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terça-feira, 19 de julho de 2022

TRÊS PROFECIAS SOBRE O CLIMA E O MEIO AMBIENTE DO BRASIL

Ao invés de visão mística estas são algumas das conclusões e alertas de um coletivo mundial de cientistas do país e do planeta   

  Cada vez mais longe duma realidade sustentável com este desequilíbrio entre ecologia, economia e condição de vida humana


O novo relatório 2022 do IPCC da ONU tem alguns conteúdos em especial sobre o Brasil. Alguns dos fatores preocupantes são as mudanças climáticas em nosso país. Os impactos são o tema de um novo relatório do IPCC, o painel científico que assessora a ONU na questão climática. A principal mensagem do novo relatório do IPCC  diz que, durante as próximas duas décadas, as sociedades humanas não só por aqui em toda a Terra enfrentarão uma série de riscos climáticos inevitáveis provocados pelo aquecimento global de 1,5°C. Esta mensagem é seguida por um forte alerta: mesmo se excedido por pouco tempo, este nível de aquecimento gerará impactos adicionais severos, alguns dos quais serão irreversíveis. Mas os problemas não estão só no futuro, já recaem hoje sobre as populações e os continentes. Os impactos da mudança no clima e desequilíbrios no meio ambiente são causados por seres humanos e pela atual estrutura da economia. já provocaram perdas e danos para pessoas e ecossistemas, também na realidade socioambiental brasileira. E mais, metade da população mundial já vive sob risco climático, o pior é que os impactos são mais graves entre populações urbanas marginalizadas, como os moradores de favelas. Nas regiões mais vulneráveis, o número de mortes por secas, enchentes e tempestades foi 15 vezes maior na última década do que nas regiões menos vulneráveis. 


 Calor excessivo e umidade relativa do ar baixa demais


"A verdade é que toda a humanidade está em mares revoltos, mas alguns em certos países seguem de iate ou transatlântico, enquanto outros mal têm uma pedaço de isopor para se manterem vivos. A vulnerabilidade dos mais pobres aos impactos das mudanças climáticas têm cor, raça, gênero, etnia e geografia"; comentário feito ao Observatório do Clima por uma das autoras do novo relatório, a brasileira Patrícia Pinho, do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia). Eventos extremos e simultâneos causados pelos impactos das mudanças climáticas são mais difíceis de manejar. Apresentamos a seguir uma síntese das profecias ou um resumo das revelações do relatório do IPCC, no caso do Brasil.

 

 Calor, baixa umidade, falta de água

1. O calor e a baixa umidade ultrapassarão os limites da sobrevivência, se a a nossa nação ou a humanidade em geral não forem capazes de fazer a necessária redução das emissões de gases de efeito estufa, causadas em nosso país especialmente pelos combustíveis e outras fontes fósseis de energia, O calor e a umidade ultrapassarão a tolerância ou a saúde humana aqui e em todo o mundo caso as emissões não forem reduzidas. Por sinal, o Brasil está entre os países que, neste cenário, vivenciariam condições cada vez mais perigosas. O relatório do IPCC toma como base a temperatura de bulbo úmido, uma medida que combina calor e umidade [Ch 10, p.43]. 31°C já é uma temperatura do bulbo extremamente perigosa para os seres humanos. A situação passa a ser insuportável se a temperatura de bulbo chegar a 35°C por aproximadamente mais de seis horas. E isto até para adultos em forma e saudáveis à sombra. Mesmo abaixo destes níveis, o calor pode ser mortal, especialmente para pessoas idosas ou muito jovens e bebês ou ainda para aquelas que fazem trabalho braçal ao ar livre. Se as emissões forem reduzidas apenas no ritmo atualmente prometido pelos governos junto ao Acordo de Paris, grande parte da região amazônica experimentará de 1 a 12 dias por ano com a temperatura de bulbo de 32°C, de acordo com um estudo citado pelo relatório do IPCC [Ch 9, p.52]. Ainda segundo o mesmo estudo, se as emissões forem altas, a maior parte do Brasil experimentará temperaturas de bulbo de 32°C por pelo menos um dia por ano. Sendo que algumas partes do Norte e do Centro-Oeste do Brasil estariam sujeitas a estas condições perigosas por até 30 dias por ano. Algumas partes do Nordeste poderiam atingir valores fatais de 35°C nesta medição do bulbo. Com as emissões continuando como estão hoje, sempre a aumentar, as mortes por calor no Brasil aumentarão em 3% até 2050 e em 8% até 2090, de acordo com um estudo citado pelo relatório. Isto poderia ser reduzido a um aumento de 2% se as emissões forem rapidamente reduzidas [Ch 10, p.71]. Considerando o efeito ilha de calor urbano, os habitantes das cidades do Rio de Janeiro e São Paulo serão particularmente expostos a níveis perigosos de temperatura de bulbo [Ch.12, p.31-32].

