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terça-feira, 6 de setembro de 2022

NÃO HÁ MAIS COMO NEGAR O CAOS DO MEIO AMBIENTE PORÉM AINDA HÁ COMO SALVAR A VIDA NO PLANETA (E NO PAÍS)

Cientistas combatem a ideia de que é tarde demais para salvar a Terra dividida entre os negacionistas e os apocalípticos (debate da BBC bomba na mídia mundial e tem um resumo nesse blog)

 

 Caos do clima e meio ambiente porém existem saídas

Depois de décadas no combate a negacionistas do aquecimento global, cientistas estão voltando suas preocupações para o crescimento dos "profetas do apocalipse climático", comenta Shin Susuki, repórter da BBC. Esse novo grupo, chamado em inglês de doomers, está no lado oposto dos céticos da mudança do clima que veem seu discurso perdendo força diante de evidências como eventos extremos  cada vez maiores como as recentes ondas de calor, secas intensas, enchentes como agora no Paquistão onde já morreram pelo menos 1.100 pessoas. Parte dos apocalípticos têm em comum, porém, a prática de disseminar a desinformação: em redes sociais até no TikTok, há desde a falsa mensagem de que "tudo vai acabar em 10 anos" até a ideia de que "nada mais pode ser feito para salvar o planeta". O tiktoker norte-americano Charles McBryde, com mais de 160 mil seguidores, disse em um vídeo do final do ano passado que "mais ou menos desde 2019 venho acreditando que há pouco ou nada que nós podemos fazer para realmente reverter a mudança climática em escala global". Contudo, meses depois, McBryde fez um vídeo mais direcionado à tomada de ações e à necessidade de pressionar políticos como presidentes de países sem gestão do meio ambiente, tendo citado o Brasil. E falou ainda que não se considera mais um doomer: "Me convenci que podemos sair do caos, através dum esforço sustentável de mudar a economia e recuperar a ecologia".


Charles McBryde, estrela do TikTok

Michael E. Mann, climatologista e autor

O climatologista norte-americano Michael E. Mann teme que a popularização da narrativa apocalíptica ou a polarização entre negacionistas e apocalípticos se transforme no que ele chama de inativismo, ou seja, "Para ser claro não podemos jogar a toalha enquanto ainda é possível fazer algo para recuperar a vida". Em sua visão, essa ideia de que não tem mais jeito favorece a indústria dos combustíveis fósseis, que quer ganhar tempo e evitar perda de mercado enquanto o mundo faz sua transição para uma economia verde, ou seja, uma forma sustentável de desenvolvimento que possa equilibrar economia, ecologia e condição humana de viver: "Tudo isso reflete também uma miopia egoísta, um benefício financeiro de curto prazo para poucos à custa de um sofrimento de longo prazo para todos nós. É difícil encontrar vilões piores do que negacionistas do clima e também por outro lado dos pessimistas, aqueles que querem adiar as ações e não lutar pela criação do futuro", argumenta Michael Mann. O geofísico e professor da Universidade da Pensilvânia é um dos responsáveis por uma pesquisa do final dos anos 1990 considerada chave no entendimento da influência humana sobre o aquecimento global. Mann dedica seu estudo e o livro The New Climate War: The Fight to Take Back Our Planet (A Nova Guerra do Clima: A Luta para Ter de Volta o Nosso Planeta) ainda sem edição no Brasil. O livro e suas palestras são uma luta pública a combater a crença de que tudo está irremediavelmente perdido. Não está e por exemplo, ele aponta uma notícia positiva que afirma não ter ganhado destaque suficiente entre o público. Um relatório de 2021 do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, desbancou uma antiga ideia de que, se interrompêssemos todas as emissões de gases agora, a temperatura global continuaria subindo de qualquer forma por um período de 30 a 40 anos. O entendimento hoje mudou: os estudos mais recentes de centenas de cientistas mostram que a interrupção imediata do acúmulo de carbono na atmosfera terá efeitos positivos já em um prazo entre 3 e 5 anos. Ou seja, em uma perspectiva de longo prazo, os resultados são "imediatos". Há porém barreiras, Mann lembra que os subsídios para os combustíveis fósseis chegam a quase US$ 6 trilhões (R$ 30 trilhões),segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), um montante que representou em 2020 7% do PIB mundial. Não há soluções mágicas mas saídas sustentáveis. O cientista norte-americano aponta também o  voto e pressão popular como os caminhos para a mudança do caos para uma cultura da vida. Afirma que evitar cada 0,1°C de elevação na temperatura global já conta e ajuda muito a criação de uma nova realidade ou outra forma de viver em cada país e no planeta. 


