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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

BRASIL É O PIOR DOS BRICS NA PROTEÇÃO DA NATUREZA

Estudo da Imazon e Proforest serve de alerta agora na decisão sobre o Código Florestal

Desmatamento na Amazônia (Pará) / AFP
Estudo comparou o desmatamento e a recuperação florestal em 11 países

O Brasil está atrás de China, Rússia e Índia no combate ao desmatamento e na recuperação da área florestal perdida, informa a BBC: esta é a conclusão de um estudo organizado pelo instituto brasileiro Imazon e o Proforest, ligado à Universidade de Oxford, que comparou a situação em 11 países e mostra que nos quesitos preservação e reflorestamento o Brasil está perdendo a corrida com outros países dos Brics.
O estudo, divulgado no momento em que o Senado debate os termos do novo Código Florestal quanto ao tratamento de áreas verdes do país, compara a forma com que o Brasil e outros países lidam com o tema e analisa o que está sendo feito de suas florestas.
Se colocados lado a lado, os dados mostram que, enquanto China, Índia e Rússia têm criado leis para proteger suas florestas e agem para recuperar o que já foi devastado, o Brasil segue na contra-mão, desmatando mais do que é reflorestado. O levantamento, denominado "Um Resumo do Status das Florestas em Países Selecionados", verificou um padrão semelhante nos países analisados. Primeiro, passam por intenso processo de desmatamento, normalmente quando estão se desenvolvendo, para abrir espaço para a agricultura e explorar matérias-primas. Em seguida, essa devastação é interrompida por fatores que vão da escassez dos produtos florestais à preocupação ambiental. Começa então uma curva ascendente, com políticas de proteção ambiental e reflorestamento. Para Adalberto Veríssimo, pesquisador do Imazon e coordenador do levantamento no país, o Brasil está longe de acompanhar os outros Brics:  "Estamos atualmente no fundo do poço e desses bem profundos, porque quando ainda é pobre, o país dilapida suas florestas, mas à medida que se torna emergente, começa a mostrar uma curva ascendente. Mas o que vemos aqui não é nada disso. O Brasil já é emergente e continua caindo, já que perde mais florestas do que planta."
Afirma ainda o pesquisador que se originalmente o nosso país tinha 90% de seu território coberto por florestas, hoje essa proporção é de 56%. Para confrontar estes números, Veríssimo cita outros: "O exemplo mais contundente talvez seja a China, que com um amplo programa oficial superou a fase de devastação intensa e já conseguiu recuperar suas florestas, apesar de ainda serem limitadas. Segundo dados da FAO, a cobertura florestal do país em 1950 não chegava nem a 10% do território, enquanto hoje ocupa 22%".

Dados sobre desmatamento dos países do Brics influenciam Senado no Código Florestal?

Estas informações de fontes muito credenciadas podem motivar mais parlamentares a apoiarem as teses dos ambientalistas ou pelo menos, as propostas de mudanças feitas pelo relator da Comissão de Meio Ambiente, senador Jorge Vianna, do PT do Acre: ele atenuou o radicalismo do projeto ruralista para o Código Florestal, que havia sido pré-aprovado em maio na Câmara dos Deputados. E busca uma terceira posição de consenso, que não satisfaz até agora os ambientalistas e desagrada muito os ruralistas. O Governo quer que após uma avaliação hoje do relator Vianna, o novo Código Florestal seja colocado em votação no plenário, decidindo esta polêmica pelo menos até o fim do ano legislativo. Porém, líder dos ruralistas, a senadora Kátia Abreu, do PSD de Tocantins, pretende obstruir a votação. É que ela considera "inegociáveis" três das mudanças propostas agora pelo relator Jorge Vianna, como as multas a desmatadores e a produção agropecuária nos topos de morros. Inclusive, ela usa demagogicamente a situação especial de Minas Gerais, a produção de leite está ligada à pecuária no topo de morros pela topografia do estado, para generalizar uma medida de desmatamento destas áreas que formam últimas reservas nativas em várias regiões do país. De toda forma, as três posições, ambientalistas, ruralistas e partidários de um consenso debatem estas questões a partir de hoje e a bem da Nação, a expectativa é que prevaleçam o bom senso, a visão sustentável da economia rural (que não sobrevive sem a defesa da ecologia) e os interesses do país e não somente da minoria das grandes empresas agropecuárias e os seus lobbies no Congresso. Este conteúdo está cada vez mais claro para a opinião pública,  o que pega é a ...(para não falar outra coisas pior)...a confusão politica dos parlamentares em Brasília, distantes demais do Brasil de verdade. (Padinha)


O  Brics é um agrupamento de Brasil, Índia, Rússia, China e África do Sul




A idéia dos BRICS foi formulada pelo economista-chefe da Goldman Sachs, Jim O´Neil, em estudo de 2001, intitulado “Building Better Global Economic BRICs”. Fixou-se como categoria da análise nos meios econômico-financeiros, empresariais, acadêmicos e de comunicação. Em 2006, o conceito deu origem a um agrupamento, propriamente dito, incorporado à política externa de Brasil, Rússia, Índia e China. Em 2011, por ocasião da III Cúpula, a África do Sul passou a fazer parte do agrupamento, que adotou a sigla BRICS.


O peso econômico dos BRICS é certamente considerável. Entre 2003 e 2007, o crescimento dos quatro países representou 65% da expansão do PIB mundial. Em paridade de poder de compra, o PIB dos BRICS já supera hoje o dos EUA ou o da União Européia. Para dar uma idéia do ritmo de crescimento desses países, em 2003 os BRICs respondiam por 9% do PIB mundial, e, em 2009, esse valor aumentou para 14%. Em 2010, o PIB conjunto dos cinco países (incluindo a África do Sul), totalizou US$ 11 trilhões, ou 18% da economia mundial. Considerando o PIB pela paridade de poder de compra, esse índice é ainda maior: US$ 19 trilhões, ou 25%. Enfim, o Brics em hoje um peso econômico e ético de muito valor em termos internacionais e até planetário. Isso se transfere ao estudo da Imazon e Proforest? Há que se esperar pela reação dos senadores nas dicussões e decisão destes dias no Congresso Nacional.

Fontes: BBC
             www.ambientebrasil.com.br
              http://folhaverdenews.blogspot.com

3 comentários:

  1. O texto do relator da Comissão do Meio Ambiente do Senado foi lido no plenário e para a maioria pegou mais ou menos bem, visto em geral como um avanço em relação ao relatório, por exemplo, de Aldo Rebelo, na Câmara, extremamente ruralista. Em cima destes avanços relativos está surgindo uma posição de consenso, será um meio termo entre os ambientalistas e os ruralistas?

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  2. O consenso é do interesse do Governo, mas as propostas de Jorge Vianna desagradam a ala mais radical dos ruralistas e não corrigem erros ou limites no novo Código Florestal, na visão dos que lutam por um avanço ambientalista. Pode assim surgir um novo impasse e a votação acabar ficando para 2012.

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  3. Talvez seja melhor prorrogar do que votar apressadamente uma matéria de tamanha importância. Agora ou no ano que vem, o que seria superimportante é os senadores - assim como o Congresso todo e o proprio Governo Federal - acordarem para o fato que o Brasil precisa de um Código Florestal e de toda uma nova linha de gestão pública voltada para o Desenvolvimento Sustentável, a bem do futuro do país e da própria vida. Este sim que deveria ser o consenso maior.

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