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sexta-feira, 6 de julho de 2018

SEM MATA CILIAR OU SEM A ECOLOGIA DA FLORESTA COM TODO O DESMATAMENTO A TEMPERATURA SOBE REDUZINDO AS ÁGUAS E OS PEIXES SOFREM DESAPARECENDO


Pesquisa da USP mostra que o desmatamento prejudica quantidade e qualidade dos peixes: os estudos feitos na região de Querência (que fica na Amazônia no Mato Grosso) foram depois completados em São Paulo (no Laboratório de Ecofisiologia e Fisiologia Evolutiva do Instituto Biológico) levantando dados sobre os efeitos do desmatamento e do desequilíbrio ambiental na vida dos peixes e dos rios



Os dados da pesquisa foram captados em riachos da Amazônia...


Recebemos por e-mail a matéria de Silvana Salles, do Jornal da USP, postada também com destaque no site de assuntos socioambientais EcoDebate e a gente aqui no blog da gente Folha Verde News abrimos espaço para as informações que também se destacaram na atual edição da revista científica PLOS One. Aqui temos a visão do biólogo Luís Schiesari sobre esta pesquisa desenvolvida por Paulo Ilha durante seus estudos para um doutorado em Ecologia. A seguir, um resumo que nos ajuda a todos que vamos à luta no movimento ecológico, científico e de cidadania medir de forma factual e por um outro ângulo os efeitos do desmatamento, do aquecimento global, da falta de gestão ambiental.


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...sendo depois analisados em experimentos no laboratório do IB


O desmatamento na Amazônia aumenta em até 6°C a temperatura média dos riachos de cabeceira. Este fato leva a uma significativa perda de massa nos peixes que vivem nestes ambientes e são um criadouro das espécies dos rios ali na Amazônia. Entre outros dados de valor, os pesquisadores descobriram que os peixes têm uma perda corporal em até 16% em ambientes com uma temperatura mais elevada. A comunidade científica já conhecia em parte a relação entre desmatamento e aquecimento de rios ou córregos, agora há uma informação mais precisa: "A copa das árvores intercepta, bloqueia e reflete a radiação solar incidente. Uma vez que você remove a floresta, o que ocorre é que a radiação solar incide diretamente sobre o solo e sobre a superfície da água”, explica o biólogo Luís Schiesari, professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da Universidade de São Paulo, um dos autores do estudo.Também já era conhecida em parte a relação entre águas mais quentes e redução do tamanho corpóreo dos organismos, agora, essa relação foi verificada principalmente no caso de organismos de sangue frio, como peixes, anfíbios e répteis, sendo algo hoje reconhecido por cientistas do mundo todo como uma regra universal do aquecimento global.



 O desmatamento e outras condições ambientais...

 ...influindo na vida dos rios e dos peixes



Pesquisadores utilizaram redes de puçá para fazer o levantamento dos peixes que vivem nos riachos amazônicos de Querência (MT) e além desta captação em campo, a pesquisa contou com mais uma etapa, realizada em laboratório, em São Paulo, confirmando todos os dados. Uma das conquistas do estudo é o cruzamento de informações sobre a redução do tamanho dos peixes com dados da natureza local. A hipótese levantada é que talvez outros cenários de desequilíbrio ambiental que levam ao aquecimento também possam levar a uma diminuição do tamanho corpóreo dos peixes. Ainda não tinha sido testado o efeito desse aquecimento nos peixes, segundo comentou por sua vez o biólogo Paulo Ilha, outro autor do estudo, que desenvolveu este trabalho como parte de seu doutorado em Ecologia no Instituto Biológico (IB). 




