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terça-feira, 30 de agosto de 2022

FALTA DE ECOLOGIA CAUSA MAIS DE 200 TIPOS DE DOENÇAS AGORA

As mudanças climáticas afetam diretamente mais de 200 tipos de problemas de saúde nesse momento no planeta também aqui em nosso país

Camilo Mora, ciência contemporânea

Doenças cada vez mais efeitos ambientais

 Recuperação da ecologia essencial para a saúde


Que as mudanças climáticas estão afetando cada vez mais nossas vidas é bastante evidente, argumenta Alícia Hernández, da BBC e agora uma equipe da Universidade do Havaí, nos Estados Unidos, divulgou um estudo postado também na revista Nature que mostra como enchentes, secas, chuvas ou calor em excesso e outros eventos extremos do clima impactam os humanos atualmente mais de 200 doenças já existentes na realidade. O estudo, bombando em agosto ano na revista científica Nature, foi iniciado com o objetivo de descobrir se as mudanças climáticas poderiam ter influenciado o surgimento e a expansão da Covid-19. Mas ele acabou sendo ampliado durante o processo e os cientistas cruzaram dados com mais de 70 mil artigos científicos e a incidência das mudanças do clima e do meio ambiente em doenças. O cientista colombiano Camilo Mora, professor do Departamento de Geografia e Meio Ambiente da Universidade do Havaí, foi quem liderou esse estudo, fundamental para se provar a relação direta entre a ecologia da vida e a saúde. 

"As mudanças climáticas complicaram 58% de todas as doenças que existem na humanidade. Muitas doenças que já existiam, voltaram e podem ter sido pioradas". (Camilo Mora)




Este cientista usa um cenário hipotético para ajudar a explicar a relação ecologia com saúde: "Eu posso me sentir forte, mas, de repente, aparece o Mike Tyson. Posso até aguentar com ele, mas ele vai me dar uma surra. Mas, se nesse mesmo cenário aparecerem outros três como ele, eu não vou conseguir sobreviver. Nossa vulnerabilidade em relação a isso é muito grande". Durante o estudo, ele e outros pesquisadores afirmaram terem encontrado 3.213 exemplos empíricos em que as mudanças climáticas afetaram doenças patogênicas. Entre os principais fenômenos causados ​​pelas mudanças climáticas, eles listaram quatro que mais influenciam as doenças: aquecimento global (que provoca 160 doenças), aumento das chuvas (122), enchentes (121) e seca (81). Os cientistas encontraram ainda mais de mil formas segundo as quais as ameaças climáticas, por meio de diferentes tipos de transmissão, resultaram em casos de doenças patogênicas. Eles as agruparam em quatro processos gerais, que se relacionam com a forma como o patógeno (o agente causador da doença) se comporta e quem é infectado.


Desequilíbrios do clima e do meio ambiente infectam


1. Movimento de aproximação dos patógenos com os seres humanos - Esse processo tem relação com a migração geográfica das espécies devido às mudanças climáticas. Por conta de chuvas, secas, derretimento de geleiras e outros eventos climáticos, os animais e todos os patógenos que eles carregam são obrigados a se deslocar. Segundo Mora, é o que ocorre com os morcegos que vivem na selva. "Por conta de um incêndio, por exemplo, o morcego pode ser obrigado a se deslocar e se aproximar de nós e, com ele, todos os seus patógenos". "O habitat deles está sendo afetado, é como se estivéssemos expulsando os animais", argumenta Camilo Mora. Esse movimento amplia a probabilidade de contato entre animais e humanos e, portanto, a propagação de mais doenças.


 Fugir de doenças: reequilibrar o clima e o meio ambiente


2. Movimento de aproximação dos seres humanos com os patógenos - As mudanças climáticas também têm levado ao deslocamento de seres humanos, tanto temporária como permanentemente, para locais onde se concentram os agentes patogênicos que nos causam várias doenças. O aumento de furacões ou as inundações, por exemplo, produzem esse fenômeno. As pessoas são obrigadas a andar (na água ou no meio de uma enchente), que está cheia de bactérias e vírus. Elas basicamente neste caso estão indo ao encontro do patógeno. Choveu demais e isso fez com que houvesse mais mosquitos, portanto também, mais doenças relacionadas a eles. Assim, aumenta o contato entre humanos e patógenos e, portanto, a probabilidade de ter doenças associadas. A seca é um outro fenômeno que obriga o deslocamento de pessoas. Por exemplo, na África, as pessoas devem migrar para onde há água. Neste movimento, transportam animais e seus patógenos, todos se reúnem no mesmo lugar onde está a água, acaba por estar a doença. E, mais uma vez, cresce a probabilidade de infecções devido ao aumento do contato com patógenos.


