NETO DO AUTOR REESCREVE NOVELA PANTANAL 30 ANOS DEPOIS E FAZ QUESTÃO DE INCLUIR AS QUEIMADAS DE AGORA

Com visão ecológica da realidade o jovem autor Bruno Luperi avisa que manterá a trama de Benedito Ruy Barbosa (de 1990) mas que será fiel principalmente ao Pantanal de verdade

A aventura de Ana Raio e Zé Trovão ganhou hoje...

 ...a violência e a tragédia das queimadas que...

...o novo autor vai colocar na trama do remake da novela por amor ao Pantanal de verdade

Quem será a nova Juma, como o Pantanal será retratado e quais atualizações serão necessárias para adaptar um texto de 1990 para os dias de hoje? Estas são perguntas que têm sido feitas a Bruno Luperi, de 32 anos, e sua mãe, Edmara Barbosa, escalados pela Rede Globo para relançar esta novela em 2021. Mãe e filho já trabalharam juntos no roteiro de Velho Chico, na mesma emissora e já preparam o remake de uma das novelas de maior sucesso na história da TV brasileira. Por ter sido um sucesso de crítica e audiência na primeira versão de Pantanal, já era de se esperar toda essa curiosidade  A maior parte das decisões sobre a trama e o texto será tomada por Bruno Luperi, ainda jovem autor, com um detalhe: será supervisionado pelo avô, Benedito Ruy Barbosa, que escreveu a trama da Rede Manchete em 1990. Bruno Luperi terá também um apoio e uma parceria especial no seu trabalho, de Edmara Barbosa, sua mãe, juntos foram autores em 2016 do Velho Chico: Edmara cita também uma colaboração do dramaturgo Luís Alberto de Abreu e fala  que "principalmente, não vamos abrir mão no remake do autor original, meu pai Benedito Ruy Barbosa, que está afastado mas tem uma experiência fora do comum em novelas e comunicação, chega a ser um know how". Por sua vez, o velho Benedito mostra humildade, cita que um texto de novela é um trabalho tão árduo que costuma mesmo ser coletivo e lembra ainda "pouca gente sabe mas a primeira versão de Pantanal fiz uma adaptação de um livro de Francisco Azevedo, enfim, os talentos de escrever se somam neste desafio".

Três gerações de autores e de amor ao Pantanal, Benedito Ruy Barbosa, sua filha Edmara Barbosa e seu neto Bruno Luperi

Nos bastidores da pesquisa e do texto do remake da novela, que será produzida só em 2021, pós-Coronavirus, alguns repórteres têm procurado o neto, a filha e o próprio Benedito Ruy Barbosa na tentativa de adiantar a notícia sobre alguns detalhes que, desde já chamam muita atenção: quem será a Juma nessa nessa nova versão da novela que na Rede Manchete em 1990 consagrou Cristiana Oliveira? E estes incêndios destruindo o Pantanal agora? 

A pergunta não é somente quem viverá a personagem de Cristiana Oliveira, mas o que restará do Pantanal até 2021

"Muita gente já me pergunta sobre as mudanças que farei na adaptação de Pantanal. Embora se trate de um remake, serei fiel a versão original. Não à toa, o meu processo de recriar este texto começa na leitura minuciosa e análise de cada um dos 209 capítulos escritos pelo meu avô Benedito. É natural que algumas situações, hoje, estejam fora de contexto, mas a estrutura dramática é atemporal. Depois de todos esses anos, essa novela segue viva no imaginário de todos nós", postou Bruno Luperi, ele que costuma ser bem discreto nas redes sociais. Formado em Publicidade (aliás seu avô foi importante redator da agência publicitária J.W.Thompson, antes de se tornar autor de TV), Bruno sempre curtiu muito o universo por trás das câmeras, agora, ele assume que vai ter que mudar algumas coisas nos originais do seu avô: "Vou fazer isso com a consciência do que acontece hoje, falo dessas queimadas todas que andam acontecendo na realidade do Pantanal". 

O remake da novela Pantanal poderá ser uma forma de popularizar o movimento da ecologia e a luta por este bioma ameaçado

Bruno Luperi tem se manifestado sobre as queimadas, fazendo alertas, também compartilhando informações de cientistas e de ecologistas sobre as ameaças de destruição deste bioma. E já deixou claro que esta situação será a principal novidade na trama do remake da novela, o novo autor já deu o primeiro spoiler: o fogaréu estará presente na trama, os incêndios e os desmatamentos reais não serão omitidos na ficção. Ele deixa claro a sua posição ecológica diante destes fatos: "O fogo já consumiu cerca de 16% do bioma pantaneiro do começo de setembro para cá. E isso é simplesmente assombroso, inaceitável. Assim como na versão original, essa adaptação visa lançar luz sobre questões e debates sensíveis para a sociedade ao longo da trama. Buscando além do mero entretenimento, propor, quem sabe, uma reflexão importante para o Brasil enquanto país. Tenho fé que atores, atrizes e músicos não estarão em extinção quando esse dia chegar, mas de nada adiantará tanto talento reunido, tanta emoção. se não houver mais o Pantanal de verdade". 

E se não houver mais o Pantanal? É a pergunta de Bruno Luperi que já reescreve esta novela agora

(De nada adiantará a ficção se não houver mais o Pantanal de verdade, este é o alerta de Bruno Luperi, que começa a escrever o remake da novela: mais tarde na seção de comentários deste blog, ligado ao movimento ecológico, científico e de cidadania, mais algumas informações: nesta edição do Folha Verde News também serão postados dois vídeos, um deles a abertura oficial da novela da Rede Manchete e um outro, reportagem agora da Band com Seu Dito que mora no Pantanal hoje sendo destruído pelas chamas desde menino, tendo hoje 79 anos)

A luta contra a destruição do Pantanal ganhará ano que vem uma nova fronteira, a ficção na TV

Um espelho desta situação - Os índios Guatós já perderam quase todo o seu território ancestral para o fogo que devasta o Pantanal. O incêndio sem precedentes estourou o limite dos problemas do povo mais antigo da região, que vem sofrendo com a escassez de água, assistência médica precária e ao buscarem a cidade, desemprego. Em Barão do Melgaço (MT), estaTI Terra Indígena Baía dos Guató poderá entrar na trama da novela Pantanal, na realidade ela já teve cerca de 83% da sua área destruída nas últimas semanas, segundo cálculo do Instituto Centro de Vida (ICV). Os 16 mil hectares devastados até agora ali equivalem a 101 parques Ibirapuera: "Espia você como está a nossa natureza, a nossa saúde, a nossa gente está descoberta de tudo, esquecidos por tudo", critica a líder Sandra Guató, 63: "O fogo devastou também dentro de mim, eu sinto uma angústia sem tamanho". Este depoimento está também no Diário de Pernambuco e na página do movimento ecológico Ambientai-vos enquanto é tempo, time line que está na nossa fronteira da luta pantaneira em que se transformou o Facebook.  A novela de Ana Raio e Zé Trovão tem hoje este tom de tragédia ambiental e as canções de Almir Sater sobre a sua natureza se transformam em lamento e temor de que o Pantanal assim vai acabar acabando em cinzas.  

Segundo investigações da PF os incêndios criminosos começaram em áreas remotas do Pantanal para ampliar pecuária

Fontes: Yahoo - Rede Globo - AFP - Reuters

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