Era o segundo dia da votação; dez ministros devem se manifestar no total até a semana que vem sobre as cotas raciais ou para minorias na Universidade de Brasília e, por extensão, em outras faculdades e universidades do país: a normalidade dos votos e dos debates foi quebrada pela presença no plenário de três representantes dos povos da floresta, três indígenas que estavam no plenário do Supremo Tribunal Federal. Eles em determinado momento começaram a se manifestar para que os índios também tivessem vagas para estudos universitários, um deles se exaltou e falou alto algumas palavras em guarani, o presidente da sessão, Carlos Ayres Britto, alertou que ele não poderia se manifestar assim naquele instante. O índio Guarani Araju Sapeti insistiu em falar e foi expulso pela segurança do STF, os três indígenas sairam e foram debater no lado externo do tribunal, durante o processo de votação sobre o sistema de cotas raciais para o acesso à universidade.No meio do voto de Luiz Fux, o representante Guarani interrompeu o ministro. Isso porque o julgamento é sobre a política de cotas raciais em sua totalidade, e não de partes da regra. São estinadas 20% das vagas dos vestibulares para negros, e há um processo separado para seleção de indígenas, que levam 10 vagas por semestre. Ou seja, eles não fazem vestibular mas estão questionando e querendo que mude esta situação: "Não deixa de ser um preoconceito e isso atrapalha a vida cultural dos índios", argumentou Araju Sapeti. O presidente Ayres Britto procura explica depois, "eu adverti que se prosseguissem falando e fazendo barulho durante a sessão, teria que mandar os senhores te retirarem à força. Eu ainda aconselhei, por favor, fiquem e vamos assistir ao julgamento - disse o presidente. Diante da insistência, ele interrompeu a sessão por um minuto para que os seguranças retirassem à força os cidadãos que protestavam. Pode ter sido em momento impróprio e de forma errônea, porém, o objetivo é correto em termos de cidadania, tanto para ampliar o debate sobre a política de cotas raciais ou de minorias, como para resolver a questão do estudo em universidades dos indígenas, realmente é preciso avançar a democracia brasileira, acima das diferenças econômicas, étnicas e culturais do nosso povo, apoiando assim um avanço da própria Nação. (Padinha).
Foto de Gustavo Miranda documentou protesto do Guarani Araju Sapeti no STF |
Os índios de vários tribos e os povos da floresta querem direitos culturais e de cidadania |
Fontes: http://www.gp1.com.br/
http://folhaverdenews.blogspot.com/
Com certeza, é válida a manifestação dos índios sobre os direitos de cidadania dos povos da floresta e talvez tenha faltado diplomacia para o presidente e juízes do STF para acolherem a manifestação, considerando as diferenças culturais e a opressão econômica sofrida pelos integrantes das nações indígenas no Brasil.
ResponderExcluirO que importa é em todas instâncias e estruturas do país haver espaço para os índios e povos da floresta, sem discriminação, com compreensão, também com deveres além de direitos, para que haja uma inclusão social e cultural, com o respeito e apoio a eles que são os Pais do Brasil. Este é um ponto vital para avançar a democracia e a prática da cidadania no país, para que ele vire definitivamente uma Nação, comentou o editor deste blog.
ResponderExcluirA "saia justa", as situações incovenientes, o despreparo de algumas autoridades para assuntos delicados, os comportamentos que fogem à rotina, tudo isso faz parte do aperfeiçoamento da democracia, da cidadania, que precisa mesmo descobrir uma nova forma e novos canais de evolução e de solução para os problemas econômicos, ecológicos e culturais dos indígenas, ribeirinhos e povos da floresta. A única opção que não soluciona é a violência, não exatamente no espísódio do STF, mas no dia a dia do país na relação com os índios.
ResponderExcluirA estudante universitário Rachel Mendes Moreira nos mandou e-mail, opinando que as cotas para minorias deveria levar em conta mais o conceito econômico do que o racial: diz que há uma ditadura econômica no país para os mais pobres, sejam índios ou não e que as cotas para minorias raciais podem tirar vaga de estudantes pobres mas talentosos que passam no vestibular e ficam de fora, como ela já viu acontecer duas vezes, na USP e na Unesp. Resumimos aqui a opinião da internauta Rachel Moreira.
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