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sábado, 16 de junho de 2018

PROBLEMA DA EROSÃO JÁ É DRAMA POR AQUI E POR TODO O BRASIL COMO MOSTRA A CRATERA GIGANTE QUE APARECEU NA BAHIA

Uma cratera de 45 metros de profundidade na Bahia constatada pela revista Exame levanta um questionamento sobre o problema das erosões em várias regiões do país como por aqui no nordeste paulista onde a Unesp já fez pesquisas para mapear a situação, estudar o solo para buscar soluções sustentáveis: hoje o geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos nos dá aqui agora algumas informações de estudo que fez e divulgou pelo EcoDebate



Em Matarandiba a cratera gigante pode ter como causa a mineração

Uma cratera de 45 metros de profundidade, 71,7 metros de comprimento e 29,7 metros de largura foi encontrada nas proximidades de Matarandiba, uma comunidade localizada na cidade de Vera Cruz, na Bahia. Esta grande erosão foi identificada nestes dias pela empresa Dow, que realiza operações na área de mineração. Segundo a multinacional, para evitar que alguém chegue perto, o local foi isolado em uma extensão de 30 metros de distância e placas indicando perigo de queda também foram instaladas. A assessoria de imprensa da mineradora informou que uma barreira física maior está sendo construída com o suporte da Defesa Civil e do Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Uma equipe de especialistas da Universidade Federal da Bahia (UFBA) está no local para fazer estudos geológicos, detectar causas e tentar achar a melhor solução para o problema. "Há até sensores e foi acionado um satélite de alta resolução capaz de captar variações milimétricas", informou a mineradora, que deveria ser investigada pelo Ministério Público. Há um consenso que é necessário é necessário entender a estabilidade do terreno e das encostas da erosão para se ter a garantia de estabilidade do terreno, onde é certo que a erosão está aumentando. 


Grandes obras, grandes problemas: é preciso mudar a engenharia

Estudos e tecnologia - A Unesp em vários campus no Brasil (como em Franca ou em Bauru no interior paulista) ou também  em Moçambique já tem realizado pesquisas sobre crateras, erosões, assoreamento de ricos ou córregos. A degradação ambiental por erosão do solo é hoje um dos maiores problemas ambientais globais que a humanidade enfrenta e é grave em algumas regiões brasileiras. A erosão de solo pode ser definida como o processo de desagregação, transporte e deposição de partículas de solo, causada pela influência de agentes erosivos naturais, sol, vento, escoamento superficial, sendo acelerada por ação humana e atividades econômicas, corte de árvores, queimadas, práticas inadequadas na agricultura ou na mineração, por exemplo. Atualmente, os estudos processos erosivos têm recebido contribuições das metodologias do geoprocessamento e do sensoriamento remoto. As mudanças de clima e agressões ao ambiente aumentam e agravam este problema que já se tornou um drama, ainda que a atual tecnologia já tem como solucionar o fenômeno. Falta neste caso também gestão ambiental governamental para por em prática as soluções sustentáveis, antes que ocorram situações como agora em Matarandiba na Bahia.


