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A questão ambiental brasileira é manchete na mídia de todo o planeta depois da Cúpula Climática e também da abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas |
A jornalista Giovana Girardi resume hoje no site Terra contradições da fala presidencial sobre a Amazônia e o meio ambiente enquanto a mídia de vários países enfoca que o discurso agressivo na ONU não altera e pode até complicar a posição do Brasil no exterior, inclusive em termos de mercado: aqui no blog da ecologia um rescaldo das palavras ditas na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas que no setor socioambiental são contestadas pelos fatos e pesquisas: a seguir os principais trechos da matéria de Giovana Giradi.
"Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que monitora a floresta desde 1989, aponta que já houve um desmatamento acumulado de 19,73% do território. O Presidente afirmou que "nesta época do ano, o clima seco e os ventos favorecem queimadas espontâneas e criminosas. E ainda disse que "vale ressaltar" que existem também "queimadas praticadas por índios e populações locais, como parte de sua respectiva cultura e forma de sobrevivência. Análises feitas pela Nasa e pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) apontam uma correlação entre as queimadas atuais e o desmatamento que ocorreu nos meses anteriores. Alertas feitos pelo sistema Deter, do Inpe, indicam uma alta de quase 50% no desmatamento entre agosto do ano passado e julho deste ano, na comparação com os 12 meses anteriores. Há uma evidente correlação entre desmatamentos e queimadas na Amazônia e a queimada espontânea, por outro lado, é rara na floresta tropical úmida. E outros estudos mostram que quando o fogo é intenso e repetitivo, a chance de recuperação é muito mais demorada".
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Dados mostram que propriedades particulares de agronegócio foram o centro de desmates e de... |
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...queimadas também que aumentaram demais na Amazônia, no Cerrado, no país |
Segue a matéria do site Terra com colaboração do Estadão Conteúdo: "De fato existem
algumas queimadas provocadas por indígenas e populações tradicionais, mas para
limpar a roça, que não têm a proporção do que ocorreu em agosto na Amazônia. O Presidente levou
essa informação amparado em falas da indígena Ysani Kalapalo, sua apoiadora e que foi levada por ele à Assembleia-Geral da
ONU. Ele havia até compartilhado em suas redes sociais um vídeo de Ysani em que ela
aparece em sua aldeia e afirma: "Existe muito fake news sobre as
queimadas, que é culpa do governo. Não existe isso aí". O comentário é contestado por um estudo do
Ipam que mostrou, porém, que a maioria das queimadas ocorreu em propriedades
privadas neste ano. O Ministério Público Federal do Pará investiga inclusive
fazendeiros que estariam por trás do chamado Dia do Fogo, que ocorreu em 10 de agosto. Queimadas foram e são em propriedades privadas. E, apesar de essa
ser a temporada seca, há mais umidade neste ano que em 2016, por exemplo, que
também tinha sido um ano com mais fogo. Agosto deste ano teve mais queimadas
que a média para o mês dos últimos 21 anos".
Está sendo visto como um erro de informação também a informação do discurso presidencial que o país usa somente 8% do território nacional para a produção de alimentos e que 61% do nosso território brasileiro seja ainda preservado. "Ele se baseia em um estudo do United States Geological Survey e de dados controversos de seu guru ambiental, o agrônomo Evaristo de Miranda, chefe da Embrapa Territorial, que já foram contestados por diversos pesquisadores brasileiros. Um relatório chegou a ser divulgado neste ano, o Brasil: Inteligência e Dados sobre cobertura e uso da terra, assinado por cientistas como Carlos Nobre, do Instituto de Estudos Avançados da USP, e Eduardo Assad, também da própria Embrapa, desmontando estes dados. Segundo os cálculos mais aceitos, a produção agrícola no País ocupa cerca de 30%, de acordo com MapBiomas e Atlas da Agropecuária Brasileira. No documento, os pesquisadores explicam que a análise dos 8% foi baseada no projeto Global Food Security Analysis Support Data (GFSAD30), financiado pela Nasa, para fornecer dados globais sobre terras agrícolas e seu uso de água e apoiar a segurança alimentar no século 21. Segundo Eduardo Assad, da Embrapa, os dados da NASA/USGS foram validados tendo como base o censo agropecuário do IBGE. Ocorre que o IBGE estima uma área agrícola de 8,26%, apenas no que se refere às culturas de soja, algodão, arroz, cana-de-açúcar, feijão e milho, quando de fato a agricultura brasileira abrange 44 diferentes culturas, informa o relatório. Segundo Assad, os percentuais são referentes a apenas quatro tipos de culturas e não do total da produção agrícola do país".
