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quinta-feira, 31 de março de 2011

Usinas nucleares no Brasil causam polêmica, audiências e temor

Greenpeace defende paralisação do programa nuclear brasileiro, autoridades de Angra dos Reis dizem que município não suportará eventuais acidentes ou vazamentos, em audiência pública é criticado o esbanjamento de dinheiro governamental nas usinas, mas mesmo com todos estes problemas há ainda os que defendem a energia nuclear no Brasil, que possui alternativas mais econômicas e mais ecológicas para resolver a questão energética do país: confira as matérias


O Greenpeace, entidade ambientalista que milita na defesa do meio ambiente aqui e em todo o planeta, reafirmou que é contra as usinas nucleares brasileiras: o coordenador da campanha de energias renováveis da ONG, Ricardo Baitelo, disse à Agência Brasil que, após a tragédia no Japão, “mais do que nunca é o momento certo para rever todos os padrões de segurança das usinas ao redor do mundo”. Ele participou de audiência na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) sobre segurança no complexo nuclear de Angra dos Reis. “Nós precisamos paralisar o programa nuclear brasileiro. Acreditamos não só na paralisação momentânea, mas também que a construção de Angra 3 não é necessária para a matriz energética brasileira”. Enfatizou que o país possui opções mais baratas, mais limpas e mais seguras de geração de energia, que podem ser construídas mais rapidamente, para atender à demanda crescente.



No paraiso de Angra o inferno dos riscos nucleares

No Japão se teme por explosões que levarão o desastre à uma maior tragédia ainda
Ricardo Baitelo reconheceu que, tecnologicamente, há diferenças entre as usinas nucleares brasileiras e as de Fukushima, no Japão, atingidas pelo violento terremoto seguido de tsunami no último dia 11. “No caso de Angra, a gente não tem um risco tão grande de tsunami e terremoto, mas a usina está sobre uma falha geológica e você não pode dizer que aquilo nunca vai acontecer. O Brasil já teve um terremoto de 5,2 graus [na escala Richter, em São Paulo, em 1980] tanto assim que as usinas de Angra foram projetadas para suportar tremores até 6,5 graus”, advertiu o ambientalista.
Segundo Baitelo, o problema mais grave em Angra dos Reis diz respeito à  instabilidade do terreno onde as usinas estão assentadas, sujeito a deslizamentos após chuvas fortes, como sucedeu na região há um ano, bloqueando a única estrada por onde a população poderia ser evacuada em caso de acidente nuclear, que é a Rio-Santos (BR-101).
Autoridades se contradizem na audiência pública
A repórter Alana Gandra esclarece ainda que as usinas nucleares brasileiras (Angra 1 e Angra 2, em operação, e Angra 3 em fase de construção) estão instaladas em Angra dos Reis, município do litoral sul fluminense, com uma população de 180 mil pessoas e que duplica no verão com a presença de turistas. Na audiência pública, promovida em conjunto pelas Comissões de Defesa do Meio Ambiente e de Minas e Energia da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro(Alerj), foi feita para discutir a segurança das usinas atômicas da região. O prefeito Tuca Jordão disse que Angra dos Reis não está preparada para enfrentar um acidente como um vazamento nuclear. Para ele, a experiência do Japão deve servir de grande reflexão para que acidente semelhante não ocorra no Brasil. “A gente sabe, dito pelos técnicos, que o funcionamento das usinas Angra 1 e 2 é diferente de Fukushima mas, a gente não é entendido no assunto. A gente está muito preocupado e focado na logística e na infraestrutura que a cidade de Angra dos Reis tem”. Disse que as pessoas já estão tão condicionadas ao treinamento periódico, que nem escutam a sirene.
O prefeito sugeriu que a geração nuclear, bem como o funcionamento das usinas atômicas e o plano de evacuação façam parte da grade curricular já a partir de 2012. “Para que as nossas crianças e jovens entendam o que é uma usina nuclear, entendam o que é preciso em um plano de evacuação, aonde eles precisam ir, qual é o ponto de encontro. Isso é muito vago”.
Tuca Jordão é a favor da energia nuclear, mas ressaltou a necessidade de revisão dos procedimentos de segurança, diante do que ocorreu em Fukushima. Ele é contrário a qualquer proposta pela diminuição das atividades da usina. “O que o [Brasil] já gastou desde a ditadura militar até hoje nas usinas Angra 1 e 2 e com os equipamentos parados [para Angra 3] custando US$ 20 milhões por ano para manutenção, é jogar muito dinheiro público fora”.
A segurança da população, no caso de um acidente radioativo, preocupa o prefeito que defende mais investimentos em infraestrutura na região. “Enquanto a gente não tiver uma estrada decente, um centro de abrigo fora dos raios de 3 e 5 quilômetros das usinas, um hospital, não para tratar de radiação, mas para dar tranquilidade às pessoas e com capacidade para absorver toda essa demanda, [a situação preocupa]”. Tuca Jordão também defende a transformação do aeródromo de Angra dos Reis em um aeroporto. “Por que não aumentar?”, questionou. Segundo ele, essas iniciativas não podem ser de responsabilidade da prefeitura. “As usinas são do país”. Lembrou que em 1972, por ocasião do início de construção do complexo nuclear, a população não foi consultada sobre o projeto. “Ela [usina] existe, é uma realidade. Então, a gente tem que ter a preocupação de que o plano de emergência, de evacuação, tem que ser todo revisto”. Observou que em função da tragédia no Japão, todo o mundo está revendo os seus projetos. “E aqui no Brasil, em Angra dos Reis, não pode ser diferente”.
O vice-presidente da Câmara de Vereadores de Angra dos Reis, Antonio Cordeiro, defendeu a energia nuclear como saída para enfrentar o aquecimento global. Ele representou, na audiência, o Movimento Sim Para Angra 3, em prol da construção da terceira usina nuclear brasileira no município. Mesmo favorável ao programa nuclear, Cordeiro disse que diante da tragédia no Japão, os procedimentos de segurança nas usinas de Angra têm que ser revistos. “Tem que ser revistos alguns procedimentos e, principalmente, a questão do plano de emergência”.
"Se precisa de plano de emergência e oprevenção de segurança, como afirmar que as usinas nucleares são seguras?", questionou o ecologista Benedito Arruda de um movimento de moradores que, assim como o Greenpeace, quer a desativação das usinas e outras opções mais racionais de energia.
Nesta quinta-feira, uma nova audiência pública na Câmara de Vereadores para tratar da segurança das usinas nucleares e até da eventual desativiação do sistema em Angre dos Reis.  Ele considerou normal que, toda vez que ocorre um acidente com uma usina atômica em qualquer parte do planeta, os procedimentos e projetos orecisam ser revistos, “para melhorar a qualidade deles". E também, claro, para cuidar do interesse da população e do país em termos de matriz energética. Pós-Fukushima, é hora de rever todo o universo de temas ou problemas e preocupações que envolvem a geração de energia no Brasil e em toda Terra.

