Uma coincidência trágica, o Doutor será enterrado em Ribeirão Preto exatamente na mesma hora do jogo final do Corinthians. Espero que a tristeza pelo Magrão seja compensada com a alegria pelo Timão, faturando o título de pentacampeão brasileiro. Mas vc tem razão de sobra quanto à essa vida pentelha, mas o cidadão Sócrates de Sousa Vieira fará falta, pela sua inteligência e cidadania, ele que foi vital na campanha Diretas Já e até no futebol (via o movimento Democracia Corinthiana) lutava contra a Ditadura da época. A vida porém não mudou tanto de lá para cá, especialmente para os poetas, que nem ele e nós. Ele que foi genial jogando bola (até inventando jogar de calcanhar), foi driblado no jogo da vida, pela loucura e/ou pela mediocridade do dia a dia no país, no planeta. Eu me lembro quando fui entrevistá-lo com uma equipe da Blimp/Globo SP, chegando no Parque São Jorge e trazido por Vicente Matheus: pernas magras, compridão e com um livro grosso debaixo do braço. Um repórter da Rádio Bandeirantes comentou comigo: - Veja se isso é atleta, olha a magreza do cara e ainda cheirando cachaça.
Eu me aproximei dele e pérguntei que livro estava lendo: a vida do Einstein. Realmente, ele não tinha o biotipo de um jogador...
- Os repórteres aí, prá ser sincero, estão falando que você não tem físico de atleta...
Ele me olhou nos olhos, coçou a barba como os caipiras e intelectuais costumam ao pensar um pouco:
- Futebol não se joga com os pés mas com a cabeça.
Pena que a vida se leva mais na base das emoções, vai daí que a morte chegou cedo demais para ele no jogo da vida. (Padinha)
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| Últimos momentos de lucidez com a companheira Kátia Bagnarelli |
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| Um gênio do futebol, que para ele era jogado mais com a cabeça do que com os pés |
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| Todo e qualquer brasileiro se sente como o irmão de Sócrates, que nem foi o Raí |
Fonte: http://folhaverdenews.blogspot.com



A soma de todos os minutos de silêncio que serão feitos no Brasil, o país do futebol, ainda em busca de uma democracia de verdade, dará para o povo, neste momento de tristeza, se lembrar da alegria que era o seu futebol de pura arte e de sentir falta da sua liderança de cidadania. Ainda como jogador, criou a Democracia Corinthiana, que foi um lance de calcanhar na Ditadura Militar, que ajudou a derrubar, participando ativamente com Osmar Santos das Diretas Já.
ResponderExcluirTive a oportunidade de entrevistar Sócrates algumas vezes (uma delas está relatada nesta postagem aqui no blog Folha Verde News), joguei a seu lado e do seu irmão numa partida de masters e o vi pela última vez em Ribeirão, numa festa de esportistas a que fui levado por Guerrinha, ex-jogador de basquete e hoje técnico. E por pura bondade, ele brincou comigo:
ResponderExcluir- Ué, Padinha, foi só por duas letras que você não fez dupla comigo. Foi por pouco.
O Magrão então me abraçou, ele se lembrava do Palhinha, seu parceiro no melhor ataque do Corinthians dos últimos tempos.
Osmar Santos idealizava em Sócrates um grande líder da nação brasileira. Nos bastidores do programa "Balancê", que o garotinho fazia na Rádio Excelsior (da Globo, em São Paulo)Osmar Santos me falava assim: "Ele é genial jogando bola e vai ajudar muito a avançar este país". A nosso lado estava Gonzaguinha, que também, já se foi precocemente. Aliás, nossa geração parece marcada por esta sina: vida intensa e morte prematura.
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