"A censura e a ditadura foram derrotadas pela população brasileira na luta pela liberdade e pela cidadania, ainda antes da virada para o Século 21 e agora, quando temos que buscar informações e sentimentos nacionais capazes que nos levar à criação do futuro da Nação e da própria vida, autores como Guimarães Rosa são fundamentais para este avanço e no entanto, um projeto de lei absurdo em Minas Gerais quer excluir das escolas públicas e particulares um dos mais criativos autores do Brasil, mostrando mais uma vez a falta de condições culturais dos políticos do país, para não dizer coisa pior, a censura e a ditatura foram derrotadas, mas não a falta de cultura", comentou o editor deste blog Folha Verde News, o ecologista Antônio de Pádua: Padinha ficou chocado com o preconceito e a ignorância ou a falta de visão deste parlamentar mineiro: a notícia chega de BH, através do site do jornal Estado de Minas, informando que o projeto pretende priorizar nas salas de aula uso apenas de livros escritos na norma culta e dentro deste prisma absurdo e fora da realidade cultural brasileira, proibe as obras de Guimarães Rosa, que são um tesouro da literatura, traduzida em várias línguas pela sua força poética, pela comunicação das raízes de um povo, pela linguagem revolucionária e pelo conteúdo que coloca livros como "Grande Sertão: Veredas", "Sagarana" e "Primeiras Estórias" como obras eternas, tesouros brasileiros da cultura da vida.
A reportagem de Alessandra Mello diz que na terra de Guimarães Rosa, escritor mineiro conhecido no Brasil e no mundo inteiro por retratar em seus livros a fala popular e a vida do povo do Sertão, pode sofrer restrição por conta de um projeto de lei que defenderia a leitura de obras que fujam do padrão culto da língua portuguesa. Projeto de lei (1.983/2011 ), pronto para ser votado na Assembleia Legislativa, determina que as redes pública e privada de ensino priorizem a adoção de “livros que não contrariem a norma culta da língua portuguesa”. O texto original da proposta, apresentada no ano passado pelo deputado estadual Bruno Siqueira (PMDB), quer proibir o uso em toda sala de aula de livros didáticos, paradidáticos e literários com conteúdo contrário à norma culta, entre outras alegações também polêmicas. O projeto de lei estava para ser votado agora, com o alerta de um movimento nas redes sociais da Internet e de parte da mídia, ele poderá ser rediscutido e mudado ou arquivado. proposta só não foi adiante na Assembléia Legislativa de Minas porque a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) alertou o deputado e seus pares sobre a polêmica e problemas que esta legislação iria causar, de pronto sugeriu que a palavra “proibir” fosse trocada por “priorizar” e que fosse eliminada a restrição legal de adotar na rede pública e privada de ensino a literatura consagrada nacional e internacionalmente de autoria de Guimarães Rosa, reanalisando também a proibição a material que contivesse “elevado teor sexual” e “incentivos diretos ou indiretos à prática de atos criminosos”, o que é tão vago e amplo que pode vir a causar equívocos e cerceamento da liberdade cultural de cada pessoa. "Cabe aos professores e às escolas públicas e particulares a orientação sobre a leitura, os deputados deveriam se preocupar com problemas urgentes da falta de condição de vida em Minas e em serem mais éticos, mais eficientes, justificando os altos salários", comento Maria Helena Burnier, no Facebook, dentro do movimento de cidadania para tentar impedir este projeto de lei absurdo.
