Lagoas da Amazônia são essenciais contra o aquecimento global e sua destruição prejudica o país e até o planeta
Humberto Marotta, Geociência UFF |
13 Lagoas da Amazônia foram analisadas |
Leandro Machado fez esta reportagem inédita na BBC e a gente vai entregar para você um resumo deste estudo no blog Folha Verde News, a começar informando que os lagos amazônicos são tão importantes para o meio ambiente que foram classificados como "guerreiros" na luta contra o aquecimento global e contra as mudanças climáticas. Por sua vez, a degradação de boa parte deles, principalmente por causa do desmatamento desenfreado da floresta, pode ter grande impacto no país e no planeta. Essas são duas das conclusões de um estudo produzido pelo geógrafo brasileiro Leonardo Amora-Nogueira, doutor pela Universidade Federal Fluminense (UFF), que foi publicado pela revista científica Nature dias atrás.
Pesquisador Marotta ao lado de Leonardo Amora-Nogueira doutor em geografia na Universidade Federal Fluminense |
Nos últimos anos, o pesquisador percorreu cerca de 1.200 km de floresta para analisar as condições de 13 lagos nos Estados do Pará, Rondônia e Amazonas. Descobriu que essas águas, mesmo em áreas de relativamente pequeno porte, são capazes de armazenar e absorver grandes quantidades de carbono, um dos principais gases responsáveis pelo efeito estufa que causa o aquecimento global. "Os lagos da Amazônia armazenam muito mais carbono do que a média deles em outros biomas, como as florestas temperadas e boreais ou as regiões polares e subpolares", explica o geógrafo, que realizou o estudo com apoio da Faperj (Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro). As análises mostraram que esses lagos acumulam cerca de 113,5 gramas de carbono por metro quadrado ao ano — taxa entre 3 e 10 vezes maior do que regiões alagadas de outros biomas. O volume gira em torno de 79 milhões de toneladas de carbono por ano — equivalente a 27% das emissões de carbono na atmosfera, aponta a pesquisa.
Lagoas amazônicas fundamentais para a recuperação da ecologia da natureza e da vida no Brasil, no continente conforme... |
...as conclusões do geocientista Humberto Marotta |
Os lagos da região amazônica acumulam muito mais carbono que áreas parecidas de outros biomas - Essas áreas alagadas na Amazônia, que compõem 3% de todos os lagos do planeta, estão próximas a grandes rios da região, como o Madeira, o Amazonas e o Negro. São as águas deles que carregam a matéria que depois será "enterrada" no fundo dos lagos. Ou seja, o gás carbônico é produzido pela decomposição do material orgânico da floresta: troncos de árvores, plantas mortas e outros tipos de sedimentos: "Essa matéria produz muito carbono. Sem os lagos, esse gás iria para a atmosfera, aumentando o efeito estufa", explica Amora-Nogueira, que estuda o tema desde seu trabalho de conclusão de curso na graduação em Geografia: "Os lagos são fundamentais nesse ciclo de entrada e saída de carbono, pois o material decomposto gera o carbono que, em vez de ir para a atmosfera, fica 'enterrado' no fundo da água".
Lagoas são uma espécie de cemitério de carbono |
Na Amazônia, há três tipos de águas que transportam e guardam matéria orgânica: clara, branca e preta. E a coloração de cada uma depende de sua capacidade de carregar esses sedimentos. A água clara — dos rios Tapajós e Xingu, por exemplo — tem essa tonalidade porque recebe menos material da floresta. São rios que nascem na região central do Brasil. Os rios de água branca — o Madeira, nascido nos Andes — têm força para levar grande volume de sedimentos, como enormes troncos de árvores que flutuam ao longo de seu curso. Já os de água preta — o rio Negro, por exemplo — nascem dentro da própria Amazônia e, mais próximos da mata, recebem mais material orgânico das margens, ganhando uma coloração mais escura.
Seu desafio é a ciência a serviço da Amazônia |
Segundo Amora-Nogueira, ainda são necessários mais estudos para entender como a diferença das águas impacta o armazenamento do gás carbônico na Amazônia. Por outro lado, o estudo do geógrafo mensurou como o desmatamento afeta a qualidade do serviço de acumuladores de carbono prestado pelos lagos: "Constatamos que os lagos de áreas desmatadas acumulam de 2 a 3 vezes menos carbono do que as regiões de floresta preservada", explica o pesquisador. Ou seja, quanto mais degradada for a área do entorno do lago, menos ele vai atuar e mais gás carbônico vai atingir a atmosfera, piorando o cenário de aquecimento do planeta. Por causa dessa ação, o pesquisador apelidou os lagos de "guerreiros contra o aquecimento global".
Lagoas vitais também para a criação de peixes e alimentos para a população ribeirinha nos rios da Amazônia |
Para Humberto Marotta, professor de Geociências da UFF e orientador de Amora-Nogueira, o estudo aponta para a importância da conservação das áreas alagadas da Amazônia, muitas vezes deixadas de lado nas discussões sobre preservação da floresta: "Os lagos amazônicos são grandes guardiões contra o aquecimento global. Então, precisamos pensar as áreas prioritária de conservação não apenas para as árvores em pé, mas também para áreas alagadas, que prestam um serviço importantíssimo para o planeta. É preciso pensar sistemas de preservação mais amplos". O problema é que o desmatamento da Amazônia continua em ritmo acelerado. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entre agosto de 2021 e julho deste ano, os alertas de desmatamento alcançaram 8.590 km² da floresta, uma pequena queda de 2% em relação ao mesmo período de 2021. Foi o terceiro ano seguido que o órgão registrou alertas em uma área superior a 8 mil km² de floresta. O Pará é o Estado com maior devastação, de acordo com o Inpe. Nele, foram 3.072 km² desmatados no período, seguido pelo Amazonas (2.292 km²), Mato Grosso (1.433 km²) e Rondônia (1.179 km²).
Uma luta de todos os que amam a natureza e a vida é descobrir como recuperar a ecologia que se perde cada vez mais |
Fontes: BBC - folhaverdenews.blogspot.com
2,188,541 visualizações deste blog ao longo de 10 anos na web conectado ao movimento ecológico, científico, da cidadania, da não violência (cultura da vida) e nesta edição de agora maiks uma matéria de conrteúdo ambiental para você. Venha mais tarde conferir mais dados sobre os lagos na região do Rio Amazonas.
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ResponderExcluir"Enviando imagens de dois de quatro lagoas em grandes rios da divisa entre São Paulo e Minas Gerais, elas com certeza precisam ser recuperadas": comentário de Helenice Souza de Almeida, engenheira agrônoma que faz pesquisa sobre o capim nativo na região da Serra da Canastra, próxima a esta divisa. Agradecemos e vamos postar em matéria neste tema, abraço e paz aí,
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