 A destruição de matas aumenta patogenos

 Aumentando demais as doenças socioambientais

Luta por amor à vida


3. A mudança climática está piorando as doenças - A alteração das condições climáticas em alguns lugares faz com que organismos e patógenos morram ou se adaptem. Pela seleção natural, apenas os mais fortes sobrevivem. E isso impacta diretamente doenças. Por exemplo, explica o cientista Camilo Mora, a febre é um mecanismo de combate algumas doenças e gera condições que os patógenos não gostam. Mas, até como resultado das ondas de calor cada vez mais frequentes, os patógenos estão se adaptando a temperaturas mais altas. Uma onda de calor de 40ºC ou 42ºC mata certos patógenos, mas os que sobrevivem têm a capacidade de suportar uma temperatura mais alta que a febre humana normal. Dessa forma, o patógeno já consegue se opor às defesas naturais de uma pessoa. Esse mesmo aumento de temperatura acelera o ciclo reprodutivo de algumas espécies. O prolongamento das temporadas de chuvas em algumas zonas também facilita a reprodução dos mosquitos, que são importantes vetores de doenças como chikungunya, febre amarela ou dengue. Outro dado é que com o aumento da seca, tanto animais quanto pessoas tendem a ser aglomerar.





4. Problemas do clima e do meio ambiente estão nos enfraquecendo e piorando nossas defesas - Tal fenômeno ocorre por meio de vários mecanismos. O primeiro deles se relaciona com a infraestrutura e o acesso a ela. Por exemplo, em caso de furacão ou inundação, o colapso da infraestrutura significa que podemos então não ter acesso aos serviços de saúde. Mas também somos afetados a nível corporal. Para citar apenas um dos efeitos possíveis, as mudanças climáticas podem gerar uma alteração no cortisol, o hormônio que é ativado diante do perigo para, por sua vez, despertar o mecanismo de defesa ou fuga. Nosso sistema imunológico é afetado e, se formos infectados, teremos menos capacidade de lutar contra as doenças. 

Excesso de calor causa doenças e mortes na Europa

O site DW também analisa relação entre doenças e falta de ecologia também por aqui em nosso país


Pensar com o coração - As doenças, que vão desde diarreias a doenças cardiovasculares, encefalites ou dermatites, têm algumas causas principais: vírus e bactérias, os que sobrevivem mais tempo, concluiu a pesquisa médica. A transmissão se dá, principalmente, pela água, pelo ar, pelo contato direto ou pelo consumo de alimentos. "Analisamos o efeito da mudança climática em cada doença, mas não a magnitude, como ela se espalha. Porque isso já depende de muitas outras condicionantes, como a cultura do país, as condições socioeconômicas ou as leis e sua valorização, o que é difícil de se calcular", explicou Camilo Mora.  Porém, ele ressalta que quantificar esses fatores remove a responsabilidade da verdadeira culpada: as alterações do clima e do contexto ambiental. Sobre as doenças contidas no estudo, ele diz que normalmente fica de olho nas que são infecciosas, mas há outras como alergias (uma das mais comuns é a alergia ao pólen), doenças respiratórias ou conjuntivites que são agravadas pela mudança climática. Embora o estudo indique que existem algumas doenças (pouco mais de 60) que em alguns casos melhoraram com os efeitos climáticos ou ambientais é difícil seguir com essa esperança sem gestão socioambiental e das variações do clima. "É muito assustador a quantidade de sofrimento que observamos ao longo do desenvolvimento desta pesquisa", afirma ainda o pesquisador da Colômbia Camilo Mora, professor do Departamento de Geografia e Meio Ambiente da Universidade do Havaí. Ele ressalta que os casos estudados por sua equipe já existiam, "mas ainda resta saber o que vai acontecer com as pessoas se não agirmos e os políticos não pararem de pensar apenas com o cérebro e passarem a colocar um pouco de coração nisso".

 

Pensar com a natureza e i coração


Fontes: BBC – Nature - folhaverdenews.blogspot.com

 

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