Saneamento básico e medidas básicas de gestão para evitar o pior
Geólogo do IPT dimensiona este problema - Espacializado em Geotecnia e Meio Ambiente, Álvaro Rodrigues dos Santos já vem lutando como geólogo e ecologista, alertando também sobre as enchentes, mapeando áreas de risco, propondo ações para evitar erosões e para pelo menos atenuar o processo de assoreamento das águas no Brasil, um problema que já se tornou típico ou crônico por aqui nas imediações do bioma Cerrado. Ainda em 2011, este geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos divulgou uma série de estudos e de conclusões no site nacional de assuntos socioambientais EcoDebate, aqui, um resumo de um dos seus trabalhos. Um deles é focado na demonstração da importância de medidas não estruturais no combate às enchentes em especial em áreas urbanas.  Ele sugere uma nova cultura técnica para a gestão da erosão ou dos assoreamentos das águas. Antes, havia enfocado os bosques florestados e por exemplo os efeitos das águas da chuva; dentro do que ele classifica como diabólico binômio erosão/assoreamento. Para se ter uma ideia deste perverso efeito do binômio, 1º passo é saber que ele é responsável por reduções de até 80% da capacidade de vazão das drenagens urbanas. Diante dum cenário assim colocado, qual seria a providência mais inteligente e imediata para combater as enchentes (que estranhamente as administrações públicas, todas muito simpáticas às grandes obras e aos seus impactos político-eleitorais, não adotam?). Claro, sem dúvida, concentrar todos os esforços em reverter a impermeabilização das cidades fazendo com que a região urbanizada recupere ao menos boa parte de sua capacidade original da natureza de reter as águas de chuva, seja por infiltração, seja por acumulação. Concomitantemente, promover um intenso combate técnico à erosão provocada por obras pontuais ou generalizadas de terraplenagem, reduzindo com isso o "fantástico" grau de assoreamento do sistema de drenagem. Um mínimo de gestão pública e empresarial. Parece fácil, mas não é. Essa mudança de atitude exigirá uma verdadeira revolução cultural na forma como todos, especialmente os da engenharia e do urbanismo na administração pública nas cidades melhorando as suas relações com a natureza de cada região. A seguir situações básicas que precisam ser mudadas para assim se avançar a engenharia brasileira e a gestão ambiental no setor.


Aqui águas totalmente assoreadas no interior do país...


Absurdas e desnecessárias mutilações no terreno natural expõem os solos à erosão

Processos erosivos generalizados em terraplenagens pontuais em áreas de invasão

Os mesmo processos erosivos se dão em terraplenagens extensas para empreendimentos de alto padrão. A questão é cultural, não social.

Córrego totalmente assoreado. Capacidade de vazão completamente comprometida

Incrível grau de assoreamento em um dos principais afluentes do Tietê

Assoreamento extenso nos rios de quase todo país

Assoreamento de bueiro

Assoreamento de piscinões

Típica margem de córrego em área urbana. Entulho e lixo em descartes irregulares


 O problema das erosões e assoreamentos é urbano e rural, total

OS 7 MANDAMENTOS DO BOM LOTEAMENTO
O geólogo do IPT Álvaro Rodrigues dos Santos indica soluções práticas
1. Evitar ao máximo as terraplenagens, usando a criatividade e adaptar o projeto à topografia e não a topografia ao projeto
2. Demarcar os lotes sem retirar a vegetação e o solo superficial. Somente retirar a vegetação e o solo superficial, se realmente necessário, no momento da construção de cada edificação, ou seja, lote a lote
3.   Em terrenos com declividade acima de 20% (11,3º) adotar lotes com a maior dimensão paralela às curvas de nível e estimular que as habitações tenham a parte frontal apoiada sobre pilotis (ou expedientes equivalentes), assim evitando encaixes profundos na encosta
4.  Em terrenos inclinados reduzir o número de ruas a nível, devendo ser privilegiadas as ruas em rampa o acesso a pé às moradias
5.  Não implantar loteamentos em terrenos com declividade superior a 35% (19,3º). Acima dessa declividade criar áreas verdes reflorestadas permanentes
6. Caso alguma terraplenagem seja mesmo indispensável, retirar antes a capa de solo superficial (+ou- 150 cm) e estocá-la, para depois utilizá-la no recobrimento de áreas terraplenadas a serem protegidas com vegetação. O solo superficial é o solo de melhores características agronômicas e construtivas: mais fértil, mais resistente à erosão e melhor para compactar
7. Nunca lançar o solo resultante de escavações e terraplenagens encosta abaixo. Retirá-lo da área e levá-lo para um bota-fora regularizado sugerido pela Prefeitura
8. Logo de imediato à abertura, promover a pavimentação das ruas e a instalação do sistema de drenagem das águas pluviais. Só liberar o loteamento para a construção de habitações somente após a infra-estrutura básica implantada
5. Programar as operações de terraplenagem de forma a liberar o mais cedo possível os taludes finais para proteção superficial, ou seja, conduzir a terraplenagem de “cima para baixo” ou em painéis sucessivos
6. Taludes de cortes e aterros resultantes de terraplenagem deverão ser de imediato protegidos com pintura de calda de cal. Mais tarde essa proteção poderá ser substituída por alguma opção vegetal de caráter paisagístico, caso assim se deseje
7. Programar os eventuais serviços de terraplenagem para os meses menos chuvosos, de forma que na época das chuvas as superfícies de solo porventura expostas já estejam devidamente protegidas.

