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terça-feira, 17 de janeiro de 2012

AQUÍFERO GUARANI POLUIDO TAMBÉM NA MACRORREGIÃO

Estudo em Ribeirão Preto  mostra Aquífero Guarani contaminado por agrotóxicos

"E os danos à saúde pública, incremento das neoplasias e traumas neurais por aqui na região?", pergunta o jornalista ambiental Randáu Marques ao encaminhar ao Folha Verde News esta matéria sobre a situação do Aquífero Guarani, manancial subterrâneo, considerado uma das maiores reservas de água do planeta, de onde por exemplo sai 100% da água que abastece Ribeirão Preto, cidade onde foi feita a pesquisa, nordeste paulista, a 313 quilômetros de São Paulo: o laduo, o Aquífero Guarani está ameaçado especialmente por herbicidas. A conclusão vem de um estudo realizado a partir de um monitoramento do Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto (Daerp) em parceria com um grupo de pesquisadores, que encontrou duas amostras de água de um poço artesiano na zona leste da cidade com traços de diurom e haxazinona, componentes de defensivo utilizado na cultura da cana-de-açúcar. No período, foram investigados cem poços do Daerp com amostras colhidas a cada 15 dias. As concentrações do produto encontradas no local foram de 0,2 picograma por litro – ou um trilionésimo de grama. O índice fica muito abaixo do considerado perigoso para o consumo humano na Europa, que é de 0,5 miligrama (milésimo de grama) por litro, mas, ainda assim, preocupa os pesquisadores, que analisam como possível uma contaminação ainda maior. Este é o segundo alerta feito pelo nosso blog, há cerca de 50 dias postamos aqui outras informações sobre o mesmo problema: "Inclusive, na audiência pública via Internet preparatória para a Rio+20, com o Governo captando temas e pautas para esta Conferência Mundial da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável neste ano, em nome dos ecologistas daqui da macrorregião e também de outros pontos do interior do país, que também mostram preocupação com isso, a gente colocou a questão de agressões ambientais e falta de sustentabilidade em relação ao Aquífero Guarani", comentou Antônio de Pádua, o ecologista Padinha, nosso editor, que esteve há 20 anos na Eco-92 e agora estará neste novo evento, em nome da Não-Violência e da Sociedade Ecológica do Nordeste Paulista. Ele informa ainda que recebeu mensagens de pesquisadores e técnicos ambientais de outras regiões abrangidas pelo Aquífero Guarani onde também há problemas de agressões ambientais no sul do país, no Uruguai e na Argentina.
No Brasil, não há níveis considerados inseguros para as substâncias. Ainda assim, a presença do herbicida na zona leste da cidade – onde o aquífero é menos profundo – acende a luz amarela para especialistas. Segundo Cristina Paschoalato, professora da Unaerp que coordenou a pesquisa, o resultado deve servir de alerta. “Não significa que toda a água está contaminada, mas é preciso evitar a aplicação de herbicidas e pesticidas em áreas de recarga do aquífero”, advertiu ela. O monitoramento também encontrou sinais dos mesmos produtos no Rio Pardo, considerado como alternativa para captação de água para a região no longo prazo. “Isso mostra que, se a situação não for resolvida e a prevenção feita de forma adequada, Ribeirão Preto pode sofrer perversamente, já que a opção de abastecimento também será inviável se houver a contaminação”.