 Ainda há chance de recuperar a natureza e o clima com energias limpas, nova forma de viver e economia ecológica  


Crítica ao pessimismo - Michael Mann não vê apenas na desinformação (fake news) o foco de problemas da visão apocalíptica: ele critica o pessimismo de pensadores até sérios sobre o tema, que se baseiam em hipóteses até científicas. Ele cita o jornalista David Wallace-Wells, autor do best-seller A Terra Inabitável: Uma História do Futuro (Companhia das Letras, 2019). Na visão do climatologista, há um fetiche pelo apocalipse climático [climate doom porn) ou que já não haja mais solução para a tragédia ambiental. A mídia sensacionalista também colabora para esta posição apocalíptica, tão prejudicial como o negacionismo de uns e outros. Ele exemplifica isso com um canal da TV paga, o WeatherSpy, dedicado a desastres naturais com programas de nome como Contagem Regressiva do Clima Extremo"Talvez seja pela mesma razão que pessoas andam de montanha-russa, pulam de bungee-jump ou fazem sky-diving, às vezes, elas só querem sentir a adrenalina, esse frio na espinha ou na barriga. O apocalipse climático dá a elas essa mesma sensação. Posso chamar isso de droga? Acho que sim", escreve o equilibrado Michael Mann em seu livro. Ele afirma que "nós precisamos falar tanto sobre o desafio quanto sobre a oportunidade de resolver essa parada. Sim, nós já estamos vendo perigosos impactos da mudança climática e ainda permanece o desafio de reverter o perigoso aquecimento planetário adicional. Mas nós temos a oportunidade de criar um mundo melhor para nós mesmos, nossos filhos e netos. É essa a nossa luta, criar um futuro sustentável e feliz para todo mundo".  Cá entre nós, este desafio é tão monstruoso como o caos que só aumenta no clima e no meio ambiente, por aqui e em toda a Terra. Porém com tecnologia de ponta, boa vontade, energia pura e fé na vida, podemos transformar o fim do mundo e uma novo começo. 


 A união de cientistas com ecologistas pode ser...


...um caminho para reequilibrar o meio ambiente e...

...recriar a vida com um futuro sustentável...

...para a Terra voltar a ser feliz para todo mundo


Fontes: BBC - folhaverdenews.blogapost.com


4 comentários:

  1. "Seca extrema em meio Brasil (também por aqui entre SP e Minas) e os cientistas alertam sobre uma soma de fatores como o recorde de desmatamento e de queimadas na Amazônia (os satélites do sistema Copernicus mostram 8 mil hectares afetados entre estados Acre, Rondônia e Amazonas), há problemas do El Ni]no e La Niña, a irrigação está em excesso no Cerrado do agronegócio, aí, 8 das 12 principais bacias hidrográficas do país (incluindo rios como São Francisco e o Grande por aqui na divisa) estão com pouca água, as chuvas cada vez mais escassas, se teme até por uma primavera seca. Estamos colhendo dados para uma postagem no Folha Verde News com essa pauta, sem sensacionalismo, com a informação de que só uma gestão ambiental e climática pode mudar esta situação limite do clima e do meio ambiente, algo inexistente no Brasil agora": comentário de Antônio de Pádua Silva Padinha, editor deste blog, ecologista.

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  3. "Há a preocupação da comunidade científica e de instituições sobre a comunicação do tema. A ideia é fornecer uma visão balanceada sobre o desafio que precisamos enfrentar e as soluções que podemos viabilizar em diferentes escalas de tempo. Há a perspectiva fatalista, ou seja, de que não haveria mais espaço para soluções, e isso contribui somente para tornar a marcha mais lenta na resolução da crise global também no Brasil": comentário de Mercedes Bustamante, professora do Departamento de Ecologia da Universidade de Brasília (UnB).


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  4. "Ainda em abril deste ano, cerca de mil cientistas participaram de uma série de protestos em 25 países como parte de uma coalização chamada de Rebelião dos Cientistas. O objetivo, segundo o manifesto do grupo, é expor a realidade e a severidade da emergência climática e ecológica com engajamento em desobediência civil não violenta": comentário de Peter Kalmus, cientista da Nasa e parte do movimento Rebelião dos Cientistas, ele disse ainda ao jornal The Guardian que "essas notícias de eventos climáticos fora do normal provavelmente vão começar a se estabilizar.um dia, desde que haja gestão dos governos dos países".

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