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quarta-feira, 30 de setembro de 2020

AS INVESTIGAÇÕES DA POLÍCIA FEDERAL INDICAM QUE OS INCÊNDIOS NO PANTANAL COMEÇARAM EM GRANDES PROPRIEDADES PARA TRANSFORMAR VEGETAÇÃO NATIVA EM PASTAGENS

Quase 20% da área pantaneira já foram destruídos até hoje e o fogo que já detonou 25 mil hectares no Pantanal do Mato Grosso do Sul começou em grandes fazendas afirmam os investigadores da PF que usaram também imagens de satelites


Um dos primeiros focos de incêndio na região de...

...Corumbá (MS) que é uma das mais afetadas do Pantanal...

...pelos incêndios que ainda não foram controlados


Todo o fogaréu começou em 4 fazendas de grande porte na região de Corumbá (MS) conforme investigações da Polícia Federal que começaram ainda em junho e estão para ser concluídas agora, sendo que entidades e autoridades ligadas ao agronegócio parecem estar agindo para dificultar o processo investigativo. Documentos da PF a que o site Ambiente Brasil teve acesso informam que estas grandes propriedades rurais são Califórnia (pertecente a Hussein Ghandour Neto e tem 1.736 hectares), Campo Dania (de Pery Miranda Filho e de sua mãe Dania Tereza Sulzer Miranda, tendo 3.061.67 hectares), São Miguel (de Antonio Carlos Leite de Barros, com 33.833,32 hectares) e Bonsucesso (de Ivanildo da Cunha Miranda, propriedade que soma 32.147,06 hectares). Todas estas quatro fazendas se enquadram no conceito de grandes propriedades pelos critérios técnicos do Incra, já que possuem área superior a 15 módulos fiscais. Nesta região pantaneira, fazendas ali do agronegócio com tamanho acima de 1.650 hectares são consideradas grandes propriedades do poderoso agronegócio e isso é um fator que poderiam estar complicando as investigações. 


A proximidade entre os pastos e as matas é um dos fatores...

...que aumentam ainda mais a situação de risco mas os fogos parecem ter sido intencionais segundo investiga a PF


Neste ano, o Pantanal que é a maior área úmida de todo planeta no entanto registrou o maior número mensal de queimadas desde 1998 quando começaram os registros que vem sendo feitos por satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Até estes últimos dias de setembro de 2020 foram detectados 6.048 pontos de fogo, mesmo estando em vigor por lá decreto governamental proibindo queimadas por ali por 120 dias, até novembro.  Segundo o G1 da Globo, o advogado de Ivanildo Miranda, Newley Amarilla afirmou que a defesa técnica só será apresentada quando se formalizar uma denúncia pelo Ministério Público Federal (MPF) e se colocou à disposição das autoridades. 


O Brasil e o planeta esperam que o MPF leve adiante o processo e responsabilize os culpados pelo megracrime ambiental


Ainda nesta quarta-feira às 11h a Globo News informava que mais 400 focos de incêndio surgiram nessa região de Corumbá, onde se concentraram as investigações da PF: apesar do grande esforço do Corpo de Bombeiros do Mato Grosso, bem como se reforços em brigadistas e equipamentos vindos de outros estados, como Minas Gerais e até Pernambuco, os incêndios ainda não estão contidos e o calor de mais de 40 graus com ventos dificultam também a operação de corta fogo. 


No blog hoje vídeo da TV Cultura sobre a investigação da PF e um outro sobre como é o dia a dia duma fazenda pantaneira


Voltando às investigações da PF, que agora em setembro deflagrou a operação Matáá, já foram cumpridos 10 mandados de busca e de apreensão, no meio rural e na cidade. Na casa de Pery Filho policiais encontraram arma e munições, mas ele não ficou preso, foi liberado quase imediatamente por determinação judicial. Também foram apreendidos celulares, notebooks, computadores: "A materialidade tem que ser comprovada, além da culpa, do dolo, se houve ou não o ato intencional de destruir a vegetação do bioma para renovar ou ampliar a área de pastagem", comentou o Delegado PF nesta operação, Leonardo Raifaini, acrescentado que "a perícia, todas as investigações estão sendo feitas e não apenas nesses 25 mil hectares da região de Corumbá, em breve teremos resultados, a investigação está sendo maturada, está bem adiantada, logo poderemos ter mais condição de esclarecer estes fatos". 


