Nosso enfoque hoje é o autor do livro "A queda do céu: palavras de um xamã Yanomami" Davi Kopenawa um líder indígena da Amazônia que segue indo à luta contra os garimpos, pela saúde das águas, pela cultura nativa e pelo povo do norte do Brasil
Davi Kopenawa Yanomami, líder e xamã |
O líder Yanomami,
convidado como catedrático do IEAT (Instituto de Estudos Avançados Interdisciplinares) anos atrás, voltou agora à Universidade de Minas Gerais (UFMG) para falar do livro “A
queda do céu: palavras de um xamã Yanomami”, que ele narrou e foi escrito em português em uma co-autoria com o
antropólogo Bruce Albert. Nesse meio tempo, Davi Kopenawa, conhecido no Brasil e no exterior por lutar contra a invasão de garimpeiros na terra indígena Yanomami (o garimpo de ouro polui as águascom metal pesado, mata os peixes e adoece as pessoas que pescam nos rios, base alimentar dos índios), além desta palestra maravilhosa em Belo Horizonte (MG) para pesquisadores e jovens universitários, foi há alguns meses agraciado com um prêmio internacional (considerado o Nobel Alternativo), o Right Livelihood Award). Depois do livro, da premiação, da palestra no IEAT, mais uma boa notícia para Kopenawa, para os índios, para o próprio movimento ecológico, científico e de cidadania: a informação foi dada em primeira mão pela Ecoa e retransmitida pelo nosso Podcast da Ecologia desta semana, finalmente, os pajés (médicos do mato) são valorizados e também reconhecidos, o Xamanismo elevado ao nível de ciência. Ocorre que a entidade ABC, que já nomeou Albert Einstein, elegeu este grande líder indígena Davi Kopenawa Yanomami como membro efetivo da Academia Brasileira de Ciências (ABC) por suas contribuições sobre doenças ocultas da floresta e desconhecidas das cidades, dentro de um vasto relatório poético e científico que é narrado em seu livro.
O livro e a cultura Yanomami invadem o mistério... |
...e a realidade que os índios vivenciam... |
...também no lado mágico da Amazônia |
Na UFMG, na Sala de Teleconferências da Faculdade de Educação, aconteceu o Seminário Saberes Indígenas na Escola: Yanomami, Sanumá e Ye’kwana. Depois, Kopenawa falou ao público sobre o seu livro na seção “Palavras de um Xamã Yanomami”, no Auditório Neidson Rodrigues. Também em BH, Davi Kopenawa participou da mostra: “Olhar: um ato de resistência” com filmes e videos de cineastas índios de variadas etnias.
Davi guia seu povo com a sabedoria ancestral da Amazônia que a gente da cidade pouco conhece |
No caso deste livro, ele foi editado e lançado na França em 2010 e só recentemente no Brasil, já é considerado um marco na Antropologia. Davi quis escrevê-lo, com a ajuda do pesquisador Bruce Albert, para que os Napë – o povo branco– escutasse suas palavras. Em resumo o autor Yanomami explicou que o pensamento do “povo da mercadoria” fica vazio se não estiver em “pele de papel”. O pensamento do Yanomami não precisa ser desenhado no papel, fixa-se dentro dos corpos e “é longo como um livro interminável no tempo e no espaço". Através de metáforas, comparações e críticas ao mundo ocidental, Kopenawa relata no livro sua trajetória e luta política, a história de seu povo e as tragédias provocadas pelo contato com os brancos à partir das primeiras invasões em 1960. Davi Kopenawa descreve também a cosmologia Yanomami e alerta os Napë quanto à destruição da floresta e de seus seres e à consequente queda do céu. Narrando os mitos de origem, as histórias de Omama (demiurgo) e dos Xapiri (espíritos), Davi é ao mesmo tempo porta-voz destes seres e de seu velho sogro, sábio que lhe guiou ao Xamanismo das florestas.
Davi Kopenawa paramentado para a magia na luta pelos povos e pela cultura da floresta |
(Mais tarde, amanhã, mais informações na seção de comentários deste blog Folha Verde News, nesta edição, vamos postar também dois vídeos, um da palestra de Davi Kopenawa em evento na UFMG e um outro, sobre cultura indígena, no Centro de Artes UFF)
O branco (Napê) ainda há de descobrir e se encantar com o xamanismo da Amazônia |
Fontes: Uol - UFMG - IEAT - Ecoa - Podcast da Ecologia
folhaverdenews.blogspot.com
Mais tarde, amanhã e depois, vamos postar mais informações sobre Davi Kopenawa, seu livro "Queda do Céu", também sobre os Yanomammi, a luta indógena e a magia xamânica do povo da floresta, venha conferir depois, OK?
ResponderExcluir“Se o xamanismo é essencialmente uma diplomacia cósmica dedicada à tradução entre pontos de vista ontologicamente heterogêneos, então o discurso de Kopenawa não é apenas uma narrativa sobre certos conteúdos xamânicos — a saber, os espíritos que os xamãs fazem falar e agir — ele é uma forma xamânica em si mesma, um exemplo de xamanismo em ação, no qual um xamã tanto fala sobre os espíritos para os Brancos, como sobre os Brancos (Napê, na língua Yanoomami) a partir dos espíritos, e ambas estas coisas através de um intermediário, ele mesmo, um intérprete ou porta voz da floresta que fala Yanomami”: comentário de Viveiros-de-Castro, antropólogo, que participou do evento da UFMG relatado em vídeo hoje neste blog.
ResponderExcluirVocê pode postar direto aqui a sua opinião, se preferir, envie o seu conteúdo (texto, foto, vídeo, pesquisa, notícia, charge, arte etc) pro e-mail deste blog que mais tarde vamos divulgar todo o material, mande para navepad@bbol.com.br
ResponderExcluir"A cultura dos povos da floresta em seu lado mágico, de xamanismo, pajelanças e rituais é uma riqueza extraordinária do Brasil, que não podemos deixar desaparecer junto com o que ainda sobrevive na Amazônia": comentário de Antônio de Pádua, ecologista, editor deste blog e do Podcast da Ecologia.
ResponderExcluir