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quarta-feira, 13 de abril de 2011

O LADO NEGRO DO BIOCOMBUSTÍVEL VERDE

Etanol de cana do Brasil criticado por instituto de Bioética na Europa

Segundo o Nuffield Council on Bioethics, ''a União Europeia deverá dar apoio e assessoria a países que se esforcem para certificar que os biocombustíveis que produzem seguem os princípios da sustentabilidade social, ambiental e dos princípios eticos na sua produção".
O documento se debruçou para exemplificar a situação geral sobre três modelos de produção de combustíveis renováveis - o brasileiro, o americano e o malaio.
Em relação à produção brasileira, por exemplo, o documento afirma que o programa de produção de etanol a partir da cana de açúcar, ''apesar de saudado por muitos como um dos mais bem-sucedidos programas de biocombustíveis em larga escala, vem sendo criticado por contribuir para o desmatamento em áreas de habitats ricos, levando a um declínio da biodiversidade''.
É citado também por ambientalistas europeus um estudo do IPT da USP (documento que nós publicamos recentemente aqui), realizado na região de Ribeirão Preto, um dos maiores pólos de produção do etanol, que os canaviais, além da citada questão da biodiversidade, prejudicam o lençol freático (as águas subterrâneas) por causa do uso intensivo de agrotóxicos nas plantações de cana. (Há uma agravante nesta contaminação por agrotóxicos no norte, nordeste paulista e em boa parte do interior do país: ali se localiza no subsolo o Aquífero Guarany, uma das maiores reservas mundiais de água).
Isso e além do mais, as queimadas que provocam poluição do ar e doenças respiratórias.
As críticas estão num texto que afirma ainda que há preocupações com o fato de a produção de etanol no Brasil estar por vezes ligada a abusos contra os direitos dos trabalhadores, os famosos bóias-frias.
Em relação ao modelo americano de produção de etanol - feito a partir do milho - o documento lembra que ele foi parcialmente responsável pelo aumento do preço de milho e outos grãos em países em desenvolvimento. E também que há controvérsias quanto ao fato de este modelo de produção ser ou não menos poluente do que combustíveis fósseis.
A adoção de metas de uso de biocombustíveis por parte dos países europeus vem estimulando práticas antiéticas e a expansão ''rápida e insustentável'' da produção mundial de biocombustíveis.

Essas são as conclusões de um estudo realizado ao longo de 18 meses pela entidade britânica Nuffield Council on Bioethics.

As queimadas nos canaviais causam poluição e doenças

São citados no relatório problemas com a mãode obra

Por trás do mar verde, situação ambientalmente negra


A União Européia e a Grã-Bretanha possuem uma série de metas de promoção de biocombustíveis, como, por exemplo, a Diretiva de Energia Renovável da Comissão Européia de 2009, que especifica que fontes de energia renovável devem responder por pelo menos 10% de todo o petróleo e diesel utilizado na União Européia, em 2020. Já os britânicos determinaram que 5% de todo o combustível de transporte do país devem provir de fontes renováveis até 2013. Mas o estudo afirma que as metas europeias e nacionais de produção de biocombustíveis devem ser substituídas por ''uma estratégia mais sofisticada baseada em alvos específicos''.
De acordo com o documento, as metas que substituíram as atuais devem "levar em conta a proteção dos direitos humanos e do meio ambiente, a realização de avaliações detalhadas sobre emissões de gases poluentes, a adoção de princípios de comércio justo e de esquemas de acesso e compartilhamento de benefícios''.

Fontes: BBC
              folhaverdenews.blogspot.com

2 comentários:

  1. Realmente, os canaviais e o sistema de produção de cana de açúcar e álcool (etanol)precisam adotar uma conduta sustentável em termos sociais e ambientais. Isso é possível e a sustentabilidade já existe em casos-exceção. Não basta ser biocombustível para ganhar o status de ecologicamente correto, algo que será cada vez mais exigível pelo mercado comprador do 1º Mundo. 70% da cana brasileira se transforma em etanol, de todos os canaviais, os que não usam agrotóxicos nem fazem queimadas, usam a mecanização apropriada e respeitam a mão de obra humana são uma minoria, cerca de 10%...

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  2. Este posicionamento do Nuffield Council on Bioethics vem confirmar o comentário feito aqui mesmo no FVNews sobre o caso da Belo Monte e outras eventuais megausinas hidrelétricas, como também, as usinas nucleares e termelétricas: cada vez mais no 1º Mundo haverá rejeição para produtos ou energias que não sejam ecologicamente corretas, que tenham problemas éticos e não sejam geridas com toda sustentabilidade social e ambiental que se exige para a preservação da vida.

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