Aquífero aumenta chances de vida da América do Sul

O Sistema Aquífero Guarani, que faz parte da Bacia Geológica Sedimentar do Paraná, cobre uma superfície de 1,2 milhão de quilômetros quadrados, sendo 839., 8 mil no Brasil, 225,5 mil quilômetros na Argentina, 71,7 mil no Paraguai e 58,5 mil no Uruguai. Com uma reserva de água estimada em 46 mil quilômetros quadrados, a população atual em sua área de ocorrência está em quase 30 milhões de habitantes, dos quais 600 mil em Ribeirão Preto. A água do SAG é de excelente qualidade em diversos locais, principalmente nas áreas de afloramento e próximo a elas, onde é remota a possibilidade de enriquecimento da água em sais e em outros compostos químicos. É justamente o caso de Ribeirão, conhecida nacionalmente pela qualidade de sua água. Para o engenheiro químico Paulo Finotti, presidente da Sociedade de Defesa Regional do Meio Ambiente (Soderma), Ribeirão corre o risco de inviabilizar o uso da água do aquífero in natura. “A zona leste da cidade registra plantações de cana em áreas coladas com lagos de água do aquífero. É um processo de muitos anos, mas esses defensivos fatalmente chegarão ao aquífero, o que poderá inviabilizar o consumo se nada for feito”. Já para Marcos Massoli, especialista que integrou o grupo local de estudos sobre o aquífero, a construção de casas e condomínios na cidade, liberada através de um projeto de lei do ex-vereador Silvio Martins (PMDB) em 2005, é extremamente prejudicial à saúde do aquífero. “Prejudica muito a impermeabilidade, o que atinge em cheio o Aquífero por aqui na região”.
Outro problema que pode colocar em risco o abastecimento de água de Ribeirão no médio prazo é a extração exagerada de água do manancial subterrâneo. Se o mesmo ritmo de extração for mantido, o uso da água do Aquífero Guarani pode se tornar inviável nos próximos 50 anos em Ribeirão Preto. A alternativa, além de reduzir a captação, pode ser investir em estruturas de captação das águas de córregos e rios que, além de não terem a mesma qualidade, precisam de investimentos significativamente maiores para serem tratadas e tornadas potáveis. A perspectiva já é considerada pelos estudiosos do chamado Projeto Guarani, que envolveu quatro países com território sobre o reservatório subterrâneo. O cálculo final foi entregue no fim do ano. O mapeamento mostrou que a velocidade do fluxo de água absorvida pela reserva é mais lenta do que se supunha. Pelas contas dos especialistas, a cidade extrai 4% mais do que poderia do manancial. A média de consumo diário de água em Ribeirão é de 400 litros por habitante, bem acima dos 250 litros da média nacional. Por hora, a cidade tira do aquífero 16 mil litros de água. Vale lembrar que a maior parcela de água doce do mundo, algo em torno de 70%, está localizada, em forma de gelo, nas calotas polares e em regiões montanhosas. Outros 29% estão em mananciais subterrâneos, como o Aquífero Guarani, a maior reserva de vida para o futuro da América do Sul, enquanto rios e lagos não concentram sequer 1% do total dos recursos hídricos. Em se tratando da água potável, aproximadamente 98% se encontram no subsolo, sendo o Aquífero Guarani a maiordas reservas. A alternativa para não desperdiçar esses recursos é investir em reflorestamento para garantir a recarga do aquífero, diz o secretário-geral do projeto, Luiz Amore, que  adverte ser urgente uma ação em todas as regiões e países abrangidos por esta reserva extraordinária de água. Neste ponto é que está a importância desta questão do Aquífero Guarani participar da pauta das discussões da ONU em junho no Rio de Janeiro na conferência mundial que procurará diseminar a cultura e programas de ação de Desenvolvimento Sustentável em toda a Terra, já estando assegurada a participação de 120 países no evento.

Fontes: SOA Brasil
              folhaverdenews@yahoo.com.br

3 comentários:

  1. Correto o questionamento também do repórter e ecologista Randáu Marques, colocando que as agressões ao Aquífero Guarani se constituem também um problema de saúde pública, de sobrevivência da população, qualidade de vida.

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  2. Esperamos que o Governo do Brasil tenha colocado em pauta a discussão do Aquífero Guarani na Conferência Mundial da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável em junho aqui no país, a Rio+20 (20 anos após a Eco-92 pouco foi feito pelos governos para avançlar a criação do futuro e a qualidade de vida na América do Sul).

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  3. As questões de Desenvolvimento Sustentável e de Não-Violência (ecologia humana) estarão nos debates e nos eventos paralelos, levados em frente pelas entidades socioambientais e lideranças de cidadania, ecoloigstas e cientistas de várias regiões brasileiras e de vários países, porém, com certeza, elas precisam invadir a pauta oficial do evento da ONU, pela urgência que têm para projetar o futuro da vida no continente e pelo potencial de reserva de água para todo o planeta.

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