O argumento da CCJ é de que é muito difícil definir esses conteúdos. “Seja pelo risco de se adotarem posturas que carregam excessiva carga ideológica, em um espaço que deve privilegiar a pluralidade cultural e o conhecimento isento da influência de posicionamentos de natureza preconceituosa, que é, por excelência, o meio educacional”, diz o parecer da comissão sobre o projeto. O relatório da comissão também alertou sobre a polêmica que envolve o ensino em sala de aula das variações da língua e das diferenças das linguagem falada da escrita. Um abaixo-assinado contra o projeto do deputado circula desde ontem pela Internet e já conta com mais de mil assinaturas em menos de 24 horas. O texto afirma que a aprovação deste projeto de lei vai impedir os alunos de terem acesso ao “riquíssimo patrimônio literário brasileiro edificado no século 20, já que um traço comum à vasta e heterogênea produção literária nacional dos últimos cem anos é exatamente a subversão à norma culta padrão de nossa língua materna. Restaria proibida em nossas escolas a distribuição de livros da autoria não só de Guimarães Rosa, mas também de autores como Clarice Lispector e Mário de Andrade, para ficar em apenas três nomes de uma infindável lista de grandes escritores que renovam a linguagem e que inclusive satirizaram o ensino da norma culta da língua”. O manifesto cita o famoso poema do modernista Oswald de Andrade, “Pronominais, que satiriza a norma culta da gramática, “do professor e do aluno”. E detalhe, ele foi escrito em...1922, há 91 anos atrás. Esta distãncia no tempo mostra também a defasagem cultural de alguns parlamentares, não só em BH mas em todo o Brasil, comple o editor deste blog de ecologia e de cidadania, criticando o absurdo e inacreditável projeto de lei 1.983/2011 da Assembléia Legislativa de Minas Gerais.
O autor Guimarães Rosa (já falecido), super culto pesquisou a linguagem do povo do sertão |
Manuelzão, um dos personagens do consagrado livro.... |
...ameçado de proibição por projeto de deputado |
A reação popular ao absurdo projeto de lei está detonando na Internet |
O deputado autor do projeto se defende da acusação de tentar cercear a leitura de obras que não sigam o padrão determinado pelas gramáticas e diz que toda a polêmica em torno do assunto tem fundo eleitoral. Bruno Siqueira além de deputado estadual é pré-candidato a prefeito em Juiz de Fora, na Zona da Mata...A sua principal adversária, Margarida Salomão, pré-candidata pelo PT, é professora universitária no curso de letras e de linguística da Universidade Federal de Juiz de Fora sendo uma das pessoas que primeiro questionaram este absurdo. Para a professora de linguística da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) Arabie Bezri Hermont, essa polêmica em relação ao ensino da norma culta e falada e suas diferenças é assunto superado dentro da vida universitária e cultural do país por todos que atuam no ensino de literatura e língua portuguesa. “A escola por excelência tem de ensinar a língua escrita, mas não pode ignorar que a língua é viva, que falar é diferente de escrever e isso tem de ser passado para o aluno ainda mais nesta época do internetês e de tantas gírias”. A professora considera absurda essa restrição, principalmente em relação ás obras literárias de grande valor poético e cultural. A poesia precisa de liberdade e não precisa pedir licença para existir...
Fontes: http://www.em.com.br/
http://folhaverdenews.blogspot.com/
A classe política brasileira está abaixo do nível de exigência e de qualidade cultural do povo do país. Este é mais um sintona do abismo entre os políticos e a cidadania do Brasil.
ResponderExcluirNosso blog que luta pela cidadania e pela liberdade de informação, na Internet e na vida, abre espaço contra este absurdo projeto de lei que indiretamente tenta reviver a censura ditatorial que o povo brasileiro historicamente rejeitou há mais de duas décadas.
ResponderExcluirO episódio ilustra bem a expressão "pérolas para os porcos". E alerta sobre o perigo de políticos do país, que não produzem quase nada a bem da Nação e dão mau exemplo para a juventuide e as crianças com desmandos, politicagens e corrupção, querendo determinar o que deve ou não ser lido, quando deveriam é ler um pouco, se informar e atuar pelo avanço cultural, econômico e ecológico do Brasil.
ResponderExcluirEste referido deputado ofende a imagem pública de Belo Horizonte e de Juiz de Fora, com tanta tradição de cultura brasileira e de cidadania.
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