O estudo dela alerta para
a importância da conservação da biodiversidade aquática a bem de toda natureza também da saúde e vida da população
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Cecília Contijo Leal (USP/UFLA) na sua pesquisa que...
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A
biodiversidade de água-doce na Amazônia brasileira permanece ameaçada enquanto
as estratégias de conservação estiverem direcionadas somente aos ecossistemas
terrestres. É o que afirma um novo estudo da Rede Amazônia Sustentável. O trabalho mostra que as iniciativas de
conservação focadas nas espécies terrestres protegem apenas 20% da
biodiversidade presente em rios, lagos e riachos. E a pesquisa indica também
como otimizar a conservação das espécies de água-doce na região. Ela foi
realizada por um mutirão de cientistas do Brasil, Austrália, Estados Unidos,
Suécia e Reino Unido evidenciando que, embora importantes para a regulação do
clima e como fonte de alimento e combustível paras as populações locais,
os ecossistemas aquáticos costumam ser negligenciados nos projetos e ações
de conservação. Confira a matéria de Ana Laura Lima no site EcoDebate, e no
blog da gente hoje.
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...pela abrangência do enfoque reuniu todo um...
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...mutirão de cientistas...
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...capaz de enfocar todo o universo das águas e da natureza
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O
estudo aponta estratégias para aumentar a proteção às espécies de água-doce por
meio de esforços de conservação direcionados às espécies terrestres,
como considerar as microbacias e as redes hidrográficas da região, comenta o site EcoDebate. Publicado na revista Science (Integrated terrestrial-freshwater planning doubles
conservation of tropical aquatic species), o trabalho é pioneiro ao integrar
informações da biodiversidade aquática e terrestre para ações de conservação
ambiental na Amazônia. A pesquisadora Cecilia Gontijo Leal, da
Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de Lavras (UFLA), primeira autora do estudo, afirma
que o planejamento da conservação geralmente se concentra na proteção de
espécies que vivem na terra. “É que se presume que as espécies de água-doce serão
protegidas incidentalmente – isto é, por acaso, como resultado dos esforços
para conservar as espécies terrestres”. Não é bem assim, acompanhe a seguir a matéria de Ana Laura Lima, da Embrapa na Amazônia.
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Ainda mais na realidade atual da Amazônia...
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...fundamental estudar as espécies aquáticas
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"Os pesquisadores
avaliaram mais de 1.500 espécies de água-doce e terrestres em 99 igarapés
– canal estreito de rio – e em 377 pontos de estudo na Amazônia
brasileira. Os principais grupos de espécies aquáticas incluíram peixes,
libélulas e invertebrados nas microbacias localizadas nas áreas analisadas.
Eles também examinaram espécies terrestres, incluindo plantas, aves e besouros
rola-bosta. Um dos principais
resultados aponta que as iniciativas de conservação com foco somente nas
espécies terrestres protegem apenas 20% das espécies de água-doce. “Ou seja,
cerca de 80% das espécies que vivem em rios, riachos e lagos ficam
desprotegidas. Para enfrentar a crise da biodiversidade aquática, essas espécies
precisam ser explicitamente incorporadas ao planejamento de conservação”,
analisa a cientista Cecília Contijo Leal. Por sua vez, o cientista Gareth Lennox, da Universidade de Lancaster, no Reino Unido, coautor do trabalho,
afirma que por meio do planejamento integrado se descobriu que a proteção das
espécies aquáticas pode ser aumentada em até 600% sem redução na proteção das
espécies terrestres: “Isso representa uma grande oportunidade para a
conservação, e a proteção para um grupo de espécies não requer perdas de
proteção para os outros, nem aumentos significativos de custo”, explica Gareth Lennox.
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A revista Science deu destaque à pesquisa que envolveu vários cientistas...
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Lacunas de informação nas ações de conservação - Outra coautora do trabalho, Joice Ferreira, pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental, uma das instituições coordenadoras da
Rede Amazônia Sustentável (RAS), novas medidas de conservação são
necessárias para garantir maior proteção à biodiversidade aquática. “Ainda
temos muitas lacunas de informação em torno das espécies de água-doce,
especialmente nas regiões tropicais hiperdiversas. Isso representa um problema
para o planejamento da conservação. Mas nosso estudo apontou soluções eficazes
para aumentar a proteção aos ecossistemas aquáticos, que são tão importantes
para a biodiversidade”. As espécies de
peixes conhecidas na Bacia Amazônica, que envolve também outros países, são em
torno de 2.750. Mas os pesquisadores da RAS acreditam que esse número é
subestimado, podendo ser até 40% maior. Para se ter uma ideia, em um único
trecho de 150 metros em um igarapé – canal estreito de rio – os pesquisadores
encontraram até 50 espécies de peixes. “Isso é o que é encontrado em um país
inteiro, como a Dinamarca”, exemplifica a pesquisadora Joice Ferreira, para quem a
maioria dos projetos de conservação em curso na região não considera a riqueza
da biodiversidade de água-doce.