Biólogo Paulo Ilha explica este estudo feito na Amazônia e no IB


Os cientistas coletaram os peixes que fizeram parte da amostra nos mesmos riachos. Das 29 espécies encontradas, seis delas concentravam 90% dos indivíduos. Eles pesaram os peixes dessas seis espécies e compararam as medidas dos que viviam na floresta com as dos que viviam na área desmatada. Em cinco espécies, os peixes dos riachos de área agrícola eram menores do que os da floresta nativa. Na natureza, além da temperatura da água, outros fatores influenciam o tamanho dos peixes, como a presença de matéria orgânica na água e a oferta de alimentos. Para analisar o efeito da temperatura isoladamente, foi então realizado um experimento em laboratório para completar e aprofundar a pesquisa. Agora já se sabe que a temperatura também afeta a sobrevivência dos peixes da floresta, num ambiente a 24°C, 93% deles sofrem mas sobrevivem, porém a 32°C, um terço dos peixes morrem. Esta é uma das conclusões que podem ajudar o conhecimento e a gestão dos peixes e dos rios e não somente na Amazônia. 




O levantamento em Querência no Mato Grosso...


(Confira na seção de comentários do nosso blog mais alguns detalhes sobre estes estudos e observações como de Alexander Turra, professor do Instituto Oceanográfico (IO) da USP)

...e os experimentos no Instituto Biológico concretizaram este estudo da USP


Fontes: Jornal da USP - ecodebate.com.br
              folhaverdenews.blogspot.com

6 comentários:

  1. "Sem floresta, sem matas ciliares, com o aumento dos desmatamentos, a temperatura sobe e isso faz com que se desequilibre a ecologia das águas, diminuindo também a quantidade e a qualidade dos peixes, é assim que entendi esta pesquisa de Paulo Ilha, pelo que ouvi em palestra dele" comentário de Mário César, estudante de Biologia da USP que nos enviou e-mail com material sobre este nosso post de hoje aqui no blog. A gente agradece em nome do movimento ecológico, científico e de cidadania, vamos juntos à luta, com paz.

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  2. "No trabalho de campo, os pesquisadores mediram a temperatura das águas de seis riachos de cabeceira – nascentes de rios que alimentam o Xingu. Três deles estavam em área de floresta e os outros três, em área que foi desmatada para dar lugar a pastagens e, posteriormente, convertida em plantação de soja. As medições mostraram que as águas dos riachos na floresta têm temperatura média de 25°C, com uma variação que vai dos 24°C aos 26°C durante o dia. Já os riachos de área agrícola têm temperatura média de 28°C, com uma oscilação muito maior, de 24°C a 34°C. Na floresta preservada, as copas das árvores mantêm a temperatura da água mais fresca. Na área agrícola, os riachos estão completamente expostos à radiação do sol": comentário extraído da matéria de Silvana Salles, para o Jornal da USP.

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  3. “O que entra de energia no organismo pela alimentação serve basicamente para três funções fundamentais. Uma delas é crescer, a outra delas é o metabolismo básico e a terceira é se reproduzir. Existe um balanço entre esses três investimentos. Se você tem um desses componentes drenando mais energia, essa energia vai faltar para os outros. O animal que está investindo mais energia na regulação, na manutenção da temperatura em lidar com essas variações, vai acabar tendo menos energia para a reprodução e o crescimento. É como se uma pessoa comesse o mesmo tanto que a outra, mas uma estivesse correndo na esteira e a outra, sentada no sofá confortavelmente”: comentário de Alexander Turra, professor do Instituto Oceanográfico (IO) da USP, buscando resumir o conteúdo desta pesquisa no site EcoDebate.

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  4. Depois, aqui nesta seção, mais comentários sobre os efeitos do desmatamento e dos desequilíbrios do clima e do ambiente: mande a sua informação ou opinião enviando sua mensagem pro e-mail da redação deste blog, que aí postamos aqui para você, mande para navepad@netsite.com.br

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  5. Material de informação, vídeos, fotos, sugestão de pauta, noticiário, você pode também nos enviar direto pro e-mail do editor de conteúdo deste blog, mande para padinhafranca603@gmail.com

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  6. "Tenho visto pescadores em várias regiões do país reclamando da falta de peixes nos rios, creio que esta pesquisa explica este fato, que se dá não só na Amazônia, aqui na minha região, os rios Grande, Pardo, Sapucaí e Canoas, não têm mais nem a metade nem a qualidade dos peixes que tinha": comentário de Carlos Augusto, técnico agrícola, na região de Orlandia, ele que se formou na Fundação Paula Souza em Franca, citando também outras causas da situação, como poluição das águas.

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