fora do país, por causa daquele mesmo incidente de recusa à discriminação racial, e fui cumprir pena na Penitenciária do Carandiru. Lá criei minha pri-meira iniciativa teatral, o Teatro do Sentenciado, junto com outros presos e com o apoio e incentivo do então diretor da penitenciária, um médico e homem culto chamado Flamínio Fávero. Só quando saí da prisão pude, finalmente, levar à frente a minha intenção e criar o TEN, o Teatro Experimental do Negro no Rio de Janeiro. Tive bons apoios, Nelson Rodrigues escreveu uma peça para nós, Anjo Negro, e outros autores como Rosário Fusco e Lúcio Cardoso também. O TEN publicou depois a antologia Drama Para Negros E Prólogo Para Brancos, que ajudou um avanço cultural brasileiro" contou Abdias em uma entrevista histórica na revista Acervo. 

 Esta campanha elegeu o primeiro parlamentar afrobrasileiro em nosso país ajudando a iniciar avanços políticos e culturais


As artes de Abdias Nascimento todas com um estilo e temática da cultura e da religião africana 


A liderança cultural e política de Abdias Nascimento gerou vários avanços no país. Na Constituinte de 1988, já havia três deputados negros comprometidos com a causa afrobrasileira: Caó (PDT-RJ), Benedita da Silva (PT-RJ) e Paulo Paim (PT-RS). E em 1994 duas mulheres negras assumiram seus mandatos no Senado: Marina Silva (logo depois Ministra do Meio Ambiente) e em seguida  Benedita da Silva. A cada ano toda a questão racial ia ficando com maior evidência, especialmente, a partir de 1995, tricentenário  da imortalidade de Zumbi dos Palmares, e no contexto da III Conferência Mundial Contra  o  Racismo  (2001). Isso motivou a criação de uma Frente Parlamentar e uma evolução de políticas públicas, como o Estatuto da Igualdade Racial ou a lei 10.639/2003. Enfim, para resumir, o líder Abdias Nascimento provocou uma evolução na realidade brasileira como uma espécie de Zumbi na sua ação cultural que fica como um modelo e estímulo para a criação de um futuro socialmente sustentável no Brasil. 


 Abdias Nascimento ficaria feliz hoje em ver sua cidade natal...

...resgatando Zumbi ao valorizar a arte e a cultura afrobrasileira que estão na formação do povo de Franca (SP)


Fontes: Revista Acervo - folhaverdenews.blogspot.com 


3 comentários:

  1. "Abdias Nascimento ficaria feliz ao ver a iniciativa de José Lourenço Alves aqui na cidade dele (Franca) celebrar na Praça Zumbi no Parque São Jorge a cultura africana com uma arte monumento de Marcos Mota (inspirada também no poema Batuque de Calos de Assumpção) com apoio de gente como Don Antena e de toda uma equipe ligada ao Conselho Municipal de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra, a arte será inaugurada ali nesse 20 de Novembro às 10h como um marco sobre a consciência afrobrasileira de nossa população, algo positivo para mudar e avançar a realidade que ainda tem injustiças e violências de várias formas": comentário de Antônio de Pádua Silva Padinha, editor deste blog.

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  2. Você pode postar direto um comentário aqui nesta seção do blog Folha Verde News, se preferir, envie um conteúdo (texto, foto, vídeo, notícias, pesquisa, arte, charge etc) pro e-mail do nosso editor padinhafranca603@gmail

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  3. "Consciência Negra na Bahia
    BOICOTE RACISTA A FILME DE LÁZARO RAMOS EM SALVADOR FUNCIONA AO CONTRÁRIO - Já virou um sucesso o novo filme protagonizado pelo Lázaro Ramos que estava para ser lançado em só uma sala, mas com o boicote de radicais o interesse aumentou muito, agora o lançamento vai ser feito em 5 cinemas ao mesmo tempo: o filme é "Ó Paiê, ó 2" foi dirigido por Viviane Ferreira (sobre um músico em busca do sucesso) e agora ele já tem todos os ingressos esgotados para as primeiras sessões também no cine Glauber Rocha, a estréia será sábado, 23. Este incidente está provando mais uma vez a força do povo baiano na cidade com a maior população afrobrasileira do Brasil. O boicote contra Lázaro Ramos, ligado ao movimento negro e ao Olodum, reprisa o que já ocorreu com outro filme, de Wagner Moura, "Marighella" que boicotado por radicais de direita no Rio acabou se tornando a maior bilheteria brasileira em 2021. "Obrigado, Salvador", escreveu Lázaro Ramos nas redes sociais onde aproveitou o fato agora para exaltar a data nacional desta segunda-feira. A consciência negra da Bahia acabará um dia se espalhando por todo o país e Lázaro Ramos personifica Abdias Nascimento e até mesmo Zumbi em 2023": comentário extraido de post no Facebook hoje.

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