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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

REDUÇÃO DE ÁREAS PROTEGIDAS NA AMAZÔNIA PARA CONSTRUÇÃO DE HIDRELÉTRICAS

Redução de áreas protegidas na Amazônia é inconstitucional, diz MPF, que concorda com movimento socioambiental Xingu Vivo

 O Ministério Público Federal entrou com Ação Direta de Inconstitucionalidade no STF contra Medida Provisória que diminui unidades de conservação para construção de hidrelétricas no Pará, Rondônia e Amazonas. Na última semana, a Procuradoria Geral da República anunciou que impetrou, junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), com pedido de liminar, contra a Medida Provisória (MP) nº 558/2012, editada em janeiro pela presidente Dilma Rousseff.  A MP excluiu 86.288 hectares de sete Unidades de Conservação (UCs) federais na Amazônia para abrigar canteiros e reservatórios de quatro grandes barragens: duas em fase de construção no Rio Madeira e duas previstas no Rio Tapajós no Pará. Isso se não bastasse a polêmica já causada pela megausina de Belo Monte no Xingu.
No Estado do Pará, a MP desafetou um total de 75.630 hectares de cinco unidades de conservação para abrir os reservatórios de duas grandes hidrelétricas propostas pelo setor elétrico do governo no PAC, as usinas São Luiz do Tapajós e Jatobá. Foram desafetadas áreas do Parque Nacional (PARNA) da Amazônia (18.700 hectares) Florestas Nacionais (FLONAs) de Itaituba I (7.705 ha) Itaituba II (28.453 ha) e Crepori (856 ha), da Área de Proteção Ambiental (APA) do Tapajós (19.916 ha). Nos estados de Rondônia e Amazonas,  foram excluídos 8.470 hectares do Parque Nacional Mapinguari para abrir caminho para os reservatórios das usinas de Santo Antônio e Jirau no rio Madeira, e 2.188 hectares do hectares do PARNA Campos Amazônicos para abrigar o reservatório da hidrelétrica de Tabajara no rio Machado, um dos principais tributário do Madeira. De acordo com o Procurador Geral do MPF, Roberto Gurgel, todas as unidades de conservação alteradas são de extrema relevância para a preservação do Bioma Amazônia e que a norma questionada está repleta de inconstitucionalidades. 
Uma das agressões à Constituição Federal  é o desrespeito à exigência de lei em sentido formal para a alteração e supressão de parques, florestas e áreas de proteção ambiental. Como explica o coordenador da ONG International Rivers no Brasil, Brent Millikan, a gravidade é maior porque não houve a prévia realização de estudos técnicos e debate público  sobre as usinas quanto e seus impactos sociais e ambientais, e alternativas: “O artigo 225 da Constituição Federal estabelece que a alteração e a supressão de áreas protegidas são permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção.  Assim, causa estranheza autoridades do Ibama ou do Instituto  de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) concordarem com a exclusão de áreas de UCs para abrigar os reservatórios de hidrelétricos, sem mencionar esse preceito legal. Alem disso, as usinas de São Luiz do Tapajós, Jatobá e Tabajara sequer possuem estudos de viabilidade econômica” completou Millikan.




Desequilíbrios na Amazônia afetarão todo o país e todo o planeta

Áreas de proteção ecológica são garantidas pela Constituição

Além da hidrelétricas há muitos interesses não ecológicos

A Nação precisa lutar pela ecologia da Amazônia

Ministério Público, cientistas e ecologistas concordam mas...


Segundo o documento que embasa e justifica a Medida Provisória nº 558/2012, foi o ICMBio que propôs a diminuição das UCs. “O ICMBio, a partir de estudos realizados pela Eletrobrás e pela Eletronorte, encaminhou a proposta de redefinição dos polígonos do Parque Nacional da Amazônia, das Florestas Nacionais de Itaituba I, II e do Crepori e da Área de Proteção Ambiental Tapajós”, diz o documento.



Durante o ano de 2011, no entanto, gerentes locais do ICMBio responsáveis pelas UCs na região do Tapajós apresentaram uma série de pareceres técnicos contrários tanto à desafetação das unidades de conservação quanto à instalação de sete hidrelétricas propostas pela Eletronorte para a bacia do Tapajós (além de São Luiz do Tapajós e Jatobá, estão na lista as usinas de Chacorão, no Tapajós, e Cachoeira do Caí, Jamanxim, Cachoeira dos Patos e Jardim de Ouro, no rio Jamanxim). Entre os problemas apontados pelos técnicos, destacaram-se inexistência de estudos ambientais sobre espécies ameaçadas de extinção; graves prejuízos para atividades econômicas como a pesca e o eco-turismo no PARNA da Amazônia; interferência no projeto de adequação da Transamazônica; inviabilização de projetos sociais e de desenvolvimento para as populações locais; inexistência de projetos de mitigação para as comunidades afetadas; destruição de sítios arqueológicos; inexistência de estudos sobre impactos ambientais e sociais; inexistência de estudos de viabilidade econômica; e, principalmente, desrespeito à legislação ambiental vigente. Os pareceres técnicos não receberam retorno da direção central do ICMBio em Brasília. Segundo Raione Lima, da coordenação regional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) em Itaituba (PA), é preciso um debate aprofundado sobre as hidrelétricas propostas pelo setor elétrico na bacia do Tapajós:  “O propósito de desafetação de parte das unidades de conservação no Tapajós vem favorecer ao grande capital, principalmente aos interesses dos defensores das usinas hidrelétricas, que em seu bojo incluem as empreiteiras, grandes empresas de mineração, agronegócio, madeireiros e a classe dominante local que na concretização destes projetos enxergam os novos garimpos do século 21. Junto com a importância da conservação da biodiversidade da Amazônia, existe a necessidade de valorização de seus povos, ribeirinhos, pescadores e os parentes indígenas; todo esse conjunto que deve ser reconhecido, com respeito à dignidade da pessoa humana e aos direitos humanos acima de qualquer interesse econômico".

Fontes: www.ecodebate.com.br
             Movimento Xingu Vivo Para Sempre
             http://folhaverdenews.blogspot.com

4 comentários:

  1. Realmente, os variados setores da Nação devem se aliar ao Ministério Público, aos cientistas e aos ecologistas em defesa das áreas protegidas por lei na Amazônia, ameaçadas de redução para a construção de hidrelétricas, bem como, pelas madereiras, que é um problema que já vem se complicando e ameçando um desequilíbrio ambiental no país e até no planeta.

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  2. Outro ponto que precisamos destacar imediatamente é a urgência de uma gestão publica sustentável para os recursos naturais brasileiros, ainda mais na Amazônia, no Pantanal, bem como em todas as últimas fronteiras da nossa natureza, que são as áreas sob proteção ambiental. No caso agora da Amazônia, fica dramática a necessidade de um Desenvolvimento Sustentável no Brasil.

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  3. O Brasil, que sedia em junho a Conferência Mundial da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, vai perder totalmente a credibilidade e até em parte a liderança internacional, recém-conquistada, por conta de uma falta de gestão sustentável na Amazônia e dos seus recursos naturais, colocando em risco a estabilidade e o futuro da vida do país e do planeta.

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  4. Entre tantas lutas urgentes da cidadania brasileira, mais esta, acreditamos que a luta deva ser pela implantação imediata de um novo plano nacional de Desenvolvimento Sustentável, resolvendo neste contexto muitos problemas e se adequando aos desafios da realidade de agora.

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