 

  Secas e/ou enchentes que já acontecem irão aumentar

2. Secas e enchentes devastarão as casas e os meios de subsistência no Brasil se governos e empresas não cortarem radicalmente as emissões de gases de efeito estufa. A seca já é uma ameaça crescente em algumas regiões brasileiras. As áreas do Nordestes sujeitas à seca, por exemplo, aumentaram em 65% no período 2010-2019 em comparação a 1950-1059. Para o futuro se espera que os impactos das mudanças climáticas impulsionem ainda mais aumentos nas secas [Ch.12 p.28]: outra previsão é que as chuvas diminuam em 22% no Nordeste ao longo deste século se as emissões forem elevadas [Ch.12 p.11]. As secas se tornarão mais frequentes e afetarão também áreas maiores no sul da Amazônia [Ch.12, p.21]. Até 2100, o aquecimento pode reduzir em 27% a vazão na bacia do Tapajós e em 53% na bacia do Araguaia-Tocantins [Ch.12, p.26]. Como resultado dessas mudanças e acrescidos o desmatamento e os impactos diretos do maior calor, metade da floresta tropical amazônica poderia se transformar em pastagens secas se as emissões continuarem a aumentar, com consequências devastadoras [Ch.2 p.89]. A transformação da floresta tropical amazônica em pastagens secas poderia causar reduções da precipitação de 40% e quebrar a circulação de monção sul-americana [CCP7 p.15]. Ao mesmo tempo em que se projeta a diminuição da pluviosidade geral em grande parte do Brasil, deve aumentar o número de eventos de chuvas extremas, o que implica aumento na probabilidade de enchentes e deslizamentos de terra [Ch 12, pp.20, 21, 24 & 28]. Acre, Rondônia, Sul do Amazonas e Pará são os estados e regiões que mais devem sofrer com o aumento do risco de inundações mais frequentes e extremas [Ch.12, p.27]. Mesmo com cortes rápidos de emissões, a população afetada pelas enchentes no Brasil deverá dobrar ou até triplicar [Ch.12 p.5]. Nem o Sudeste e o Sul com melhor estrutura na condição de vida escaparão deste cenário, caso não se tomem medidas ambientalmente radicais.  



Megacrise na produção de alimentos...