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...para abranger todo o universo da ecologia das águas
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Um ganho de 600% - A partir dos dados
coletados em campo e com a ajuda de programas de computador, o estudo realizou
simulações de planejamento para a conservação, pautadas apenas na
biodiversidade terrestre e pautada em ambas. No cenário que considera somente
os organismos terrestres, se perde 80% da biodiversidade aquática. Já no
cenário que considerou os melhores locais do ponto de vista das espécies terrestres
e aquáticas, houve um ganho de até 600% na conservação das espécies de
água-doce, mantendo também a totalidade da conservação das terrestres. O terceiro cenário
no trabalho foi considerar as redes hidrográficas como pontos referenciais para
a escolha de áreas para a conservação. Ao levar em consideração a conectividade
dos rios na escolha das áreas, o grupo descobriu que a proteção aquática
poderia ser duplicada mesmo na ausência de dados de distribuição de espécies. Isso em resumo significa que a conectividade dos
rios, segundo os especialistas, é um importante indicador para o
estabelecimento de Unidades de Conservação. Isso porque as espécies de
água-doce dependem crucialmente da ligação entre todos os sistemas fluviais.
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Um dos temas da pesquisa coletiva, a conectividade dos rios...
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Rumo sustentável - Os resultados do
trabalho são importantes indicadores para a tomada de decisão no planejamento
de ações na Amazônia. Entre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável,
estabelecidos pela ONU, dois se referem diretamente à manutenção da vida na água e na terra. Para o professor
Jos Barlow, da Universidade de Lancaster, coautor também deste trabalho de ponta, embora o estudo
não aborde ações específicas de conservação para espécies de água-doce ou
terrestres, ele pode ser usado como um guia para identificar áreas prioritárias
com métodos de conservação mais adequados e eficazes. “Estas descobertas todas mostram que a conservação que integra diferentes ecossistemas e habitats pode
fornecer resultados substancialmente melhores em comparação a abordagens mais restritas”,
finaliza em sua matéria Ana Laura Lima, jornalista, Embrapa, Pará.
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...que garantem a ligação de todos os sistemas fluviais...
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(Confira na seção de comentários deste blog mais dados sobre a pesquisadora Cecília Contijo Leal, bem como outras informações do tema de hoje no Folha Verde News, onde vamos postar 2 vídeos, para você aproveitar melhor esta matéria, um deles da Embrapa faz um resumo desta pesquisa que saiu publicada com destaque na revista Science, o outro vídeo, basicamente mostra a relação da nossa vida com o ciclo das águas)
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...e a sobrevivência das espécies aquáticas e terrestres
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Fontes: Revista Science - Rede Amazônia Sustentável (RAS) - Embrapa Amazônia Oriental - ecodebate.com.br - folhaverdenews.blogspot.com
Va prática foi um mutirão de cientistas, liderados pela enfoque da pesquisa de Cecília Contijo Leal.
ResponderExcluirCorrigindo comentário anterior, Na prática...
ResponderExcluirCecília Contijo Leal tem graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Minas Gerais (2005), mestrado em Ecologia Aplicada pela Universidade Federal Lavras (UFLA; 2009) e doutorado em regime de co-tutela pela Lancaster University (Reino Unido) e pela UFLA (2015). Atualmente faz pós-doutoranda da Universidade de São Paulo (USP), campus Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALq), sendo membro do comitê gestor da Rede Amazônia Sustentável (RAS).
ResponderExcluir"Eu me interesso por aspectos ecológicos e de conservação de ecossistemas tropicais de água doce, particularmente os cursos d'água de pequeno porte em paisagens antropicamente modificadas. Participo de projetos de pesquisa com o foco nos efeitos das mudanças nos usos da terra em múltiplas escalas da paisagem sob a biodiversidade e provisão de serviços ambientais em riachos da Amazônia e do Cerrado, discutindo a efetividade da legislação ambiental brasileira assim como oportunidades de conservação e alternativas de manejo": comentário da cientista sobre o seu trabalho.
ResponderExcluirPara a mídia ou pesquisadores aqui o contato desta cientista: c.gontijoleal@gmail.com
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