Fontes: Agência Brasil
             Ambiente Brasil
             http://folhaverdenews.blogspot.com/

4 comentários:

  1. Iniciativas como plebiscito sobre matriz energética ou manifestações contra as usinas nucleares, sugeridas por Fábio Feldmann em São Paulo ou por líderanças verdes na RedePV, além de varidas matérias em toda a mídia e das tragédias na Rússia e agora no Japão, tudo isso mostra a urgência de um posicionamento nacional na questão nuclear e a favor de energias mais limpas, com menos riscos, menos gastos e mais ecologia, a bem de toda a populaçao.

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  2. As lideranças dos cientistas e da cidadania no Brasil, assim como também por exemplo, os ativistas do Movimento Marina Silva, da não-violência, da ecologia, do PV precisam imediatamente formular uma estratégia de ação em busca de novas opções de energia para o país, mais econômicas e mais ecológicas, do que as usinas nulceares ou do que as termoelétricas ou as megausinas na Amazônia.

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  3. "Fábio, o que acha de dia 26 de abril em Angra, simbólico pelos 30 anos de Hiroshima no momento deste furacao nuclear mundial e aqui na luta por democracia interna?"
    Maurício Brusadin falou com Fábio Feldmann (conectando tb nosso site) via iPad buscando iniciar contatos entre os Verdes no sentido de agilizar um ato público em Angra dos Reis ou outra iniciativa que venha a ajudar a luta por energias limpas e por um avanço também do PV.

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  4. No contato feito ontem com os Verdes Capixabas, Marina enfatizou as propostas básicas da Transição Democrática, bem como, do movimento de cidadania, que intentam avançar o PV como instrumento político da Nação para que a própria Nação também avance mais rapidamente, via o ecodesenvolvimento. Entre os assuntos, a questão nuclear e as energias mais limpas. Cf. a notícia.

    Marina no Espírito Santo

    A ex-senadora Marina Silva está nesta quinta-feira, dia 31 de março, no SESI (Serviço Social da Indústria) de Vitória (ES), onde ministra a palestra “Desenvolvimento Sustentável: o que é e como alcançá-lo”. A palestra integra o seminário “SESI Ideias Sustentáveis – O Mundo Reage”, organizado pela entidade para discutir o tema sob o ponto de vista empresarial.

    O evento teve início às 13h30 no Teatro do SESI, localizado no Jardim da Penha. E logo mais no final da tarde, no mesmo local, Marina concederá entrevista coletiva à imprensa, resumindo as principais informações sobre o que se desenvolveu lá e sobre o que está acontecendo hoje no país, no planeta, a opinião dela mobiliza também a mídia.

    Veja a agenda de Marina Silva em Vitória:

    30 de março

    20h – Palestra sobre Nova forma de fazer política com lideranças do PV de Vitória
    Local: Assembléia Legislativa, na avenida Américo Buaiz, 205

    31 de março

    13h30 – Participação no seminário SESI Ideias Sustentáveis – O Mundo Reage
    Local: Teatro do SESI, na rua Tupinambás, 240

    16h – Entrevista Coletiva
    Local: Teatro do SESI, na rua Tupinambás, 240

    No contato feito ontem com os Verdes Capixabas, Marina enfatizou as propostas básicas da Transição Democrática, bem como, do movimento de cidadania, que intentam avançar o PV como instrumento político da Nação para que a própria Nação também avance mais rapidamente, via o ecodesenvolvimento. Entre os assuntos, a questão nuclear e as energias mais limpas.

    Fontes: http://minhamarina.org.br

    http://folhaverdenews.blogspot.com

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