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A pecuária e a agricultura de exportação avançam até sobre terras mais remotas de índios como os Yanomamis |
(Além de dados errôneos sobre a realidade ambiental do Brasil, houve outros pontos do discurso presidencial que estão sendo contestados por pesquisadores e pela mídia mas aqui para o blog da gente de ecologia e de cidadania, o meio ambiente é o centro da questão, confira depois na seção de comentários outras informações e no video hoje o importante Nobel Alternativo, o Right Livelilood Award que foi ganho também pelo líder indígena Yanomami brasileiro e por outros destaques da luta pela ecologia, não violência e cidadania em toda a Terra)
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Povos indígenas afastados e isolados em fronteiras do Brasil já podem sofrer também invasões de suas áreas |
Fontes: Terra - Estadão Conteúdo - BBC
folhaverdenews.blogspot.com
Depois, mais tarde, estaremos postando aqui informações sobre a visão pela mídia no exterior dos problemas ambientais no Brasil, a partir do que foi apresentado sobre o tema do meio ambiente, no discurso de abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas feito pelo Presidente do Brasil. Aguarde e venha conferir depois.
ResponderExcluirVocê pode colocar aqui nesta seção a sua opinião ou notícia, se preferir, envie o conteúdo pro e-mail do editor deste blog que aí depois, na atualização dos comentários, postará também a sua mensagem: mande para padinhafranca603@gmail.com
ResponderExcluir"O fato é que os dados no que se refere a meio ambiente (foco da matéria aqui) estão defasados e isso pegou mal, o discurso do Presidente só foi comemorado por dois lados, os partidários ou eleitores dele e o seu guru Donald Trump": um dos comentários que estão no post de chamada para esta matéria deste blog no Facebook.
ResponderExcluir"O que se espera dum estadista é uma visão avançada dos problemas dum país (em especial neste momento em que o meio ambiente é o fator nº 1 do desenvolvimento sustentável, segundo a ciência), o discurso na ONU foi apenas um marketing político, enaltecendo o governo, mas vamos ver o que acontece na sequência. O mercado também está reagindo mal e o acordo Mercosul - Europa está mais ameaçado, a dano do Brasil. Em geral a mídia está criticando o discurso na ONU": comentário de Antônio Pádua Silva Padinha, ecologista que edita este blog, respondendo a mensagens que recebeu via o Facebook em relação a esta matéria postada aqui, hoje.
ResponderExcluir"Na parte política não vou me meter mas na questão do clima, da ecologia, das queimadas e desmatamentos, eu vejo assim, teria sido melhor o Presidente do país ficar em silêncio do que se omitir diante de fatos tão evidentes e comprovados": comentário de Antônio Rocha Nunes de Sousa, professor de Geografia, fazendo uma pesquisa na sua área pela Universidade da Bahia.
ResponderExcluir"Embaixador aposentado com mais de quatro décadas de carreira no Itamaraty, o diplomata Rubens Ricupero acredita que o discurso do presidente Jair Bolsonaro na Assembleia-Geral da Nações Unidas (ONU) pode ter reflexos negativos em acordos comerciais e na relação com investidores estrangeiros": comentário em matéria sendo postada agora no site Terra.
ResponderExcluir"A negação do desmatamento na Amazônia desperdiça o que foi o "único trunfo" do Brasil na cena internacional: o prestígio pela condução de sua diplomacia do meio ambiente, classifico o discurso do Presidente do Brasil na ONU como desastroso": comentário de Rubens Ricupero, que foi subsecretário da ONU entre 1995 e 2004, quando comandou a Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (Unctad).
ResponderExcluir"Na ONU, Emanuelle Macron, da França, defende comércio apenas com quem não desmata": comentário feito após o discurso do Presidente brasileiro, captado em emissão da BBC News.
ResponderExcluir"Cacique Raoni, líder dos Kayapós e do movimento indígena, está indo à Brasília para contato no Congresso com parlamentares da Frente Ambientalista e para se pronunciar também sobre a sua visão crítica do discurso do Presidente do país na sessão da ONU": comentário que está sendo postado agora, dia 25, às 15h40 no site Uol.
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