O segundo dia do julgamento dos três acusados de matar o cacique guarani-kaiowá Marcos Veron terminou na terça-feira (22/2), após a oitiva de seis das sete vítimas dos ataques que culminaram na morte do líder indígena, durante a invasão da Fazenda Brasília do Sul, em janeiro de 2003. O local é reivindicado como terra indígena que fora antes invadida. Hoje (23) os trabalhos serão retomados a partir das 9h com o depoimento da última vítima, também da família Veron; em seguida, serão ouvidas as cinco testemunhas de acusação. Estevão Romero, Carlos Roberto dos Santos e Jorge Cristaldo Insabralde são acusados de atacar uo grupo de indígenas que ocupava uma fazenda no município de Juti, na região de Dourados, no Mato Grosso do Sul. O confronto, ocorrido em janeiro de 2003, resultou na morte de Veron, que na época tinha 72 anos, por espancamento.
Protesto de índios Kaiowá-Guarani pela morte do líder Veron |
Indígenas explicam que se expressam melhor na sua língua nativa
Em depoimento ao júri, vítima reconhece acusados pela morte de líder indígena
MPF espera repercussão internacional em júri sobre morte de cacique guarani
Os depoimentos duraram por volta de uma hora cada um, sendo o mais extenso o primeiro, com duas horas e meia de fala. Todos foram marcados por forte emoção por parte dos indígenas.
Nos dois primeiros casos, das noras de Veron, Adelcia e Cipriana, o uso de tradutor foi essencial e a fala foi inteiramente no idioma guarani. Já as vítimas seguintes, Geisabel Veron (filha), Reginaldo Veron (neto), Ernesto Veron (filho) e Nestor Veron (filho), o depoimento foi em português com a utilização do intérprete apenas para compreensão de certas palavras ou expressões.Convocados pela juíza para reconhecer se os três réus que estavam ali sentados eram os culpados pelos crimes que eles haviam acabado de relatar, as vítimas hesitavam e demonstravam ter medo de falar. Cipriana e Ernesto, presentes na invasão junto com o cacique Veron, negaram o reconhecimento e disseram não se lembrar do rosto dos culpados. Reginaldo, que sofreu o ataque mas de outra localização, também não reconheceu em nenhum dos três um culpado pelo tiro que tomou. Geisabel e Nestor, por sua vez, reconheceram e apontaram os acusados Jorge Cristaldo Insabralde e Estevão Romero como culpados pela violência sofrida. A filha de Veron ainda foi questionada pelos jurados se não se lembrava de Carlos Roberto dos Santos, o principal acusado – e ela disse que não.
Apenas a primeira depoente, a nora Adelcia Martins apontou os três acusados como os responsáveis pelas agressões à tribo e pela morte do líder indígena. Também, há o fator medo do que poderá acontecer depois.
Violência explícita
Os seis relataram a maneira como os ataques aconteceram de forma muito semelhante, com pequenos detalhes de diferença – como o número de índios reunidos para a ocupação, que variou de 20 a 80, ainda que todos enfatizassem a presença de mulheres e crianças.
As três mulheres choraram bastante durante suas falas e a filha de Veron, Geisabel, afirmou ter apanhado mesmo estando grávida. “Me bateram, me xingaram, riram de mim... fui deixada nua”, afirmou. “Eu não consegui fugir, estava gestante de 6 ou 7 meses já”.
A defesa se mostrou incomodada diversas vezes com o uso da língua nativa durante os primeiros depoimentos. Porém, não interrompeu o julgamento por conta disso. (repórter Daniela Dolme).
Fontes: http://ultimainstancia.uol.com.br
http://folhaverdenews.blogspot.com/
Jornalistas que buscam a verdade ou a liberdade de informação não podem se omitir em mais este caso de violência no interiorzão do Brasil: apenas 2 sites ecológicos (contando o nosso Folha Verde) e um de notícias jurídicas cobrem o julgamento em São Paulo. O crime não pode passar em branco, precisam ser respeitados os direitos indígenas, humanos e contida a violência.
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