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sexta-feira, 20 de novembro de 2020

ESCRITOR E JORNALISTA ELE É MUITO POUCO CONHECIDO NO BRASIL O QUE POR SI SÓ JÁ DEMONSTRA O RACISMO NA NOSSA REALIDADE

Luiz Gama foi uma figura-chave na história e até na formação do povo brasileiro conclui a pesquisadora Lígia Fonseca Ferreira


 Além de abolicionista um produtor cultural quebrando os limites da sua realidade e do seu tempo, Luiz Gama...

 ...é definido pela pesquisadora de Letras como um jornalista e escritor que ajudou até a formar o nosso povo com seus textos avançados


  • Superimportante a matéria feita pelo repórter Edison Veiga na Eslovênia para a BBC sobre um personagem fundamental do Brasil, lá ele entrevisto a pesquisadora que há 25 anos estuda a vida e os textos de Luiz Gonzaga Pinto da Gama, Ligia Fonseca Ferreira concluiu que o abolicionista mais célebre do nosso país é um dos menos conhecidos escritores e jornalistas brasileiros, tema de sua tese de doutorado, iniciada em 1995 e concluída no ano 2000 na Universidade Sorbonne Nouvelle — Paris III. Ela descobriu um personagem muito mais dinâmico do que as poucas linhas que a historiografia oficial lhe reservou. Se nos últimos anos, o abolicionista vem sendo reconhecido como verdadeiro advogado — autodidata, soube utilizar as leis vigentes para conseguir, pela justiça, alforriar centenas de escravos — e figura-chave no movimento abolicionista brasileiro, Ferreira foi além. Professora de Letras da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), ela atentou para os talentos literários e jornalísticos de Luiz Gama. Apenas 12 anos depois de ter aprendido a ler, Gama publicou, em 1859, seu único livro, Primeiras Trovas Burlescas. Foi assíduo colaborador de jornais da época, tendo escrito centenas de artigos para publicações tanto de São Paulo, onde morava, quanto do Rio, a capital federal e centro cultural do país então.


  •  Em vídeo no seu blog hoje Emicida também dimensiona Luiz Gama de maneira diferente da história oficial do Brasil


  • Nascido em Salvador, Gama era filho de uma escrava liberta com um descendente de portugueses. Quando ele tinha 10 anos, seu próprio pai o vendeu como escravo. Então ele foi mandado para São Paulo. Conseguiu a alforria aos 17 anos, ainda analfabeto. Sem nunca ter tido aulas formais mas, provavelmente, frequentando a biblioteca da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, tornou-se um estudioso das letras, autodidata, que conseguiu ir abrindo o seu caminho no complexo mundo da expressão cultural com um talento genial, levando em conta os limites que enfrentava. Depois de organizar a edição crítica da obra poética integral do autor — publicada pela editora Martins Fontes, no ano 2000 — e de publicar a antologia Com a Palavra, Luiz Gama: Poemas, Artigos, Cartas, Máximas — pela Imprensa Oficial, em 2011 —, Ferreira está lançando Lições de Resistência: Artigos de Luiz Gama na Imprensa de São Paulo e do Rio de Janeiro, 1864-1880, pela Edições do Sesc. A obra, que traz 61 artigos escritos pelo abolicionista, é fruto de um trabalho de pesquisa e seleção de três anos. Para ela, reconhecer o Gama escritor é fundamental para que sua biografia não seja reduzida a "um relato chapado, a umas poucas linhas na história do abolicionismo". "Ele é dono de uma escrita bastante complexa, poderosa, literária. Naquele momento, a imagem precisava ser construída com a palavra e ele era o homem da imagem. Escrevia assumindo o foco narrativo, como se tivesse uma câmera", afirma Ligia Fonseca Ferreira. Isso dimensiona o alcance de Luiz Gama também como um homem que revolucionou a vida cultural do Brasil, influindo na formação de toda nossa gente. 