Nas áreas urbanas os grandes empreendimentos precisam mudar sistema

(Confira mais informações sobre esta pauta aqui na seção de comentários do nosso blog de ecologia e de cidadania, OK?)

Espaço para o trabalho do engenheiro Álvaro Rodrigues dos Santos do IPT aqui

Fontes: exame.abril.com. br
              ecodebate.com.br
              folhaverdenews.blogspot.com

8 comentários:

  1. A matéria sobre a erosão gigantesca na comunidade de Matarandiba, em Vera Cruz, Bahia, foi um furo de reportagem de Valéria Bretas, repórter da revista e site Exame.

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  2. "Há a necessidade da adoção de uma nova cultura técnica para a gestão dos problemas urbanos e orientar ações que podem perfeitamente ser adotadas pela população e mais ainda pelas empresas e pelas administrações públicas desde já, por sua simples deliberação, sem nenhuma necessidade burocrática que as desestimule, é hora de ação": comentário de Álvaro Rodrigues dos Santos, Geólogo, IPT da USP, São Paulo.





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  3. Logo mais e nas próximas horas, mais comentários em nova edição aqui, participe e mande sua informação ou opinião em mensagem pro e-mail da redação do nosso blog de ecologia e de cidadania navepad@netsite.com.br

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  4. Vídeos, fotos, material de informação ou sugestão de pauta ou de matérias envie direto pro e-mail do nosso editor de conteúdo padinhafranca603@gmail.com

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  5. "Urgente uma virada cultural para solucionar problemas de erosão ou de assoreamento. Tomada a decisão dessa mudança cultural, haverá à mão, inteiramente já desenvolvido, um verdadeiro arsenal de expedientes e dispositivos técnicos para que esse esforço de redução do escoamento superficial das águas de chuva seja coroado de sucesso: calçadas e sarjetas drenantes, pátios e estacionamentos drenantes, valetas, trincheiras e poços drenantes, reservatórios para acumulação e infiltração de águas de chuva em prédios, empreendimentos comerciais, industriais, esportivos, de lazer, multiplicação dos bosques florestados, ocupando com eles todos os espaços públicos e privados livres da cidade. Enfim, a tecnologia já está desenvolvida em parte e já avança mais, mas é preciso decisão, mudar e avançar a gestão das empresas e das cidades": comentário de Flávio Queiroz, engenheiro civil, de Araraquara (SP), hoje atuando no Nordeste do país.

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  6. "No que se refere ao assoreamento das drenagens, sejam as naturais, como rios e córregos, sejam as construídas, como galerias, valetas, bueiros, além de, pelos efeitos da impermeabilização, estarem recebendo um volume de águas que em muito supera sua original capacidade de vazão, têm essa capacidade ainda severamente comprometida pelo alto grau de assoreamento provocado pelo volumoso aporte de sedimentos, entulhos gerais e lixo urbano": comentário extraído de matéria do site de assuntos socioambientais EcoDebate, que na verdade fez uma série de matérias sobre este problema brasileiro.

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  7. "Algumas formas de evitar erosões e problemas deste tipo:
    · Não retirar coberturas vegetais de solos, principalmente de regiões montanhosas;
    · Planejar qualquer tipo de construção (rodovias, prédios, hidrelétricas, túneis, etc) para que não ocorra, no momento ou futuramente, o deslocamento de terra;
    · Monitorar as mudanças que ocorrem no solo;
    há ainda outras medidas e outros cuidados, aliás citados na matéria deste blog, porém estes aqui são básicos e essenciais": comentário extraído de matéria sobre o problema ou drama no site Scielo.

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  8. Erosões gigantescas na Bahia e em Goiás, assoreamentos monstruosos de muitos rios e córregos do Brasil, grandes ou pequenas voçorocas em Franca (SP) ou através do Cerrado, continua esta pauta aqui no blog da ecologia Folha Verde News, confira, OK?

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