Os impactos destas queimadas atingem a fauna e todos os animais das fazendas, agora as cidades em volta e vão comprometer também a qualidade do produto das terras e da pecuária


Sobre os impactos destes incêndios, Sandra Santos, pesquisadora da Embrapa. avalia que eles causam danos muito grandes ao bioma, dependendo de fatores como formação vegetal, localização, tipo de solo, frequência, intensidade e duração do fogo, além da influência de condições do clima. Além das plantas e dos animais, os incêndios têm também grande impacto no solo, influindo na umidade, na matéria orgânica, podendo danificar as características físicas, químicas e biológicas da terra, o que será também um problema para os fazendeiros que criam gado ou plantam soja. As agressões à ecologia vão repercutir também na economia da região e do país. 


(Confira depois mais tarde, mais dados e informações na seção de comentários deste blog da gente, ligado ao movimento ecológico, científico e de cidadania, por exemplo, a posição da Federação dos Agricultores e Pecuaristas do Mato Grosso do Sul (Famasul): nesta edição do Folha Verde News, postamos dois vídeos, um deles da TV Cultura sobre esta operação da Polícia Federal e o outro mostra uma fazenda típica da região de Corumbá antes deste surto de incêndios, a proximidade entre o pasto do gado e a vegetação nativa do Pantanal).  


Além dos fazendeiros que atearam os primeiros fogos para ampliar as pastagens outra culpa é com certeza da falta de gestão ambiental governamental da ecologia que resta no país, que era da natureza, hoje, é da violência ambiental


Fontes: Ambiente Brasil - G1 - INPE

                   folhaverdenews.blogspot.com


6 comentários:

  1. A Federação dos Agricultores e Pecuaristas de Mato Grosso do Sul (Famasul) informou que os produtores das regiões afetadas pelas queimadas têm “diversas iniciativas para prevenir e controlar a situação, amenizar os prejuízos, proteger a fauna, flora e a integridade física das pessoas”. “A Famasul defende o lícito, e confia no trabalho das autoridades para a apuração dos fatos”, comentou o presidente da entidade, Maurício Saito.

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  2. "Por causa do grande aumento de queimadas na região do Pantanal, uma equipe da delegacia da PF em Corumbá começou a monitorar alguns focos. A suspeita é que foram provocados intencionalmente, por pessoas que se aproveitaram da situação climática atípica e da estiagem na área": comentário extraído de matéria sobre esta tragédia no site Ambiente Brasil.

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  3. Depois, mais tarde e amanhã, vamos mostrar por aqui como estão os desenrolamentos destes fatos apurados até aqui pela Polícia Federal e a posição do MPF também.

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  4. Você pode postar a sua opinião direto aqui nesta seção do blog, se preferir, mande por e-mail o seu conteúdo (texto, fotos, vídeo, pesquisa, notícias) para a redação desta nossa webpágina navepad@bol.com.br

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  5. "Esperamos que as autoridades políticas e governamentais que, com certeza, geriram mal o Pantanal, também venham a ser depois responsabilizadas por essa tragédia que envolve ecologia e economia de forma insustentável": é o primeiro comentário que chegou ao e-mail do nosso editor, assim que a matéria foi editada, veio de Campo Grande (MS), assinado por Matheus de Moura, advogado, mande a sua mensagem também para a gente: padinhafranca603@gmail.com

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  6. "A pergunta que eu faço é, após a denúncia da PF, o MPF vai levar adiante a punição a estes fazendeiros e ao agronegócio como um todo? Essa é a questão": comentário de Fabiana de Morais Santos, advogada, de São Paulo.

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