    (Confira depois na seção de comentários deste blog ligado ao movimento ecológico, científico e de cidadania mais informações sobre a luta cultural do líder da Abolição Luiz Gama: na edição de hoje, Dia Nacional da Consciência Negra, já estão postados dois vídeos, um com o músico Emicida, produção do site Uol, sobre o racismo brasileiro, nesse mesmo tema, sob outro enfoque, o video da revista Superinteressante que fala muito sobre esta realidade)

     

    Luiz Gama fundamental para todos brasileiros mesmo porque todos nós somos negros...

     Ilustração de um texto de Luiz Gama, maior que a sua época

     Hoje o movimento negro, da ecologia e da cidadania formam um frente única para buscar um avanço sustentável para toda nossa população

                                              
                                  

    Fontes: BBC - Universidade Sorbonne Nouvelle - Uol - Superinteressante

  •                 folhaverdenews.blogspot.com


6 comentários:

  1. Aguarde para logo mais e também amanhã mais dados sobre Luiz Gama, sobre o movimento negro e toda a luta de cidadania e de cultura da vida no Brasil.

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  2. Você pode postar direto aqui a sua opinião, se preferir, envie o seu conteúdo (texto, foto, vídeo, notícia, pesquisa, charge etc) pro e-mail deste blog navepad@bol.com.br que mais tarde vamos divulgar o material.

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  3. "Junto com o movimento negro em São Paulo, nos anos 80, tive uma experiência muito rica, escrevi o texto do musical Ongira Grito Africano, ao lado do musicólogo pela Universidade Federal da Bahia, Estevão Maya, da comunidade negra do Maranhão: a peça foi apresentada no Teatro Brigadeiro, mas boicotada pela mídia, o que causou a sua saída de cena. De toda forma.valeu a luta do movimento e agora fico melhor informado sobre os desafios que Luiz Gama enfrentou, muito maiores do que os nossos e venceu": comentário de Antônio de Pádua Silva Padinha, autor, repórter, ecologista e editor deste blog e do Podcast da Ecologia.

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  4. "Um dos trechos que ele usa para destacar o estilo está no texto Emancipação, publicado pela Gazeta do Povo em 1º de dezembro de 1880. "Em nós, até a cor é um defeito, um vício imperdoável de origem, o estigma de um crime; e vão ao ponto de esquecer que esta cor é a origem da riqueza de milhares de salteadores, que nos insultam ; que esta cor convencional da escravidão, (...) à semelhança da terra, (a)través da escura superfície, encerra vulcões, onde arde o fogo sagrado da liberdade. Vim (lembrar ao) ofensor do cidadão José do Patrocínio por que nós, os abolicionistas, animados de uma só crença, dirigidos por uma só ideia, formamos uma só família, visando um sacrifício único, cumprimos um só dever": comentário extraído da matéria de Edison Veiga, BBC.

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  5. Por que até pouco tempo atrás Luiz Gama mal era citado como um dos abolicionistas? Responde Ligia Fonseca Ferreira: "Você sabia que (o abolicionista) José do Patrocínio (1853-1905) era negro? Talvez nos livros didáticos, quando se ensinava abolição, isso nem se falava….Ele era lembrado como o abolicionista Luiz Gama, tinha lá uma estátua de bronze. Mas realmente sua personalidade está sendo trazida agora, por isso meu propósito em identificar a grandeza de sua obra. Não temos a obra jornalística de Joaquim Nabuco, de José de Alencar, do próprio Machado de Assis? Luiz Gama não foi coisa pouca. Havia uma lei de 1837 que proibia negros de irem à escola. Então o fato de ele escrever e optar por isso, ele deve ter sido um superdotado. Depois, ao escrever nos jornais onde estavam os homens brancos letrados, ele passou a ocupar uma instância de poder.

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  6. "Além desta expressiva matéria sobre o Luiz Gama, curti muitos os dois vídeos nesta página, tanto o revista Superinteressante coimo, mais ainda, o do Emicida sobre o racismo": comentário de Leonor Borges de Souza, descendente de africanos e de portugueses, Rio de Janeiro (RJ).

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