 ...afetando saúde e vida mais ainda dos mais vulneráveis

3. A produção de alimentos será afetada pelas mudanças climáticas aqui e em todo o planeta, altas temperaturas e eventos climáticos extremos como secas, ondas de calor e enchentes já prejudicam a produção de alimentos [Ch 5, p.14-15]. O relatório do IPCC sugere que estes fatores prejudicarão ainda mais a agricultura no Brasil se as temperaturas continuarem a subir [Ch 12, p.11]. A produção de arroz poderia cair em 6% com altas emissões, ou 3% com cortes rápidos de emissões. A produção de trigo poderia cair 21% com altas emissões ou 5% com cortes rápidos de emissões. E a de milho em 10% com altas emissões ou 6% com cortes rápidos de emissões. Isto tudo segundo um estudo citado pelo relatório [Ch 13, p.57]. Estas projeções podem estar subestimadas, isso é o que há de mais assustador. De acordo com outro estudo citado pelo relatório [Ch 12, p.26], a produção de milho poderia cair em até 71% até o final do século no Cerrado se as emissões continuarem a aumentar ou 38% se as emissões fossem reduzidas, mas apenas em parte e não tão rapidamente quanto as ciência atual exige. A combinação do aumento continuado de emissões de gases de efeito estufa com o desmatamento local poder causar uma queda de 33% na produção de soja e na das pastagens na Amazônia Legal, de acordo com mais um estudo citado no relatório [Ch 12, p.26]. Enfim, o Brasil que já voltou agora em 2022 ao mapa da fome poderá ter agravado acima de todos e quaisquer limites a insegurança alimentar em especial das populações mais vulneráveis e regiões mais carentes. 


 Na violência da realidade ser desumano


Cabe a pesquisadores e principalmente governos e prefeituras analisarem estes e outros dados do novo relatório do IPCC da ONU para antecipar um gestão mínima do clima e do meio ambiente, evitando a tragédia das tragédias anunciadas agora pelo coletivo mundial do cientistas, os profetas da atualidade. 


 Cientistas profetizam o caos se a realidade não mudar e avançar


Fontes: IPCC da ONU - Observatório do Clima - WWF- folhaverdenews.blogspot.com

 

8 comentários:

  1. Nas regiões mais vulneráveis, o número de mortes por secas, enchentes e tempestades foi 15 vezes maior na última década do que nas regiões menos vulneráveis.

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  2. Já temos mais alguns dados e análises do novo relatório do IPCC e da situação brasileira e planetária do clima e do meio ambiente, venha conferir este conteúdo amanhã.

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  3. Você pode postar direto a sua mensagem ou opinião aqui nesta seção, se puder ou quiser envie pro e-mail do nosso editor padinhafranca603@gmail.com

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  4. "Fiz algumas artes sobre um caos do clima no Brasil e no planeta, estou enviando aí como colaboração a estas boas matérias de alerta": comentário de Pablo de Almeida, do Rio de Janeiro (RJ), artista plástico: a gente agradece e com certeza vamos divulgar esses trabalhos, abraços aí e siga em frente a bem da recuperação da ecologia da vida.

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  5. "Precisamos agir agora ou será tarde demais": comentário de Rodrigo Gerhardt, que fez matéria sobre o novo Relatório do IPCC para o site do Greenpeace.

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  6. "O clima não espera: cientistas do IPCC alertam que combater o aquecimento global exige mudanças sem precedentes, mas ainda é possível se não perdermos tempo; e nossas florestas são motivo para ter esperança. Limitar o aquecimento global a 1,5 grau se torna mais difícil a cada dia, mas ainda é possível, se agirmos agora, cobrando dos líderes políticos ações firmes": comentário que em resumo sintetiza a posição do Greenpeace.



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  7. “Além de acelerar a transição para uma matriz energética 100% limpa e renovável, o nosso país tem o desafio de revolucionar o setor agropecuário – que responde por cerca de 70% das emissões brasileiras, incluído a o ‘pum’ dos rebanhos, o uso de fertilizantes e o desmatamento de novas áreas – e trazê-lo para um patamar sustentável”: comentário extraído da matéria Greenpeace sobre este tema.

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  8. Desafio ao novo presidente - "Seja qual for o candidato eleito. o próximo presidente do país terá a missão de reduzir em 43% as emissões brasileiras até 2030. E isso só poderá ser feito combatendo duramente o desmatamento da Amazônia. Enfrentar as mudanças climáticas é uma obrigação moral para a sobrevivência dos brasileiros, tanto agora como para o futuro": comentário de Rodrigo Gerhardt, repórter ambiental na página do Greenpeace sobre os novos alertas do IPCC da ONU. .

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