2021 começa com esta boa notícia no conflito entre agricultores e a espécie de Arara Azul que vinha sendo ameaçada de extinção no coração da Caatinga: devido ao desmatamento de áreas de matas nativas as aves têm atacado agora os milharais para se alimentarem
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Ambientalistas conseguem sobrevivência das Araras Azuis... |
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...fazendo um acordo com os plantadores de milho na região |
Este fato poderia estar causando um confronto entre o interesse ecológico da preservação das Araras e os plantadores de milho no Nordeste da Bahia mas Evanildo da Silveira nos informa, através da BBC, que a ecologista, pesquisadora e agrônoma Kilma Manso da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) que atua na região há 15 anos, conseguiu uma solução sustentável, criando por ali uma ONG chamada Eco (Organização para Conservação do Meio Ambiente) e assim vem desenvolvendo um programa de ressarcimento dos danos aos milharais que, na falta do alimento nativo das matas destruídas (o coquinho Licuri), têm sido a fonte de alimentação das Araras Azuis de Lear (Anodorhynchus leari) que há 5 anos ficaram reduzidas a apenas 60 aves porém com o trabalho dos ambientalistas hoje já são um bando de mais de mil no Raso da Catarina. Com o seu grande conhecimento das aves e da agricultura da região, Kilma Manso Raimundo Rocha, mestra em Ciências Florestais da Uneb, lidera esta iniciativa que está ao mesmo tempo salvando a economia do milho e a ecologia das Araras, ambas típicas desta região baiana.
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As aves raras vinham atacando milharais devido ao... |
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...desmatamento que tem destruído seu alimento natural |
A ecologista da Uneb e do Raso da Catarina vem conseguindo levantar recursos com entidades ambientalistas e repõe com isso as perdas dos produtores, repassando a eles a mesma quantidade de milho que perdem com os ataques das Araras para se alimentarem nos milharais: "O objetivo principal da iniciativa é evitar atitudes hostis (muitas das quais resultantes em morte das aves) contra as araras, por parte dos agricultores que têm suas lavouras atacadas e, muitas vezes, completamente destruídas", explica Kilma Manso. Ela conta que a recuperação e conservação das Araras Azuis, hoje com uma população crescente no Raso, se deve ao esforço de instituições e pessoas voltadas à defesa da natureza, com ações como proibição de tráfico de animais silvestres e à caça furtiva, hoje ali já está se buscando também a preservação ou recuperação do habitat das aves nativas, luta contra o desmatamento da vegetação e fontes naturais de alimento das Araras. E se soma a essa luta, uma mitigação dos conflitos com os produtores rurais e ampliando a educação ambiental de toda a população local.
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A superação do conflito graças a ambientalistas... |
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...garante a reposição de perdas nos milharais... |
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...enquanto se busca salvar o Coco Licuri nativo do Raso |
"O aumento da população de araras é o resultado direto da integração dessas ações, quer desenvolvidas em conjunto ou de forma isolada, há mais de três décadas", relata a pesquisadora e ecologista. Ela sabe que com a salvação das Araras da extinção viriam como vieram os conflitos com os plantadores de milho. Na região, o milho serve de alimento para as pessoas, o gado e as galinhas. E de uns anos para cá, alimenta também os bandos de Araras Azuis que estão de volta ao Raso da Catarina. Muitos agricultores estavam considerando uma praga estes bandos de pássaros, por atacarem direto os milharais. Aí teve a intervenção sustentável sob a liderança de Kilma Manso e da Eco, reconhecendo que o ataque das aves vinha ocorrendo em várias fases do cultivo mas em especial durante o amadurecimento das espigas de milho. Ataque, devido ao desmate de áreas nativas e à escassez da comida natural desses pássaros, o pequeno coco Licuri que dá em cachos grandes. "Então temos por um lado, um número muito maior de araras em busca de comida e de outro um aumento contínuo da área desmatada", explica Kilma. "Resumindo, temos mais aves e menos alimentos da vegetação nativa. Então, com isso elas se lançam nas áreas agrícolas". Aí, para mitigar o conflito entre os agricultores e as aves, Kilma Manso e ecologistas criaram uma recompensa, uma forma de ressarcir os danos aos milharais e assim evitar ataques e atitudes hostis contra as aves raras do sertão. Esta iniciativa teve o apoio, desde 2005, mais ainda agora, da americana Linda Wittkoff, ambientalista hoje já falecida, ligada à Fundação Lymington, que ela presidia. Este apoio vital e mais também da Parrots International, entidade ambiental dos Estados Unidos, foi assim que se conseguiu recursos para financiar o ressarcimento dos plantadores de milho do Raso da Catarina. Atualmente, há ainda outras entidades ecológicas ajudando na captação destes recursos e eles têm evitado os conflitos agricultores versus Araras. Eles têm tido a garantia de ressarcimento do milho consumido pelas aves e agora permitem a alimentação dos pássaros nos seu milharais.
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Hoje já são cerca de 1.700 araras desta espécie rara e nativa do Raso da Catarina no nordeste da Bahia... |
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...graças à iniciativa de Kilma Manso e a ação de outros ecologistas, conseguindo uma solução sustentável |
Enfim, é de se comemorar nessa virada de 2020 para 2021 este tipo de solução inteligente e sustentável da própria sociedade civil com visão ecológica, do Raso da Catarina vem esta notícia positiva de que, apesar dos pesares e até do desgoverno do Meio Ambiente no Brasil, aqui agora, nem tudo está perdido na nossa natureza, graças agora à harmonia entre os interesses ecológicos com os econômicos, entre as Araras Azuis e os plantadores de milho no nordeste da Bahia.
(Depois mais tarde e amanhã, novos dados sobre a mitigação do conflito entre plantadores de milho e Araras Azuis no Raso da Catarina, sertão da Bahia na seção de comentários deste blog da gente Folha Verde News: nesta edição postamos dois vídeos, um deles, do Repórter Eco da TV Cultura que fez um panorama sobre a ameaça de extinção das Araras Azuis da Caatinga e um outro, A Esperança é Azul, do Canal ICMBio no mesmo tema da nossa matéria de hoje)
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Do sertão do Raso da Catarina vem esta noticia positiva e a gente comemora este avanço na virada de 2020 para 2021 |
Fontes: BBC - Universidade do Estado da Bahia (Uneb)
folhaverdenews.blogspot.com
Amanhã também no Podcast da Ecologia, primeira edição de 2021, mais informações sobre a luta pela sobrevida das Araras Azuis do Raso da Catarina, Canudos, último sertão da Bahia.
ResponderExcluirVenha conferir depois e participar dessa luta ecológica, você pode postar direto aqui nesta seção seu comentário, se preferir, envie o seu conteúdo (texto, foto, vídeo, pesquisa, notícia erc) pro e-mail deste blog da gente, mais tarde e amanhã, divulgaremos o material, mande então desde já a sua mensagem para navepad@bol.com.br
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