Pelo último informe da Embrapa, que virou também matéria de alerta na edição desta semana no site de assuntos socioambientais EcoDebate, a situação é mais grave na região do semiárido entre o norte de Minas Gerais e o Sul da Bahia: "Este problema está preocupando os técnicos, os líderes da ecologia e da cidadania em diferentes regiões do Brasil, devido à importância do Rio São Francisco para a população do interior do país, para a ecologia e para termos chance de criar nos próximos ano uma gestão de desenvolvimento sustentável", comentou por aqui no blog Folha Verde News o nosso editor de conteúdo Antônio de Pádua Padinha, que resume aqui alguns dos principais pontos do relatório da Embrapa Semiárido. Mas nas proximidades da Serra da Canastra (sudoeste de Minas) e mais perto da nascente, o São Francisco ainda está normal mais daí prá frente, cada vez mais sua saúde ambiental vai ficando cada vez mais debilitada, comprometendo também a oferta de peixes, um dos alimentos essenciais para o povo brasileiro interiorano: a água do rio ícone do interior, que banha os quatro municípios baianos (Sobradinho, Sento Sé, Remanso e Casa Nova) localizados à borda do lago formado pela Barragem de Sobradinho, apresenta os maiores indícios de contaminação por resíduos químicos e biológicos. Em vários pontos do Lago, são ali detectados metais pesados, coliformes fecais e substâncias químicas que já se misturam à água em proporções acima da permitida pela legislação brasileira e dos níveis recomendados pelo OMS (Organização Mundial de Saúde, da ONU). É uma situação que precisa ser mudada, segundo as pesquisadoras Alessandra Monteiro Salviano Mendes e Paula Tereza de Souza e Silva, da Embrapa Semiárido. Elas manifestam essa opinião com base em informações preliminares, os dados de amostras coletados em 27 locais diferentes e em períodos de maior e menor cota do Lago, que dão uma noção da realidade atual e dos riscos que representa a evolução disso, se for mantido o atual modelo de agricultura praticado na região. Outras campanhas de coleta já estão sendo realizadas para confirmação e aprofundamento desses dados. De acordo com as pesquisadoras, as análises das amostras identificaram teores totais de metais pesados – ferro (Fe) e cádmio (Cd) – superiores aos que são permitidos por lei. E o aumento da concentração desses elementos na época de cheia do rio, pode estar relacionado, entre muitos outros fatores, “com o carreamento do solo pela erosão para dentro do Lago no período de chuva e com o avanço das áreas agrícolas para o Lago, na época de menor cota”,informa o relatório. O níquel (Ni) e o cromo (Cr) também foram constatados em elevadas quantidades, em pelo menos um ponto de coleta. A presença de metais pesados na água que conhecidamente estão presentes em alguns fertilizantes e agrotóxicos normalmente utilizados na atividade agrícola da região, são um indicativo da influência desta atividade na qualidade da água do Lago de Sobradinho. Outras substâncias, como o acefato, metalaxil, oxyfluorfen, pendimetalina, e carbendazim, foram detectados em 90% das amostras, indicando a potencial de contaminação da água do Lago por agrotóxicos que são muito utilizados nos cultivos de cebola. Um dado que também merece atenção é o que constata que 99% das amostras de água coletadas em áreas rurais ribeirinhas nos municípios de Sobradinho, Casa Nova, Sento Sé e Remanso apresentaram altas concentrações de coliformes fecais. A contaminação detectada decorria a presença de estercos de animais. Nesses locais, as águas são impróprias para o consumo humano. Segundo a portaria n°2.914 de 2011 do Ministério da Saúde, uma água para consumo humano deve estar ausente de coliformes fecais. Entre os 4 pontos de coleta do município de Remanso, de acordo com as pesquisadoras, apenas num lugar, identificado como Salgadinho, a água estava apropriada para uso pelos agricultores e suas famílias. Este trabalho é realizado num dos planos do projeto “Ações de desenvolvimento para produtores agropecuários e pescadores do território do entorno da Barragem de Sobradinho-BA” executado pela Embrapa e a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF). As pesquisadoras são responsáveis por avaliar e monitorar como as atividades agropecuárias afetam a qualidade do solo na região de entorno e da água do Lago. Rebert Coelho Correia, pesquisador da Embrapa Semiárido e coordenador do projeto, explica que embora os dados ainda não sejam totalmente definitivos, eles apontam uma situação preocupante e dão uma noção da gravidade da realidade atual e dos riscos que representa esta contaminação com o atual modelo de agricultura praticado na região. Ou também "com a falta de investimentos em saneamento básico, despoluição e até revitalização das águas do São Francisco", argmenta aqui o repórter e ecologista Padinha que acredita que "somente uma gestão sustentável no interior do país, um maior apoio à agricultura familiar e orgânica, um programa conjunto entre governos federal, estaduais e municípios da Bacia do São Francisco, poderá reverter o quadro clínico do Velho Chico, tudo isso e mais educação socioambiental da população e ...das autoridades".
As suspeitas se confirmam, contaminação da maior parte das águas do rio São Francisco |
A partir do centro norte de Minas em diante, fica mais grave |
Este rio ícone é essencial para a saúde, a alimentação, a economia e a vida do interior do país |
O São Francisco tem maior equilíbrio ecológico só na macrorreegião da Serra da Canastra, onde nasce |
Fontes: Embrapa Semiárido
www.ecodebate.com.br
http://folhaverdenews.blogspot.com
Importante esta pesquisa feita por pesquisadoras da Embrapa Semiárido, Alessandra Mendes Salviano, Paula Teresa de Souza e Silva, coordenada pelo professor e pesquisador Rebert Coelho Correia, um relatório que resume o mapa dos problemas socioambientais do Rio São Francisco.
ResponderExcluirReralmente fundamental e urgente é uma gestão de desenvolvimento sustentável ao longo de todo o interior do país, neste caminho do Rio São Francisco, do sudeste ao nordeste do país, para ampliar a recuperação do equilíbrio socioambiental do rio, da natureza, ecologia para fortalecer também a economia interiorana e a qualidade de vida da população.
ResponderExcluirNunca é demais reafirmar aqui uma das bandeiras dos cientistas e dos ecologistas, a revitalização do Rio São Francisco com certeza é mais prioridade do que o projeto de transposição de suas água, no sentido de garantir a vida e o futuro da Nação.
ResponderExcluirMande vc tb a sua informação, foto, levantamento, comentário, opinião ou mensagem aqui para a redação do nosso blog de ecologia e de cidadania: navepad@netsite.com.br para levarmos adiante este debate do maior valor para nossa terra,nossa gente.
ResponderExcluir"A gente já tinha uma noção sobre estes problemas, agora ela se confirma com esta pesquisa e a proposta de um desenvolvimento sustentável do São Francisco e o interior do país é mesmo a única saída", comenta o técnico agrícola José Pereira Santos, que atua na região de Passos (MG) a cerca de 150km da nascente deste rio.
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